O inferno
está aquecendo?
Superstições sobre o inferno têm
gerado terror e aversão a Deus.
por Austin Fletcher
O título me chamou a atenção: Uma Revelação Divina do Inferno. Além de ser um best-seller nos Estados Unidos, uma chamada na sobrecapa do livro
de Mary Baxter reivindica para ele o papel de ser “um lembrete para a necessidade que todos
temos do milagre da salvação, um céu a conquistar e um inferno a evitar; a descrença na existência do céu e do inferno
não nos liberta de nenhum deles. Mas, por que, quando ambos estão em
discussão, há mais especulação humana do que consulta para saber o que a
Bíblia diz a respeito?
Quinhentos anos atrás, quando a maior parte da Europa acreditava no
purgatório, a descrição dos horrores do inferno motivou milita gente a comprar
indulgências para livrar os mortos do inferno. Foi a venda delas que provocou
o surgimento da Reforma Protestante.
Mas, de lá para cá, também os pregadores protestantes têm sido ambíguos,
pois embora rejeitem a idéia do purgatório, continuam a ameaçar os impenitentes
com a noção do inferno!
A escritora Mary Baxter diz que a doutrina da imortalidade da alma (para
pecadores e santos) é a base do que muitos acreditam com respeito ao inferno.
“A alma permanecerá sempre viva”, afirma. “A alma vive eternamente. Ela é o
você real, e sua alma vai para o céu ou para o inferno.”
“Todos que estão no inferno mantêm todos os sentidos”, acrescenta fazendo
uma descrição detalhada do que diz haver visto. “Carnes em decomposição penduradas
em tiras aos ossos; e, à medida que se queimavam, despencavam no fundo do
abismo. Onde antes estavam os olhos agora eram órbitas vazias. Ela não tinha
cabelos.As pessoas perdem a pulsação do coração e o sangue verdadeiro”
Acerca da geografia do lugar, Baxter diz que existe o “túnel do medo”,
composto por duas pernas: “a esquerda” e “a direita”; mais “a barriga” do
inferno. Acrescenta ela: “Jesus disse: “Estaremos logo na barriga do inferno.
Esta parte tem 25 quilômetros de altura e quatro e meio de circunferência, corno
um círculo. Jesus me deu as medidas exatas.”
Descrito por seus editores como “o mais famoso sermão jamais pregado na
historia da América”, o sermão do pregador protestante Jonathan Edwards, de 8
de julho de 1741, foi recentemente publicado e só fala do inferno.
Note esta declaração: “O Deus que o
sustenta acima do abismo do inferno, como alguém segura unia aranha ou um inseto
asqueroso acima do fogo, abomina você e sente-se terrivelmente provocado: Sua
ira para com você queima como fogo. “Olha para você como alguém digno de nada
mais do que ser lançado no fogo; Ele tem
olhos mais puros do que um urso para manter você em Sua presença; você é dez
mil vezes mais abominável diante de seus olhos, do que a mais venenosa serpente
diante dos nossos olhos” (sermão Pecadores
nas Mãos de um Deus Irado).
• Conquanto Baxter e Edwards façam apelos fervorosos para que o POVO se
arrependa a fim de evitar o inferno a todo custo e aceitar o amor de Jesus reivindicando-o como seu Salvador, o quadro
que que eles pintam do inferno não é o que se encontra na Bíblia. Somente na
Bíblia é que se descobre toda a verdade acerca do inferno.
O QUE DIZ A BÍBLIA
A Bíblia usa diversas palavras para o “inferno” .A palavra hebraica sheol é usada no Antigo Testamento.
Na versão Almeida Revista e Atualizada (ARA) essa palavra é traduzida por
“ínferno” (9 vezes), “morte”, “sepultura
ou sepulcro”, “além” (36 vezes) e “abismo” (6 vezes). Algumas vezes o contexto
sugere que “inferno” deveria ter sido com mais freqüência traduzido por morte”
ou “sepultura”.
A Bíblia na Linguagem de Hoje (BLH) e a Nova Versão Internacional (NVI) do
Novo Testamento registram mais 11 ocorrências traduzidas como ‘morte”, “mundo
dos mortos” e “sepulcro”- Está claro,
portanto, que sheol descreve a sepultura,
o lugar dos mortos ou a experiência da morte que vem a todos santos e
pecadores, salvos e não salvos.
No original grego do Novo Testamento, três palavras são traduzidas para o
português como “inferno”. A primeira é tartarus. A única ocorrência desta palavra está
em II Pedro 2:4:
“Ora, se Deus
não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no inferno, os
entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo” (NVI).
Pedro está falando do lugar no qual os anjos maus foram lançados do Céu e
fizeram sua habitação. Esse texto não sugere que o tartarus é para onde os
ímpios vão ao morrer. A Bíblia, no entanto, ensina onde o diabo e seus anjos,
juntamente com os impenitentes serão destruidos o lugar é a
Terra (ver Mateus 25:41; Apocalipse 20:9 e 10).
A segunda palavra é hades. A
versão ARA traduz essa palavra por “infemo” (7 vezes), ”morte (3 vezes) e
“abismo” (1 vez). A NVI, contudo, não usa a palavra “inferno” mas “sepulcro” (2
vezes), “morte” (1 vez) e assume uma posição neutra oito vezes ao usar na
realidade a própria palavra hades.
É seguro dizer que hades é usado no Novo
Testamento para transmitir a mesma idéia que sheol no Antigo Testamento, exceto uma vez, onde ‘inferno” é usado
de maneira figurada numa parábola de Jesus como um lugar onde os ímpios são
punidos (ver Lucas 16:23).
A terceira palavra, geena, era
usada constantemente por Jesus para narrar o destino dos ímpios (10 vezes), se
bem que a usasse de maneira descritiva (Mateus 23:15, assim como fez Tiago no
capítulo 3:6). Para Jesus, o inferno é um lugar real e pessoas reais serão
lançadas ali para destruição (ver Mateus 10:28).
VIDA OU MORTE?
O que dizer, porém, de
declarações que descrevem o perverso como sendo “lançado no inferno, onde ‘o
seu verme não morre, e o fogo não se apaga”’ (Marcos 9:48, NVI)?
Um comentário explica: “O verme que não morre não é símbolo de uma alma
que não pode morrer, mas da corrupção que não pode ser purificada” (The Mission and Message of Jesus, de
Major, Monson e Wright).
Esse fogo “não se apaga”
antes de queimar totalmente. Jesus usou a palavra “perecer” sete vezes ao
descrever o destino dos perversos. Em
João 3:16, por exemplo, Jesus não só assegura ao crente a vida eterna como também
fala do destino do perverso: “... para que todo o que nEle [em Jesus] crê não
pereça, mas tenha a vida eterna.” Assim
sendo, ou nós temos a vida eterna ou perecemos
(ver também João 3:15; Mateus
18:14; Lucas 13:3 e 5:21:18; e João 10:28).
Jesus usou também as palavras “destruir” e “destruição” falando do destino
dos perversos. Essas palavras são usadas para descrever o que acontecerá aos
ímpios. Jesus falou a respeito da sorte
do povo de Sodoma: “Mas,no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre e destruiu a todos” (Lucas 17:29; II Pedro 2:6).
Judas acrescenta que sua sorte serve como exemplo do fogo eterno, sofrendo punição” (Judas 7).
É verdade que a Bíblia diz que a fumaça
do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos” (ver Apocalipse 14:9-12;
20:7-10 e 13-15), mas nós precisamos procurar entender esses textos a luz do
grande peso da evidência de que os ímpios não existirão depois do juízo final.
A Bíblia diz que eles terão um fim muito real: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o
dom gratuito de Deus é
a vida eterna
em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 6:23). O que é
oferecido por Deus perdura em nítido
contraste com o que é oferecido pelo pecado - vida eterna contrastada com a
morte.
Esta é a nossa escolha: vida eterna ou morte eterna. Embora nem um de nós
seja digno de vida eterna, “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho
unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porquanto Deus enviou o Seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas
para que o mundo fosse salvo por Ele” João 3:16 e 17).
Sinais dos Tempos Julho/99
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