CRISTO
- O
UNIGÊNITO FILHO DE DEUS
SÃO
JOAO 3:16
As Testemunhas
de Jeova e Sua Interpretacao da Biblia – Pedro Apolinario - 4ª. Ed. – IAE –
Out/1986 – pg. 135
Introdução
João 3:16 é inegavelmente o verso mais conhecido da Bíblia, sendo definido por Lutero
como o Evangelho em Miniatura.
Infelizmente, algumas das traduções mais
conhecidas da Bíblia como a King James Version (KJV) e a nossa Almeida
traduziram erradamente este verso.
Se Cristo é o eterno “Logos” preexistente como pode ser chamado em João 3:16 de unigênito
Filho de Deus?
A palavra
controvertida neste verso é o termo grego monogenhz —
monoguenês, que necessita ser bem
estudada para boa compreensão do problema. Poder-se-ia traduzir o vocábulo monoguenês
indiferentemente por unigênito e único?
Leia o comentário que se segue e tera
uma resposta satisfatoria.
Origem e Significado da Palavra
Conhecendo os elementos constitutivos da
palavra, entenderemos melhor o seu significado, especialmente, ao ser aplicada
a Cristo.
Sendo a palavra composta de “monos” = um,
só, único e “guenos” = espécie, sua
tradução correta apenas pode ser: o
único de sua espécie.
O grego
“monoguenês” tanto pode significar único quantitativamente (filho único), como único
qualitativamente (único em sua geração, nasmento singular, único na maneira de
chegar a ser, ou nascimento milagroso) Ver João 1:14,18 e 3: 16.
Ele é filho único,
porque como membro da Trindade foi o único que recebeu o título de “Filho com
poder” (Rom. 1:4) e o poder de Deus (1 Cor. 1:24). Seu nascimento foi milagroso
por ser o único em sua classe, pois nasceu tendo vida própria.
O livro
“Problems in Bilbe Translation” publicação da Conferencia Geral, pág. 202
afirma:
“Jesus Cristo,
Deus preexistente, o divino Verbo criador, em sua encarnação tornou-se em um
sentido incomparável o Filho de Deus. Por isso é que Ele é designado
‘monoguenês’, o único de Sua espécie, o único em muitos aspectos do Seu ser e
vida.”
H.R. Reynolds na
obra “The Pulpit Commentary (O Comentário do Púlpito) realçou esta verdade da
singularidade de Cristo, relatada em Joao 1:14, da seguinte maneira:
“A afirmação
deste verso, no entanto, é inteira e absolutamente inigualável. O pensamento é
completamente novo. Strauss declara-nos que a concepção apostólica de Jesus não
tem valor historico, pelo fato de representar um estado de coisas que não
ocorre em nenhuma outra parte da História. É exatamente isto que os cristãos sustentam.
Ele, no mais profundo sentido, é incomparável na hístõria da humanidade.”
- Os Dicionarios e
Comentários comprovam o exato significado de monoguenês.
Lidell and Scott - único, singular, único membro de uma
linhagem ou espécie.
Moulton and
Milligan - literalmente - único de sua espécie,
singular, não unigênito, que seria monogennhtoz - monogennetos.
Arndt and
Gingrich - único (no gênero) de algo que é o exemplo
exclusivo de sua categoria... Na literatura joanina, monoguenês e usado com
referencia a Jesus. A significação de único pode ser perfeitamente adequada para
todas as vezes que aparece ali.
II. Cremer - Biblical
Theological Lexicon - especial preciosidade, especificamente precioso.
Theological
Dictionary of the New Testament, vol. IV, pág. 739 - “Significa o
supremo predicado da majestade, indicando a máxima prova do amor de Deus para
o mundo. Somente João usa monoguenês para descrever a relação de Jesus com
Deus. Para esta mesma relação, Marcos tem ‘O huíos mu o agapetos’ — meu filho amado.”
Fernando
Kaltensbruch, em seu Dictionary of Christ and the Gospels, enfatizou:
“Não há dúvida
de que a expressão ‘unigênito’ uma nuança da palavra grega ‘monoguenês’, que
raramente é salientada... Quando Cristo e denominado ‘monoguenês huios’, não se dá
énfase ao fato de que Ele como Filho ‘nasceu’ ou foi ‘gerado’..., mas sim ao
fato de que Ele como Filho de Deus é sem igual. Os tradutores latinos estavam
certos ao traduzirem essa expressão por Filius unicus (Filho único), não por
Filius unigenitus (Filho unigênito)”.
W.E. Pead
escreveu:
“Na verdade, como algumas traduções expressam
o pensamento, Jesus de Nazaré, nosso Senhor e Salvador, foi realmente único.
Era diferente de qualquer outro ser no universo. Permanece sem igual, como o
fico que na qualidade de Deus se tornou homem, sendo, enquanto estava na carne,
tanto Deus como homem. Ele era ‘Emanuel’ —
Deus conosco (Mat. 1:23). Era único na Sua relação para com o Pai; em Sua
natureza divina; no fato de que revelou o Pai; no fato deque é nosso único
Salvador e Redentor; no fato de que era sem pecado, não só em Sua natureza
divina, mas também em Sua natureza humana.” Ministério Adventista, Jan./Fev.
75, p. 19.
Monoguenês e seu Uso no Novo Testamento
Monoguenês
aparece nove vezes no Novo Testamento, sendo cinco vezes usada para Cristo,
(João 1:14,18; 3:16,18; 1 João 4:9), e quatro vezes para outras pessoas (Luc.
7:12; 8:42; 9: 38; Heb. 11:17).
Monoguenês
sempre deveria ser traduzido por único ou único na espécie como nos mostra a
origem da palavra e nos comprovam as primitivas traduções da Bíblia. A prova
nós a temos consultando o mais famoso manuscrito latino, o Códice Vercelense,
do ano 365 A.D., guardado na catedral de Vercelli; na Itália. Nesse manuscrito
a palavra monoguenês em João 1:14,18; 3:16,18 é traduzida para o latim pelo
termo “únicus - único, não “unigênitus” — único gerado.
A King James
Version traduziu João 1:14,18; 3:16,18; 1 João 4:9 e Heb. 11:17 por unigênito,
mas em Lucas 7:12; 8:42 e 9:38 onde se encontra a mesma palavra ela apresenta único.
Quanto a Heb.
11:17 deve ser salientado que Isaque não era unigênito, porque tinha um irmão
mais velho — Ismael, e mais tarde Abraão gerou outros filhos através de Quetura. Isaque
em nenhum sentido foi unigênito, mas sim filho singular, o filho da promessa,
visto que Ismael estava fora da promessa (Gál. 4:22,23). Em Genesis 22:2, no
texto hebraico está “Yachid”, mas na Septuaginta aparece assim: “Toma teu filho
querido (agapeton), a quem amas...
Monoguenês no Grego Corresponde a
Yachide no Hebraico
È interessante
observar o significado de monoguenês na Septuaginta (tradução do Velho Testamento
do hebraico para o grego por setenta sabios judeus), porque confirma o
verdadeiro sentido da palavra.Yachid dos Salmos 22:20; 35:17 e Amós 8:10
aparece na LXX como monoguenês e na KJV, NEB e Almeida Edição Revista e
Corrigida pelas expressões: minha querida, minha preciosa vida, predileta,
filho único.
Como Surgiu
Unigênito em Lugar de Único?
A pergunta lógica
e natural que nos vem à mente é esta: Quem traduziu “monoguenês” para unigênito — o Único gerado
se a palavra não tem esta siginificação?
O Papa Dâmaso
pediu a Jerônimo que revisasse as traduções latinas porque haviam muitas que não
tinham sido bem feitas. Jerônimo para aprender bem o hebraico dirigiu-se à Palestina, onde
estudava com um rabino à noite.
Estando em
Jerusalém teve noticia dos famosos três Gregórios, indo ouvir as preleções de
Gregório Mazianzeno. No quarto século havia notável polêmica em torno de duas
palavras “gene- thenta e poiethenta” (gerado, não criado) . Gregório falava
de Jesus como gerado do Pai para dizer que Ele tinha a mesma natureza do Pai. O
pai é o gerador e o filho é gerado. Um elefante apenas pode gerar um elefante. Chamar
a Cristo de gerado era dizer que Ele tinha a mesma natureza do Pai, portanto
era plenamente Deus. Influenciado pelas explicações de Gregorío e pelo Credo
de Nicéia, em defesa da divindade de Cristo, Jerônimo traduziu “monoguenês”
por “unigenítus” em vez de “unicus”. Embora suas intenções fossem ótimas para
aquele período da história da Igreja, ele jamais deveria ter agido dessa
maneira, porque estava interpretando e não traduzindo. Sua tradução da Vulgata
Latina influenciou a King James Version e muitas outras traduções, como a
Almeida. Seu louvável intento tem sido deturpado em nossos dias, desde que unigênito
tem sido usado por alguns como prova de que Cristo não é Deus.
João com o termo monoguenês visava
exaltar a Cristo e nunca diminuí-lo.
Jerônimo conservou “unicus” em Lucas
7:12 ; 8:42 e 9:38 por não haver ali interesse teológico.
O uso de monoguenês por Platão vem
confirmar sua significação. Ele declarou que o céu é monoguenês em sua
especie.
Traduções mais fiéis ao original como o
Novo Testamento de Tyndale e Philips, RSV, NEB, Bíblia de Jerusalém e o Novo
Testamento na Linguagem de Hoje substituiram o unigênito por único.
O estudo da
palavra em sua formação etimológica; nos bons dicionários e comentários; na
comparação do hebraico com a Septuaginta, o seu uso mesmo fora da Bíblia nos
leva à conclusão indiscutível que “monoguenês” não significa unigênito, mas sim
muito querido, o único de sua espécie e que João aplicando-o a Cristo queria
indicar que Ele é incomparável e muito amado.
Este capítulo
nos comprova duas coisas:
la.) A profunda
significação da palavra monoguenês aplicada a Cristo.
2a.) O extremo
cuidado que devem ter os responsáveis pela tradução do texto bíblico para que
seu trabalho transmita com a maxima exatidão possível o sentido do original.
De hoje em
diante para sermos mais fiéis com a idéia de João, leiamos não Filho unigênito,
mas Filho único, indicando a qualidade inigualável do nosso Salvador.
Cientes de que a
palavra não indica nascimento ou geração humana, porém visa realçar a natureza
e elevada dignidade de Cristo, a parafrase feita por W.E.Read de João 3:16
transmite bem a idéia do grego.
“Porque Deus
amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho, aquele que é incomparável e tão
maravilhoso que ninguém O pode descrever, para que todo o que nEle crê não
pereça, mas tenha a vida eterna.”
Nota: As
quatro fontes mais significativas em que nos baseamos foram:
la.) A
monografia de Dale Moody, “O único Filho
de Deus”.
2a.) Ministério Adventista, Janeiro e
Fevereiro de 1965, páginas 17 a 19, artigo de W. E. Read.
3a.) Problems
in Bíble Translation, The Review and Herald.
4a.) Anotações de Classe do Dr. Déderen,
Mestrado em Fevereiro de 1984.
Sem comentários:
Enviar um comentário