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domingo, 10 de agosto de 2014

ENTREVISTA - A ORIGEM DAS ETNIAS



A Origem das etnias


O Estudo dos diversos povos e línguas aponta para a origem comum da raça humana

O criacionismo defende que, após a Criação, havia uma só língua, ou seja, uma só estrutura lingúística, com um vocabulário comum, como pode ser observado em Génesis 11:1. Entre­tanto, essa língua comum foi um dos fatores utilizados pelo ser humano para violar uma das primeiras reco­mendações divinas, a de encher e do­minar a Terra. De fato, opondo-se a esse claro desígnio de Deus, o ser hu­mano começou a construir uma cida­de e uma torre, “para não serem espa­lhados pela superfície da Terra”. Foi essa, em parte, a razão pela qual o mesmo Deus que havia dado a lingua­gem originalmente aos homens deu origem a várias famílias lingüisticas (Gên. 11:7), em resultaçlo do que a humanidade acabou se espalhando por todo o planeta. O ponto de vista criacionista, baseado no relato bíblico, explica assim não só a unidade, tuas também a diversidade das línguas.
É sobre isso que o professor Orlando Rubem Ritter fala nesta entrevista. Rit­ter é natural de Porto Alegre. Formado em Matemática pela USP é tambem mestre em Educação pela Andrews Uni­versiiy nos Estados Unidos. Além de ter sido diretor de faculdades e fundador de escolas, foi professor de Matemática e Física por mais de 30 anos, e professor de Ciência e Religião por mais de 44 anos. Atualmente é coordenador do curso de Pedagogia do Centro Universi­tário Adventista, campos 1 (São Paulo). Muito solicitado para fazer palestras, é conhecido por sua vasta cultura.

Sinais: Fale um pouco sobre a variedade linguística e étnica no mundo.
Ritter: A variedade é um fato marcante neste planeta. Enquanto seres humanos foram capazes de pintar a Capela Sistina e compor belíssimas sinfonias, há tribos que ainda não sabem usar o fogo. É um grande contraste. No que diz respeito aos aspectos étnicos e lingüísticos, também há grande variedade, embora em nível genético haja diferenças mínimas. Só na África são mais de mil etnias. Os ramos lingüísticos são certa de cinco mil.

Sinais: Existe consenso com relação à origem comum de toda a humanidade, a partir de um casal original?
Ritter:  Sim. É a Antropologia Descritiva (ou a Etnologia) que estuda as etnias humanas. A Lingüística estuda as lín­guas. Conhecer a origem das etnias e das línguas é realmente algo empol­gante. A origem comum da humanida­de a partir de um par original é chama­da monogenismo, e esse conceito tam­bém se aplica à origem das línguas.
Podemos utilizar a Bíblia como fonte de hipóteses, sustentadas, é cla­ro, por evidências, para ter uma idéia de como se deu a origem das etnias e das diversas línguas.

Sinais: O que a Bíblia fala sobre o pri­meiro homem?
Ritter: Adão, ou Adam em aramaico, quer dizer “tornar vermelho” ou “ficar vermelho”, o que sugere que a pele dele tinha coloração avermelhada (e é bom lembrar que ele foi feito da terra). Na tradição hindu, aparece o ancestral Adamu; e na tradição sumeriana, a mais antiga civilização pós-diluviana, aparece Adapa. Segundo esta tradição, Adapa vivia num país onde não havia morte, o ar era puro e a água, limpa. Mas Adapa acabou perdendo o direito à imortalidade. Várias culturas pos­suem relatos que mostram uma ori­gem comum para a humanidade, com Adão e Eva, no Jardim do Éden.

Sinais: Por que o mundo antediluviano não promovia muita variabilidade?
Ritter:  A humanidade primeva vivia em um mundo bem diferente. O apóstolo Pedro fala do “mundo daquele tem­po” ou “mundo de então”, deixando clara a idéia de que o mundo antedi­luviano era bem diferente do nosso. Os criacionistas e os evolucionistas concordam em que havia um único continente, a Pangea, com clima e to­pografia diferentes dos atuais. Esses fatores, entre outros, promoviam a re­lativa invariabilidade de então, situa­ção que perdurou até o dilúvio.

Sinais: As mudanças ocorridas no mun­do pós-diluviano promoveriam, então, mudanças no gênero humano.
Ritter: Também. A ação da seleção natural ocorrendo nos diferentes ambientes pós­diluvianos, juntamente com o total isola­mento geográfico a que as populações humanas estavam submetidas no passa­do, pode ser uma boa explicação para a origem das etnias humanas. Por exem­plo, se após o dilúvio um grupo de indi­víduos migrou para o sul da África, aca­bou se isolando totalmente dos grupos que viviam na Ásia, pois as viagens eram difíceis naquele tempo, e eles nunca mais voltaram a casar entre si. Em lugares quentes, como a África, a pele negra apresenta vantagem em relação à pele branca; então, os indivíduos que nasciam com pele mais escura levavam vantagem seletiva em relação aos indivíduos de pele mais clara. Com o passar de muitos anos e total isolamento reprodutivo (ou seja, estes indivíduos de pele mais escura não se casavam com os de pele clara, pois estavam isolados geograficamente), a pele gradualmente se tomou mais escu­ra. Atualmente estamos vendo o proces­so inverso acontecer: devido às facilida­des de transporte, as barreiras geográficas estão sendo quebradas. Pessoas de etnias diferentes estão se casando e gradual­mente estão desaparecendo as diferenças marcantes entre as etnias.

Sinais: As características dos filhos de Noé sugerem alguma coisa ao pesquisador?
Ritter: Noé tinha 480 anos quando Deus lhe ordenou construir a arca. Com 500 anos nasceu-lhe o primeiro filho, Jafé. Os dois seguintes, Sem e Cão, nasce­ram com dois anos de diferença cada. Creio que as características diferenciadas entre eles seja também uma possi­bilidade de explicação para a variação étnica verificada entre os humanos.
Jafé possivelmente tenha nascido com uma pele diferente da dos pais e um pou­co mais clara, considerando-se as etnias que se originaram dele, ou seja, os cauca­sianos. Curiosamente, o significado do nome Sem é “nome”. Isso mesmo. Nun­ca vi alguém chamado “Nome”, mas o plano de Deus era que esse filho de Noé preservasse justamente o nome da família e o nome de Deus. Sem deu origem aos povos semitas, que de fato contribuíram para manter viva a religião monoteísta. Cão significa “quente”. Possivelmente sua bagagem genética tenha sido remo­delada por Deus para enfrentar as re­giões mais quentes que haveria no mundo, após o dilúvio. Mas é claro que também devemos levar em conta o fato da adaptação biológica natural e o fator isolamento geográfico, como já disse.
Gênesis 9:19 diz que desses três ho­mens —    Sem, Cão e Jafé —    se povoou a Terra, originando-se as etnias e as lín­guas. O mundo passou por grande frag­mentação geográfica e mudanças cli­máticas e topográficas, o que favoreceu a variabilidade em diversos aspectos.

Sinais: Por que o senhor acha que Deus promoveria essa diferenciação entre eles ou teria dotado a humanidade com essa capacidade adaptativa?
Ritter: Vejo aqui a presciência de Deus, em dotar a humanidade renascente com características que lhe ajudariam a se adaptar melhor ao estranho mun­do pós-diluviano. Além disso, era também uma forma de conter a mal­dade, isolando os povos.
Coincidentemente com a visão bíbli­ca, os etnólogos classificam as etnias a partir de três grandes “raças” e troncos linguísticos. Mas o centro de dispersão, segundo a Bíblia, fica na Ásia Menor, no Cáucaso, ou terra de Ararate, e não na África, como querem alguns.

Sinais: Os traços peculiares dos três  fi­lhos de Noé podem ser identificados ainda hoje?
Ritter: Sem dúvida. Até hoje os povos semitas (descendentes de Sem) podem ser reconhecidos pelos traços fisionô­micos. As línguas que falam, apesar das variações, também podem ser identificadas através dos sons guturais fortes, como no árabe, e das raízes tri­líteras, compostas unicamente de con­soantes (só mais tarde os massoretas acrescentaram vogais ao hebraico).
Jafé deu origem aos povos indo-euro­peus, ou caucasianos, ou ainda arianos. Os jafetitas, além de povoarem a Europa, imigraram para o vale do Rio Indo (Índia), ocorrendo a miscigenação com os povos que já havia lá. Os hindus têm, portanto, ascendência jafetita e sua língua tem como base o sânscrito, que é uma lín­gua jafetita. Dessa língua surgiu uma grande família que originou idiomas como o latim, o grego e o português, “a última flor do Lácio”. São línguas agrada­veis, “de cultura” e ampla flexão nominal e verbal, que permitem expressar idéias profundas, o que não ocorria com as lín­guas semíticas. Um dos sete filhos de Jafé, Gômer, originou os europeus; Javã origi­nou os gregos; Magog, os povos eslavos (russos); e Madai, os medo-persas.
Cão, por sua vez, deu origem às raças negróides, australóides e mongolóides —  ou camíticas. Suas línguas sofreram grande fragmentação. São silábicas e aglutinantes. Exemplo: Itatiaia, palavra indígena que significa pedra (ita) de mui­tas pontas. Do filho mais velho de Cão, Cush, surgiram os cushitas, que deram origem aos etíopes, sudaneses e núbios, ou seja, os negros. Ninrod, também filho de Cão, fundou Babel, onde houve a grande fragmentação linguística. Misrain originou os egípcios; e Canã. que quer dizer púrpura, deu origem aos cananeus. Quando os gregos entraram em contato com os cananeus, na costa do Mediterrâ­neo, chamaram-nos de fenícios, que quer dizer justamente púrpura.

Sinais: Fale um pouco mais sobre as ca­racterísticas das três grandes etnias.
Ritter: Os semitas tinham propensão á religiosidade. Agarravam-se a Deus, ou a deuses. Como disse, o hebraico, por exemplo, é uma língua rígida, in­variável, própria para transmitir ver­dades imutáveis. Cogitavam do mun­do espiritual, característica que nossa cultura cristã herdou.
Os jafetitas, por causa de sua lin­guagem e estrutura mental, tinham vocação intelectual. Suas línguas eram próprias para a literatura, a poesia e o canto. Buscavam a verdade, o que fize­ram de fato os grandes filósofos.
Já os povos camíticos foram os des­bravadores do mundo. Preocupavam-se mais com o “aqui e agora”, eram prá­ticos. Desenvolveram tecnologia náuti­ca e de outras naturezas. Veja o bume­rangue dos aborígenes australianos, por exemplo. Uma maravilha da enge­nharia. Quando os outros povos se lan­çaram a descobrir novos territórios, os descendentes de Cão já estavam lá. Tome como exemplo a América.
Como se pode ver, todas essas et­nias têm características positivas que ajudaram a humanidade, de uma ou de outra forma.


Sinais dos Tempos     Março-Abril/2003

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