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domingo, 10 de agosto de 2014

ARTIGOS SOBRE A TRINDADE - O "EU SOU"



O  "Eu SOU"

Consideremos outro claro texto neotestamentário que proclama, sem sombra de dúvida, a preexistência do Filho de Deus, a que os russelitas dão uma interpretação "sui generis" com o objetivo de elidir a conclusão da Divindade de Jesus. Encontra-se em S. João 8:58, e diz: "Respondeu-Ihes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Antes que Abraão existisse, Eu sou. "

O texto é de clareza meridiana para os cristãos, mas não para os jeovistas que, para expungirem o sentido ir­reversível da preexistência e Divindade do Mestre, clara­mente explícita na expressão "EU SOU", recorrem a um expediente extremamente reprovável. Simplesmente inventaram um tempo de verbo inexistente no grego, a que denominam "tempo perfeito indefinido" , e fazem o texto dizer: "Antes que Abraão existisse, Eu tenho sido. "
Sem a menor cerimônia, eliminam a forma presente do verbo "ser", isto é. "Eu sou" . Isto pode ser visto na fa­migerada Tradução Novo Mundo (New World Transla­tíon). editada por eles, na qual, à página 312, há um ro­dapé, e na parte c declara-se de maneira dogmática, que a expressão grega "EGO EIMI" (EU SOU), no caso vertente deve ser "traduzida com propriedade no 'tem­po do perfeito indefinido' (eu tenho sido) e não 'eu sou'' '.
        O mesmo ocorre na traduçãozinha brasileira "Novo Mundo" .
Isto, antes de mais nada, constitui uma afirmação atrevida, sem o menor fundamento nos fatos. Reprodu­zamos o texto original de S. João 8:58:

Eipen aytois    lesus Amén Amén                     lego ymin        pri             Abraam      genesthai       Ego eimi                                                               
Falou-lhes         Jesus    Em verdade, em verdade,      digovos:  Antes que     Abraão        tivesse nascido  Eu sou.

Notemos, de passagem, o emprego de "genesthai", que indica nascimento, geração, atribuído a Abraão, em comparação com "eimi" que significa "ser existente" atribuído a Jesus. O grande gramático Df. Robertson declara que "EIMI" é absoluto, o que simplesmente quer dizer que não há predícado algum expresso com ele. E este mesmo emprego de "EIMI" ocorre mais três vezes no mesmo Evangelho de S. João:8:24
".. .se não crerdes que Eu sou lEgo eimi) morrereis nos vossos pe­cados." 13:19
"Desde já vos digo, antes que aconteça, para que quando aconte­cer, creiais que Eu sou lEgo eimi)." 18:5
    "Então Jesus Ihes disse: Sou Eu [Ego eimi)."

Experimente o leitor sincero alterar a expressão dos textos acima pela "Eu tenho sido". Não, em todos estes passos, a expressão é a mesma empregada pela Septua­ginta, ou Versão dos LXX (em grego) nos textos Deut. 32:39, Isaías 43: 10; 46:4, e outros. Indica um tempo pre­sente, e mais ainda, um presente perdurável, infindável, especialmente em  S. João 13:19, onde Jesus diz aos dis­cípulos coisas "antes que aconteçam" para que "quan­do acontecessem", eles deveriam crer que "EU SOU" (EGO EIMI). Ora, Jeová é o único que conhece "o fim desde o princípio" (Isa. 46: 10), donde se conclui, em que pese à esdrúxula tese russelita, que, ao dizer Jesus "Ego eimi", estava Se identificando com Jeová.
O grego jamais admitiria esta violência "Eu tenho si­do", e a única tradução possível é "Eu sou" , e uma vez que Jeová é o único "Eu sou" (Êxo. 3: 14; Isa. 44:6), se­gue-se que Ele e Cristo são "Um" em substância, poder e eternidade. É o que a Bíblia revela, e preferimos crer nela.
As chamadas "testemunhas de Jeová" argumentam ainda que, em S. João 8:58, a frase "Eu sou" pode estar empregada no chamado "presente histórico" , tendo um duplo sentido. Isto é uma cavilação, porquanto, embora exista o tempo de verbo denominado "presente históri­co", de modo algum pode aplicar-se no texto em lide. Simplesmente porque Jesus não estava narrando. Esta­va falando, discutindo, advertindo os discípulos. O pre­sente histórico, de acordo com comezinha regra grama­tical, é empregado nas narrativas somente e não no dis­curso comum. E assim rui por terra mais uma grotesca pretensão russelita.

Ainda a Septuaginta

Insistimos em comparar a expressão "Eu sou" [Ego eimi] referindo-se a Jeová, na Septuaginta, ou Versão dos LXX em grego. Em vários textos, como Gên. 17:1; Sal. 35:3; Isa. 16:1; 43:10-13; Jer. 3:12; 23:23, e outros, consta "Ego eimi", sendo que na maior parte das vezes é simples tradução do pronome hebraico pessoal, caso reto, primeira pessoa, singular" ANI" (Eu). Por quê? Porque o hebraico tem duas formas para este pronome pessoal: a forma simples" Ani", e a chamada forma re­forçada ou enfática "Anoki". Na gramática hebraica (em francês) de J. Touzard, página 158, há a seguinte observação a respeito:

"As formas verbais hebraicas incluem o sujeito e, por esta razão, os pronomes pessoais separáveis [ani, anoki] não são empregados, a não ser quando se queira dar ênfase ou relevo ao autor da ação expres­sa pelo verbo."

Segue-se, pois, que, nas passagens atrás referidas, aparece separado o pronome pessoal "Ani" (Eu) com o objetivo de dar ênfase à Pessoa que, no caso em tela, é Jeová. Necessariamente a tradução "Ego Eimi" é corre­tíssima e significa "Eu sou". Daqui não há fugir.

O Sentido Exato de "EU SOU"

Comentando S. João 8:58, diz J. H. Bernard, em A Critical and Exegetical Commentary on the Gospel 01 St. John (Comentário Crítico e Exegético do Evangelho de S. João), volume 11, pág. 118:
"É evidente que o EGO EIMI (Eu sou) usado por Jesus reflete a maneira apropriada e peculiar de Deus falar de Si mesmo no Velho Testamento e, na boca de Jesus referindo-se à Sua própria Pessoa, esta expressão implica na Sua Divindade, sendo exatamente isto o que Je­sus quer significar."

Que Jesus, ao dizer EU SOU, quis expressar aos ju­deus: "EU SOU JEOVÁ", não padece dúvida, pois as­sim eles entenderam. E tanto entenderam que, por isso, quiseram apedrejá-Lo. Sim, porque Jesus abertamente Se proclamara Deus, em igualdade com Jeová, e isto eles consideraram uma blasfêmia, pecado punível com a morte, consoante a lei civil judaica (Lev. 24: 16). Diante deste fato irretorquível, as chamadas "testemunhas de Jeová" procuram uma escapatória dizendo que os ju­deus queriam apedrejar a Jesus porque, no verso 44, Ele os chamou de filhos do diabo. Ora, se isto fosse exato, então porque não O apredejaram em outras ocasiões em que Ele os chamou duramente de "raça de víboras"? (S. Mat. 23:33, por exemplo). É simples a resposta. É que, nessas ocasiões, não havia uma base legal para o apedre­jamento, pois não configurava o crime de blasfêmia, por mais dura que fosse a reprovação.
A questão fica inapelavelmente liquidada com as próprias palavras dos judeus, registradas em S. João 10:33: "Responderam-Lhe os judeus: Não é por obra boa que Te apedrejamos, e, sim, por causa da blasfê­mia, pois, sendo Tu homem, TE FAZES DEUS A TI MESMO." (Grifos e versais nossos). Diante disso, não há o que argumentar!      ..
Mas os jeovistas não se dão por vencidos e vêm com nugas que nada provam. Analisemos as principais:
a) Dizem que Uma Tradução Americana assim verte o texto em lide: "Eu existia antes que Abraão nascesse." Ora, isso não favorece, de modo algum, os unitarianos, porque o passado imperfeito denota aí uma continuida­de indefinida ANTERIOR ao nascimento de Abraão. Sobre quanto tempo antes de surgir Abraão, não se tem medida!
b) Citam a versão de Stage, que reza: "Antes que Abraão viesse a existir, Eu era." Também não vemos como isso abona a tese ariana. Apenas confirma a pre­existência de Cristo de modo ilimitado.
c) Citam também Lamsa: "Antes de Abraão nascer, Eu era." Isso não estabelece uma época em que Jesus te­ria sido criado; apenas afirma a preexistência do Filho de Deus, em tempo imensurável. Nada mais. Essas ver­sões dizem, em suma, que Cristo EXISTIU num tempo remoto, imensurável, que foge a um ponto de fixação. Abraão tornou-se um ponto de referência, unicamente porque os judeus perguntaram a Jesus: "Ainda não tens 50 anos, e viste a Abraão?" Se o assunto fosse, por exemplo Satanás, Jesus teria dito: "Antes que Satanás existisse, Eu sou, ou Eu já existia, ou Eu era" - o que, afinal, dá no mesmo.
Alegam as "testemunhas" que dois tradutores he­braicos admitiram a tradução "tenho sido". Isso nada prova. O fato de dois tradutores terem, por iniciativa própria e com seu risco, vertido "tenho sido" onde essa tradução é inviável, somado ao fato de também os jeo­vistas inventarem um tempo de verbo INEXISTENTE NO GREGO, e por eles denominado "perfeito indefini­do" apenas para justificar esse disparate ("eu tenho si­do") que desborda de todos os cânones lingüísticos, não destrói o fato de ser a tradução correta, única, irreversí­vel: "Eu sou."
Chamamos a atenção dos sinceros para este interes­sante paralelo. Em S. João 8:58 lemos: "Antes que Abraão existisse (gr. ginomai, tornar-se, vir a ser, pro­duzir-se), Eu sou (gr. ego eimi). Pois bem, no Salmo 90:2, a Septuaginta assim verte: "Antes que os montes viessem à existência (gr. ginomai), desde a eternidade até a eternidade Tu és (gr. eimi) Deus." Os mesmos ver­bos, em emprego semelhante. Por que as "testemunhas" não afirmam que também aqui se deveria traduzir "Eu tenho sido"? Por aí se vê a inconsistência do "argumen­to".. .
Mas em Êxodo 3:14 no hebraico está ehêiêh, palavra composta de pronome e verbo "ser", significando "Eu sou". Não tem cabimento a tradução "Eu tenho sido". Os mais autorizados léxicos hebraicos aplicam a expres­                                                                                                                                                 são a Deus, como o "Eu sou", ou "O que existe por Si".
Mas os jeovistas inventam nova arenga: de que a Septuaginta verte Êxodo 3: 14 por" ho on", ou "o Ser" . Na verdade, "ho on", em grego; significa "o que é", "o que está", "o que existe". Há algumas ocorrências do NT, e entre elas:
1. S. João 1:18: "O Deus unigênito que está no seio do Pai" (Gr. monogenes Theos oh on eis ton Kolpon tou Patros). Refere-se a Cristo como O que existe, o que é, o que está no seio do Pai, COMO DEUS UNI     GÊNI­TO. Isso sinceramente não favorece o unitarismo. Ao contrário, reforça a Deidade de Cristo. Porque se a ex­pressão "ho on" (aquele que existe) se torna um título da Deidade, como em Êxodo 3:14, pode perfeitamente aplicar-se a Cristo. O "ego eimi" (Eu sou) como forma intransitiva pode igualmente tornar-se um título da Dei­dade. Portanto, ainda que a Septuaginta haja vertido "ho on" isso não destrói o fato de Cristo poder recla­mar para Si título idêntico.
2. S. João 3:13: "A não ser o que desceu do Céu" (gr. "ei me HO EK tou ouranou"). Aí há a forma "ho ek", o que procede, o que vem do Céu. Ora, se os unita­rianos apresentam isso como argumento, verão que Ihes é contrário porque o texto reafirma a origem divina de Jesus: o que procede do Céu.
3. S. João 3:31: "Quem vem da terra, é terreno e fa­Ia da terra" (Gr. “ho on ek te ges, ek te ges estin kai ek tes ges lalei".j A expressão "ho on" (Aquele que é) aplica-se perfeitissimamente a Cristo. "Aquele que é, que era, e que há de vir" também se pode aplicar a Cris­to, porque de fato Ele é o mesmo "ontem, hoje e para sempre" .
Antes de concluirmos este capítulo, convém relem­brar que no grego não existe tempo verbal denominado "perfeito indefinido" que os jeovistas inventaram para tapar o Sol com a peneira. E no texto de S. João 8:58, o aoristo infinitivo, como tal, não forma uma cláusula.
Aqui no texto é o advérbio PRIN (antes que) altamente significativo e dominante, de modo que a construção de­ve denominar-se Cláusula Prin ("Antes que"). O Dr. Robertson declara que o verbo eimi "é absoluto". Isto quer dizer que não pode haver predicado algum expres­so com ele. Isto liqüida a questão.


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