E quando eu
morrer?
O que vai acontecer
depois da morte é fundamental para a vida presente.
por Gil
Valentine
Teólogo
Esta poderia ser a última questão na prova final da vida
Faça um círculo ao redor da resposta certa:
Deixo de existir: Minha alma vai direto para o Céu, inferno ou
purgatório.
Torno-me outra forma de vida -
animal ou humana - aqui na Terra.
Fico num estado de
inconsciência até uma data posterior:
Todas as respostas acima.
Nenhuma das respostas acima.
Como tantas questões semelhantes a esta, não há
informação suficiente para se escolher a resposta certa. Parece haver
fragmentos de resposta certa em várias opções. Mas há partes de cada uma delas
que tampouco soam verdadeiras.
De acordo com uma pesquisa recente, as pessoas tendem a
pensar que não existe apenas uma resposta correta em relação ao que acontece
após a morte. Acham que a resposta realmente encontra-se fragmentada em
várias das opções acima. Aparentemente,
muitas pessoas abordam esse tema como se fosse uma questão de gosto pessoal. Como fazer compras. Como escolher entre meia
dúzia de marcas de desodorante numa prateleira de super-mercado.
O professor
Brian Walshe, da Universidade da Pennsylvania, recentemente escreveu o
seguinte a respeito dessa era pós-moderna:
Vivemos numa cultura de shopping-center.
Assim como combinamos a roupa que tiramos do armário para usar, ou nossos
gostos culinários, da mesma forma achamos cada vez mais normal combinar crenças
de várias tradições religiosas para formar nossa própria religião. As pessoas
crêem na ressurreição, na reencarnação e nas viagens da alma. Tudo ao mesmo
tempo.
A CRENÇA
FAZ DIFERENÇA
As importantes
questões de crença têm um grande significado. E se no final da vida não
existisse nada, apenas um enorme zero? Se esse fosse o caso, tudo que existe no
caminho acabaria somando nada mais que zero.
A vida também acabária sendo
sem sentido.
Mas se após a
morte há algo mais, então é importante que saibamos exatamente o que há. O
fato de uma pessoa acreditar em reencarnação ou ressurreição não apenas tem a
ver com o que acontece após a morte, mas modela radicalmente a forma de como
vive o presente.
É como o conselho que Filipe da Macedônia,
o pai de Alexandre, o Grande deu ao filho: Se você quer tornar sua vida um
sucesso, pense nos últimos dias de sua vida, e faça deles
seus companheiros constantes.”
O conhecimento
a respeito da morte o ajudará a decidir como viver.
Então, quais
são os fatos?
Uma coisa é
óbvia: os seres humanos se decompõem, seu corpo literalmente apodrece. Mas, o
que isso significa?
Para responder
esta pergunta você precisa responder outras:
Como as pessoas
foram formadas?
O que,
exatamente, é esta coisa que conhecemos como “mente humana, ou “espírito”, ou
“personalidade”?
Qual é a
ligação destes com o cérebro ou com o corpo?
Os seres
humanos têm algo conhecido como “alma imortal” ou alguma outra entidade
“imortal” inerente a si, ou seja, uma coisa à parte que sobreviveria à morte?
O corpo, o
espírito, o cérebro e a mente fazem parte de um mesmo conjunto?
Os filósofos
debatem com essa última questão há séculos.
A idéia de que
os seres humanos têm uma alma imortal existe desde a Antigüidade. Os egípcios
acreditavam que o espírito fugia do corpo no momento da morte, retornando
àquele corpo algum dia. Sendo assim, eles construíam elaborados túmulos e
pirâmides para proteger o corpo tanto quanto possível para o retomo da alma.
Cerca de 500
anos antes do tempo de Cristo, o hinduísmo da antiguidade começou a ensinar que
a alma ou o espírito não voltava para o mesmo corpo mas emigrava para outra
forma de vida no momento da morte.
Poderia ser uma forma de vida superior ou inferior dependendo de como a
pessoa se comportara durante a vida.
IDÉIAS
GREGAS SOBRE A MORTE
Mas os
filósofos da Grécia antiga como Pitágoras, Sócrates e Platão foram os
primeiros a realmente expor de forma sistemática a idéia de que a alma era
imortal e indestrutível. Para eles o Universo era dividido entre o plano físico
de um lado, e o espírito e idéias do outro. Corpo e alma, de acordo com suas
crenças, derivavam de esferas diferentes. A matéria era má e temporária; o espírito em bom e eterno.
Para Platão e
Sócrates, o corpo era apenas uma “casa” temporária para a alma. Essa idéia
tornou-se um estilo de vida para os gregos da antigüidade. O espírito estava
preso ao corpo. Isso significava que você não podia negar o corpo, nem
tampouco gratificá-lo de qualquer forma que desejasse. Em última análise, a
morte era um amigo, porque significava a libertação do espírito. Acreditando
nisso, Sócrates podia esperar a morte com relativa serenidade.
A crença cristã
contida na Bíblia difere radicalmente dessa visão, Tanto o Velho como o Novo
Testamento descrevem os seres humanos holisticamente, uma unidade psicofísica indissolúvel.
Na visão
cristã, os seres humanos não têm almas: são almas. Não há setores imorais
dentro de nós que continuam a viver após a morte. A imortalidade não é uma
parte inerente de nós.
É verdade que durante séculos a maioria dos cristãos
acreditou e ensinou que temos alma imortal, visto que as idéias de Platão
acabaram misturando-se às idéias da Bíblia. Orígenes, um pioneiro da igreja,
foi o primeiro a introduzir essa heresia grega na doutrina cristã.
De acordo com
os eminentes professores de psicologia David Myers e Malcolm Jeeves, uma das
tarefas mais árduas da teologia no século 20 tem sido separar as imagens da
natureza humana encontradas na Bíblia, daquelas descritas pela filosofia
grega. O renomado teólogo dinamarquês - e luterano - Oscar Cullman, em seu
clássico livro Immortatíty of the Soul or
Resurrection of the Dead? (Imortalidade da Alma ou Ressurreição dos
Mortos?), observa que a idéia da alma imortal é um do maiores mal-entendidos
do cristianismo.
() teólogo
Bruce Reichenbach chega a sugerir que seria melhor eliminarmos o termo “alma”de
nosso vocabulário religioso, porque provoca tanta confusão e está demasiado
mesclado a idéias gregas.
A ciência do
século 20 também está ajudando a solucionar a charada a respeito do que é um
ser humano. Evidências acumuladas no amplo campo da neuropsicologia demonstram
cada vez mais a ligação inseparável entre o cérebro e a mente, entre o cérebro
e a personalidade.
O psicólogo
Roger Sperry, ganhador de um prêmio Nobel, enfatiza que a “consciência é
propriedade do cérebro vivo” e “inseparável do mesmo”. Não há alma imortal.
De acordo com a
Bíblia, a morte não é um amigo, e sim um inimigo. Interrompe a vida e destrói a
criação integral de Deus. Além disso, de acordo com a Bíblia a experiência da
morte é semelhante ‘a um sono. E um estado de inconsciência. O túmulo é como
um local de descanso.
A história da
morte de Lázaro, no Evangelho de João. é uma boa ilustração. Ali Jesus chama a
morte de “sono’ (ver João 11:11). Lázaro não foi a lugar nenhum. Encontrava-se
inteiramente na tumba. Não há relatos de que Lázaro tenha contado como foi sua
experiência após a morte - aquela experiência de entrar imediatamente num
estado de alegria ou num completo inferno, A morte foi como um sono. E Jesus
foi até lá e o “acordou”.
É uma história
que traz ânimo e confiança.
A
Bíblia mostra que os seres humanos não têm almas: são almas.
Mas a história da ressurreição do próprio Jesus é ainda
melhor, ilustrando essas questões com mais clareza.
De
acordo com a Bíblia, a vida e morte de Jesus são as chaves para compreendermos
o que acontece após a morte. O apóstolo Paulo disse que Jesus “trouxe à luz a
vida e a imortalidade, mediante o evangelho” (II Timóteo l:l0).A imortalidade
- vida após a morte - não acontece automática ou naturalmente. De acordo com a
Bíblia, acontecerá por que Deus intervirá em nosso mundo para refazê-lo.
No final de nossa vida, não
“passamos para outra” como acreditava Sócrates. Morremos. Mas há esperança -
uma esperança enraizada não em nossa natureza, mas no amor e na fidelidade de
Deus.
A vida, morte e ressurreição de
Jesus nos asseguram de que não é a morte que dá a última palavra.
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