Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer
que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que
demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Mateus
5:39, 40
O comerciante Alexandre Gouveia Zahur, de 27 anos, foi morto com
três tiros, ao reagir a uma tentativa de assalto, no Rio de Janeiro. O
coronel do Exército Joel Valente Passos, de 56 anos, levou um tiro na
cabeça, quando tentava fugir de assaltantes, e morreu.
Em caso de assalto ou agressão, temos sempre três alternativas:
reagir, fugir ou dar a outra face. O comerciante mencionado acima reagiu
e foi morto. O coronel tentou fugir, e também foi morto. E esses não
são casos isolados. Basta acompanhar o noticiário para perceber que
essas ocorrências são frequentes. Qual a melhor opção? Aquela indicada
por Cristo: não resistir.
O assaltante exige dinheiro? Dê-lhe o dinheiro e também o relógio.
“As pessoas devem aprender de uma vez por todas que não podem reagir a
assaltos”, afirmou o comandante Naor Huguenin, do 6º BPM.
O comandante Huguenin não estava ensinando nenhuma novidade.
Cristo já havia dito isto 2000 anos atrás. E se Alexandre Zahur e o
Coronel Passos tivessem posto em prática esse conselho, ainda poderiam
estar vivos.
Nem fugir nem reagir. Quem foge geralmente é perseguido, pois a
fraqueza é cúmplice da ferocidade alheia. Por outro lado, quem revida a
uma agressão estimula o agressor a ser ainda mais violento, levando-o
até a disparar a arma, e então um dos dois poderá perder a vida.
Não resistir, e ainda oferecer a outra face, apesar de parecer
absurda, é, de longe, a melhor alternativa. Porque é uma demonstração de
coragem moral e domínio próprio, que, por serem raros, geralmente
surpreendem o agressor, deixando-o confuso e envergonhado.
O conselho de Cristo é superior à lei do “olho por olho, dente por
dente”, porque quebra o ciclo de hostilidades, introduzindo
graciosamente o perdão onde se esperava justiça.
Para Jesus, o inimigo não é um alvo a ser eliminado, mas um ser
humano a ser redimido. Se não fosse assim, como poderíamos entender Suas
palavras na cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc
23:34)?
Dar a outra face e perdoar são atitudes nobres, que abrem a porta
para a paz e a reconciliação. Não é fácil, mas é a melhor alternativa.
Rubem M. Scheffel,