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terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Os Dez Mandamentos explicados



A lei não fora proferida naquela ocasião exclusivamente para o benefício dos hebreus. Deus os honrou, fazendo deles os guardas e conservadores de Sua lei, mas esta deveria ser considerada como um depósito sagrado para todo o mundo. Os preceitos do Decálogo são adaptados a toda a humanidade, e foram dados para a instrução e governo de todos. Dez preceitos breves, compreensivos, e dotados de autoridade, abrangem os deveres do homem para com Deus e seus semelhantes; e todos baseados no grande  princípio fundamental do amor. "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo". Lucas 10:27; Deuteronômio 6:4, 5; Levítico 19:18. Nos Dez Mandamentos estes princípios são apresentados pormenorizadamente, e aplicáveis às condições e circunstâncias do homem.

"Não terás outros deuses diante de Mim" (Êxodo 20:3) — Jeová, o Ser eterno, existente por Si mesmo, incriado, sendo o originador e mantenedor de todas as coisas, é o único que tem direito a reverência e culto supremos. Proíbe-se ao homem conferir a qualquer outro objeto o primeiro lugar nas suas afeições ou serviço. O que quer que acariciemos que tenda a diminuir nosso amor para com Deus, ou se incompatibilize com o culto a Ele devido, disso fazemos um deus.

"Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo na Terra, nem nas águas debaixo da Terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás." — O segundo mandamento proíbe o culto ao verdadeiro Deus por meio de imagens ou semelhanças. Muitas nações gentílicas pretendiam que suas imagens eram meras figuras ou símbolos pelos quais adoravam a Divindade; mas Deus declarou que tal culto é pecado. A tentativa de representar o Eterno por meio de objetos materiais, rebaixaria a concepção do homem acerca de Deus. A mente, desviada da perfeição infinita de Jeová, seria atraída para a criatura em vez de o ser para o Criador. E, rebaixando-se suas concepções acerca de Deus, semelhantemente degradar-se-ia o homem.

"Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso." A íntima e sagrada relação de Deus para com Seu povo é representada sob a figura do casamento. Sendo a idolatria o adultério espiritual, é o desprazer de Deus contra a mesma apropriadamente chamado ciúme.

"Visito a maldade dos pais nos filhos, até a terceira e a quarta geração daqueles que Me aborrecem." É inevitável que os filhos sofram as conseqüências das más ações dos pais, mas não são castigados pela culpa deles, a não ser que participem de seus pecados. Dá-se, entretanto, em geral o caso de os filhos andarem nas pegadas de seus pais. Por herança e exemplo os filhos se tornam participantes do pecado do pai. Más tendências, apetites pervertidos e moral vil, assim como enfermidades físicas e degeneração, são transmitidos como um legado de pai a filho, até a terceira e quarta geração. Esta terrível verdade deveria ter uma força solene para restringir os homens de seguirem uma conduta de pecado.

"Faço misericórdia em milhares aos que Me amam e guardam os Meus mandamentos." Proibindo o culto aos falsos deuses, o segundo mandamento envolve a ordem de adorar o verdadeiro Deus. E aos que são fiéis em Seu serviço, promete-se a misericórdia, não meramente à terceira e quarta geração, como é ameaçada a ira contra os que O aborrecem, mas a  milhares  de gerações.

"Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o Seu nome em vão" (Êxodo 20:7) — Este mandamento não somente proíbe os falsos juramentos e juras comuns mas veda-nos o uso do nome de Deus de maneira leviana ou descuidada, sem atentar para a sua terrível significação. Pela precipitada menção de Deus na conversação comum, pelos apelos a Ele feitos em assuntos triviais, e pela freqüente e impensada repetição de Seu nome, nós O desonramos. "Santo e tremendo é o Seu nome". Salmos 111:9. Todos devem meditar em Sua majestade, pureza e santidade, para que o coração possa impressionar-se com uma intuição de Seu exaltado caráter; e Seu santo nome deve ser pronunciado com reverência e solenidade.

"Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a Terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou, portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou" (Êxodo 20:8-11) — O sábado não é apresentado como uma nova instituição, mas como havendo sido estabelecido na criação. Deve ser lembrado e observado como a memória da obra do Criador. Apontando para Deus como Aquele que fez os céus e a Terra, distingue o verdadeiro Deus de todos os falsos deuses. Todos os que guardam o sétimo dia, dão a entender por este ato que são adoradores de Jeová. Assim, é o sábado o sinal de submissão a Deus por parte do homem, enquanto houver alguém na Terra para O servir. O quarto mandamento é o único de todos os dez em que se encontra tanto o nome como o título do Legislador. É o único que mostra pela autoridade de quem é dada a lei. Assim contém o selo de Deus, afixado à Sua lei, como prova da autenticidade e vigência da mesma.

Deus deu aos homens seis dias nos quais trabalhar, e exige que seus trabalhos sejam feitos nos seis dias destinados a isso. Atos necessários e misericordiosos são permitidos no sábado; os doentes e sofredores em todo o tempo devem ser tratados; mas o trabalho desnecessário deve ser estritamente evitado. "Se desviares o teu pé do sábado, e de fazer a tua vontade no Meu santo dia, e se chamares ao sábado deleitoso, e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade..." Isaías 58:13. Tampouco fica nisto a proibição. "Nem falar as tuas próprias palavras", diz o profeta. Aqueles que no sábado discutem assuntos de negócios ou fazem planos, são considerados por Deus como se estivessem empenhados na própria transação de negócio. Para santificar o sábado não devemos mesmo permitir que nosso espírito se ocupe com coisas de caráter mundano. E o mandamento inclui todos dentro de nossas portas. Os que convivem  na casa devem durante as horas sagradas pôr de parte suas ocupações mundanas. Todos devem unir-se a honrar a Deus por meio de um culto voluntário em Seu santo dia.

"Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na Terra que o Senhor teu Deus te dá" (Êxodo 20:12) — Os pais têm direito ao amor e respeito em certo grau que a nenhuma outra pessoa é devido. O próprio Deus, que pôs sobre eles a responsabilidade pelas almas confiadas aos seus cuidados, ordenou que durante os primeiros anos da vida estejam os pais em lugar de Deus em relação aos seus filhos. E aquele que rejeita a lícita autoridade de seus pais, rejeita a autoridade de Deus. O quinto mandamento exige que os filhos não somente tributem respeito, submissão e obediência a seus pais, mas também lhes proporcionem amor e ternura, aliviem os seus cuidados, zelem de seu nome, e os socorram e consolem na velhice. Ordena também o respeito aos ministros e governantes, e a todos os outros a quem Deus delegou autoridade.

Este, diz o apóstolo, "é o primeiro mandamento com promessa". Efésios 6:2. Para Israel, esperando em breve entrar em Canaã, era um penhor, ao obediente, de uma vida longa naquela boa terra; mas tem ele uma significação mais ampla, incluindo todo o Israel de Deus e prometendo vida eterna sobre a Terra, quando esta estiver livre da maldição do pecado.

"Não matarás" (Êxodo 20:13) — Todos os atos de injustiça que tendem a abreviar a vida; o espírito de ódio e vingança, ou a condescendência de qualquer paixão que leve a atos ofensivos a outrem, ou nos faça mesmo desejar-lhe mal (pois "qualquer que aborrece seu irmão é homicida"); uma negligência egoísta de cuidar dos necessitados e sofredores; toda a condescendência própria ou desnecessária privação, ou trabalho excessivo com a tendência de prejudicar a saúde — todas estas coisas são, em maior ou menor grau, violação do sexto mandamento.

"Não adulterarás" (Êxodo 20:14) — Este mandamento proíbe não somente atos de impureza, mas pensamentos e desejos sensuais, ou qualquer prática com a tendência de os excitar. A pureza é exigida não somente na vida exterior, mas nos intuitos e emoções secretos do coração. Cristo, que ensinou os deveres impostos pela lei de Deus, em seu grande alcance, declarou ser o mau pensamento ou olhar tão verdadeiramente pecado como o é o ato ilícito.

"Não furtarás" (Êxodo 20:15) — Tanto pecados públicos como particulares são incluídos nesta proibição. O oitavo mandamento condena o furto de homens e tráfico de escravos, e proíbe a guerra de conquista. Condena o furto e o roubo. Exige estrita integridade nos mínimos detalhes dos negócios da vida. Veda o engano no comércio, e requer o pagamento de débitos e salários justos. Declara que toda a tentativa de obter-se vantagem pela ignorância, fraqueza ou infelicidade de outrem, é registrada como fraude nos livros do Céu.

"Não dirás falso testemunho contra o teu próximo" (Êxodo 20:16) — Aqui se inclui todo falar que seja falso a respeito de qualquer assunto, toda tentativa ou intuito de enganar nosso próximo. A intenção de enganar é o que constitui a falsidade. Por um relance de olhos, por um movimento da mão, uma expressão do rosto, pode-se dizer falsidade tão eficazmente como por palavras. Todo exagero intencional, toda sugestão ou insinuação calculada a transmitir uma impressão errônea ou desproporcionada, mesmo a declaração de fatos feita de tal maneira que iluda, é falsidade. Este preceito proíbe todo esforço no sentido de prejudicar a reputação de nosso próximo, pela difamação ou suspeitas ruins, pela calúnia ou intrigas. Mesmo a supressão intencional da verdade, pela qual pode resultar o agravo a outrem, é uma violação do nono mandamento.

"Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo" (Êxodo 20:17) — O décimo mandamento fere a própria raiz de todos os pecados, proibindo o desejo egoísta, do qual nasce o ato pecaminoso. Aquele que em obediência à lei de Deus se abstém de condescender mesmo com um desejo pecaminoso daquilo que pertence a outrem, não será culpado de um ato mau para com seus semelhantes.

Tais foram os sagrados preceitos do Decálogo, proferidos entre trovões e chamas, e com maravilhosa manifestação de poder e majestade do grande Legislador. Deus acompanhou a proclamação de Sua lei com mostras de Seu poder e glória, para que Seu povo nunca se esquecesse daquela cena, e tivesse a impressão de uma profunda veneração pelo Autor da lei, o Criador do Céu e da Terra. Desejava mostrar também a todos os homens a santidade, a importância e a permanência de Sua lei.


E.G.White - Patriarcas e Profetas

domingo, 12 de dezembro de 2021

Devemos simpatizar com o pecador no seu pecado?

 


Precisamos despertar da indiferença que se demonstrará nossa destruição se não lhe resistirmos. Satanás tem uma influência poderosa e controladora sobre as mentes. Pregadores e povo estão em perigo de serem achados ao lado das forças das trevas. Não há agora posição neutra. Somos todos decididamente pelo correto ou decididamente pelo erro. Disse Cristo: "Quem não é comigo é contra Mim; e quem comigo não ajunta espalha." Mateus 12:30.

Sempre haverá pessoas que se simpatizam com aqueles que estão em falta. Satanás teve simpatizantes no Céu e levou com ele um grande número de anjos. Deus, Cristo e os anjos celestes estavam de um lado, e Satanás do outro. Não obstante o poder e a majestade infinitos de Deus e de Cristo, anjos se rebelaram. As insinuações de Satanás surtiram efeito, e eles realmente chegaram a crer que o Pai e o Filho eram seus inimigos e que Satanás era seu benfeitor. Satanás tem o mesmo poder e o mesmo controle sobre as mentes agora, somente que esse poder aumentou cem vezes pelo exercício e a experiência. Homens e mulheres hoje são enganados, cegados por suas insinuações e artimanhas, e não o sabem. Dando lugar a dúvidas e descrença com relação à obra de Deus, e acariciando sentimentos de desconfiança e cruel inveja, estão se preparando para uma decepção total. Levantam-se com sentimentos amargos contra aqueles que ousam falar de seus erros e reprovar-lhes os pecados.

Aqueles que no temor de Deus se aventuraram a fielmente enfrentar o erro e o pecado, chamando o pecado pelo seu nome exato, têm-se desempenhado de um dever desagradável com muito sofrimento para si mesmos; eles recebem a aprovação de bem poucos e sofrem o desprezo de muitos. Os que simpatizam com o erro executam os propósitos de Satanás para derrotar o desígnio de Deus.

Censuras sempre feriram a natureza humana. Muitos são os que têm sido destruídos pela imprudente simpatia de seus irmãos; pois, como os irmãos se simpatizaram com eles, pensaram que de fato tinham sido maltratados e que o reprovador estava totalmente errado e tinha um mau espírito. A única esperança para pecadores em Sião é plenamente ver e confessar seus erros, e abandoná-los. Aqueles que se intrometem para embotar o gume afiado da censura que Deus envia, dizendo que o reprovador estava em parte errado e que a reprovação não era justa, agradam ao inimigo. Tudo que Satanás pode inventar para tornar as censuras sem efeito cumprirá seu desígnio. Alguns culparão aquele a quem Deus enviou com uma mensagem de advertência, dizendo: "Ele é severo demais." Assim fazendo, tornam-se responsáveis pelo pecador a quem Deus desejava salvar, e a quem, porque o amava, Ele enviou correção, para que pudesse humilhar seu espírito diante de Deus e abandonar seus pecados. Estes falsos simpatizantes, por sua obra de morte, logo terão uma conta a acertar com o Mestre. 


E.G.White "Testemunhos para a Igreja" vol.3 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Porque Deus mandou matar pessoas inocentes? (2 Samuel 21) - Leandro Quadros

Porque Deus mandou matar pessoas inocentes? (2 Samuel 21) - Leandro Quadros

 

Realmente, na Bíblia, há textos mais difíceis de serem entendidos em sua plenitude. Isso não significa que a mensagem central não possa ser compreendida, mas apenas demonstra a nossa limitação humana para penetrarmos nos segredos de Deus. Também devemos considerar o fato de que o pensamento hebraico e sua forma de se expressar é diferente -  o que contribui para que certos textos pareçam obscuros.

No caso de 2 Samuel 21, podemos entender algo sobre o capítulo se analisarmos o mandamento de Deus em Deuteronômio 24:16, onde Ele diz: "Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos em lugar dos pais; cada um morrerá pelo seu próprio pecado." Perceba que o próprio Deus hava ordenado que, ao executar um criminoso, o povo jamais castigasse os descendentes dele. 

Então, porque o Senhor autorizou que sete descendentes de Saúl fosse mortos por causa da atitude criminosa dele para com os gibeonitas?

Na verdade, quando lemos o verso 3, percebemos que, dessa vez, Davi não consultou o Senhor como havia feito antes (v.1) mas sim os habitantes de Gibeão. Motivados pela ira e, quem sabe, baseados no fato registado em Números 25:4, eles tenham entendido que a ira de Deus seria aplacada se os descendentes de Saul fossem mortos e pendurados. 

Quando o verso 14 afirma que "Depois disto Deus respondeu as orações em favor da terra de Israel", ele expressa a visão de mundo do profeta. O escritor de 2 Samuel percebeu que depois de tal evento a maldição cessou - em que isso signifique que Deus tenha apoiado o ato de Davi e dos gibeonitas.

Nosso Criador teria outra forma de vingar os habitantes de Gibeão que haviam sido mortos injustamente pelo rei Saul. Mas, como o povo agiu dessa vez sem consultar Aquele que nunca erra, Ele permitiu que tal ação pecaminosa e injusta seguisse seu curso normal, pois faz parte de Sua soberania dar o livre-arbítrio a cada um, por mais que a pessoa erre. Ele permite que coisas más aconteçam porque, no conflito entre o bem e o mal, Ele utiliza tais circunstâncias (que Ele não gosta) para mostrar ao Universo a gravidade do pecado.

Podemos ver que Deus não apresentou a Davi essa solução para o problema. Quem fez isso foi o povo que queria vingança. O Senhor não poderia ir contra o que Ele mesmo havia ensinado em Deuteronômio 24_16-

Todos os motivos para Deus permitir tal ato (mesmo Ele não consentindo) não nos serão apresentados apenas quando estivermos com Cristo em Sua segunda vinda. Enquanto aguardamos esse momento maravilhoso, podemos viver confiantes de que o "justo juiz" (Gn 18:25) esclarecerá esta e outras questões da vida que nos incomodam (1Co 13:12; Hb 8:11)

 

Leadro Quando - "Na Mira da Verdade" vol.2



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