QUAL O EXATO SENTIDO DE
FILIPENSES 2:6?
Como
bem demonstrou Arnaldo Christianini em Radiografia do Jeovismo, pág. 53:
"As
fraudes tradutórias das chamadas 'Testemunhas de Jeová' não se limitam ao
abuso de verterem erroneamente ou truncarem os textos sagrados. Vão além e,
quando não encontram na Bíblia um cabide em que dependurar suas idéias heréticas,
recorrem então ao processo da subtileza, da especiosidade no sentido da frase
sacra, forçando-a a amoldar ao esquema ariano, que nega a Divindade de
Jesus".
Um
exemplo frisante, que comprova as assertivas feitas no parágrafo anterior pelo
Pastor Christianini, encontra-se na tradução tendenciosa que fizeram da
declaração paulina de Filipenses 2:5 a 11.
O livro "Seja Deus Verdadeiro"
pág. 32 declara o seguinte:
"Na
carta aos crentes filipenses este escritor hebreu diz alguma coisa sobre o
passado préhumano de Jesus, declarando: "Mantenham esta atitude mental,
que também era de Jesus Cristo, o qual ainda que existisse em forma divina, não
deu lugar à usurpação, isto é, não se considerou igual a Deus. Não, mas ele se
esvaziou e tomou a forma de escravo e fez-se à semelhança do homem. Mais do que
isso, quando o encontramos na forma de homem, ele se humilhou e foi obediente
até a morte, sim, morte no poste dos suplícios. Por causa disso exatamente,
Deus o exaltou
a uma posição superior, e deu-lhe bondosamente o nome que está acima de
qualquer outro nome, para que, ao nome de Jesus, se dobre todo joelho daqueles
que estão no céu e na terra e debaixo da terra, e que toda língua confesse abertamente
que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai". (Fil. 2: 5-11 -
Tradução Novo Mundo). .
"Esse
alguém não era Jeová Deus, mas existia na forma de Deus. Como assim? Era um
espírito, exatamente como Deus é um Espírito; era poderoso, ainda que não
todo-poderoso como Jeová Deus".
Duas
páginas na frente (34) o mesmo livro afirma:
"Antes
de vir a terra, esse Filho unigênito de
Deus não se julgava igual a Jeová Deus; ele não se considerava "igual
em Glória e poder" com o Deus Todo-Poderoso; ele não seguiu o caminho do
Diabo e não conspirou nem planejou fazer-se igual ou semelhante ao Deus
Altíssimo, nem usurpar o lugar de Deus. Pelo contrário, provou a sua sujeição
a Deus como seu Superior, humilhando-se sob a mão toda poderosa de Deus, até o
mais ínfimo grau, que significa uma morte infamante sobre um poste de
suplícios. Citando a tradução Diaglótica Enfática de Fil. 2:5-8, temos:
'Cristo Jesus, o qual, ainda que tendo a forma de Deus, não pensou em usurpação
para ser igual a Deus, mas despojou-se, tomando a forma de escravo, tendo sido
feito à semelhança dos homens; e estando na condição de homem, ele se humilhou,
tornando-se obediente até a morte, até mesmo morte de cruz'".
Nestas
duas_citações encontramos tremenda distorção da exegese das Escrituras Sagradas.
As
traduções Diaglótica Enfática e Novo Mundo não são reconhecidas pelas
autoridades da língua grega.
Lendo
apressadamente Fil. 2:6 na tradução Novo Mundo: O qual embora existisse em
forma de Deus, não deu consideração a uma usurpação, a saber, que devesse ser
igual a Deus, poucos notariam a propositada distorção do pensamento do
apóstolo, que é mostrar, que Cristo embora fosse igual a Deus, não se agarrou
a esse privilégio, mas dele abriu mão, para tomar a forma humana.
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~Yt1cJ'a:t"o. -rã Etva.1 Yda. 9e:'V (a
copia destorceu a escrita original, infelizmente),
cuja tradução literal na ordem helenística seria:
O qual na forma de Deus subsistindo não usurpação julgou o ser igual com Deus.
Em
bom vernáculo o sentido seria: O qual subsistindo em forma de Deus, não julgou
como usurpação ser igual a Deus.
Parece-me
que não foi muito feliz a tradução que se encontra em "A Bíblia na
Linguagem de Hoje" na segunda parte do versículo: "Ele sempre teve a
mesma natureza de Deus, mas não tentou ser, pela força, igual a Deus".
Ele não se apegou pela força a este privilégio - ser igual a Deus.
A
explicação dada por Roberto G. Bratcher ,um dos tradutores do Novo Testamento
na Linguagem de Hoje, não nos convence por não ter atendido à Analogia da Fé,
ao contexto e a teologia paulina. Eis suas palavras:
"Desde
os tempos antigos os comentadores e expositores se têm dividido em dois grupos:
para uns a palavra harpagmos significa (1) algo a ser mantido pela força, e
outros (2) algo a ser conseguido pela força. A idéia de força está presente na
palavra harpagmos, bem como em suas formas verbais e nominais; mas é impossível
determinar com perfeita segurança se nesta passagem quer dizer algo a ser
mantido ou a ser conseguido. Que é que Paulo quis dizer quando escreveu estas
palavras? Que Cristo não pensava que igualdade com Deus era algo a ser conseguido?
Ou que era algo a ser mantido? O tradutor precisa decidir-se, ele precisa
tornar claro o sentido.
O
N.T.L.H. dá a idéia de conseguir; este é o sentido do texto consignado na
American Standard Version, Revised Standard Version, nas traduções de
Weymouth, Knox, Goodspeed e na New English Bible. Outras traduções têm a idéia
de reter a igualdade com Deus, como a Twentietn Cen
tury, Moffatt, Phillips e a Bíblia de
Jerusalém. Trecho extraído da Revista - A Bíblia no Brasil". -
Janeiro-Junho, 1974, pág. 14.
O
professor de grego William Caray Taylorem seu livro Introdução ao Estudo do
Novo Testamento Grego, capítulo 86, no. 790 - assim traduz:
O
qual, existindo essencialmente em natureza de Deus, não considerou o estar em
pé de Igualdade com Deus presa (o ser cobiçado e retido como a
leoa
segura a presa ou salteador o seu espólio).
As
traduções dos Rutherfordistas têm uma única e fundamental finalidade, negar a
Divindade de Jesus, por isso traduzem a aludida passagem dando a impressão de
que Cristo não se in
Há
neste versículo, três palavras que merecem um estudo mais detido para que
compreendamos bem o sentido que Paulo nos quis transmitir:
a) ooápxwv
- nome sing. Masc. do participio presente do verbo.
Ôrrápxw- existir, ser,
subsistir, indicando uma condição essencial ou original que perdura, em
contraste com o fugaz e acidental.
“eimi-
ser, existir, o verbo geral existência.
ginomai- tornar-se, nascer,
acontecer, ser feito, especificando o que urna pessoa se tOrna quanto à qualidade,
condição, categoria ou caráter. Fil. 2:6-8 ilustra os três verbos".
(As
palavras em grego estão prejudicadas, devido sua digitalização, ao serem
escaneadas).
Tanto
Blass § 414, quanto Robertson página 1121, em suas respectivas gramáticas, nos
afirmam que o verbo guinomai é amplamente usado corno um substituto para
"eimi".
b) arpagmon
–
Que apenas foi usada nesta passagem, é o acus. singular de arpagmós
= roubo. Segundo "The Analytical Greek Lexicon, na Bíblia significa: uma
coisa retida com ávido desejo ou avidamente reivindicada e conspicuamente exercida.
moryh- Taylor, no livro
já citado, na . pág. 393, explica-nos o seguinte:
ezos-
forma, com ênfase sobre o aspecto exterior. Luc.3:22: João 5:37
II
Cor. 5:7.
morfh-
forma, implicando essencial caráter e natureza. Está em con- traste com - figura, semelhança
exterior e efêmera .Morfê salienta a essencial natureza divina e a real
humanidade de Jesus, em Fil. 2:6-7; squêma salientando a fase passageira da
sua humilhação.
Vincent, abalizado
comentarista, em Word
Studies in The New Testament, vol. III,
páginas 430 e 431 comentando a palavra morfê afirma: "Precisamos banir de
nossa mente a idéia de forma. A palavra é usada em seu sentido filosófico para
denotar aquela expressão do ser que teria em si mesmo a distinta natureza e
caráter do ser a quem pertence e é assim permanentemente identificada com
aquela natureza e caráter. Assim é distinta de squêma, porque compreende aquilo
que apela aos sentidos e que é mutável. Morfê é identificada com a essência de
uma pessoa ou coisa. Squêma é um acidente que pode mudar sem afetar a forma.
Para o termo morfê aplicado a Deus não temos nenhuma palavra que possa transmitir
sua exata significação...
Dizer de Cristo, que sendo na forma de Deus, é dizer que ele
existia tão essencialmente como Deus existe".
O Comentário Adventista, Vol. 7, pág. 154 ,
afirma sobre esta palavra:
"'Morfê' aqui denota todas as características e atributos
essênciais de Deus. Neste sentido, morfê representa a maneira em que as qualidades
e características eternas de Deus se têm manifestado. Seja qual for a forma que
essa manifestação tenha tomado foi ela possuída por Cristo, que por isso
existiu como Um com Deus.
Sabatini Lalli em O Logos Eterno
pondera:
A expressão, 'que sendo ou subsistindo na forma
de Deus', revela que, na mente lúcida de Paulo, como também no texto grego -
pois o apóstolo se expressa com clareza e segurança está contida a afirmação
da preexistência eterna do Logos Divino. Em sua segunda Carta aos CorIntios
8:9, Paulo afirma: 'Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que,
sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela Sua pobreza
enriquecêsseis'. A mesma força verbal que se encerra na frase 'sendo ou subsistindo
na forma de Deus', de Fil. 2:6, é evidente e irredutível na expressão 'sendo
rico', de II Cor.8: 9. Cotejando estas duas passagens,concluímos que além de O
Logos, como Pessoa, ter existência eterna, conforme João 1:1, possuia também
as riquezas próprias do Seu estado de Divindade. Para o Apóstolo, o Logos não
'era' pobre, mas 'tornou-se' pobre,
'fez-se' pobre. O verbo grego 'ptochéno' - que significa 'tornar-se
pobre','fazer-se pobre' ou 'empobrecer' - é empregado por Paulo na terceira
pessoa singular do Indicativo Aoristo (éptócheusen) e indica uma ação passada
que se realizou em certo tempo. Este
tempo
é referido por Paulo em Gál. 4:4 e na Carta ao Hebreus 1:1. A riqueza que o
Logos Divino renunciou, quando assumiu a forma ou a natureza humana, foi a Sua
glória, o Seu Domínio e a Sua Bem-Aventurança, na Sua Pobreza, o Lagos identificou-se
com a raça humana na sua miséria, e, por meio desta identificação, enriqueceu-a
com a suprema dádiva da Justificação, da Iluminação, da santificação, da Paz,
da Alegria, da Certeza da Vida Eterna, presentes de valor infinito que a raça
recebeu em virtude da encarnação do Logos'''. páginas 38-39.
Morfê
significa poder, glória, majestade, natureza, essência. Essa palavra traduziria
bem o sentido de glória que se encontra em são João
17:5.
o
oráculo Russelita, na página 22, comentando Fil. 2:1-11 afirma: "Paulo
faz claro que Cristo Jesus em sua forma pré-humana não era igual a seu Pai.
Ele aconselha os cristãos a não serem motivados pelo egoísmo, mas a terem humildade
de mente, assim como teve Jesus Cristo, que, embora existindo na forma de Deus,
antes de sua vinda à Terra, não foi ambicíoso para tornar-se igual a seu
Pai".
Eles
sustentam ainda, que Paulo nesta passagem ensina que Jesus era inferior ao
Pai, em natureza, quando na realidade a teologia paulina é totalmente oposta a
esta afirmação. Basta citar:
1º.) Col. 2:9 - Porque nele habita
corporalmente toda a plenitude da divindade.
2º.)
Tito 2:13 - Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do
grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo.
3º.) Heb. 1:8 - Mas, do Filho, diz: O
Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos.
Segue-se
uma página bastante oportuna, relacionada com este tema, citada por Homero Duncar,
no livro Testemunhas de Jeová?!
Com
permissão da Oxford University Press , citamos o rodapé desse texto na New
Scofield Reference Bible (Fil. 2: 6): "Esta é uma das afirmativas mais
incisivas do Novo Testamento sobre a Divindade de Jesus Cristo. A forma (no
grego morfê) é a aparência externa pela qual uma pessoa ou coisa dá na vista;
é entretanto, uma forma externa verdadeiramente indicativa da natureza
interior da qual brota. Nada nesta passagem ensina que a Palavra eterna (João
1:1) se esvaziasse de Sua natureza divina ou de seus atributos, mas apenas da
manifestação externa e visível da Divindade. Deus pode mudar de forma, mas Ele
não pode deixar de ser Deus. Em todas ocasiões Seus atributos divinos puderam
ser exercidos de acordo com a Sua vontade".
Os
editores da Scofield Reference Bible,que fizeram tal declaração, são
mundialmente reconhecidos como sendo compententes mestres da Bíblia.
Sabatini
Lalli, em "O Logos Eterno" pág.38, enfatiza mais uma vez: "No
texto de Fil. 2:6-11 ocorrem duas palavras cujo sentido deve ser notado,
porque revelam o propósito definido que Paulo tinha em mente: "morfê"
e "schema". A palavra "morfê" significa "forma"
e envolve também a idéia de "substância" ou "essência". A
palavra "schema", por outro lado, tem, entre outros o sentido de
"forma", "aparência", "semelhança" e
"figura". Sófocles, por exemplo, empregando a palavra
"schema", escreveu: "Tyrannon schema echein ( tem ares ou
aparência de rei). Isto significa que qualquer pessoa pode ter "ares"
ou "aparência" de rei, sem ser, necessariamente, rei). A palavra
"morfê" portanto, em contraste com "schema", denota a forma
que é a expressão externa de determinada substância e essa forma é concebida
como intimamente relacionada com a natureza dessa substância".
Em
Fil. 2:6 Paulo afirma que Cristo não teve o deseje de lutar por aquilo que era
seu por natureza e herança.
Para
não nos alongarmos cansativamente :em comentários sobre esta passagem apresentamos
ainda uma tradução e
uma paráfrase, já tornadas
conhecidas, entre nós, pelo Pastor
Christianini, ao tratar deste mesmo assunto.
"Artur
S. Way hábil tradutor de clássicos gregos, em The Epistles of St.
Paulo (ed. 1921) pág. 55, assim traduz a citação de Paulo: Ele mesmo, quando
subsistia na forma de Deus, não se agarrou egoisticamente a Sua prerrogativa de
igualdade com Deus.
E
o erudito G.B. Phillips, em Epistles to New Churches, 1948, pág. 113, em
tradução perifrástica, assim verte o texto: Porque Ele, que sempre fora Deus
por natureza, não se ateve às Suas' prerrogativas de igualdade com Deus, mas
despiu-se de todo o privilégio consentindo tornar-se escravo por natureza e
nascendo como homem mortal".
O
autor da Radiografia do Jeovismo, após seu comentário desta passagem pergunta:
"Diante
dessa nuvem de
Testemunhas, as mais autorizadas, verdadeiras sumidades na
língua original do Novo Testamento, em que fica o arremedo de tradução, o
mistifório jeovista?"
Sendo que não há resposta a tal
pergunta,
eis
aqui a minha:
Estudando-lhes
as doutrinas, Comparando-as
com os ensinamentos bíblicos, contra' os quais
assestam as suas armas negativistas e demolidoras à Divindade de Cristo e a
Trindade, concluo que muito apropriadamente se lhes aplica o provérbio: O pior
cego é aquele que não quer ver.
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