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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

HOJE ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO Lucas 23: 43


HOJE ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO


Lucas 23: 43


Os defensores da idéia, de que as pessoas recebem a recom­pensa logo após haverem expirado, citam, quase sempre, as pa­lavras de Cristo na cruz ao ladrão arrependido.

Em Lucas 23:42,  o ladrão roga a Jesus o seguinte:

“Senhor, lembra-te de mim, quando vieres no Teu reino”

O verso 43  traz a resposta de Cristo.

“Em verdade te digo hoje, que serás comigo no Paraíso”. Tradução Trinitária.

Para a nossa melhor compreensão, apresentaremos o tex­to em grego, como se encontra no Códice Vaticano. cópia da Bíblia em grego do 4º. século, estando entre as duas mais anti­gas existentes.

KAIEIIIE NAYTWOIHSOYS

AMHNAEGWSOISHM EPON

MET’EMOYESENTWPAPADEISW


Em português seria assim:

EMVERDADETEDIGOHOJEESTARASCOMIGONOPARAISO.

Em letras minúsculas gregas, com as palavras separadas, aparece assim no Novo Testamento Grego:
        Kai eipen autw, Amhujv  soi legw, shmeron met emon esh

en tw  paradeisw
                

kai eipen auto, Amen soi lego, semeron met’emu ese en to paradeiso.

A cópia do Códice Vaticano nos comprova, que nos Ma­nuscritos primitivos unciais não havia separação das palavras e nenhum sinal de pontuação.

A conhecida e muito útil obra História, Doutrina e Inter­pretação da Bíblia do autor batista Joseph Angus, traduzida para o português por J. Santos Figueiredo no Volume 1, pág. 38 nos informa o seguinte a respeito da pontuação na Bíblia:

“No ‘Oitavo século foram introduzidos outros sinais de pon­tuação.  No nono foram introduzidos o ponto de interrogação e a vírgula”.

O livro Arte de Pontuar de Alexandre Passos, página 22 nos afirma que estudando a história da pontuação através dos séculos, vemos que no V ou VI séculos os textos dos Evange­lhos não apresentam nem ponto nem vírgula. Afirma ainda este mesmo autor, que a separação das palavras na Bíblia tor­na-se mais freqüente no VII século.

A ausência de pontuação deixa os tradutores na possibi­lidade de colocarem a pontuação de acordo com suas idéias preestabelecidas

É evidente, que a mudança de pontuação, pode alterar totalmente o significado de uma frase, como nos comprovam as afirmações de Rui Barbosa na Réplica, vol. II, pág. 195:

“Bem é que saiba o nosso tempo quanto bastará, para fal­sificar uma escritura. Bastará mudar um nome? Bastará mu­dar uma cifra? Digo que muito menos nos basta. Não é neces­sário para falsificar uma escritura mudar nomes, nem palavras, nem cifras, nem ainda letras, basta mudar um ponto ou uma vírgula.

Ressuscitou; não está aqui. Com estas palavras diz o evan­gelista que Cristo ressuscitou, e com as mesmas se mudar a pon­tuação, pode dizer um herege que Cristo não ressuscitou.

Ressuscitou? Não; está aqui. De maneira que com tro­car pontos e vírgulas, com as mesmas palavras se diz que Cris­to ressuscitou: e é de fé; e com as mesmas diz que Cristo não ressuscitou: e é de heresia. Vede quão arriscado ofício é o de uma pena na mão. Ofício que, com mudar um ponto, ou uma vírgula, de heresia pode fazer fé, e de fé pode fazer heresia”.

Apresentaremos a seguir algumas declarações do Comen­tário Adventista ao explicar Lucas 23: 43:

Como originalmente escrito, o grego estava sem pontua­cão, e o advérbio semeron ‘hoje’, está colocado entre duas sentenças que literalmente afirmam: ‘em verdade a ti te digo’ e ‘comigo estarás no paraíso’. O uso grego permitia que apa­recesse um advérbio em qualquer lugar numa sentença onde o orador ou escritor o desejasse colocar. Unicamente beseado na construção grega da sentença em consideração é impossí­vel determinar se o advérbio ‘hoje’ modifica ‘digo’ ou ‘estarás’. Existe qualquer uma das duas possibilidades. A questão é: Quis Jesus dizer, literalmente, ‘Verdadeiramente eu te digo hoje’, ou ‘Hoje estarás comigo no paraíso’? A única maneira de co­nhecer o que Cristo queria indicar é descobrir respostas escri­turísticas para algumas outras questões, tais como:

1o.)  Foi Jesus ao paraíso no dia de Sua crucifixão?

2o.)  O que ensinou Jesus concernente ao tempo em que os homens teriam a recompensa no paraíso?

1o.) Foi Jesus ao Paraíso no dia da Sua crucifixão?

Sabemos que Jesus não foi ao Paraíso no dia da crucifi­xão, pois ele mesmo declarou a Maria Madalena, três dias após a morte: “Não me detenhas’ porque ainda não subi para meu Pai..” João 20: 17.

Se Jesus não esteve no Paraíso naquele dia, é evidente que o ladrão também lá não esteve.

Uma leitura atenta de São João 19: 31-33 nos cientifica queo ladrão não morreu naquela sexta-feira:

“Então os judeus, para que no sábado não ficassem os cor­pos na cruz, visto como era a preparação, pois era grande o dia daquele sábado, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas. e fossem tirados.

Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele tinha sido crucificado: chegando-se porém, a Jesus, como vissem que já estava morto, não lhe quebram as pernas.”

O estudioso J. E. Howell, em seu Comentário a São Ma­teus, pág. 500 declara:

“O crucificado permanecia pendurado na cruz até que, exausto pela dor, pelo enfraquecimento, pela fome e a sede, sobreviesse a morte. Duravam os padecimentos geralmente três dias, e, às vezes, sete”.

2o.)   O que ensinou Jesus concernente ao tempo em que os homens teriam a recompensa?

A Bíblia está repleta de claros exemplos mostrando que o galardão dos justos será apenas após a volta de Jesus.

Dentre as muitas passagens destaquemos estas quatro:

a)     Apoc. 22:12.

“Eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras.”

b)     S. Mat. 16: 27.

“Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos e então retribuirá a cada um conforme as suas obras,”

c)     I Pedro 5:4.

“Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebe­reis a imarcescível coroa da glória.”

d)     II Tim.4:8.

“Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor reto juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.”

Há várias traduções da Bíblia que traduzem Lucas 23: 42 da seguinte maneira: lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Assim o verte: a Trinitária, Matos Soares, a King James Version e outros. Esta tradução está bem de acordo com o ori­ginal grego, pois o verbo que aparece é ercomai erkomai. que tanto pode ser traduzido por ir ou vir.

Arnaldo Christianini estudou bem este assunto em Subti­Iezas do Erro, páginas 221 a 224 e dele transcrevemos as seguin­tes afirmações:

“E no Apêndice nº. 173, o famoso Oxford Companion Bi­ble, esclarece:

A interpretação deste versículo depende inteiramente da pontuação, a qual se baseia toda na autoridade humana, pois os manuscritos gregos não tinham pontuação alguma até o no­no século, e mesmo nessa época somente um ponto no meio das linhas’ separando cada palavra. . . . A oração do malfeitor referia-se também àquela vinda e àquele Reino e não a algu­ma coisa que acontecesse no dia em que aquelas palavras foram ditas.

E conclui no final do mesmo Apêndice:

“E Jesus lhes disse: ‘Na verdade te digo hoje’ ou neste dia quando, prestes a morrerem, este homem manifestou tão grande fé no Reino vindouro do Messias, no qual só será Rei quando ocorrer a ressurreição agora, sob tão solenes circuns­tâncias, te digo: serás comigo no Paraíso”.

E a expressão “hoje” ligada ao verbo não é redundante, mas enfática. É encontradiça na Bíblia. Leiam-se, por exemplo, Deut. 30: 19; Zac.9: 12; Atos 20:26, e outros passos.

A conclusão fatal é que São Lucas 23: 43 é um falso pilar em que se ergue a teoria da imortalidade inata no homem e seu imediato galardão post mortem”.

Subtilezas do Erro menciona ainda várias traduções que vertem Lucas 23: 43 da seguinte maneira:

E Jesus lhe disse: na verdade te digo hoje: estarás comigo no Paraíso.


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