HOJE ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO
Lucas 23: 43
Os defensores da idéia, de
que as pessoas recebem a recompensa logo após haverem expirado, citam, quase
sempre, as palavras de Cristo na cruz ao ladrão arrependido.
Em Lucas
23:42, o ladrão roga a Jesus o seguinte:
“Senhor,
lembra-te de mim, quando vieres no Teu reino”
O verso 43 traz a resposta de Cristo.
“Em verdade te
digo hoje, que serás comigo no Paraíso”. Tradução Trinitária.
Para a nossa
melhor compreensão, apresentaremos o texto em grego, como se encontra no Códice Vaticano. cópia da Bíblia em
grego do 4º. século, estando entre as duas mais antigas existentes.
KAIEIIIE NAYTWOIHSOYS
AMHNAEGWSOISHM EPON
MET’EMOYESENTWPAPADEISW
Em português seria assim:
EMVERDADETEDIGOHOJEESTARASCOMIGONOPARAISO.
Em letras minúsculas gregas, com as palavras separadas, aparece assim no
Novo Testamento Grego:
Kai eipen autw, ‘Amhujv
soi legw, shmeron met
emon esh
en tw
paradeisw
kai eipen auto, Amen soi lego, semeron met’emu
ese en to paradeiso.
A cópia do Códice Vaticano nos comprova,
que nos Manuscritos primitivos unciais não havia separação das palavras e
nenhum sinal de pontuação.
A conhecida e muito útil obra História,
Doutrina e Interpretação da Bíblia do autor batista Joseph Angus,
traduzida para o português por J. Santos Figueiredo no Volume 1, pág. 38 nos
informa o seguinte a respeito da pontuação na Bíblia:
“No ‘Oitavo século foram introduzidos outros sinais de pontuação. No nono foram introduzidos o ponto de interrogação e a vírgula”.
O livro Arte de Pontuar de
Alexandre Passos, página 22 nos afirma que estudando a história da pontuação
através dos séculos, vemos que no V ou VI séculos os textos dos Evangelhos não
apresentam nem ponto nem vírgula. Afirma ainda este mesmo autor, que a
separação das palavras na Bíblia torna-se mais freqüente no VII século.
A ausência de pontuação
deixa os tradutores na possibilidade de colocarem a pontuação de acordo com
suas idéias preestabelecidas
É evidente, que a mudança de pontuação, pode alterar totalmente o
significado de uma frase, como nos comprovam as afirmações de Rui Barbosa na Réplica, vol. II, pág.
195:
“Bem é que saiba o nosso tempo quanto bastará, para falsificar uma
escritura. Bastará mudar um nome? Bastará mudar uma cifra? Digo que muito
menos nos basta. Não é necessário para falsificar uma escritura mudar nomes,
nem palavras, nem cifras, nem ainda letras, basta mudar um ponto ou uma
vírgula.
Ressuscitou; não está aqui. Com estas palavras diz o evangelista que
Cristo ressuscitou, e com as mesmas se mudar a pontuação, pode dizer um herege
que Cristo não ressuscitou.
Ressuscitou? Não; está aqui. De maneira que com trocar pontos e vírgulas,
com as mesmas palavras se diz que Cristo ressuscitou: e é de fé; e com as mesmas
diz que Cristo não ressuscitou: e é de heresia. Vede quão arriscado ofício é o
de uma pena na mão. Ofício que, com mudar um ponto, ou uma vírgula, de heresia
pode fazer fé, e de fé pode fazer heresia”.
Apresentaremos a seguir algumas declarações do Comentário Adventista ao explicar Lucas 23: 43:
Como originalmente escrito, o grego estava sem pontuacão, e o advérbio
semeron — ‘hoje’, está
colocado entre duas sentenças que literalmente afirmam: ‘em verdade a ti te
digo’ e ‘comigo estarás no paraíso’. O uso grego permitia que aparecesse um
advérbio em qualquer lugar numa sentença onde o orador ou escritor o desejasse
colocar. Unicamente beseado na construção grega da sentença em consideração é
impossível determinar se o advérbio ‘hoje’ modifica ‘digo’ ou ‘estarás’.
Existe qualquer uma das duas possibilidades. A questão é: Quis Jesus dizer,
literalmente, ‘Verdadeiramente eu te digo hoje’, ou ‘Hoje estarás comigo no
paraíso’? A única maneira de conhecer o que Cristo queria indicar é descobrir
respostas escriturísticas para algumas outras questões, tais como:
1o.) Foi Jesus ao paraíso no dia de Sua crucifixão?
2o.) O que ensinou Jesus concernente ao tempo em que os homens teriam a
recompensa no paraíso?
1o.) Foi Jesus ao Paraíso no dia da Sua crucifixão?
Sabemos que Jesus não foi
ao Paraíso no dia da crucifixão, pois ele mesmo declarou a Maria Madalena,
três dias após a morte: “Não me detenhas’ porque ainda não subi para meu Pai..”
João 20: 17.
Se Jesus não esteve no Paraíso naquele dia, é evidente que o ladrão também
lá não esteve.
Uma leitura atenta de São João 19: 31-33 nos cientifica queo ladrão não
morreu naquela sexta-feira:
“Então os judeus, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto
como era a preparação, pois era grande o dia daquele sábado, rogaram a Pilatos
que se lhes quebrassem as pernas. e fossem tirados.
Os soldados foram e
quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele tinha sido crucificado:
chegando-se porém, a Jesus, como vissem que já estava morto, não lhe quebram as
pernas.”
O estudioso J. E. Howell, em seu Comentário
a São Mateus, pág. 500 declara:
“O crucificado permanecia
pendurado na cruz até que, exausto pela dor, pelo enfraquecimento, pela fome e
a sede, sobreviesse a morte. Duravam os padecimentos geralmente três dias, e,
às vezes, sete”.
2o.) O que ensinou Jesus
concernente ao tempo em que os homens teriam a recompensa?
A Bíblia está
repleta de claros exemplos mostrando que o galardão dos justos será apenas após
a volta de Jesus.
Dentre as muitas
passagens destaquemos estas quatro:
a) Apoc. 22:12.
“Eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para
retribuir a cada um segundo as suas obras.”
b) S. Mat.
16: 27.
“Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos
e então retribuirá a cada um conforme as suas obras,”
c) I Pedro 5:4.
“Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível
coroa da glória.”
d) II Tim.4:8.
“Já agora a coroa da justiça me está
guardada, a qual o Senhor reto juiz, me dará naquele
dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.”
Há várias traduções da Bíblia que traduzem Lucas 23: 42 da seguinte
maneira: lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Assim o verte: a Trinitária, Matos Soares, a King James
Version e outros. Esta tradução está
bem de acordo com o original grego, pois o verbo
que aparece é ercomai — erkomai.
que tanto pode ser traduzido por ir ou vir.
Arnaldo Christianini estudou bem este assunto em SubtiIezas do Erro, páginas 221 a 224 e dele transcrevemos as
seguintes afirmações:
“E no Apêndice nº. 173, o famoso Oxford
Companion Bible, esclarece:
A interpretação deste versículo depende inteiramente da pontuação, a qual
se baseia toda na autoridade humana, pois os manuscritos gregos não tinham
pontuação alguma até o nono século, e mesmo nessa época somente um ponto no
meio das linhas’ separando cada palavra. . . . A oração do malfeitor referia-se também àquela vinda e àquele Reino e não a
alguma coisa que acontecesse no dia em que aquelas palavras foram ditas.
E conclui no final do mesmo Apêndice:
“E Jesus lhes disse: ‘Na verdade te digo hoje’ ou neste dia quando, prestes
a morrerem, este homem manifestou tão grande fé no Reino vindouro do Messias,
no qual só será Rei quando ocorrer a ressurreição — agora, sob tão solenes circunstâncias, te digo:
serás comigo no Paraíso”.
E a expressão
“hoje” ligada ao verbo não é redundante, mas enfática. É encontradiça na Bíblia. Leiam-se,
por exemplo, Deut. 30: 19; Zac.9: 12; Atos 20:26, e outros passos.
A conclusão
fatal é que São Lucas 23: 43 é um falso
pilar em que se ergue a teoria da imortalidade inata
no homem e seu imediato galardão post mortem”.
Subtilezas do Erro menciona ainda várias traduções que vertem Lucas 23: 43 da seguinte maneira:
E Jesus lhe
disse: na verdade te digo hoje: estarás comigo no Paraíso.
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