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terça-feira, 12 de agosto de 2014

A DISCUTÍVEL TERMINAÇÃO DO EVANGELHO DE MARCOS



A DISCUTÍVEL TERMINAÇÃO DO EVANGELHO
DE MARCOS


Sendo que a genuinidade dos versos 9 a 20, do capítulo 16 de marcos, tem sido constantemente questionada pela cri’­tica textual, é necessário que os estudantes da Bíblia estejam bem enfronhados deste problema.

Alguns estudiosos declaram enfaticamente que Marcos não escreveu os versos 9 a 20 do capítulo 16, para isso apresen­tando duas razões principais:

1o.) As evidências textuais mais antigas não justificam es­tes versos, pois eles não se encontram nos dois mais antigos ma­nuscritos unciais do 4o. século, ou sejam os manuscritos alef ou sinaítico e o do vaticano. Versões antigas latinas, siríacas, etíopes e armênias também não apresentam esta parte.

2o.) Existem nítidas diferenças de estilo, vocabulário e de doutrina nestes versos com as outras partes do livro de Mar­cos.

Quanto ao argumento do estilo, os comentaristas nos cha­mam a atenção para frases peculiares estes versos, não condi­zentes com a maneira de Marcos escrever. Outro curioso aspec­to estilístico que nos relembram é este: nos primeiros oito ver­sos, do capítulo, seis deles começam com a conjunção kai, is­to é, e, enquanto nos doze finais questionáveis, apenas um de­les se inicia com esta partícula. Com respeito ao vocabulário aparecem palavras, como por exemplo: porenomai, ekeinos e theomai não encontráveis no resto do evangelho. A maior objeção a estes versículos, são encontradas nas declarações se­guintes: pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal (verso 18).

Alguns comentaristas declaram: E difícil acreditar que Jesus fizesse tais promessas, porque o veneno mata tanto o cren­te como o incrédulo e que Marcos lhe atribuísse tal declaração. Jesus quando esteve aqui na Terra nunca se isentou, nem aos seus discípulos das conseqüências dos seus atos. Um dos ensi­nos fundamentais do Cristianismo é este: os cristãos têm que tomar o “seu lugar no mundo”, submetendo-se às condições de vida, não isentas de perigos naturais, neste mundo tão re­pleto de injustiças.

Certos comentaristas têm sugerido o seguinte: a última folha do evangelho, muito cedo foi danificada, perdendo-se assim o fecho do livro. Para que este não terminasse de manei­ra incompleta e abrupta algum copista acrescentou esta termi­nação. E evidente que as primeiras e as últimas páginas de um manuscrito estavam mais expostas a se estragarem, especialmen­te se o rolo ou códice fosse de papiro.

Seria bom sabermos que os manuscritos, quanto a este problema, podem ser agrupados em quatro classes:

1o.) Os que finalizam com o verso A do capítulo 16;

2o.) Os chamados de terminação longa, isto é, até o verso 20;
3o.)   Aqueles que apresentam uma conclusão curta, ou se­ja uma síntese da longa;

4o.)   Finalmente outros que trazem as duas terminações.

Vejamos o que nos dizem os estudiosos sobre este problema.

a)     “The Interpreter Dictionary of the Bible, vol. III, págs. 275 e 276 ao tratar da teminação de Marcos pondera: “em­bora se encontre na maioria dos manuscritos gregos, ela é omiti­da nos unciais alef e vaticano e nos manuscritos das versões geór­gicas, etiópicas e armênias. Tanto Eusébio quanto Jerônimo, reconhecem que estes versos não são autênticos, em virtude da sua ausência em quase todos os manuscritos gregos conhe­cidos por eles.”

Este dicionário acrescenta que há quatro possíveis suges­tões para solucionar este problema:

1o.) Que Marcos por uma ou outra razão não pôde con­cluir o seu evangelho;

2o.) Que a conclusão foi perdida ou destruída por alguma desgraça;

3o.) Que a conclusão foi deliberadamente suprimida;

4o.) Que Marcos intencionalmente concluiu o seu evange­lho no verso 8.

b) O Novo Comentário da Bíblia de Davidson, apresen­ta uma hipótese que não aparece em outros comentários e é a seguinte:

“O Evangelho de Marcos talvez tenha perdido a sua popu­laridade em conseqüência do aparecimento dos evangelhos de Mateus e Lucas. Sendo assim ele foi colocado de lado por al­gum tempo. Mais tarde, quando a igreja de Roma teve interes­se em preservar seus documentos, ela encontrou apenas um exem­plar do evangelho de Marcos, mutilado em seu final. Este se tornou o original de todos os exemplares futuros, e a este foi acrescentada a conclusão atual, que é bastante diferente das outras partes escritas pelo apóstolo.”

c) Lenski é um dos poucos comentaristas que argumen­ta em favor da conclusão longa. Para ele, talvez, a explicação mais aceitável é que a conclusão do evangelho original se per­deu antes que cópias suficientes fossem dele tiradas. Para en­frentar esta realidade outros tentaram uma conclusão substitu­tiva, sendo a mais afortunada destas a que hoje comumente conhecemos.

d) Barclay com suas peculiaridades comentarísticas afir­ma que não precisamos entender tudo literalmente. Não preci­samos crer que o cristão precise ter o poder de levantar víboras e beber líquidos venenosos sem correr perigo. A linguagem do verso 18 apenas quer indicar que o cristianismo transmite ao cristão um poder para enfrentar as vicissitudes da vida que outros não têm, nem podem ter.

e)     SDA Bible Commentary, vol. 5, págs. 658 e 659 re­lata:

“Podem-se citar importantes evidências textuais para a omissão dos versos 9-20, concluindo o evangelho de S. Marcos com o verso 8. Os comentaristas que favorecem essa omissão apontam para numerosas diferenças no estilo literário, idioma­tismo e fraseologia entre esses versículos e a parte anterior do Evangelho. Alguns manuscritos trazem o resumo: ‘Mas relata­ram resumidamente a Pedro e aos que com ele estavam tudo que lhes fora dito. E depois disto, Jesus mesmo enviou por meio
deles, do Oriente ao Ocidente, a sagrada e imperecível procla­mação da salvação eterna’. Como um todo, porém, a evidên­cia textual favorece o texto como se encontra nos versos 9-20.”


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