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domingo, 10 de agosto de 2014

ENTREVISTA - CRIACIONISMO BÍBLICO


Criacionismo Bíblico


Dr. Ruy Vieira

Presidente da Sociedade Criacionista Brasileira
fala sobre fé e ciência.

por Michelson Borges                                                                                                   
   Jornalista

Para falar sobre a controvérsia criacionismo x evolucionismo, o Dr. Ruy Carlos de Camargo Vieira concedeu esta entrevista em São Paulo, enquanto participava de uma comissão para a criação de centros universitários. Natural de São Carlos, SP, Ruy 68 anos de idade, é engenheiro mecânico e eletricista, formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Dedicou-se ao ensino, lecionando Mecânica dos Fluidos, de54 a 56, no ITA (InstitutoTecnológico da Aeronáutica). Em julho de 1956, foi lecionar Física Técnica (nome italiano dado à cadeira de Mecânica dos Fluidos, Transmissão de Calor e Aplicações Tecnológicas) na Universidade São Paulo, em São Carlos, onde fez a livre docência e tomou-se catedrático.
Em 1970, assumiu a chefia do departamento de Hidráulica e Saneamento naquela universidade, fundando a pós-graduação que é considerada a melhor na área, no Brasil. Foi convidado em 1972, a Integrar a Comissão de Especialistas do Ensino de Engenharia do MEC, responsável pelas escolas de engenharia, currículos, formação de professores e reconhecimento de cursos.
        Segundo Ruy Vieira, apos a aposentadoria (em 1986) é que ele começou a trabalhar de “verdade”. Atualmente reperesenta o MEC no Conselho da Agência Espacial Brasi­leira, como membro de uma reunião men­sal e empreendendo viagens por locais onde existem atividades espaciais. De três em três meses participa, também, de uma Sociedade Bíblica Brasileira, da qual é Diretor e Tesoureiro.                                                                                                                                                
      Além dessas ocupações,durante meio período, Vieira atua como consultor do Plano das Nações Unidas para o desenvolvimento (PNUDE) junto à Secretaria de Educação Tecnológica do MEC. No outro meio período,  dedica-se a traduções de livros e edita a Folha Criacionista, publicação da Sociedade Criacionista  ­ Brasileira, da qual é presidente.     

SINAIS: Quais as principais diferenças entre os modelos criacionista e evolucionista ?
Dr. RUI VIEIRA: O Criacionismo parte do pressuposto de planejamento, desígnio e propósito no Universo. Ao passo que o evolucionismo parte de um princípio inteiramente oposto: o acaso. Segundo o evolu­cionismo, portanto, não há planejamento na Natureza, as coisas acontecem deforma casual e aleatória. Fundamentalmente, os modelos criacionista e evolucionista são duas posições filosóficas e não científicas, que tem há ver com pressupostos a respeito do Universo no qual estamos inseridos.

SINAIS: que é um modelo ou uma teoria?
Dr. RUY VIEIRA: No estudo do Univer­so há a necessidade  de uma certa sistematização. Daí surge uma metodologia para esse estudo e são feitas hipóteses. Existem certas teses preconcebidas, e as hipóteses muitas vezes são feitas para auxiliar a defesa dessas teses. E é aí que começa toda a estruturação da filosofia da ciência, pois para se trabalhar com ciência, há necessidade de certos parâmetros e a Investigação do Universo se dá dentro desses parâmetros.
Modelo é sempre urna coisa estrutura­  da mentalmente para tentar reproduzir da maneira mais aproximada possível a “realidade” (que no campo da filosofia é algo inatingível, pois nem tudo é mensurável). O que acontece é que muitas hipóteses acabam sendo assimiladas e divulgadas como verdades absolutas, “científicas”, quando, de fato, não o são.

SINAIS:  É  possível harmonizar fé e ciência?
Dr. RUY VIEIRA: Essa pergunta consti­tui um aspecto especifico do caso mais geral que tem a ver com a crescente in­fluência da ciência e da tecnologia modernas na vida diária em nossos dias, que, em seu extremo, leva à alegação de que o cristianismo e a Bíblia em particular estão superados em face de numerosas “com­provações científicas que desautorizam a crença nos seus ensinos básicos.
Nesse sentido, diversos questionamen­tos são feitos: (1) Pode um cristão hoje ser ainda cientista? Pode um cientista ser hoje ainda um cristão?  (2) A ciência moderna já não demoliu a base da fé cristã? (3) A fidelidade ao cristianismo exige que sejam rejei­tadas todas as teorias da ciência moderna? (4) Devemos viver considerando a a ciência e a fé cristã como coisas inteiramente separa­das entre si ?  (5)  Teria a ciência comprovado a fé cristã, como alguns cristãos alegam? (6) O que dizer dos que afirmam que o desen­volvimento científico atual exige que se in­ventem uma nova ciência e uma nova teolo­gia mais adequadas para o novo milênio?
Questões como essas podem ser res­pondidas de forma satisfatória tanto para a autêntica fé cristã como para a ciência autêntica, desde que se levem em conta as perspectivas corretas. Por isso, deve-se evitar a falsa dicotomia entre  fé e razão. De fato, fé e razão constituem aspectos es­senciais de todas as atividades humanas, aí incluídas tanto a ciência como a teolo­gia cristã. Ambas fazem suposições (fé) e, a partir delas, tiram conclusões (razão). A fé em ser o Universo algo racionalmente compreensível constitui uma hipótese da ciência. A fé nessa hipótese não somente motiva os dentistas a pesquisar, mas real­mente torna a pesquisa possível e eficaz. Essa mesma fé pode constituir uma con­clusão razoável proveniente do ensino bí­blico a respeito do Universo ter sido cria­do por um Deus racional. Assim, ciência e fé não são conceitos que se contrapõe. Blaise Pascal, filósofo naturalista cristão, afirmava que a ciência é a “atividade de acompanhar os pensamentos de Deus”.

SINAIS:  É possível ser evolucionista e crer na Palavra de Deus ao mesmo tempo?
Dr. RUY VIEIRA: Não. Evolucionismo e Bíblia não se harmonizam, pois a Bíblia é es­sencialmente criacionista. Qualquer tentativa de se harmonizar a evolução com a Pala­vra de Deus, leva a dificuldades que se so­mam: as dificuldades que o criacionismo tem, com as dificuldades próprias do evolu­cionismo. É multo pior querer fazer um hí­brido. No entanto, tanto o híbrido quanto qualquer um dos dois extremos são aceitos pela fé. Não há como se “comprovar” cien­tificamente qualquer um dos modelos, por­que silo filosofias. Não são ciência.

SINAIS:   O Senhor vê evidência de pla­nejamento no Universo?
Dr. RUY VIEIRA: Sem dúvida. Desde o mi­crocosmo até o macrocosmo; em tudo. Con­sideremos, por exemplo,a estrutura atômica, molecular e cristalina das substâncias... co­mo explicar o surgimento dessas coisas por acaso? Moléculas orgânicas que têm a ver com a vida...Tudo isso indica que houve um planejamento. Se tudo fosse meio caótico, não haveria cristal, tudo seria amorfo. Não háveria átomos específicos em uma cadeia de uma tabela periódica (A própria existência de uma tabela periódica, onde se podem fazer previsões a respeito das características dos elementos, significa que há uma ordem, o que é o contrário da desordem, caracterís­tica da aleatoriedade, do acaso. Já a ordem é característica de planejamento, desígnio.)
Considerando a Terra, o Sistema Solar, a nossa e outras galáxias, vemos uma estrutu­ra coerente e lógica a tal ponto de poder­mos estabelecer modelos que indicam pla­nejamento. Tente fazer um modelo do com­portamento da economia brasileira, por exemplo. É a coisa mais difícil do mundo, pois há muitos fatores caóticos e aleatórios que acabam interferindo, como a bolsa da China, portarias do governo, ou mesmo uma geada em outro país; tudo isso influi.
O próprio fato de poder existir ciência que pressupõe que a determinadas cau­sas vão corresponder determinados efeitos  já mostra planejamento no Universo.

SINAIS:   O que é a Sociedade Criacio­nista Brasileira?
Dr. RUY VIEIRA: Na minha carreira de docente universitário, como também no acompanhamento dos estudos de meus fl­lhos, no curso secundário e no preparo pa­ra o concurso vestibular, bem como na ob­servação dos acontecimentos sociais, políti­cos, econômicos, científicos e tecnológicos, pude perceber como as doutrinas evolucio­nistas foram sendo introduzidas nos livros-textos e assimiladas e divulgadas gradativa­mente pelos meios de comunicação, passan­do mesmo a pautar o comportamento so­cial em vários setores da atividade humana.
Pela providência divina, chegaram às minhas mãos (Isso há cerca de trinta anos) notícias sobre a existência de sociedades criacionistas no exterior, com Intensa ativi­dade de divulgação de literatura a respeito da controvérsia entre o criacionismo e o evolucionismo. Devido às circunstâncias que mencionei, interessei-me pela funda­ção de uma sociedade congênere no Brasil, já que era extremamente escassa a lite­ratura criacionista em língua portuguesa, e se fazia sentir bastante a sua falta. Assim, em 1972, foi fundada a Sociedade Criacio­nista Brasileira, tendo início a publicação do seu periódico a Folha Criacionista —  que neste ano chegará à sua 59a.edição, ao longo desse período de 26 anos.
A continuidade desse trabalho durante um quarto de século foi um verdadeiro mila­gre, devendo-se agradecera Deus pelo suces­so alcançado em termos de um enorme número de pessoas interessadas que se beneficiaram, de uma forma ou de outra, com o trabalho realizado.  Agradecimentos devem também ser estendidos a muitas pessoas que colaboraram de diferentes formas para tor­nar realidade esse empreendimento.
Mais detalhes sobre a Sociedade Cria­cionista Brasileira e suas atividades po­dem ser encontrados na Internet, no sitehttp://www.scb.org.br  ou pela Caixa Pos­tal  08743,  CEP 703 12-970,  Brasília,  DF.

SINAIS: Porque o senhor é criacionista?
Dr. RUY VIEIRA: Entendo que tornar-se criacionista é uma conseqüência lógica de tornar-se cristão. Ser cristão é aceitar a Cristo como Salvador e, portanto, aceitar a revelação exposta na Bíblia, especialmen­te no que diz respeito ao relato da criação de um mundo perfeito, da provação e da queda subseqüentes, com todas as suas conseqüências deletérias.
Não tive educação religiosa em casa, e dada a minha educação escolar até o ní­vel universitário ter sido centrada nos pa­râmetros agnósticos, e mesmo ateístas, vi­gentes em nosso país, não tive educação religiosa também nos bancos escolares. Dessa forma, só vim a conhecer o cristia­nismo como experiência pessoal, pela providência de Deus, já no fim de meu curso de Engenharia. É evidente que ocorreram conflitos em minha mente en­tre o conhecimento adquirido até então e a nova perspectiva que se abria diante de mim, de um mundo criado, mantido e di­rigido por um Deus que manifestava pro­pósito, desígnio e planejamento em todas as Suas obras.
Dou graças a Deus por ter conseguido superar todas as barreiras que se interpu­seram no caminho de minha conversão!  Hoje posso associar de forma bastante coerente a imagem de um mundo perfei­to criado por Deus, e a degradação decor­rente da entrada do pecado neste mundo, com princípios básicos da ciência que aprendi na minha carreira de estudante, e que posteriormente integraram o conteú­do de disciplinas que vim a ministrar co­mo docente universitário, como por exemplo a Primeira e a Segunda Lei da Termodinâmica, envolvendo considera­ções filosóficas sobre o conceito de entro­pia, ordem e desordem, direcionalidade, decaimento e degradação.
Vislumbro, hoje, em todos os campos do conhecimento humano com os quais tive de me relacionar, a perfeita coerência da visão criacionista com os fatos e as evidências neles encontrados.

Sinais dos Tempos      Dezembro/98
       

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