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domingo, 10 de agosto de 2014

A MORTE NA BÍBLIA - O INFERNO E O FOGO ETERNO


O INFERNO E O FOGO ETERNO


Pedro Apolinário – Sermões Exaltando a Verdade – Casa Publicadora Brasileira – 1a. Edição
Professor de Grego e Exegese Bíblica do Seminário Latino Americano de Teologia – Eng. Coelho, S.P



Dois grandes mistérios têm preocupado o homem através dos séculos;
 1o.)A origem do ser humano.
 2o.) O que acontece ao homem após a morte.
A explicação para estes dois problemas é encontrada na Bíblia e não em cogitações humanas.
Líderes religiosos acreditam e ensinam aos seus paroquianos a exis­tência de um lugar de sofrimento eterno, chamado “inferno”, para on­de serão levados os seres humanos que por não aceitarem a Cristo foram condenados por Deus.
Para boa compreensão deste assunto é preciso estudar as palavras he­braicas e gregas, que foram impropriamente traduzidas por “inferno”.
No Antigo Testamento existem duas palavras hebraicas; sheol e Gê Hinon (Vale de Hinon), e no Novo os seguintes vocábulos gregos: hades, geena e tártaros.
O estudo destas palavras bíblicas, na sua etimologia, nos leva à con­clusão de que o sentido delas é bem diferente do sentido que o povo em geral atribui à palavra “inferno
Sheol, em hebraico, era o lugar para onde iam os mortos, por isso é sinônimo de “sepultura” ou “lugar de silêncio”, como confirmam as pa­lavras de Ezequiel 31:16 “do que desce ao sheol” (sepultura), e de Amós 9:2 “ainda que cavem até o sheol”.
Não existe na Bíblia uma única passagem que dê a idéia de existir atualmente um inferno ou lago de fogo onde serão castigados os que se perderem.
Sheol nunca teve em hebraico a idéia de lugar de suplício para os mortos.
Os especialistas na arte de traduzir afirmam que não há nenhuma pa­lavra em português que dê a idéia exata do significado original, por isso é melhor mantê-la transliterada como fazem a Tradução Brasileira e a Bíblia de Jerusalém.
Apenas duas passagens são suficientes para mostrar a impossibilidade de traduzir sheol por “inferno
Gênesis 42:38: “... fareis descer minhas cãs com tristeza ao infer­no” (sepultura).
Jonas 2:2: “... do ventre do abismo gritei.
A Bíblia de Jerusalém traduz assim: ... do seio do Sheol pedi ajuda e Tu ouviste a minha voz.

Hades

A palavra hades do Novo Testamento corresponde exatamente à pa­lavra sheol do Antigo Testamento.
A prova de sua exata correspondência se encontra na tradução da Septuaginta, pois das 62 vezes que sheol é usada no Antigo Testamento, 61 vezes ela foi traduzida por hades.
A palavra hades é formada do prefixo alfa com a idéia de negação, privação e do verbo idein ver. Significa, então, “o que não é visto”, “lugar de on­de não se vê”, por isso e sinônimo de “sepultura”, “habitação dos mortos”.
O inferno, como um lugar de castigo depois da morte, foi copiado da mitologia grega, especialmente dos adoradores de Plutão. Os gregos ensinavam que esse deus tinha o domínio do inferno lugar de horror e sofrimento, onde sofriam as almas dos maus. Ver Manual Enciclopédico, parte da mitologia, pág. 725.
É triste pensarmos que idéias pagãs se introduzam entre nós como se fossem ensinamentos bíblicos.
A doutrina de um inferno para tormento eterno se espalhou também por influência da mitologia romana. Em 1946, ao cursar a Universidade de São Paulo, estudávamos os Poemas Épicos com o notável profes­sor Silveira Bueno. Lembro-me muito bem do dia em que ele ao falar da Eneida de Virgílio nos informou que este grande poeta épico apresenta o inferno como tendo origem pagã. Mas acrescentou o seguinte:
“Dante Alighieri, na Divina Comédia, cristianizou o inferno pagão.”
A igreja dominante, nos séculos escuros da Idade Média, para forçar os pagãos a aceitarem suas doutrinas, intimidava-os com as chamas eternas do inferno.

Que Dizem os Dicionários e Comentaristas Gregos sobre Hades?
a) Arndt and Gingrich:
“Hades originalmente era um nome próprio, nome do deus do subterrâneo, o lugar dos mortos, a sepultura.”
b) Liddell and Scott:
“Hades é o lugar do descanso dos mortos.
c) Vincent:
o  lugar para onde descem todos os que partem desta vida sem levar em consideração o seu caráter moral.”
d) Moulton and Milligan:
“Hades é o submundo, a sepultura.”
Os gregos dividiam o hades em duas partes: o Elysium a habitação dos vitoriosos; e o Tartarus a habitação dos ímpios.
Ninguém deve concluir de nossas afirmações, que os ímpios ficarão impunes dos crimes cometidos, pois a Bíblia fala na justiça de Deus. “Não fará justiça o juiz de toda a Terra?” (Gênesis 18:25).
A obstinada e consciente rebeldia dos maus fará com que Deus os castigue, mas esta atitude divina será um estranho ato, uma estranha obra, como declara Isaías 28:21.
Por outro lado, precisamos precaver-nos contra o ensino antibíblico de apresentar a Deus como um Pai amantíssimo e compassivo que irá salvar a todo o homem, não importando quão pecaminoso tenha sido. Os extremos são sempre perigosos; a Bíblia não apresenta a Deus como um tirano e vingativo, nem como Pai terno e afetuoso que não castigará a ninguém.

Geena
E a transliteração da expressão hebraica Gê Hinon (Vale de Hi­non). Também era chamado Gê Ben Hinon (Vale do Filho de Hi­non). Neste vale havia uma elevação denominada Tofete, onde ímpios queimavam seus próprios filhos. Neste vale, situado a sudeste de Jerusalém, os cananeus ofereciam sacrifícios humanos ao deus Moloque. Posteriormente, judeus apostatados continuaram com esta pra­tica abominável como nos relata II Crônicas 28:3: “Também quei­mou incenso no vale do filho de Hinon e queimou a seus próprios filhos, segundo as abominações dos gentios...” Esta é uma referência ao ímpio rei Acaz.
Manassés, neto do rei Acaz, restaurou esta prática execrável.
Alguns anos mais tarde, o bom rei Josias exterminou os sacrifícios hu­manos, derribando totalmente as elevações (Tofete) do vale de Hinon.
Terminados os sacrifícios humanos, este local ficou reservado para depósito do lixo proveniente da cidade de Jerusalém. Juntamente com o lixo, que era cremado, atiravam cadáveres de animais e corpos de crimi­nosos indignos de serem sepultados no Campo Santo dos judeus.
O fogo que ardia neste vale para queimar as coisas imprestáveis não se apagava, enquanto houvesse alguma coisa para ser consumida ou queimada. O fogo que destruiria a Jerusalém também não devia apagar
—           enquanto não realizasse a sua obra (Jeremias 17:27).
O fogo ardia constantemente neste sítio, e com o objetivo de avivar as chamas e tornar mais eficaz a sua força lançavam ali enxofre. Devido a estas circunstâncias, Jesus com muita propriedade usou este vale para ilustrar o que seria no fim do mundo a destruição dos ímpios, sendo queimados na geena universal.
Evidentemente, tornou-se uma ilustração muito apropriada para o extermínio do pecado e dos pecadores pelo fogo.
Conta Roy Allan Anderson, ilustrando o problema do fim do peca­do e início de uma nova era:
“Recentemente passamos pelo Vale de Hinon, perto do Monte Sião. Não é mais o depósito de lixo da cidade, mas um vale fértil coberto de casas e bem cuidados jardins. Dezenove séculos atrás era ilustração apro­priada para o fim do pecado e da rebelião, mas os tempos mudaram. Os fogos há muito se apagaram ali. Hoje poderia prover uma limitada ilus­tração do plano final de Deus para o mundo, quando o diabo e todas as suas hostes forem destruídos nos fogos quentes do inferno, sendo que o fogo desce de Deus, procedente do Céu, e os devora (Apocalipse 20:9). O      lugar de destruição será a Terra.”

Tártaro
A palavra grega tártaros aparece somente uma vez no Novo Testa­mento, isto é, em II Pedro 2:4: “Ora, se Deus não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no inferno os entregou a abismos de trevas, reservando—os para juízo.”
A palavra inferno neste verso foi traduzida da palavra grega tártaros que significa “as trevas para onde foram lançados os anjos maus com o originador do pecado —    Satanás”.
O  termo tártaro, usado por Pedro, se assemelha muito à palavra tar­tarus, usada na mitologia grega como nome de “um escuro abismo” ou “prisão”. Não existe nenhuma idéia de fogo ou tormento nesta palavra, ela simplesmente declara que estes anjos estão reservados para um julga­mento futuro.
Os problemas relacionados com a palavra inferno são solucionados quando conhecemos bem o significado etimológico das palavras sheol, hades, geena e tártaro, que jamais poderiam ser traduzidas pela nossa pa­lavra inferno, por ter um sentido totalmente diferente do que é expres­so por aqueles vocábulos.
De acordo com a Bíblia, todos os que morrem, bons e maus, descem à sepultura, ao lugar do esquecimento e ali esperam até o dia da ressur­reição, quando então receberão a recompensa (Apocalipse 22:14).
A Bíblia nos ensina que o castigo dos ímpios será literal e ocorrerá após a segunda vinda de Cristo a este mundo.

O Fogo Eterno da Biblia
A Bíblia, usando as expressões “tormento eterno” ou “fogo eterno”, leva muitos a concluírem que os ímpios sofrerão através de toda a eternidade.
O problema é esclarecido quando sabemos que os termos hebraicos e gregos, traduzidos em português por “eterno”, se aplicam muitas vezes a coisas temporais e também a coisas que subsistirão por toda a eternidade.
O termo grego aion, usado 123 vezes no Novo Testamento, em mais ou menos a metade dos casos é usado no sentido limitado.
Sodoma e Gomorra foram queimadas com “fogo eterno
Mateus 25:41: “apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno.”
Este texto e outros semelhantes querem simplesmente dizer o seguinte:
o   fogo no qual os ímpios serão lançados permanecerá pelo tempo em que haja alguma coisa de que se alimente até que estejam totalmente consu­midas suas vítimas. O sétimo versículo de Judas confirma esta idéia, ao declarar que as cidades de Sodoma e Gomorra sofreram a pena do fogo eterno. Esse fogo eterno depois de consumir as cidades delinquentes se apagou. O fogo era inextinguível enquanto houvesse matéria combustível. E neste mesmo sentido que são empregadas as expressões “para todo o sempre” e pelos “séculos dos séculos” em textos como Apocalipse 14:10 e 11; 20:10, etc.
O castigo será eterno nas suas conseqüências, mas não na durabilidade, pois o sofrimento terminará quando tiverem sido destruídos os seus corpos.
Segue-se um artigo que escrevi para a revista Decisão de maio de 1985, com o seguinte título: “Qual é o Verdadeiro Sentido de Castigo Eterno de Mateus 25:46 e ‘Pelos Séculos dos Séculos’ de Apocalipse 20:10?”
passagens bíblicas que tornam clara esta verdade: o castigo não será igual para todos: Isaías 59; Lucas 12:47 e 48.
É indefensável pelas Escrituras o ensinamento tradicional de que os ímpios queimarão eternamente.
O significado das palavras originais traduzidas por “eterno , para sempre , “pelos séculos dos séculos”, nos ajuda a compreender melhor este assunto.
O termo hebraico para eterno é olam traduzido na Septuaginta (ver­são do Antigo Testamento hebraico para o grego, no 3o. século a.C.) por aion, como prova Isaías 34:10.
No Novo Testamento “eterno”, para sempre”, “pelos séculos dos séculos” são traduzidos do substantivo aion e do adjetivo aiônios.
Que significam estas palavras em grego?
O lexicógrafo Greenfield assim define aion: “Duração finita ou infinita, ilimitada duração, eternidade, período de duração, tempo, século, idade.”
O dicionário de Liddell e Scott declara: “Um espaço ou período de tempo, especialmente o período de uma vida, um século, uma geração, longo espaço de tempo, eternidade.”
Em An Expository Dictionary of the New Testament Words, W E. Vine afirma:
“Aion é uma época, uma era... significa um período de indefinida du­ração. Aiônios descreve duração indefinida, porém, não eterna ou infin­dável, como em Romanos 16:25; II Timóteo 1:9; Tito 1:2.”
A prestativa e conceituada obra Word Studies in the New Testament, de Vincent, apresenta o seguinte comentário à eterna destruição de II Tessalonicenses 1:9:
“Aion é um período de tempo de mais longa ou curta duração, ten­do um início e um fim. A duração do aion depende da pessoa ou coisa à qual está ligada. A palavra sempre carrega a noção de tempo, e não de eternidade.”
O adjetivo aiônios, de modo idêntico, transmite a idéia de tempo. Nem o nome, nem o adjetivo, em si mesmos, transmitem o sentido de perpétuo ou sem fim.”
As definições propostas nos fazem compreender a frase de Aristóte­les: “O período que inclui o tempo todo da vida de cada pessoa é cha­mado o aion de cada um.”
aion de uma mosca seria 15 dias; de um homem, 70 ou 80 anos.
O  significado flutuante do vocábulo nos evidencia que, usado para Deus, tem o sentido de “sem fim”, mas junto de substantivos de natureza transitória tem o sentido de “duração limitada”.
H. G. Moule diz: “O adjetivo aiônios tende a marcar a duração enquanto a natureza da matéria permitir.”
Os vocábulos olam (hebraico) e aion (grego) traduzidos por “eterno?’ são aplicados muitas vezes a coisas temporárias como os seguintes exem­plos bíblicos confirmam:
1- Êxodo 21:6 declara que o escravo servirá o seu senhor para sempre (olam eternamente). O sentido é bem claro, isto é: “enquanto ele viver”.
Olam, usado para Deus em Gênesis 21:33, tem o sentido de eternamente.
2- II Reis 5:27: “Portanto a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua des­cendência para sempre.
Os comentaristas são unânimes em afirmar que o “para sempre” se refere até a extinção dos seus descendentes.
3- Judas 7 se refere às cidades de Sodoma e Gomorra que sofreram o castigo do fogo eterno. O castigo aplicado, que deveria servir de adver­tência aos ímpios, reduziu-as a cinzas de acordo com II Pedro 2:6.
Novo Comentário da Bíblia (Edições Vida Nova) declara sobre “o fogo” que destruirá os ímpios:
“Aquele fogo queimará até ao fim, até que cumpra todo o seu propósito.”
Os defensores de que o fogo é eterno, isto é, queimará para sempre, apresentam o argumento de que a mesma palavra é usada para vida eterna. E real que os justos receberão a vida eterna, desde que a morte não lhe pode pôr fim. O castigo dos ímpios é exatamente o oposto à morte eterna, que jamais conhecerá a vida.
A expressão grega no plural “eis tous aionas ton aionon” traduzida em português por “para sempre”, “pelos séculos dos séculos” não significa que esse período não chegará ao fim, mas que haverá extinção da vida para sempre, porque a pessoa rejeitou a vida que deveria prolongar-se pelos séculos dos séculos.
Como Igreja cremos no ensino bíblico de que Satanás, os anjos maus e os ímpios serão reduzidos a cinza, e que a duração do castigo será proporcional à responsabilidade de cada um, destacando-se, evidentemente, a de Satanás.

Razões para Rejeitar a Doutrina do Tormento Eterno
Nós, adventistas, rejeitamos a doutrina do tormento eterno pelas seguintes razões:
1~) Porque a vida eterna é dom de Deus (Romanos 6:23). Os ímpios não a possuem (João 3:36); “nenhum homicida tem permanente nele a vida eterna” (1 João 3:15).
2~) Porque o tormento eterno perpetuaria e imortalizaria o pecado, o sofrimento e a miséria, contradizendo, cremos, a revelação divina, que prevê o tempo em que essas coisas não existirão mais (Apocalipse 21:4).
3~) Porque parece que nos provê um lugar maculado no Universo de Deus, por toda a eternidade, indicando ser impossível ao próprio Deus, aboli-lo.
4~) Porque a nosso ver, reduziria o atributo de amor visto no caráter de Deus, e implica o conceito de ódio que jamais se aplaca.
5~) Porque as Escrituras ensinam que a obra expiatória de Cristo é“aniquilar ... o pecado” (Hebreus 9:26) primeiro do indivíduo, e fi­nalmente do Universo. A posse plena da obra sacrifical e expiatória de Cristo se verificará não só num povo redimido, mas também num céu e terra restaurados (Efésios 1:14) (Resposta à pergunta 12 do livro Os Adventistas Respondem a Perguntas Sobre Doutrina).
Paulo descreve este fogo com linguagem trágica e rigorosa em II Tes­salonicenses 1:7-9.
No final da história da humanidade só haverá dois grupos:
(1) Os que aceitaram o chamado divino, receberam o dom da salvação e seguiram o caminho com Cristo, por isso herdarão a Terra.
(2) Os que rejeitaram os apelos divinos e seguiram o seu próprio ca­minho; sobre eles cairá o fogo da condenação.
A pergunta que precisamos responder é esta: em que grupo estaremos nós?
Deus que nos ajude a aceitarmos o Seu maravilhoso convite de sal­vação, para estarmos com Ele nas mansões dos salvos. Amém.




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