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domingo, 10 de agosto de 2014

A MORTE NA BÍBLIA - O RICO E LÁZARO


O Rico e Lázaro
Extraído do livro “ALÉM DO CONHECIDO” de  Leo Roberto Odom 
Casa Publicadora Brasileira

 É provável que nenhuma outra (parabola) contada por Jesus tenha sido mais calorosamente usada como doutrina acerca do estado dos mortos, como a do rico e Lázaro, registrada em S. Lucas 16:19-31. Os que pregam que já existe um inferno de fogo, se apegam firmemente a essa história como apoio de seus ensinos. Tomam-na literalmente, excluindo-lhe qualquer interpretação como uma parábola.
Primeiro, analisemos a história, dando-lhe uma interpretação literal. A história diz que o piedoso mendigo “morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão”. E o seio de Abraão literal a habitação de todos os salvos que morreram ? Não teria que ser excessivamente grande para acomodar tanta gente? Abraão nasceu
aproximadamente 2.000 anos depois da criação de Adão, de acordo com a cronologia da Bíblia. Muitas pessoas  justas morreram antes de Abraão morrer. Existia seu seio literal, como habitação dos justos  mortos, antes que ele mesmo existisse?
Estão, o seio literal de Abraão, que contém os justos mortos, e o inferno de fogo, que contém os ímpios mortos, tão próximos um do outro que as pessoas no interior de um dos lugares ficam a urna distância que vêem, ouvem e fa­lam com aqueles que estão no outro lugar? No inferno de fogo os pecadores conversam amigavelmente com os san­tos, como o pecador rico da história fala com Abraão? É este patriarca ancião o governador e porta-voz dos justos mortos? Não podem eles ir ou vir sem a sua permissão?  Os ímpios fazem orações a Abraão ? É ele, e não Deus, a pes­soa de quem eles esperam misericórdia?
Os proponentes de uma interpretação literal dessa histó­ria assumem que na morte os ímpios vão imediatamente, em forma incorpórea, para o fogo do inferno, deixando seu corpo de carne se decompor aqui, numa sepultura. No en­tanto, a história não fala que a “alma” do homem estava no fogo do inferno. Na verdade, as palavras “alma” e “espírito” não são usadas nessa narrativa. Porém, supondo que ele esteja existindo, em forma de espírito, no fogo do inferno, suplica ele por água literal? Os anjos têm que transportar literalmente os justos mortos de um lugar para outro ? São os santos mortos confortados, enquanto ao alcance de suas vistas e ouvidos existe um lago de fogo, repleto de mi­lhões de seres humanos  literais desventurados que, em in­descritível tormento, literalmente gritam e clamam eterna­mente por água literal por misericórdia? Os ímpios no fogo do inferno intercedem por seus parentes que vivem agora na Terra? Essas são as implicações se a história for tomada literalmente.
E muito evidente que o raciocínio baseado numa inter­pretação literal dessa história se toma ridículo e absurdo. Até mesmo os que insistem em tomá-la literalmente admi­tem que essa posição está cercada de dificuldades. E admi­tir que a Bíblia se contradiz é fatal para qualquer argumen­to que se fia nela para obter provas.
Alfred Edersheim, um erudito hebreu cristão amplamente conhecido, de modo sábio salienta, ao comentar essa histó­ria, que  “Na interpretação dessa parábola será necessário ter em mente que seus detalhes parabólicos não devem ser explorados, nem devem ser derivadas deles doutrinas de qualquer tipo, tampouco o caráter do outro mundo, a ques­tão da duração das punições futuras, ou o possível melho­ramento moral dos que estão no Gehinnom [Geena]. Todas essas coisas são estranhas à parábola, cuja única intenção é servir como símbolo, ou exemplificação e ilustração do que se pretende ensinar.” - The Life and Times of Jesus the  Messiah, vol. 2, pág. 277 e 278.
Alguns dirão : “A Bíblia não diz que esta é uma parábola!” Tampouco Natã disse que estava relatando uma parábola quando contou a Davi a história do delito do homem rico de tomar a cordeirinha de seu vizinho pobre como refeição para um hóspede. II Samuel 12:1-6. Lucas registra diversas outras histórias sobre as quais não nos é dito em outras pa­lavras que são parábolas. O espírito imundo procurando sua casa, o administrador infiel, a grande ceia, e o filho pródigo são exemplos. S. Lucas 11:24-26; 16:1-12; 14:16-24; 15:11-32.
Meu dicionário define uma parábola como segue: “Uma narrativa fictícia geralmente breve e simples, que, sob o disfarce de fatos de ocorrência familiar ou comum, conduz, à verdades morais ou espirituais.”  Numa parábola a história em si, com seus vários detalhes, não é a coisa principal, e sim, unicamente, o veículo que transporta a moral que o narrador deseja apresentar. E aqui está o perigo no uso das parábolas do Salvador. Algumas pessoas insistem em tom­ar as histórias em si mesmas, e até mesmo seus detalhes, literalmente com esse propósito.
A colocação da história do rico e Lázaro revela que Jesus estava fazendo um discurso a um grupo de judeus, na lin­guagem mais simples, sobre servir “a Deus” e “a Mamom”. S. Lucas 16:13-15 (Almeida Revista e Corrigida). Em Seu discurso, Ele estaria combatendo um pecado notório de alguns fariseus  o amor ao dinheiro. “Os fariseus, que eram avarentos, ouviam tudo isto e O ridicularizavam” Verso 14.  Evidentemente, detendo-Se por causa desse escárnio, Ele lhes disse: “Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos cora­ções.” Verso 15. Depois dessas observações, Ele relatou a parábola do rico e Lázaro.      
Pelo rico, que era tratado suntuosamente enquanto o seu vizinho padecia a mais terrível necessidade, Jesus descre­veu figuradamente uma classe de fariseus que eram avarentos, serviam a mamom e amavam o dinheiro. Em 8. Ma­teus 23 e em outras passagens aprendemos que eles viviam da gordura da terra, exploravam seus pobres e necessita­dos compatriotas, amavam o elogio de homens mais do que os louvores de Deus, buscavam os primeiros assentos  e as mais elevadas posições nos serviços das sinagogas, nos banquetes e em outras funções públicas, e ao mesmo tempo tinham a maior pretensão de piedade. Enquanto isso permaneciam insensivelmente indiferentes às necessi­dades e sofrimentos dos pobres à sua volta, figuradamente representados pelo piedoso mendigo.
Na parábola Abraão é representado como dizendo que um milagre de ressuscitar um homem morto para a vida seria uma evidência inútil para pessoas que não dão ouvi­dos aos claros ensinamentos das Sagradas Escrituras. “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.” S. Lucas 16:31. Uma lição oportuna para os homens de hoje! Por meio da Palavra Escrita, freqüentemente o Salva­dor refutava os ensinos errôneos dos Seus oponentes e “nin­guém Lhe podia responder palavras, nem ousou alguém, a partir daquele dia, fazer-Lhe perguntas.” S. Mateus 22:46. Porém, persistiam em exigir dEle um milagre. S. João 6:30. Para que eles ficassem sem desculpas, o Senhor conce­deu-lhes a evidência que até mesmo Abraão lhes teria ne­gado. Lázaro de Betânia morreu, e depois de permanecer quatro dias na tumba, Jesus o ressuscitou dos mortos. Na presença de uma multidão de testemunhas, Ele cha­mou Lázaro para a vida, e não do Céu nem do inferno, mas da tumba. S. João 11:38 - 44. Muitas pessoas creram em Jesus naquele dia, e “outros, porém, foram ter com os fa­riseus e lhes contaram dos feitos que Jesus realizara”. Verso 46. “Então os principais sacerdotes e os fariseus convocaram o Sinédrio e disseram: Que estamos fazen­do, uma vez que este homem opera muitos sinais?... Des­de aquele dia resolveram matá-Lo.”  Versos 47-53. Tal era sua dureza de coração!
Quando Jesus visitou Lázaro e suas irmãs em Betânia antes de Sua entrada triunfal em Jerusalém, “soube nu­merosa multidão dos judeus que Jesus estava ali, e lá foram não só por causa dEle, mas também para ver a Lázaro a quem ele ressuscitara dentre os mortos. Mas os principais sacerdotes resolveram matar também a Lázaro; porque muitos dos judeus por causa dele volta­vam crendo em Jesus”. S. João 12:9-11.
Com que exatidão a moral da história do rico e Lázaro se consumou na experiência dos incrédulos judeus!


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