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terça-feira, 12 de agosto de 2014

ESTUDO EXEGÉTICO DE S. MATEUS 16:15-19 PEDRO E A PEDRA


ESTUDO EXEGÉTICO DE S. MATEUS  16:15-19
PEDRO E A PEDRA


São Mateus 16: 16 tem sido considerado como o texto mais controvertido do Novo Testamento. Nenhum outro tem suscitado tantos problemas e levantado tantos debates.

A Igreja Católica Romana tem pregado através dos séculos, que Cristo nomeou São Pedro chefe dos Apóstolos, primaz de seus colegas, superior hierárquico da ordem clerical, papa da Cristandade.

Se perguntarmos: mas, onde estão no Novo Testamento os títulos dessa nomeação e dessa transmissão hereditária, três passagens serão citadas:
         1)    São Mateus 16:18—19.
         2)    São Lucas 12:31,32
         3)    São João 21: 15-17

Dos três passos citados o único importante para a defesa católica é o de Mateus 16: 18, 19, apelando ainda para a tradição, a igreja de Roma pretende provar estas quatro coisas:

1)     Pedro é a pedra fundamental do texto de Mateus;

2)     Pedro foi o superior hierárquico dos Apóstolos;

3)     Pedro estabeleceu em Roma a sede de seu episcopado;

4)     Ele instituiu os bispos de Roma seus herdeiros.

Os líderes católicos romanos chamam de “Primado de Pe­dro” esta distinção e primazia sobre os demais apóstolos.
A dificuldade exegética de Mat. 16: 18, 19 encontra-se na interpretação correta de duas metáforas —    pedra e chaves.

Quem é a pedra?

O que são as chaves?


Identificação da Pedra


A leitura atenta do contexto á útil para uma melhor com­preensão do assunto.

Jesus caminhando para Cesaréia de Filipe pergunta aos discípulos: “Quem diz o povo ser o Filho do homem?” Mat.16:13.

Após várias respostas interroga diretamente os discípulos:

“Mas vós quem dizeis que eu sou?”. A resposta de Pedro é imediata e firme: “Tu és o Cristo, e Filho do Deus vivo”. Mat. 16:15-16.

A Igreja Católica Romana ensina que corno recompensa a esta confissão.

1) Cristo lhe mudou o nome, indicando a posição que ocuparia daí por diante.

2)     Edificou a Sua Igreja sobre Pedro.

Cristo não mudou o nome neste momento, mas apenas con­firmou o sobrenome que lhe atribuira no dia do seu chamado. São João 1:41,42; São Lucas 6: 14.

Três principais e diferentes interpretações têm sido dadas para identificar a pedra sobre quem Cristo edificou a Sua Igreja:

1o.)  A pedra é Cristo.

2o.)   A pedra sobre a qual a igreja está edificada é Pedro.

3o.)   A pedra é a confissão que Pedro fizera sobre Cristo.

Pais da Igreja, Teólogos e Comentaristas têm lutado com mais ou menos ardor em defesa de cada uma destas alternati­vas.

Antes de discutirmos sobre quem a Igreja foi construída seria bom lembrar estes Princípios hermenêuticos:

Deixe a Bíblia interpretar a própria Bíblia pois como disse Irineu:

“Se há passagens obscuras, estas se explicam pelas que são mais claras, de tal sorte que a Escritura se explica pela pró­pria Escritura”

Origenes apresenta mais ou menos a mesma idéia através das seguintes palavras: o texto deve ser interpretado através do conjunto das Escrituras e nunca através de textos isolados.


A Pedra é Cristo


Teólogos protestantes sempre foram ardorosos defensores da Igreja construída sobre Cristo.

Jerônimo, Agostinho e Ambrósio aplicam a pedra tanto a Pedro como a Cristo. Eis as palavras que aparecem no fim do Evangelho de 8. Mateus, tradução da Bíblia do Padre Antônio Pereira de Figueiredo, edição de 1857, de Lisboa, pág. 95:

“Santo Agostinho no tratado CXXIV sobre S. João enten­de por esta pedra não a Pedro, mas a Cristo, em quanto con­fessado Deus por Pedro. como se Cristo dissera: Tu és Pedro, denominado assim da pedra, que confessaste, que sou eu, so­bre a qual edificarei a minha igreja”.

Estas palavras do maior teólogo católico romano por se­rem muito claras dispensam comentários.

É do nosso conhecimento que o termo “pedra ou rocha” foi usado no Velho Testamento para Deus. Salmo 18: 2  —    O Senhor é a minha rocha Deut. 32: 4  —-     Eis a Rocha!  Suas obras são perfeitas.

O Messias é descrito em Isaías 28: 16 como “uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa, angular  solidamente assen­tada”.

O Novo Testamento apresenta a Cristo como o fundamen­to da igreja: I Cor. 10:4; Atos 4:12; Rom. 9: 33;  I Cor. 3:11;  Efés. 2: 20;  I Pedro 2:4, 5;  Mat.21:42-44.

A estrutura da fé cristã tem resistido, e irá resistir até o fim, porque é construída sobre um alicerce firme  —     o próprio Jesus Cristo.


Argumento Baseado na Diferença
Entre Pétros e Pétra

O   Folheto nP 44, da Série V.A. pontifica:  “O Evangelho de S. Mateus foi escrito originalmente em aramaico

Há uma forte corrente baseada em algumas citações de Pais da Igreja, como uma de Irineu, apresentada por Eusébio (História da Igreja, vol. 8) que diz:

“Mateus escreveu seu Evangelho entre hebreus, em sua própria linguagem, enquanto Pedro e Paulo estavam pregando e fundando a igreja em Roma, sendo depois traduzido para o grego”.

Na base desta citação e de outras congêneres alguns con­cluem que o Evangelho de Mateus foi primitivamente escrito em aramaico. Se escreveu em aramaico a distinção entre Pétros e Pétra não podia existir. Outros ainda acrescentam: Cristo falava o aramaico, não o grego, não fazendo também esta dis­tinção. Se Cristo não a fez por falar em aramaico, por que Ma­teus ao relatá-las em grego não poderia fazer inspirado pelo Es­pírito Santo?

Suposições de alguns Pais da Igreja, reforçadas por um ou outro teólogo moderno, não nos devem levar à conclusão definitiva de Mateus ter sido escrito em aramaico.

É preferível ficar com as declarações do Comentário Ad­ventista, vol. V, pág. 272:

1) O texto grego de Mateus não revela as característi­cas de uma obra traduzida.

2) A uniformidade de linguagem e estilo, nos conduzem à distinta impressão de que o livro foi escrito em grego.

Dicionários e Comentários nos comprovam que Pedro, em grego “Pétros” significa um fragmento de pedra, pedra mo­vediça. lasca da rocha enquanto pedra, no grego “Pétra” sig­nifica rocha, massa sólida de pedra.

Alguns comentaristas asseveram que o Espírito Santo ori­entou o apóstolo, ao redigir esta passagem para empregar duas palavras, em grego, para evitar a idéia de que Pedro fosse a pedra.

Desta sucinta explicação se conclui que Pétros não é um símbolo apropriado para um fundamento, um edifício, mas que Pétra rocha é um símbolo muito próprio para o funda­mento estável e permanente da Igreja.

Na Ilíada, VII, 270, Ajax está atirando uma Pedra (pétros) em Heitor, mas na Odisséia, IX, 243, há o relato de uma Pedra (pétra) colocada na Porta de uma caverna, inamovível pelo seu tamanho descomunal.

Afirmam alguns que esta distinção do Grego Clássico não mais existira na (Koinê) do Novo Testamento, porque o povo comum destrói sutis distinções gramaticais.

Moulton afirma que em Mateus 16: 18, Cristo usou a for­ma Pétros, masculina, para Pedro, porque não era próprio apli­car a um homem um nome feminino.

A Igreja Construída Sobre Pedro


Esta tese é sustentada pela maioria dos comentadores ca­tólicos.

Vincent, comentando Mateus 16: 18, defende a idéia de que a Igreja foi construída sobre Pedro, desde que Cristo nes­ta passagem aparece não como a fundação, mas como o arqui­teto.

Outros apresentam o seguinte argumento: a conjunção coordenativa “e”, em grego “kai” liga orações que têm o mes­mo valor, por isso se Cristo visasse estabelecer um contraste en­tre ele e Pedro teria empregado a conjunção “allá” =   mas. Es­te argumento não é seguro porque “kai” tem em grego também o significado de “mas”. Ver Arndt and Gingrich, página 393 e Robertson, página 1181.

A igreja católica se baseia num texto isolado sem levar em consideração o consenso de todo o ensino bíblico a respei­to, isto é, sem considerar os dois princípios hermenêuticos (de Irineu e Orígenes) já citados anteriormente.

Cotejando vários textos das Escrituras chega-se à conclu­são ineludível de que a Bíblia ensina que Cristo é a Pedra e não Pedro.

O próprio Pedro, através de suas enfáticas declarações, se encarregou de dirimir todas as dúvidas neste sentido. I 5. Pedro 2: 4-8.

Paulo, outro grande baluarte do cristianismo, apresenta em seus escritos declarações insofismáveis de que Cristo é a Pe­dra. I Cor. 3:10-11; 10:4; Efés. 2: 19-22.

Provas Bíblicas de que Pedro não foi Escolhido como Líder

da Igreja, ou Superior Hierárquico dos Apóstolos

a) Mateus 23: 8 e 10,  nos ensina que Cristo não queria que nenhum deles fosse mestre ou guia,  porque esta é uma prer­rogativa divina.

b) Lucas nos relata (9: 46; 22: 24-30), que por duas vezes se levantou entre os discípulos, o problema de quem entre eles tinha a primazia. Tal problema jamais se levantaria se Cris­to tivesse estabelecido a Pedro como superior a eles.

c)     Se Cristo tivesse indicado a Pedro como o líder da Igreja, como o Papa, ele seria infalível em suas decisões, por­tanto jamais lhe aconteceria o que Lucas nos relata no seu evan­gelho capítulo 22: 54-60.

d)    Sendo Pedro o dirigente seria a pessoa que enviaria outros, mas Lucas nos informa em Atos 8: 14 que Pedro e João foram enviados pelos apóstolos.

e)     Se fosse o superior hierárquico dos apóstolos a arqüi­ção que eles fizeram e a defesa de Pedro seriam inoportunas e desarrazoadas, conforme o relato de Atos 11:1-18.

1)    O primeiro concílio da igreja não foi convocado e dirigido oor Pedro mas por Tiago. O contexto apresentado pe­lo Dr. Lucas (Atos 15: 13, 19) sugere que Tiago era o presiden­te.

g)     Em Atos 15: 22-29 há o relato de que a epístola enviada a Antioquia foi dirigida em nome dos apóstolos, dos pres­bíteros, e da igreja e não por Pedro.

h)    Se Pedro fosse o líder, Paulo não poderia escrever o que se encontra em Gálatas 2: 11-14, pois seria faltar à ética hierárquica. A afirmação de Paulo no verso 11 é bastante taxa­tiva para desmoronar todo o falso edifício que o papado tem construído na base de Mateus 16: 18 sobre o primado de Pedro.

i) 1 Coríntios 12: 28.  Se Pedro fosse o Papa, na enume­ração dos ofícios da Igreja, Paulo não se esqueceria deste tão preeminente    —      o Vigário de Cristo.

j)     Paulo afirma em Gálatas 2: 9 que Tiago, Cefas (Pe­dro) e João eram considerados como colunas.  Note-se que Tia­go está em primeiro lugar.

No SDABC, Vol. V pág. 431 se encontram estas oportunas palavras:

“Talvez a melhor evidência, de que Cristo não apontou a Pedro como a ‘pedra’ sobre a qual edificaria Sua igreja seja o fato de que nenhum dos que ouviram esta afirmação de Cris­to, nem o próprio Pedro assim entendeu Suas palavras, nem durante o tempo em que Cristo esteve na Terra nem posteriormente. Houvesse Cristo feito a Pedro chefe entre os discípulos depois disto eles não se veriam envolvidos em discussões sobre qual deles seria considerado o maior”.


Pedro Estabeleceu em Roma a Sede de Seu Episcopado.
Esteve Pedro em Roma?

Eduardo Carlos Pereira no livro O Problema Religioso na América Latina, págs. 276 a 278, procura provar, que afirma­ções da igreja católica, quanto à estada de Pedro em Roma são destituídas de valor por lhe faltarem base comprovatória.

A Igreja Católica declara que Pedro estabeleceu em Roma a sede do seu governo no ano 42 e que após ter governado a Igreja por 25 anos, aí faleceu mártir com Paulo, no ano 67, du­rante o reinado de Nero.

As principais ponderações de Eduardo Carlos Pereira são estas:

1o.) Se Pedro estivesse em Roma a Epistola aos Roma­nos, escrita em 58, seria desnecessária, porque haveria quem os exortasse e doutrinasse.

2o.)    A Igreja Católica cita vagas afirmações de Clemen­te, Papias e Hierápolis para concluir que Pedro esteve em Ro­ma, como líder da igreja todos aqueles anos. Mas como har­monizar estas declarações com o fato do Novo Testamento que se iniciou depois de 42 AD e foi concluído no final do século silenciar totalmente sobre a notável investidura de Pedro co­mo a cabeça da Igreja?

3o.) Cita do renomado historiador eclesiástico P. Schaff, do livro History of the Church, Vol. 1, página 250 esta afirma­ção:

“A tradição romana de 20 ou 25 anos de episcopado de S.       Pedro em Roma é sem contestação um erro cronológico co­lossal”.

4o.) Eusébio História Eclesiástica, livro III, C. 2, prova­velmente baseado em Irineu, declara que Lino foi considerado o  primeiro bispo de Roma: Irineu afirma que Pedro e Paulo or­denaram primeiro bispo a Lino, cujo nome aparece em II Tim.4:21.

Historiadores Católicos defendem ardorosamente a esta­da de Pedro em Roma, enquanto os protestantes negam a afir­mação anterior.

Não há nenhuma prova bíblica para afirmar ou negar es­tas opiniões divergentes.

O Espírito de Profecia declara sobre esta pendência:

“Na providência de Deus, foi permitido a Pedro encerrar seu ministério em Roma, onde sua prisão foi ordenada pelo Imperador Nero, aproximadamente ao tempo da última prisão de Paulo.”Atos dos Apóstolos, pág. 537.

        A Igreja Construída Sobre a Confissão de Pedro

Crisóstomo (350 - 407 AD) afirmou que a igreja foi cons­truída sobre a confissão de Pedro. Outros Pais da Igreja e re­formadores como  Lutero, Huss, Zwínglio e Melanchton defen­dem a mesma idéia.

Os fatos parecem indicar que esta não é a melhor interpre­tação desde que a Igreja é construída não sobre confissões, mas sobre os que fazem a confissão, isto é, sobre seres vivos: Cristo, os Apóstolos e os que aceitam a Cristo como Seu Salvador. As passagens de Efésios 2: 20 e I Pedro 2: 4-8 confirmam as de­clarações anteriores.


Que Significam as Chaves?


Se as chaves são usadas para abrir e fechar, a figura indi­ca que as chaves do Reino dos Céus, servem para abrir e fechar o Reino dos Céus.

O abrir e fechar é expresso no texto por ligar e desligar ou desatar.

As chaves, que abrem e fecham a Casa de Deus, ligam os homens á Igreja, ou dela os desligam, são os princípios dos Evan­gelhos, as condições da Salvação, aceitas ou rejeitadas pelos homens. Pedro abriu, com a chave da Palavra de Deus, as por­tas do Reino dos Céus a três mil pessoas que se converteram. Atos 2: 14-41. Este privilégio não foi apenas concedido a Pe­dro, mas a todos os discípulos. São Mateus 18:18.

Autoridades acatadíssimas na literatura bíblica nos ensi­nam que entre os rabinos “ligar e desligar” eram sinônimos de “proibir e permitir”. Esses doutores da lei se arrogavam o di­reito de possuir a “chave da ciência” para declarar o que era ilícito, segundo a lei de Moisés. As passagens de Mateus 23: 14 e Lucas 11: 52 nos esclarecem a este respeito.

Quando uma pessoa completava satisfatoriamente um curso de estudos com um rabi judeu, era costume receber ela uma chave, significando que se havia tornado bem versada na doutri­na e que estava agora habilitada para abrir os segredos das coi­sas de Deus. As palavras de Cristo se referem a este costume.

“As chaves simbolizam a autoridade que Jesus confiou a Sua igreja para agir em Seu nome. Especificamente elas indi­cam as Escrituras onde Deus expõe o plano da salvação. A au­toridade não é baseada numa escritura de igreja como tal, mas nas Escrituras”. Ligo da Escola Sabatina, 10-1-81.

Algumas declarações bíblicas nos levam a concluir que a igreja de Deus na Terra se acha investida de grande autoridade, mas esta autoridade tem sido mal interpretada pela Igreja Ca­tólica em alguns aspectos, como no problema de perdoar pe­cados.

Comentando 5. João 20: 23, diz o douto exegeta Dr. Adão Clarke o seguinte:

“E certo que Deus unicamente pode perdoar pecados:  e seria não somente blasfêmia mas também crasso absurdo, di­zer que qualquer criatura pudesse perdoar a culpa de uma trans­gressão cometida contra o Criador. Os apóstolos receberam do Senhor a doutrina da reconciliação e a doutrina da conde­nação.  Os que em conseqüência de Sua pregação cressem no Filho de Deus, tinham perdoados os seus pecados; e os que não cressem, permaneciam na condenação”.

Russell Norman Champlin em O Novo Testamento Inter­pretado enfatiza a mesma idéia comentada acima ao analisar Mat. 16:19:

“O perdão de pecados não pertence ao individuo, em si mesmo, mas Cristo outorga essa autoridade àqueles que pregam a Palavra de Deus, porquanto a aceitação ou rejeição dessa men­sagem é que determina o ‘perdão’ ou ausência de perdão dos pecados. O homem não perdoa nem se recusa a perdoar, mas a sua ação, uma vez dirigida por Deus, está revestida dessa au­toridade”.

As declarações de Ellen G. White no livro O Desejado de Todas as Nações, pág. 311, são bem claras neste sentido:

“As chaves do reino dos céus’ são as palavras de Cristo. Todas as palavras da Santa Escritura são dEle e se acham aqui incluídas. Estas palavras têm poder para abrir e fechar os céus. Declaram as condições sob que os homens são recebidos ou rejeitados”.

Este pensamento do livro Mensagens Escolhidas, vol. II, pág. 396 jamais deve ser esquecido.

“Devemos lembrar que a igreja, enfraquecida e defeituosa como seja, é o único objeto na Terra a que Cristo concede Sua suprema consideração. Ele vela constantemente com solicitu­de por ela, e fortalece-a por Seu Espírito Santo.”

Teodoro Beza, a notável figura da Critica Textual e pro­pugnador da difusão do texto bíblico declarou:
“A igreja é uma bigorna que já desgatou muitos martelos.”

As Portas do Inferno Não Prevalecerão Contra Ela.
Que Significa Esta Afirmação?

A interpretação mais comum é que os poderes do mal nunca poderão prevalecer contra a Igreja de Cristo.

Outros comentaristas defendem que uma melhor interpre­tação, de acordo com o significado da palavra original Hades —   impropriamente traduzida por inferno, pois significa a habi­tação dos mortos, a sepultura; será que a morte que não pôde vencer a Cristo, também não poderá vencer os que o aceitarem como seu Salvador pessoal.

O SDABC analisando Mat. 16:18 afirma:

“O triunfo de Cristo sobre a morte e a sepultura é a verda­de central do cristianismo”.

“O último inimigo que será vencido é a morte”.

Será útil ainda o conhecimento do que afirmou Rui Barbo­sa em sua destacada obra O Papa e o ConciIio. (Obra traduzi­da de Janus, mas a introdução de Rui, exatamente a metade do livro, 330 páginas, por sua profundidade faz com que ela seja sempre atribuída ao ínclito brasileiro), pág. 412.

“Tudo isso explica-se, porém, logo que examinarmos de perto, mediante os Padres, a significação das bem conhecidas palavras de Cristo a S. Pedro. Não as aplica aos bispos de Ro­ma como sucessores de S. Pedro nenhum dos Padres que trata­ram exegeticamente, nessa época, os tópicos do Evangelho re­lativos ao poder transmitido a Pedro (Mat. 16: 18; João 21: 18). Que de Padres não se ocuparam com esses tópicos!  Entretanto, nenhum daqueles, cujos comentários possuímos ainda, Orígenes, Crisóstomo, Hilário, Agostinho, Cirilo, Teodoreto, nem dos outros cujas explicações se acham agrupadas nas Catenas, nenhum desses exprimiu, por uma sílaba sequer, a idéia de que se refira ao primaz de Roma a conseqüência da missão incumbida e das promessas dirigidas a Pedro. —   Nenhum deles interpretou a pe­dra, ou a base onde o Cristo quer edificar a sua igreja, como atributo especialmente cometido a Pedro, e, por morte deste, he­reditário. Aquilo para eles significava o próprio Cristo, ou a fé notória de Pedro em Cristo; porque nos seus escritos é freqüen­te confundirem-se essas duas idéias. Por outro lado, enten­diam-se que Pedro era tão fundamento da igreja quanto os demais apóstolos, isto é, pensavam que os apóstolos todos juntos forma­vam as doze pedras fundamentais da igreja.”

Após tecer considerações sobre a impossibilidade de Pedro ter sido o primeiro papa em Roma, Russel Norman Champlin conclui, ao comentar Mat. 16:18:

“Finalmente, podemos afirmar que essas doutrinas. corno a do papado, a da extrema primazia de Pedro, só aparecem no dogma posterior da história eclesiástica, e não se alicerçam nas próprias Escrituras nem em qualquer precedente da igreja pri­mitiva. Não havia primazia do bispo de Roma sobre o bispo de Jerusalém, de Cesaréia ou de qualquer outra localidade. A primazia do bispo de Roma foi desenvolvimento muito posterior”.

É certamente confortador crer que a igreja não esteja fun­dada sobre um homem frágil e vacilante como Pedro, que no momento em que o Mestre mais dele carecia o negou. Embora admiremos a Pedro e nos alegremos por sua nobre confissão, agradeçamos a Deus por Sua Igreja estar fundada sobre o “Prín­cipe da Paz”, a “Rocha Poderosa”, o “Fundamento Indestrutível” o “Nome Maravilhoso” o “Deus Forte” isto é, Cristo Jesus.

Nota


Este trabalho pesquisado em várias fontes, recebeu a me­lhor orientação das seguintes obras:

O Problema Religioso na América Latina de Eduardo Car­los Pereira e o Comentário Adventista.


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