Um Pouco de História
Extraído do livro “ALÈM DO CONHECIDO Existe Vida”,
de Robert Leo
Odom - CASA
A falsa doutrina da imortalidade da
alma humana que foi ensinada pela primeira vez por Satanás (Génesis 3: 1-4) tem
sido perpetuada através dos séculos até o tempo presente por filosofias e
religiões pagãs.
No segundo século d.C. alguns dos assim chamados “Pais da Igreja” que foram
criados e educados no paganismo e que, posteriormente, aceitaram o a doutrina
pagã da imortalidade da alma como um princípio da igreja. O parágrafo segundo e da New Catholic Encyclopedia diz como isso era feito:
“A doutrina de
que a alma humana é imortal e continuará
a existir após a morte do
homem e a dissolução de seu corpo, é uma das pedras angulares da filosofia e teologia cristã...
“Quando os
apologistas e primeiros Pais apresentaram o cristianismo aos gregos, o Juízo
Final fazia parte de sua mensagem. Visto que essa doutrina implicava na sobrevivência e na imortalidade da alma, eles
apelaram para os poetas e filósofos e para a tradição universal do pensamento
grego para apoiar a crença na imortalidade. Posteriormente, os eruditos
preferiram utilizar Platão ou os
princípios de Aristóteles.”1
“É mais exatamente nos filósofos que os Pais,
encontraram apoio para a mensagem do cristianismo. Tanto Pitágoras como
Empédocles, citados por São Justino (Apol. 1.18.5), ensinam a sobrevivência e a
transmigração da alma, que para eles é feita de partículas celestes de éter.
Todavia, a doutrina é menos filosófica do que religiosa e pode ter sido
emprestada do Orfismo. O pensamento de Sócrates, que não deixou escritos, é
provavelmente o que está expresso na Apologia
de Platão: de que algum ‘elemento divino’ nele o faz acreditar que a morte
não é um mal; espera ele que seja um bem, embora não tenha prova disso.
“A doutrina platônica, citada freqüentemente
pelos Pais, é precisa e positiva. A alma, que para Platão é um princípio que se move por si mesmo, é não-gerada e eterna;
existiu antes que o corpo, ao qual está unida como forma de castigo por alguma
falta, e, por conseguinte, lhe subsistirá. Existir sem o corpo é, na verdade, o
estado natural e próprio da alma, embora Platão admita transmigrações e futuras
uniões se a alma não obtiver purificação completa nesta vida (Phaedro 81).” 2
Filósofos Gregos
Muito antes de
Cristo nascer, conceitos errôneos sobre a alma humana foram acalentados e
ensinados no mundo pagão. Os escritos dos famosos filósofos gregos foram amplamente
divulgados e lidos pelos eruditos.
The Catholic Encyclopedia diz: “Em Homero, ao mesmo tempo que a distinção de alma e corpo é
reconhecida, a alma é, com muito custo, concebida como possuindo uma existêntia
substancial por si mesma. Separada do corpo, é uma simples sombra, incapaz de
possuir vida energética.”3 Homero, um poeta grego pagão, viveu no século
X ou IX a.C. 4
Orfeu, o
fundador místico do Orfismo ensinou no século “ VI a.C. “a doutrina do pecado
original, na transmigração de almas, na opinião de que a alma está sepultada no
corpo “A “As lendas e poemas órficos se referiam em grande parte a esse [deus
pagão] Dionísio, com o qual combinavam, como uma deidade infernal, com Hades; e
sobre quem os teólogos orfeístas fundamentaram suas esperanças da purificação
e imortalidade definitiva da alma.” 6
Poderia ser isso um antecedente da doutrina do purgatório, acalentada e
ensinada por alguns professos cristãos de nosso tempo?
Também no século VI a.C., Pitágoras (nascido aproximadamente em 570 a.C),
um filósofo grego pagão, ensinou a doutrina da imortalidade da alma. Plutarco,
um biógrafo grego (46-120 d.C.), escreveu o seguinte a respeito dele:
“Pitágoras e Platão afirmam ser a alma imortal.... Platão e Pitágoras
sustentam, que a parte da alma que é racional
é etena, como sendo procedente de Deus: porém a parte irracional morre.”
7
Diz-se que Pitágoras, um
pagão, foi o primeiro expositor filosófico famoso da Metempsicose, ou da
reencarnação e transmigração da alma.
Platão
O homem cuja pena mais contribuiu para incutir na mente de eclesiásticos a
crença na imortalidade da alma
não foi um dos escritores inspirados das Sagradas Escrituras, e sim o filósofo
pagão Platão, nascido em Atenas, Grécia, em 427 a.C. Foi um discípulo de
Sócrates (469-399 a.C.) cujos ensinos sobre o assunto ele relata em um tratado
chamado Phaedro. Sendo um pagão e
desprovido da revelação divina proveniente de Deus, Sócrates caminhou nas
centelhas de seu próprio fogo em sua busca por uma solução para o problema da
vida e da morte. Disse ele:
“Esse foi o método que adotei:
Primeiro assumi alguns princípios que julguei ser os mais fortes, e depois
afirmei como verdadeiro tudo que parecia concordar com eles, quer se
relacionasse com a causa ou com algo mais; e o que discordava eu considerava
como falso.” 8
De acordo com seu famoso aluno Platão, Sócrates “assumiu” que o homem
possui uma natureza dupla composta de uma alma e de um corpo e “que a alma
existe à mesma semelhança da divina, imortal, inteligível, uniforme,
indissolúvel, imutável; e o corpo existe à mesma semelhança do humano, mortal,
ininteligível, multiforme dissolúvel e mutável”.9
Com base nessa suposição, Sócrates concluiu que “quando a morte assalta um
homem pode-se supor que a porção mortal
dele morre, porém a imortal sai do caminho da morte e é preservada sã e salva.”
10
“Até mesmo quando Platão empregou a mitologia para descrever a criação,
considerou a alma humana como uma substância incorpórea, feita dos mesmos
elementos que a alma do mundo, análoga aos deuses e, portanto, parte do mundo
de mudança e transformação (‘Um. 41).” 11
Gnosticismo
Eusébio (nascido aproximadamente 260 d.C.) foi bispo de Cesaréa na
Palestina, de 315 até sua morte em 340 d.C. Uma obra de referência de nosso
tempo amplamente usada diz o seguinte a respeito dele: “É mais conhecido como
historiador, e é à sua História da Igreja
Cristã que ele deve a fama e o título familiar de ‘O Pai da História da
Igreja’. Sua obra publicada na forma final em dez livros, no ano 324 ou no
início de 325, é a mais importante história eclesiástica produzida nos tempos
antigos.” 12 Diz ele:
“Quando as igrejas por
todo mundo passaram a brilhar como as mais cintilantes estrelas, e a fé em
nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo floresceu entre toda a raça humana, o
demônio que odeia tudo que é bom, e que sempre é hostil à verdade, e que se
opôs amargamente à salvação do homem, voltou todas as suas artes contra a
Igreja. No princípio ele se armou contra ela com perseguições externas. Porém,
agora, sendo desligado do uso de tais meios, ele ideou toda sorte de planos, e
empregou outros métodos em seu conflito com a Igreja, usando impostores e
enganadores como instrumentos para a ruína de almas e como ministros da
destruição. Instigados por ele, impostores e embusteiros, assumindo o nome de
nossa religião, levaram às profundezas da ruína os crentes que puderam conquistar,
e ao mesmo tempo, por meio das ações que praticaram, desviaram do caminho que
conduz à garantia de salvação os que ignoravam a fé.” 13 Alguns líderes do Gnosticismo nomeados
por Eusébio foram:
Simão, o mágico. Ele é mencionado em Atos
8:9-24. Acerca dele Jolm Lawrence von Mosheim diz: “Encabeçando os hereges
deste século, e particularmente o Gnosticismo, encontramos que os pais antigos
da igreja são unânimes em colocar a Simão,
o mágico, de quem eles declaram ter sido um e o mesmo cuja depravação e
perfídia foram tão severamente reprovados por S. Pedro em Samaria Atos VIII, 9 e 10.”
Escrevendo em
aproximadamente 208 d.C., Tertuliano se referiu aos seguidores de Simão deste
modo: “Neste mesmo tempo, até mesmo os ingênuos heréticos desse mesmo Simão (o
mágico) estavam tão exultantes com as pretensões extravagantes de sua arte,
que afirmaram eles mesmos tirar do Hades as almas dos profetas.” 15
Menandro. No início do segundo século, Menandro
foi o discípulo e sucessor de Simão, o mágico. Ele ensinava que os que eram
dignos de ser batizados por ele “participariam de perpétua imortalidade até a
vida presente, e nunca morreriam, e sim permaneceriam aqui para sempre, e que
sem envelhecer se tornariam imortais”. i6
Satunino foi gnóstico e discípulo de Menandro no
início do segundo século, durante o reinado de Adriano (117-138 d.C.)17
Basilicles foi um filósofo Alexandrino, também do
começo do segundo século. 18 Entre outras heresias, ele ensinava que algumas almas “poderiam esperar,
depois da dissolução do corpo, recuperar seus lugares originais nas
bem-aventuradas mansões do Céu; porém as que negligenciassem tirar proveito da
orientação oferecida, eram destinadas
a emigrar para outros corpos, seja de homens ou de
animais irracionais, até que suas impurezas fossem completamente removidas.”19
Gnosticismo é o nome geralmente aplicado ao movimento espiritual que existe lado a lado com o
cristianismo genuíno, como se cristalizou gradualmente na antiga Igreja
Católica, que pode ser mais ou menos definido como um sincretismo religioso
distinto que carrega a forte impressão de influências cristãs.”20
“A grande obra
de Irineu [120-202 d.C.] contra as heresias é o principal depósito do qual
escritores, tanto antigos como modernos, têm extraído suas explicações acerca
das seitas gnósticas.”21
Carpócrates foi outro herege gnóstico do segundo século d.C. “E dito que ele era
nativo de Alexandria e judeu por nascimento. No entanto, sua família parece
ter se convertido ao cristianismo. Juntamente com Epifanes, seu filho, foi o
líder de uma escola filosófica que baseava suas teorias principalmente no
Platonismo... . Carpócrates fez uso especial das doutrinas de
reminiscência e pré-existência de almas.” 22
Posteriormente,
no mesmo século, Tertuliano (aproximadamente 150-240 d.C.), um escritor
eclesiástico, escreveu o seguinte acerca de Carpócrates:
“Contudo não é por você apenas
(Simão), que a filosofia da transmigração construiu esta história. Carpócrates,
que foi um mágico e fornicador como você mesmo, faz igualmente bom uso
dela.... Por isso, ele pensou que a transmigração da alma humana dentro de
qualquer gênero de corpos heterogêneos, era por todos os meios indispensável,
todas as vezes que qualquer depravação não tivesse sido completamente praticada
na etapa inicial da passagem da vida. As más ações (você pode estar certo)
pertencem à vida. Além disso, tanto quanto a alma tenha faltado como um
infrator no pecado, tem que voltar novamente à existência, até ‘pagar a última
moeda’, expulsa de tempo em tempo dentro da prisão do corpo.” 23
Justino Mártir
Justino Mártir (aproximadamente 100-165 d.C.), um apologista cristão,
nasceu de pais pagãos em Flavia Neápolis, em Samaria. Converteu-se ao
Cristianismo em 130 d.C., e morreu como mártir. Justino estudou sob a
orientacão de um filósofo estóico, um peripatético, e também um platônico.
Tornou-se um eclético. Era um crente nos ensinos do filósofo grego Platão. 24
Enquanto
Justino estava em Éfeso, encontrou Trifo, um judeu, com quem discutiu religião
e filosofia. Quando Trifo perguntou: “A mente do homem verá a Deus em algum
tempo, se não foi instruída pelo Espírito Santo?” Justino respondeu: “Na
verdade, Platão diz que o olho da mente é de uma natureza tal, e foi concedido
para esse fim, para que possamos ver esse mesmo Ser quando a mente for pura por
si mesma,... vindo repentinamente dentro das almas bem-ordenadas, com base em
sua afinidade e desejo de vê-Lo.”
Trifo perguntou: “É da mesma forma a alma divina e imortal, e uma parte
daquela mesma mente régia?” “Certamente”, replicou Justino. “E todas as almas
de todos os seres viventes O compreendem ou são as almas dos homens de uma
espécie e as almas dos cavalos e dos asnos de outra espécie?” perguntou Trifo.
Justino respondeu: “Não, mas as almas que estão em todos são similares.”25
Trifo perguntou: “A alma vê [a Deus]
enquanto está no corpo, ou depois de ter sido removida dele?” Justino respondeu:
“Enquanto está na forma de um homem é possível consegui-lo por intermédio da
mente; porém quando é libertada do corpo, e estando dele separada, se apossa
daquilo a que estava continuamente acostumada e é capaz de amar totalmente.” 26
As seguintes declarações de
Justino revelam que ele parecia ter sido
por Trifo de que a alma_humana é mortal e pode morrer:
“Nem deve [a alma] ser chamada de imortal; porque se
é imortal, claramente não é gerada”, disse Trifo.
“É tanto não-gerada como imortal,
de acordo com alguns que são denominados platônicos, disse Justino.
Trifo perguntou: “Você diz que o
mundo também não é gerado?”
Justino
replicou: “Alguns dizem isso. No entanto, não concordo com eles.” 27
Trifo perguntou: “Então, elas [as almas] não
são imortais?”
Justino
respondeu: “Não” “As almas tanto
morrem como são castigadas.”28
A Enciclopédia
Católica (The Catholic
Encyclopedia), ao comentar o Diálogo com Trifo (Dialogue With Trifo), diz que Justino acreditava que “a alma
não é imortal por natureza”.
A Primeira Apologia de Justino Mártir,
escrita em Roma, aproximadamente 150 d.C., foi dirigida ao Imperador e ao povo
romano. A respeito da morte, ele afirmou que “se ela resultasse em
insensibilidade, seria uma mercê divina para todos os ímpios. Porém, visto que
a sensação permanece para todos os que já viveram, e a punição eterna está
reservada (isto é, para os ímpios), cuidai para que não negligencieis estar
convencidos, e reter como vossa crença, que essas coisas são verdadeiras. Pois
permitem até a necromancia, e as adivinhações que praticam através de crianças
imaculadas, e a evocação de almas humanas mortas, e os que entre eles são
chamados de magos transmissores de sonhos e espíritos assistentes (famílias),
e tudo que é feito pelos que são hábeis em tais coisas — permita que estes o persuadam de que
até depois da morte as almas estão em um estado de comoção.” 30
Note que ao
fazer esta declaração ampla e abrangente acerca do estado da alma de uma pessoa
após a morte, Justino não cita declaração da Bíblia para apoiar sua
afirmação de que “até depois da morte as almas estão em um estado. de
comoção”.
Nessa mesma obra Justino escreveu a respeito de Menandro, que era um falso
mestre em Antioquia e um discípulo de Simão, o mágico. “Ele [Menandro]
persuadiu aos que a ele aderiram de que nunca morreriam, e até agora existem alguns
que estão vivos, os quais sustentam essa opinião.”31
Quanto a Justino Mártir, uma obra de referência Católica Romana
extensamente usada faz as seguintes declarações significativas:
“Ele encontrou sua principal inspiração em Timeu.”32
“Suas simpatias estão sobretudo com o platonismo.”33
“São Justino, supondo que a doutrina da imortalidade natural logicamente
implica em existência eterna, rejeita-a, tornando esse atributo (como Platão em
o ‘Timeu’) dependente da livre vontade de Deus; ao mesmo tempo que afirma
claramente a imortalidade de facto de
toda alma humana.”34
É significativo que a doutrina da
imortalidade da alma humana, segundo Justino Mártir, esteja baseada na filosogia
pagã em vez das Sagradas Escrituras. O filósofo pagão Platão é citado por ele
inúmeras vezes como apoio de seu conceito da doutrina cristã
“Em sua ansiedade de mostrar o significado salvífico da imortalidade que é
um dom gratuito e que sua intensão é beneficiar ao homem, alguns escritores
como Justino e Taciano, tendiam a favorecer a idéia de que as almas dos ímpios
morriam ou eram aniquiladas (tanatopsiquismo).” 35
Irineu
Irineu, um dos assim chamados Pais da igreja, era nativo da Ásia Menor.
Jerônimo diz que ele viveu no reinado do imperador romano Cômodo (180-192
d.C.). Morreu como mártir em aproximadamente 202 ou 203 d.C. 36
É dito que quando criança viu e
ouviu Policarpo em Esmima, que esteve relacionado com o apóstolo João. Em 177
d.C., Irineu foi presbítero em Lyon, França. Em seu regresso de uma visita a
Roma, tornou-se bispo de Lyon em 178 d.C. Foi contemporâneo de Victor 1, bispo
de Roma (189-199 d.C)37. É-nos dito a respeito dele:
“De acordo com Irineu, o homem não foi formado no princípio perfeito e
imortal, porém designado, no propósito de Deus quanto a ele, de tomar-se
assim.”38
Irineu
escreveu um tratado intitulado Contra as
Heresias (Against Heresies) em 180-185 d.C. Escreveu acerca de certos
heréticos de seu tempo:
“Esses
homens são incoerentes consigo mesmos em todos pontos, quando decidem que nem todas
as almas entram no lugar intermediário, e sim unicamente os justos... Eles
sustentam que as almas continuarão no lugar intermediário, enquanto os corpos,
porque possuem substância material, quando forem reduzidos à matéria, serão
consumidos por esse fogo que existe nela, porém, sendo seu corpo dessa forma
destruído, e sua alma permanecendo no lugar intermediário, não restará nenhuma
parte do homem para entrar na Plenitude (Pleroma). Pois o intelecto do homem — sua mente,
pensamento mental e coisas semelhantes — nada mais é do
que sua alma, porém as emoções e ações da própria alma não possuem substância
separadas da alma. Que parte deles, então, ainda restará para entrar na
Plenitude? Porque eles mesmos, até onde são almas, permanecem no lugar intermediário;
enquanto até onde são corpo, serão o consumidos com o resto da matéria.”
Note
que Irineu fala de um “lugar intermediário” entre a morte e a ressurreição no qual, pensava ele,
a alma humana permaneceria até a ressurreição. Poderia ser esta a introdução
da doutrina do purgatório que se tem insinuado em algumas áreas do pensamento
eclesiástico?
Uma das doutrinas heréticas que se tomaram
predominantes entre alguns cristãos na época de Irineu foi a metempsicose, que
ensinava a doutrina da reencarnação e transmigração da alma de um corpo para
outro. No livro II, capítulo 33, de Contra
as Heresias, Irineu salienta o absurdo dessa doutrina pagã, que foi
ensinada pelos filósofos gregos Pitágoras e Platão.40 Essa doutrina errônea é largamente
ensinada hoje em dia.
Disse Irineu acerca de alguns professos cristãos a quem ele considerava
heréticos: “Como não teriam esses homens se confundido, os quais alegam que ‘as
partes mais baixas’ se referem a este nosso mundo, porém, que sua alma, deixando
o corpo aqui, ascende ao lugar celestial superior? Porque como o Senhor andou ‘pelo vale da
sombra da morte’ (Sal. 23:4), onde as almas dos mortos estavam, e em seguida
ressuscitou no corpo e depois da ressurreição foi levado [para o Céu], é
manifesto que também as almas de Seus discípulos, por cuja conta o Senhor
sofreu estas coisas, partirão para o lugar invisível designado a eles por Deus,
e lá permanecerão até a ressurreição, aguardando esse acontecimento; então,
recebendo seus corpos, e ressuscitando em sua forma total, ou seja,
corporalmente, como o Senhor ressuscitou, virão assim à presença de Deus.” 41
Note que Irineu afirmou que na morte as almas partem para o lugar invisível
designado a eles por Deus, e lá permanecerão até a ressurreição”. Na citação
mencionada anteriormente, ele se refere ao “lugar intermediário”, enquanto
aqui ele o chama de “o lugar invisível”. Ele não diz espeçificamente onde fica
esse “lugar invisível” entre a morte e a ressurreição.
Por isso, não é surpresa que: “Contra os gnósticos, Irineu ‘tenha dito que a alma não é imortal
por natureza, porém pode tomar-se imortal se viver de acordo com a lei de Deus.
“ 42
Tertuliano
É dito que Tertuliano foi “o
mais original e depois de Agostinho o maior dos antigos escritores da igreja do
Ocidente”. 43 Também
se diz que foi “o primeiro dos grandes pais latinos, seu chefe em ardor e
ousadia, e o primeiro a criar uma latinidade cristã técnica”.44
Tertuliano nasceu por volta de
150 d.C. em uma família pagã em Cartago, África do Norte, tomou-se cristão em
192. Foi ordenado sacerdote aproximadamente no ano 200. Mais tarde tornou-se
Montanista. Seus escritos datam de aproximadamente 170 a 218. Finalmente formou
sua própria igreja. Morreu entre 220 e 240 d.C.45
Nessa época havia alguma divergência de opinião entre os cristãos acerca da
alma humana. O Livro de Tertuliano Da
Alma (Um tratado sobre a alma) foi escrito em 208-209 d.C. Seus 58
capítulos ocupam 55 páginas no volume 3 do The
Ante-Nicene Fathers.
Quanto a ele, uma obra de referência católica diz:
“Um livro extenso, ‘Da Alma’, apresenta
a psicologia de Tertuliano. Ele descreve bem a unidade da alma; ensina que ela
é espiritual, porém imaterialidade no sentido mais pleno, ele não admite para
nada que existe —
até mesmp Deus é corpus.” 46
A definição de Tertuliano da alma humana é a seguinte: “Então, a alma, definimos ter procedido do
fôlego de Deus, imortal, possuindo corpo, tendo forma, simples em sua
substância, inteligente em sua própria natureza, desenvolvendo sua força de
varios modos livre em suas determinações, sujeita a mudanças por acidente,
mutável em suas faculdades, racional, suprema, dotada com um instinto de
pressentimento, desenvolta de uma (alma original).”47 Isso
çoncorda com a sua declaração anterior de que “a alma é imortal” 48
Note
que Tertuliano declarou enfaticamente: “Então, a alma, definimos ter procedido
do fôlego de Deus, imortal.” Observe também que ele não cita qualquer
declaração das Escrituras que apóie essa afirmação. Por quê? Porque as Sagradas
Escrituras não ensinam que, na criação ou no nascimento, o homem é dotado com
uma alma imortal.
De acordo com Tertuliano, a palavra “alma” se refere à pessoa inteira:
“Tudo que somos é alma. Na verdade, sem a alma não somos nada; não existe sequer
o nome de um ser humano, apenas o de uma carcaça”49
O conceito de Tertuliano sobre o que acontece a uma pessoa quando morre é
apresentado por ele como segue:
“Sem dúvida
nenhuma, quando a alma, pelo poder da morte, é libertada de sua solifidicação
com a carne, é pela mesma libertação limpa e purificada; além disso , é certo
que ela escapa do véu da carne no espaço aberto, a sua clara, pura e intrínseca
luz e então encontra a si mesma gozando de sua emancipação da matéria, e pela
virtude de sua liberdade, recupera sua
divindade, como alguém que desperta do sono e passa de imagens a realidades.” 50
Igualmente: “A operação da morte é simples e óbvia: é a separação do como e
alma.... A verdade é que a alma é indivisível, porque é imortal; (e esse fato)
nos compele a acreditar que a própria morte é um processo indivisível,
agregando indivisibilidade à alma, na realidade não porque é imortal, mas
porque é indivisível... Se de uma vez a morte não alcançar a totalidade na
operação, não é morte. Se restar qualquer fração da alma, produz um estado
vivente. A morte não se confundirá mais com a vida, como a noite não se
confunde com o dia.”51
“Por isso, à pergunta até que ponto a alma é retirada, agora damos uma
resposta. Quase todos os filósofos que crêem na imortalidade da alma, a
despeito de suas opiniões particulares sobre o assunto, ainda reivindicam esta
(condição eterna), como Pitágoras, Empédocles e Platão e como os que
condescendem com alguma demora de tempo desde a sua partida da carne até a
conflagração de todas as coisas, e como os estóicos que colocam unicamente suas
próprias almas, isto é, as almas dos sábios. nas mansões celestes.
Diz um comentarista: “Como uma
preliminar para a consideração da maneira pela qual a alma se encontra com a
morte, Tertuliano
considera o tema do sono — a
imagem da morte (cap. XIII- fim). Ele adota por preferência a definição
estóica do sono como a suspensão temporária das atividades dos sentidos (‘resolutionem sensuallis vigoris’), e limita os sentidos afetados aos do corpo; a alma, sendo imortal, não
requer nem admite um estado de repouso. Enquanto o corpo está adormecido ou
morto, a alma está em outro lugar.”53
A escola estóica de filosofia grega foi fundada por Zenão de Cício, no
final do quarto século a.C. não “concluiu seu triunfo de coroamento até que foi
levado a Roma, onde ... por dois séculos ou mais foi o credo, senão a
filosofia, de todos os melhores entre os romanos”.54
Acerca do conceito estóico pagão da alma humana, lemos que “após a morte a
alma desencarnada pode manter unicamente sua existência separada até por um
tempo limitado, elevando-se àquela região do universo que é semelhante a sua
natureza. Era um ponto discutido se todas as almas assim sobreviviam, como
pensava Cleantes, ou se apenas as almas dos sábios e bons, que era a opinião de
Crisipo; em todo caso, mais cedo ou mais tarde as almas individuais se fundiam
à alma do universo, da qual procederam.”55
Tertuliano
extraiu muitas de suas informações do pagão Sorano, um médico estóico grego (98-138d.C)56. Embora fosse reconhecidamente um mestre cristão, Tertuliano citou a
filosofia pagã em vez das Escrituras Sagradas como a base de sua doutrina de
que a alma humana é imortal.
Orígenes
Orígenes (aproximadamente 185-244 d.C.) foi aluno de Clemente de Alexandria
e o sucedeu como diretor da escola catequética desse lugar. “Epifânio estimou
o numero tutal de seus escritos em aproximadamente seis mil.”57 O conceito de Orígenes sobre o que
acontece à alma na morte é declarado como segue:
“O ensino apostólico é que a alma, possuindo
substância e vida em si mesma, após partir deste mundo, será recompensada
segundo seus méritos, sendo destinada a obter seja uma herança de vida eterna e
de bem-aventurança, se as suas ações procuraram isso para ela, ou para ser
entregue ao fogo eterno e às punições, se a culpa de seus delitos a rebaixaram
a isso.”58
Note que Orígenes, nesta declaração, não
cita qualquer texto bíblico que diga quando
serão dadas as recompensas.
Eusébio, bispo de Cesárea (315-340
d.C.), escreveu que na época de Orígenes alguns crentes árabes diziam que “a alma
humana morre e perece com o corpo, mas que no momento da ressurreição serão
juntamente renovados”. Orígenes foi enviado para lá e os persuadiu a
abandonarem a verdade bíblica que tinham nutrido quanto ao estado dos mortos.59
Assim, a história da igreja primitiva revela que a falsa doutrina de
que a alma humana é imortal, conforme sustentado por Orígenes, estava sendo
difundida entre os cristãos na metade do terceiro século d.C.60
Orígenes ensinava “que a fúria da vingança de Deus era benéfica para a
purificação das almas. Que, também o castigo, que se diz ser aplicado pelo
fogo, é entendido para ser aplicado com o objetivo de curar”.61 Nessa doutrina Orígenes prepara o terreno para
a introdução do conceito eclesiástico posterior de um purgatório.
Na mesma obra Orígenes diz: “A
alma sobre a qual Ele [Deus] exerce este cuidado providencial é imortal; e, por
ser imortal e eterna, não é excluída da salvação, embora não sejam imediatamente
tomadas medidas, o que é adiado para um momento mais conveniente.”62
Ele também diz: “Se as almas humanas participam da mesma luz e sabedoria, e
desse modo são mutuamente de uma natureza e de uma essência, então, visto que
as virtudes celestes são incorruptíveis e imortais, a essência da alma humana
também será imortal e incorruptível.”63
Note que Orígenes não cita nenhuma passagem bíblica para apoiar essa
afirmação de que a alma humana é imortal. Uma obra de referência
religiosa largamente usada diz:
“Orígenes
ensinou a preexistência da alma. A vida terrestre é uma punição e um remédio
para o pecado pré-natal.”64
Na edição revisada dessa obra de referência encontramos esta declaração:
“Orígenes, que era muito mais suscetível ao argumento racional, foi induzido à
opinião de que as almas, na realidade, preexistiam e foram inseridas nos corpos
como uma punição para os pecados cometidos numa vida anterior.”65
Em seu comentário do Evangelho de João, livro VI, capítulo 7, Orígenes tem
“uma notável discussão sobre a preexistência das almas, e a entrada da alma no
corpo”. E no livro XX ele comenta sobre a “preexistência e caráter das almas”
66
Platão, o filósofo grego pagão, é mencionado muitas vezes por Orígenes em
suas discussões sobre a alma humana. Ele cita Platão com respeito à natureza da
alma: “‘Porque a essência, que é tanto incolor como disforme, e que não pode
ser tocada, que realmente existe, e é o piloto da alma, e é vista apenas pelo
discernimento: e em volta a espécie do verdadeiro conhecimento ocupa esse
lugar’, [Phaedro, pág. 247].”67
Conclusão
Pelos fatos precedentes podemos perceber que o amplo preconceito pagão da
imortalidade da alma humana, conforme ensinado pelos antigos filósofos pagãos,
foi ainda acalentado e ensinado por muitos dos assim chamados Pais da igreja
depois de sua conversão do paganismo para o cristianismo.
Chamamos a sua atenção para as seguintes excelentes declarações da New Catholic Encyclopedia acerca do ensino
das Sagradas Escrituras sobre esse assunto:
“Entre os primeiros escritores cristãos nenhum deles encontra os
argumentos da razão acerca da imortalidade da alma, e sim a proclamação de que
Deus, por intermédio de Cristo, convida o homem para uma vida de felicidade que
nunca terá fim.”68
“A noção de que a alma sobrevive depois da morte não está facilmente
discernível na Bíblia.”69
“A Bíblia não fala da sobrevivência de uma alma imaterial.”70 Nossa única esperança de desfrutar de
imortalidade — vida eterna — repousa nas preciosas promessas e na certeza
apresentadas nas Sagradas Escrituras. “Porque o salário do pecado é a morte,
mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor.”
Romanos 6:23. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho
unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” S.
João 3:16.
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