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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

PARTIR E ESTAR COM CRISTO FILIPENSES 1:23




FiI. 1:23



Para uma boa compreensão desta passagem tão problemá­tica para muitos, é útil estudá-la no seu contexto e em tradu­ções diferentes.

Os versos 21 a 23 do primeiro capítulo de Filipenses re­zam assim na Edição Revista e Atualizada no Brasil, de João Ferreira de Almeida.

“Porquanto, para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.”

Fil. 1: 23 aparece assim em diferentes traduções.

“Estou cercado dos dois lados, pois quero muito deixar esta vida e estar com Cristo, o que é bem melhor.” O Novo Testamento na Linguagem de Hoje.

 “Às vezes quero viver e outras vezes não quero, pois es­tou ansioso para ir e ficar com Cristo. Como seria muito mais feliz para mim do que estar aqui!” O Novo Testamento Vivo.

“Sinto-me num dilema: o meu desejo é partir e estar com Cristo, pois isso me é muito melhor, mas o permanecer na car­ne é mais necessário por vossa causa.” Fil. 1: 23-24 —   A Bíblia de Jerusalém.

Satanás, com seu acendrado espírito de rebelião, tentou muitas vezes exterminar as Escrituras Sagradas; porém, vendo que seus esforços foram infrutíferos, passou a usar de outros processos ardilosos, como este: torcer o sentido das palavras ou das idéias da Bíblia para que se ajustem aos seus enganos. Um exemplo bem frisante deste método se encontra no pro­cesso interpretativo de Fil. 1: 23.

O argumento mais ponderável dos que crêem na imorta­lidade da alma, é dizerem que a Bíblia esposa esta idéia, citan­do entre outras passagens esta de Paulo, onde afirmam eles, o apóstolo declara que para ele o morrer é lucro, porque assim estaria imediatamente com Cristo, gozando das delicias eter­nas.

Comentario dei Nuevo Testamento de Louis Bonnet e Alfredo Schroeder, vol. 3 diz a este respeito: “Para estar com Cristo, prova evidente de que Paulo esperava esta felicidade imediatamente depois de sua morte.”

O pensamento Paulino neste sentido é bastante claro e as passagens de I Cor. 15; I Tes. 4:16—18; II um. 4: 8; Rom. 8:23 não deixam dúvidas de que ele não cria numa recompensa incorpórea e imediatamente após a morte.

É principio, fundamental da exegese, que a Bíblia não se contradiz, e que um texto deve ser explicado através do conjunto das Escrituras e não isoladamente, logo sendo Filipen­ses 1: 23 uma passagem controvertida, ela tem de harmonizar-se com outras passagens paulinas e com a doutrina geral da Bíblia concernente ao estado do homem na morte.

Há muitas outras passagens bíblicas, que comprovam a crença de Paulo quanto ao estado do homem na morte, e de que a recompensa só será urna realidade quando Jesus voltar. S. João 14: 1-3; Atos 2: 34; Heb. 11: 39; Apoc. 14: 13; Ecl. 3: 18-21;9:5-6.

Walter A. Martin, no livro The Trutb About Seventh Day Adventism, apresenta Filipense 1: 21-23 como contestação à doutrina adventista da imortalidade condicional e da destrui­ção dos ímpios, afirmando que a Bíblia ensina a existência cons­ciente depois da morte, e o tormento eterno dos incrédulos.

Em artigo inserto no Ministério Adventista, Maio-Junho de 1965, pág. 9, o Pastor D. E. Mansell refutou as idéias apre­sentadas pelo nosso oponente. Parte delas serão transcritas pa­ra este trabalho:

“Chegamos agora a Fil. 1: 21-23. Novamente o Sr. Mar­tin afirma o que devia ter provado, isto é, que Paulo ‘desejava partir de seu corpo e desfrutar espiritualmente a presença de seu Senhor” (pág. 124). Nosso amigo pode pensar que Paulo almejava sair de seu corpo e ir a presença de Cristo como uma entidade espiritual, mas como ele compreende bem ‘a Bíblia não diz assim’ (Pág. 122).

“Não é por obstinação que os adventistas insistem que ‘a Bíblia não diz assim”, mas pela simples razão de que esta passagem das Escrituras nada declara sobre deixar o corpo e desfrutar espiritualmente a presença do Senhor. Além disso, cremos haver sólidas razões, no contexto, para assumirmos es­ta posição, a despeito das afirmações do Sr. Martin.

 “É curioso que embora o Sr. Martin de grande ênfase à construção gramatical de Fil. 1: 23, que alega ser ‘gramatical­mente devastadora para a posição dos adventistas do sétimo dia’, passa por alto o contexto e a exegese da passagem sob con­sideração. Ora, nem por um momento admitimos que a cons­trução gramatical da frase ‘partir e estar com Cristo, o que é in­comparavelmente melhor’, seja devastadora para a nossa posi­ção. Pelo contrário, cremos ser ela devastadora para a posição do Sr. Martin. pelo simples motivo de que a passagem não diz coisa alguma sobre partir do corpo e desfrutar espiritualmen­te a presença do Senhor, o que, aliás, o Sr. Martin procura pro­var.

Ademais ele desconsidera significativamente certas por­ções do contexto em que esta frase é encontrada. Na frase pre­cedente o apóstolo Paulo declara estar ‘em aperto’ ‘de ambos os lados’. O contexto torna bem claro que por esses dois lados Paulo quer indicar a ‘vida’ e a ‘morte’. Portanto, o aperto em que ele se encontrava era escolher entre a vida e a morte (versos 21 e 22). Ora, segundo a opinião de Walter Martin, o crente nunca pode experimentar perda de comunhão do companhei­rismo como entidade espiritual, embora seu corpo possa morrer (pág. 121). Conseqüentemente, de acordo com essa teoria, quer Paulo vivesse ou, morresse, a ‘comunhão de companheirismo permaneceria inalterada’. O Sr. Martin insinua que como Paulo desfrutava comunhão com Cristo na vida, continuaria a gozá-la depois da morte, encontrava-se num dilema. Esta conclusão seria lógica, não fora o fato de Paulo desejar algo ‘que é incom­paravelmente melhor’ (verso 23). Melhor do que o quê? Ob­viamente, muito melhor do que a vida ou a morte. Que era is­to? Paulo diz que era partir e estar com Cristo (verso 23). Sen­do que partir para estar com Cristo é melhor do que a vida ou a morte, é evidente que a morte não conduziria à ‘presença de seu Senhor’ (Pág. 124), como afirma o Sr. Martin.

“Os Adventistas do Sétimo Dia crêem que Paulo está se referindo aí à trasladação, isto é, ser lavado corporeamente pa­ra o céu sem provar a morte, como Enoque (Heb. 11: 5), Elias (II Reis 2: 11) e como sucederá com os santos que estiverem vivos por ocasião do Segundo Advento (I Tes. 4: 17). Isto se­ria de fato ‘incomparavelmente melhor’ do que a presente vida ou a morte. Transportaria Paulo da atual condição mortal pa­ra a condição final, sem que passasse pela morte.”

Vincent, após mencionar a expressão “estar com Cristo” de FiI. 1: 23, leva-nos a comparar este texto com I Tes. 4: 14-17, onde Paulo coloca o estar com Cristo para o tempo da res­surreição, por ocasião da Segunda Vinda de Cristo.

Outra explicação:

Os adventistas cremos que as duas afirmações “partir e estar com Cristo” não pressupõem dois acontecimentos ime­diatos ou em seqüência.

Haverá base bíblica para esta crença?

Sim, e os dois seguintes exemplos confirmam nossa asser­tiva:

1o.) Em Isaias 61: 1-2 há uma profecia da obra que Cris­to efetuaria em seu primeiro advento. Em São Lucas 4: 17-19 se encontra o relato de que Cristo leu esta passagem, acrescen­tando, no verso 21: “Hoje se cumpriu esta escritura em vossos ouvidos”. Atentando para o relato de Isaías, veremos que Cris­to não leu toda a profecia, embora seja uma declaração aparen­temente ligada, ele concluiu com a frase: a anunciar o ano acei­tável do Senhor”. A frase seguinte diz “e o dia da vingança de nosso Deus”. Ele não leu esta parte, porque não devia cumprir-se naquela época, embora estivesse unida na mesma frase. Toda a era cristã devia passar antes de vir o dia da vingança do nos­so Deus.

2o.) Pedro em sua segunda carta, cap. 3: 3-13 relata a se­gunda vinda de Cristo e a destruição da Terra pelo fogo. Se ler­mos Apoc. 20 sabemos que haverá entre os dois acontecimentos um intervalo de mil anos.


Conclusão


Se Pedro podia colocar na mesma sentença (II Ped. 3: 10) dois extraordinários acontecimentos separados por 1.000 anos e lsa (as fez o mesmo Isa 61: 2) com dois destacados eventos separados por mais de mil e novecentos anos por que estranhar que Paulo seguisse a mesma orientação de unir numa só senten­ça (FiI. 1: 23) o triste fato da morte com o glorioso acontecimen­to de estar com Cristo por ocasião do seu 29 advento?

O Comentário Adventista ao analisar FiI. 1: 23 assim se expressa: “Estar com Cristo”. “Paulo não está aqui apresen­tando uma exposição doutrinária do que acontece na morte. Está explicando o seu ‘desejo’, que é deixar a presente existên­cia; com seus problemas, e estar com Cristo sem referir-se a um lapso de tempo que possa ocorrer entre os dois eventos. Com toda a força, de sua ardente natureza ansiava viver com aquele a quem ele fielmente servira. Sua esperança se centraliza num companheirismo pessoal com Jesus por toda a vida futura. Os cristãos primitivos de todas as épocas tiveram este mesmo de­sejo, sem necessariamente esperarem ser imediatamente introdu­zidos â presença do Salvador, quando seus olhos se fechassem na morte. As palavras de Paulo aqui devem ser consideradas em conexão com suas outras afirmações, onde ele claramente se refere â morte como um sono (I Cor. 15: 51; I Tes. 4:13—15). Desde que não há consciência na morte, nem consciência do período de tempo, a manhã da ressurreição parecerá como acon­tecendo logo após a morte”.

Paulo jamais esperava, com a morte, receber imediatamen­te o galardão, pois ele mesmo disse: “O tempo da minha par­tida é chegado. . . a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia”. II Tim. 4: 6 e 8. A pergunta natural que nos vem a mente é esta. Quando será aque­le dia? O próprio Paulo nos responde —     será no dia da vinda de Cristo “a todos os que amarem a sua vinda”. (verso 8).

Outras explicações congêneras se encontram em Questions on Doctrine, págs. 527 e 528 ou no Ministério Adventista, Setem­bro —   Outubro de 1973, pág. 23.


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