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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

COMO HARMONIZAR AS 36 HORAS, MAIS OU MENOS, QUE CRISTO ESTEVE NA SEPULTURA, COM SUA DECLARAÇÃO EM MAT. 12:40?



COMO HARMONIZAR AS 36 HORAS, MAIS OU MENOS,

QUE CRISTO ESTEVE NA SEPULTURA,

COM SUA DECLARAÇÃO EM MAT. 12:40?

São Mateus 12: 40 tem sido, muitas vezes, citado como prova de contradição, no texto sagrado, por pessoas interessa­das em desprestigiar a veracidade da Bíblia.

Baseados ainda nesta passagem há outro grupo defenden­do a tese de que Jesus teria morrido na quarta-feira.

Para que haja uma explicação cabal do problema é preci­so estudar a passagem relacionando-a com passagens paralelas e compreender bem o que estas palavras signiticavam para os ouvintes contemporâneos.

Tomando as palavras de Mat. 12: 40 ao pé da letra, pode­rá alguém afirmar que Cristo esteve na sepultura 72 horas, mas relacionando-as com outras declarações bíblicas, ver-se-á que esta não é a realidade. Lucas, claramente, demonstra que Je­sus foi sepultado no final do dia da preparação e ressuscitou no primeiro dia da semana, ainda de madrugada.

Jesus esteve na sepultura, como nos relatam os evange­lhos, no seguinte período de tempo:
         a)     parte da sexta-feira.
        b)     todo o dia de sábado
         e)     parte do domingo.

Não apenas a índole das línguas hebraica, grega e latina podia usar uma parte para expressar a totalidade, porque esta peculiaridade existe também em nossa língua. Qualquer estu­dante de português sabe muito bem, que no capítulo da lingua­gem figurada, ele encontra a sinédoque, figura que toma o sin­gular pelo plural, o plural pelo singular, a parte pelo todo, etc. Observe nossas expressões:

Ele tem duas mil cabeças de gado.

O rapaz pediu, a mão da moça (hoje pouco usada).

Será interessante a colocação do versículo no seu contexto.

Os escribas e fariseus pediram-lhe um sinal. Mat. 12: 38. Era costume deles assim proceder com os que se proclamavam mensageiros de Deus. 1 Cor. 1: 22. Queriam um sinal, porque n5o aceitaram os milagres relatados anteriormente, como rea­lizados pelo poder divino.

Pelo comportamento empedernido e apóstata, demons­trado, não tinham o direito de pedir sinal e se Cristo lho des­se, não aceitariam. Nenhum outro sinal lhes seria dado a não ser o sinal do profeta Jonas.

Qual o significado do sinal do profeta Jonas?

O Comentário Adventista ao explicar este verso defende que o sinal prefigurava tanto a pregação como a ressurreição de Jesus. Assim como Jonas escapara da morte para pregar aos ninivitas a mensagem de arrependimento e salvação, do mes­mo modo Cristo através de Sua ressurreição levaria a todos que o aceitassem a salvação.

Barclay defende que o sinal de Jonas simbolizava apenas a pregação de Jesus. Ver William Barclay EI Nuevo Testa­mento, Vol. II, páginas 56-58.

O  Desejado de Todas as Nações, págs. 421-422 declara:

“As próprias palavras de Cristo, proferidas com o poder do Espírito Santo, que os convencia do pecado, eram o sinal dado por Deus para salvação deles. E sinais vindos diretamen­te do Céu, foram concedidos para atestar a missão de Cristo... Como Jonas estivera três dias e três noites no ventre da baleia, havia Cristo de estar o mesmo tempo no seio da terra. E co­mo a pregação de Jonas fora o sinal para os ninivitas, assim era o de Cristo para Sua geração”.

Os versos seguintes de Mat. 12: 40 parecem comprovar que Jesus se referia tanto à Sua pregação quanto à ressurreição.

Três Dias e Três Noites


Em seu anseio de harmonizar declarações bíblicas, aparen­temente conflitantes, comentaristas têm aventurado as mais variadas soluções. Por exemplo, The Interpreter’s Bible, VII Val. pág. 403, defende que o verso 40 não foi pronunciado por Jesus, mas acrescentado por Mateus para explicar melhor o si­nal do verso 39. Conclui assim citando a passagem paralela de Luc. 11:29-32.

Outros, como W. G. Seroggie, no livro Guide to The  Gos­pel, apresentam a estapafúrdia solução de que Cristo foi crucificado na quarta-feira. O texto bíblico está repleto de cla­ras alusões confirmativas de que este evento ocorreu na sexta-feira (Marcos 15:42-43; Luc. 23: 46,54; João 19:14, 42).

A solução se encontra no seguinte:

Se todos hoje, compreendessem bem o método da conta­gem do tempo dos dias de Jesus este problema nunca teria sur­gido. A expressão “três dias e três noites” tinha para os judeus, que viviam no Oriente, uma conotação diferente, do que tem para nós hoje, que vivemos no mundo ocidental.

A maneira de contar o tempo, chamada “contagem inclu­siva” incluía o dia (ou ano) inicial, bem como o dia (ou ano) final, sem considerar quão pequena fosse a fração do dia ini­ciante ou finiciante.

Há exemplos deste processo nos escritos sagrados e pro­fanos:

1.      Sagrados.

          1o.) I Samuel 30: 12 e 13, declara pois havia três dias e três noites que não comia pão nem bebia água”. Então lhe perguntou Davi: “De quem és tu, e de onde vens?” Respondeu o moço egípcio: “Sou servo de um amalequita e meu senhor me deixou aqui há três dias.” Note bem as expressões diferen­tes para o mesmo período de tempo.

2o.)   Outro exemplo concludente se encontra em Ester 4:16 e 5:1 “... e jejuai por mim e não comais nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia. - . Ao terceiro dia Ester se aprontou.”   É claro que o período de três dias não havia chegado ao fim quando ela se apresentou perante o rei, se fos­se diferente, estaria: no quarto dia.

3o.)   As crianças em Israel eram circuncidadas ao terem 8 dias (Gên. 17: 12), porém, a circuncisão ocorreria no oitavo dia devido a contagem inclusiva (Lev. 12: 3; Luc. 1:59).

Os exemplos bíblicos poderiam ser multiplicados, mas estes são suficientes para nos elucidarem sobre Mateus 12: 40.


II. Profanos.

A Enciclopédia Judaica Universal no item  “dia”, assim se expressa:

“Nas práticas religiosas, a parte de um dia é freqüentemen­te contada como um dia completo. Tal é o caso dos sete dias de luto, se o funeral ocorre à tarde: a curta porção restante do dia é contada como um dia completo. Na contagem da data da circuncisão no oitavo dia após o nascimento, mesmo, uns poucos minutos do dia restante após o nascimento são conside­rados como um dia completo.

Era comum no Egito, Grécia e Roma a “contagem inclu­siva” como nos atestam seus documentos. Por exemplo, os gregos chamavam a Olimpíada, que se realizava de quatro em quatro anos de pentaeteris (período de cinco anos) por conta­rem o ano inicial e o final.

O SDABC, Vol. II, pág. 136 confirma as declarações an­teriores:

A maneira de contar o tempo empregada na Bíblia é a chamada contagem inclusiva, que considera tanto a primeira como a última unidade de tempo incluídas dentro do período. Este sistema era também usado por outras nações como se po­de ver através de documentos. Uma inscrição egípcia que regis­tra a morte de uma sacerdotisa no quarto dia do 129 mês, relata que o sucessor dela chegou no 159 dia, quando se passaram 12 dias. É evidente que, pela nossa maneira de contar diría­mos que os doze dias, passados a partir do 4o. dia, chegariam à data de 16”.


Broadus e outros pesquisadores citam uma frase do Talmu­de de Jerusalém que nos é útil: “um dia e uma noite juntos for­mam um onah e qualquer parte deste período é contada como um todo. O termo hebraico onah, corresponde ao grego nicthme­ron, que significa, noite e dia, como está empregado em II Cor. 11: 25. Não foi este o vocábulo empregado por Mateus, talvez em virtude de estar fazendo uma citação do Velho Testamento (Jonas 1:17).

Seria de bom alvitre frisar que “três dias e três noites” só aparece em Mat. 12: 40, porque nas passagens paralelas são usadas estas outras expressões equivalentes: três dias, depois de três dias, ao terceiro dia. Cristo o fez por estar citando o Velho Testamento (Jonas 1: 17), mas deve ficar bem claro, que está usando em hebraísmo, ou a contagem inclusiva.

Textos que mencionam este mesmo período de tempo.
        Em três dias                Depois de três dias                 Ao 3o. dia
Mat.26:61;27:40                   Mat. 27:63               Mat.16:21;17: 23; 27: 64.
Marc
Marc 14:58                           Marc. 8: 31                                                     

João 2: 19                                                                 Luc.9: 22;24:    21, 46.

Para uma compreensão mais ampla do problema seria útil consultar o Comentário Adventista, Vol. I, pág. 82, e Vol. II, págs. 135-137.

Conclusão


A passagem de Mat. 12: 40 não deve ser citada por nenhum incrédulo como prova de contradição nas Santas Escrituras.

Nenhuma dificuldade existe para harmonizá-la com o pe­ríodo em que Crista esteve na sepultura, se for considerada a cultura hebraica e o contexto histórico da época.

Se o problema, aparentemente existe, este é dirimido quando se considera a contagem diferente dos orientais.

Vale ainda ressaltar, mais importante do que o tempo da estada de Crista na tumba, foi a sua morte vicária, que nos pro­picia a salvação.

Demos sempre graças a Deus pelo sublime sacrifício de Crista por nós.


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