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domingo, 10 de agosto de 2014

ARTIGOS SOBRE A TRINDADE - QUAL E A REAL SIGNIFICAÇÃO DA FRASE BÍBLICA “TU ES MEU FILHO, HOJE TE GEREI” Heb. 1:5


QUAL E A REAL SIGNIFICAÇÃO DA FRASE BÍBLICA

“TU ES MEU FILHO, HOJE TE GEREI” Heb. 1:5

Pedro Apolinário     –     As Testemunhas de Jeová e Sua Interpretação da Bíblia     –     4a. Edição                                                            Instituto Adventista de Ensino - 1986


Esta expressão aparece na Bíblia quatro vezes, sendo a primeira no Salmo 2:7 e as outras três em Atos 13:33; Heb. 1:5; Heb. 5:5.

Uma análise do segundo Salmo, mostrar-nos a exatamente a sua significação. Sabemos pela história antiga, que era sempre uma situação difícil ao ser entronizado um novo rei. Por não ter experiência, alguns viam a oportunidade para es­capar do seu poder. O conhecimento hist6rico do tempo indica que as naç6es estavam conspirando contra o ungido do Senhor. Os versos um a três confirmam este fato, indicando que as naç3es vizinhas queriam libertar—se da submissão de Israel.

Deus, o dirigente supremo de tudo, se ri das tentativas desses povos, porque Ele toma conta da situação (versos 4-6).

Deus se dirige ao novo rei (versos 7-9)

O todo poderoso aconselha aos reis destas naç6es a serem prudentes, e para o seu bem, aceitarem a orientação divina (versos 10-12)

Ao ser entronizado o novo rei, inicia-se u­ma nova fase, para esta Deus declara que o tinha gerado naquele dia. No dia da coroação o rei entrava num novo relacionamento com Deus.

Vemos assim que para melhor compreensão da frase: Tu és meu filho, eu hoje te gerei é mui­to útil observar bem o contexto do Salmo 2. A tradução do verso 6 em várias vers6es é muito significativa para nos. A tradução de Almeida Revista e Atualizada apresenta:

“Eu, porém constitui o meu Rei sobre o meu santo monte Sião”.

Na Septuaginta os versos 6 e 7 foram assim traduzidos:

“Mas tenho sido feito rei por Ele sobre Sião, Seu Santo monte, declarando a ordenação do Senhor: o Senhor disse para Mim: Tu és Meu Filho, hoje Te gerei.”

A tradução de Donay consigna:

“Eu porém, sou designado rei por Ele sobre Sião, Sua Santa montanha, pregando Seu manda­mento”.

O segundo Salmo tem sido chamado o canto da unção do Senhor, porque há nele referências à unção de David como rei de Israel, e o propósito de Deus de exaltar a Cristo como rei de to­das as coisas. Ver The Treasury  of  Davis, de Spurgeon, Vol. 1, pág. 16.

O verso 6 nos diz que Deus ungiu a Davi rei sobre Israel.

No verso 7 diz o salmista: “Declarei a or­denança do Senhor: o Senhor disse para mim, tu
meu filho eu hoje te gerei”.

Para os escritores judeus: hoje eu tenho gerado significava: hoje tu tens sido ungido rei.

“A expressão ‘Hoje te gerei’ pode somente significar: Neste dia eu declaro e manifesto que és meu filho, por investir-te com dignidade real e colocar-te sobre o trono”. The Book  of  Psalms, vol. 1, pág. 117 de J.J. Stewart Perow­ne.

O comentarista judeu, Salomão B. Freehof, declara o seguinte sobre o Salmo 2:7

“Eu hoje Te gerei”. Isto quer dizer “neste dia foste ungido Rei”. Commentary on the Psal­ms, pág. 4.

Outro comentarista da mesma nacionalidade afirma:

“Eu hoje Te gerei deve ser interpretado em sentido figurado. No dia de Sua entronização, o Rei foi gerado por Deus como Seu servo para di­rigir os destinos de Seu povo. Quando o trono foi prometido a Salomão, Deus fez a asseveração: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por filho (II Sam. 7:14).” A Cohen, The Psalms (Londres: Soucino Press, 1945.

A Bíblia usa esta expressão figurada querendo significar: no dia da entronização do rei ele era gerado por Deus. A prova de que se refere a coroação é que esta me~ma afirmativa 5 a— plicada pelo profeta Natã à entronização do rei Salomão sobre Israel. II Sam. 7:14. “Eu lhe se­rei Pai, e ele me será Filho”. A mesma expressão é usada para Cristo em Hebreus 1:5.

Esta citação do Salmo 2:7 é aplicada a Cristo três vezes no Novo Testamento, ou seja em Heb. 1:5; 5:5 e Atos 13:33.

Nos dez primeiros versos de Hebreus o autor apresenta sete declarações do Velho Testamento, para confirmar os seus argumentos de que o Filho de Deus é superior aos anjos. Ele jamais disse aos anjos: Tu és meu filho, eu hoje te ge­rei. São os anjos filhos de Deus? Alguns citam Jô 1:6; 2:1; 38:7 como evidências de que as Escrituras chamam os anjos de filhos de Deus. São filhos porque são criaturas suas, mas, a nenhum deles cabe a expressão —     Tu és meu filho no sentido que lhe foi dado em Atos 13:33; Hebreus 1: 5; 5:5.

Hebreus 1:5 está contestando a declaração de algumas pessoas que afirmam ser Cristo um anjo elevado a sua mais alta posição. Ver SDABC so­bre este versículo.

F.F.Bruce em The Book of The Acts, (O Livro de Atos), pág.276, comentando Atos 13:33 tem es­ta oportuna observação: “O dia da unção do rei, no antigo Israel, tornava—se o dia em que ele como representante do povo nascia para uma nova filiação com Deus”.

A Que Acontecimento Na Vida De Cristo Se Refere Esta Frase        Tu És Meu Filho, Eu Hoje Te Gerei?

W.E.Read, pesquisador adventista, bastante notável, em artigo aparecido no Minist5rio Adventista, Março-Abril, 1965, páginas 19-21, as­sim responde a esta pergunta:

“Em sua aplicação ao Messias esta expressão tem sido debatida atrav5s dos s5culos. Alguns insistiram em que ela se referia á encarnação de Cristo, outros ao batismo, e ainda outros à Sua ressurreição e um quarto grupo, à Sua en­tronização como nosso Sacerdote e Rei, após ascender ao Céu”.

A aplicação desta frase ao Messias nosso Senhor, evidentemente é múltipla, e bem pode re­ferir—se a vários eventos distintos na vida de Cristo. Observemos os seguintes:

1) Aplicação a Sua Encarnação: ‘Tu és Meu Filho, Eu hoje Te gerei. Heb. 1:5.

Isto está intimamente relacionado como verso que segue: “Ao introduzir o Primogênito no mundo”. Heb. 1:6. Este verso sugere que se re­fere à encarnação.

Estas duas passagens, estão aí tão relacionadas, que não deixam margem a dúvidas quanto à intenção do escritor da Epístola aos Hebreus. A aplicação dos primeiros versos deste capitulo à encarnação, também é salientada pelos escritos do Espírito de Profecia. Ver Testimonies, Vol. 2, pág. 426.

2) Aplicação a Seu Batismo: Atos 13:33. Alguns estudiosos sugerem que a expressão é aplicada ao batismo de Cristo como o faz a Bíblia de Jerusalém, em nota ao pé da página sobre Lucas 3:22. É verdade que em S.Lucas 3:22 a voz do Céu que proclamou a filiação divina do Mes­sias, disse: ‘Tu és o Meu Filho amado, em Ti me comprazo’ . Mas na Revised Standard Version, inglesa, conquanto esta expressão apareça no texto, a nota ao pé da página dá outra tradução:
‘Eu hoje Te gerei’, a mesma forma que aparece no Salmo 2:7.

Evidentemente, há boas razões para esta no­ta na R.S.V., pois aquela expressão se encontra num dos manuscritos gregos, o Codex Bezae, e é citada por Justino Mártir....

3) Aplicação a Sua Ressurreição: Esta é a idéia mais generalizada. A ressurreição ocupa um lugar relevante na mente dos escritores do Novo Testamento, pois a referência no Salmo 2:7 constituía para eles vigorosa profecia da res­surreição de Cristo. Pode-se ver isto no discur­so de Paulo, relatado em Atos 13, onde lemos:
‘Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais, como Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: ‘Tu és Meu Filho, Eu hoje Te gerei’.

E novamente em Rom. 1:3 e 4: ‘Com respeito a Seu Filho, o qual, segundo a carne, veio     da descendência de Davi, e foi poderosamente demonstrado Filho de Deus, segundo o espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos

A confirmação do Espírito de Profecia a es­ta aplicação e vista em Atos dos Apóstolos, página 172 e em O Desejado de Todas as Nações (3a. ed.), págs. 580 e 581.

4) Aplicação a Sua Investidura: É evidente que nosso Senhor foi “exaltado” (Atos 2:33) quando ascendeu ao Céu, após Sua gloriosa ressur­reição; ‘Deus o exaltou sobremaneira (Fil. 2:9); foi exaltado ‘acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro’ (Ef. 1:21); com efeito, foi ‘coroado de glória e de honra’ (Heb. 2:9).

Isto também é salientado por Ellen G. White no livro o Desejado de Todas as Nações, pág.62l.

‘Com inexpremível alegria, governadores, prin­cipados e potestades reconhecem a supremacia do Príncipe da Vida. A hoste dos anjos prostra-se perante Ele, ao passo que enche todas as Cortes celestiais a alegre aclamação: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra e glória, e ações de graças’... O céu ressoa com altisso­nantes vozes que proclamam: Ao que está assen­tado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder pa­ra todo o sempre’.
Há, porém, outro aspecto de Sua Investidura que faremos bem em recordar. Isto inclui o tor­nar-se Ele sumo Sacerdote bem como nosso Rei. Lemos:

‘Cristo a Si mesmo não se glorificou para se tornar sumo Sacerdote, mas Aquele que Lhe disse:
Tu és Meu Filho, Eu hoje Te gerei; como em ou­tro lugar também diz: Tu és Sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque’ . Heb. 5:
5 e 6.

Esta aplicação do Salmo 2:7, mencionada acima, é uma clara referência a Seu sacerdócio.

Citação de Ellen G. White:

‘A ascensão de Cristo ao Céu foi, para Seus seguidores, um sinal de que estavam para rece­ber a bênção prometida. Por ela deviam esperar antes de iniciarem a obra que lhes fora ordena­da. Ao transpor as portas celestiais, foi Jesus entronizado em meio a adoração dos anjos. Tão logo foi esta cerimônia concluída, o Espírito Santo desceu em ricas torrentes sobre os discípulos, e Cristo foi de fato glorificado com aquela glória que tinha com o Pai desde toda a eternidade. O derramamento pentecostal foi uma comunicação do céu de que a confirmação do Redentor havia sido feita. De conformidade com Sua promessa, Jesus enviara do Céu o Espírito Santo sobre seus seguidores, em sinal de que Ele, co­mo Sacerdote e Rei, recebera todo o poder no Céu e na Terra, tornando-se o Ungido sobre Seu po­vo’. Atos dos Apóstolos, págs. 38 e 39.

The Book of Psalms , vol. 1 de J.J. Stewart Perowne, página 117 diz: “São Paulo nos ensina que devemos ver o cumprimento destas palavras na ressurreição de Cristo dentre os mortos. Foi por meio disso que Ele foi declarado ser, em um sentido distinto e peculiar o Filho de Deus.

F.F.Bruce em Comentary on The Epistle to the Hebrews, ao estudar os versos de Heb. 1:5 e 5:5 nos diz que eles se referem à divina aclamação de Cristo como nosso Sumo Sacerdote.

As seguintes idéias colhidas em algum lugar ampliarão nossa compreensão sobre a afirmativa de Davi no Salmo 2:7 : Pelo contexto vemos que se refere à coroação de Cristo como Sumo Sacerdote e não ao nascimento físico. Heb. 5:1-10.

Quando no antigo Israel o rei era coroado naquele dia ele não nascia físicamente, o que seria um absurdo, mas nascia para um novo concerto com Deus, novos privilégios e responsabi­lidades. Tu és meu Filho, Eu hoje te gerei, Eu te ponho hoje a capacidade de dominar, governar.

Em Heb. 1:5 esta expressão se refere à en­tronização ou coroação de Cristo depois de sua ressurreição.

A coroação de Cristo se deu por ocasião de sua ascensão, quando Ele foi recebido pelo Pai e seu sacrifício foi aceito, conforme declaração de Ellen G.White em D.T.N.

Um dos resultados da coroação de Cristo foi o derramamento do Espírito Santo no dia de Pente­costes como nos afirma E.G.White no livro Atos dos Apóstolos, cujo trecho foi citado ante­riormente.

Estudando a teologia paulina concluiremos que em nenhum aspecto ela se contradiz. Se o mesmo Paulo em várias de suas Epístolas enfatiza que Cristo é Deus  como poderia mais adiante declarar ser Cristo um ser gerado, uma criatura.
Paulo está aqui usando uma passagem do V.T. dando-lhe porém um novo colorido, uma nova aplicação.

Estudando atentamente o contexto do Salmo 2 compreenderemos em que sentido o salmista está empregando a declaração do verso 7, passagem utilizada por Paulo não para descrever uma geração física, natural, mas simbólica e espiritual. Nos versos anteriores, Paulo mostra as qualificações de Cristo como rei, e neste texto reporta-se à experiência mais destacada na vida terrestre de Cristo, a sua ressurreição, pois se esta não fosse na realidade, as nossas esperan­ças seriam vãs.

Após a ressurreição, Cristo foi ao Pai para receber a certeza da aceitação do Seu sacrifício e ser ungido por Deus, como Rei e Senhor dos Senhores no grande evento da redenção. Cristo foi ungido o nosso sumo sacerdote, foi gerado por Deus na economia divina para ser o nosso ad­vogado, sumo sacerdote e grande rei.

No livro A Symposium on Biblical Hermeneu­tics (Um Simpósio Sobre Interpretações Bíbli­cas) o capítulo —   Princípios de Interpretação Bíblica de Gerhard F. Hasel, página 190, assim comenta esta expressão:

“O pleno significado e o sentido mais pro­fundo duma passagem da Escritura segue geral­mente a característica da homogeneidade. O escritor de Hebreus cita a frase, “Tu ás Meu Fi­lho, Eu hoje Te gerei (Heb. 1:5). Embora estas palavras do Sal. 2:7 tivessem sido usadas nas cerimônias de entronização dos reis de Judá da dinastia davídica (confira II Sam. 7:14), elas se referem especialmente ao Rei ideal futuro que pode ser visto mais claramente quando nos baseamos nos escritos da Carta aos Hebreus. O pleno significado messiânico e o sentido mais profundo desta passagem foram desvendados por revelações inspiradas posteriores. Novamente temos aqui uma homogeneidade entre as palavras do sal­mista e o seu cumprimento em Jesus Cristo. Embora não tenha havido, nunca, um tempo em que o Pai não pudesse dizer para Jesus, “Tu és Meu Filho”, veio o dia, isto á, o “hoje” do Sal. 2: 7 quando, pela ressurreição na humanidade glorificada, Jesus Cristo foi gerado para um status que nunca tivera antes (Atos 13:33; Rom. 8:29)’.

Os comentaristas nos informam que não deve­mos fazer a separação da ressurreição, ascensão e a coroação porque fazem parte do mesmo evento.


CONCLUSÃO


A frase - Tu ás meu Filho, hoje Te gerei, do Sal. 2:7 refere-se a coroação de Davi como rei de Israel e aplicada a Cristo em Atos 13:33 e Heb. 1:5; 5:5 tanto pode referir-se à encarnação, batismo, ressurreição como ao ser entroni­zado como nosso Sumo Sacerdote e Rei como foi visto.

Deus está dizendo a Davi: “Assim como eu sou Deus e tenho o direito de reinar, a partir de hoje tu ás o meu Filho, pois permiti que reinasses também”.

A conclusão inelutável a que se chega da afirmativa do Sal. 2:7 é que Davi está falando da relação que existe entre o rei terrestre e Cristo como rei celeste, quando eles são entroniza­dos e jamais do nascimento físico. Hebreus 1: 5 não á uma citação literal, mas uma expressão figurada, referindo—se também a exaltação de Cristo.
Todos os comentaristas provam que não há referências ao nascimento físico, a um começo no tempo, mas à coroação, ou em outras palavras, ao momento preciso, exato de sua exaltação.

Deve-se ter ainda em mente que a carta aos Hebreus á dirigida ao povo judeu para quem esta expressão “Tu ás meu Filho —     hoje Te gerei”, era fácil de ser compreendida por ser familiar a eles.


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