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domingo, 10 de agosto de 2014

ENTREVISTAS - VESTÍGIOS DE DEUS


Vestígios de Deus

Pesquisas arqueológicas mostram que a Bíblia é historicamente confiável


Graças à arqueologia mo­derna, hoje conhecemos muito mais sobre como era viver, adorar e comu­nicar-se nos tempos antigos do que conhecíamos há alguns anos. Essa ciência ajuda, também, a confirmar informações contidas na Bíblia, ates­tando sua veracidade histórica. Para falar sobre o tema, Sinais entrevistou o Dr. Rodrigo Pereira da Silva.
Rodrigo nasceu em Belo Horizonte, MG, no ano de 1970. É bacharel em Teologia, licenciado em Filosofia e mestre em Teologia, pelo Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus. Especializado em Arqueologia pela Universidade Hebraica de Jerusa­lém, participou de escavações em Ce­saréia Marítima e Shar Há Golan. Em 2001 completou seu doutorado em Teologia do Novo Testamento pela Pontifícia Faculdade Católica de Teo­logia N. S. Assunção, em São Paulo.
Foi professor de História e Ensino Religioso no Instituto Adventista de Ensino do Nordeste, na Bahia, e atualmente leciona Ética, Filosofia e Antropologia no Centro Universitário Adventista, no interior de São Paulo.
E autor dos livros Um Desconhecido Galileu, Eles Criam em Deus, A Eterni­dade Começa Aqui e Abrindo o Jogo.

Sinais: Qual a importância da arqueolo­gia para o conhecimento da Bíblia?
Dr. Rodrigo: Evidentemente é impossível provar a existência de Deus atra­vés da pesquisa arqueológica. O papel dela se limita à verificação da autenti­cidade de fatos narrados na Bíblia. Isso contribui com a expectativa de que, se a história descrita é real, a mensagem religiosa que a permeia também o será. Por outro lado, se a arqueologia apresentasse elementos que desmentissem o relato escrito pe­los profetas, então automaticamente estaria posta em duvida a confiabili­dade da doutrina transmitida.
Wayne Jackson, em seu livro Bibli­cal Studies in the Light oJ Archeology, sistematizou em cinco pontos as con­tribuições da arqueologia para o en­tendimento e a confirmação da narra­tiva bíblica. Segundo ele, a arqueolo­gia tem (1) ajudado na identificação dos lugares e no estabelecimento de datas; (2) contribuído para o melhor conhecimento de costumes antigos e idiomas obscuros; (3) trazido luz sô­bre o significado de numerosas pala­vras bíblicas; (4) aumentado nosso entendimento sobre certos pontos doutrinários do Novo Testamento; e      (5) silenciado progressivamente cer­tos críticos que não aceitam a inspira­ção da Palavra de Deus.

Sinais: Por que é tão importante confir­mar a historicidade de Gênesis?
Dr. Rodrigo: O Génesis é a mola mestra de toda a cosmovisão do cristianis­mo, bem corno do judaísmo e do isla­mismo, religiões que, juntas, perfa­zem quase a metade da população mundial. Falando especificamente da teologia cristã, especialistas em Novo Testamento dizem que a doutrina de
Cristo está edificada sobre a revelação do Antigo Testamento, que, por sua vez, repousa inteiramente sobre o re­lato de Génesis. Se a história do Eden não aconteceu de fato, então a huma­nidade não cometeu o chamado “pe­cado original” e não havia do que ser salva. Ou seja, a crença na morte ex­piatória de Cristo perde completa­mente seu significado.
A pergunta, portanto, que a Teo­logia dirige ao arqueólogo é: podem as escavações contribuir de alguma forma para a confirmação e a aceita­ção do relato bíblico? A resposta é“sim”, embora seja reconhecido que ainda não foram descobertos nem 20% do grande tesouro arqueológi­co que permanece oculto sob o solo de cidades como Cairo, Jerusalém, Teerã e Bagdá.

Sinais: É curioso perceber como a Bíblia é tão criticada, enquanto outros docu­mentos antigos, talvez nem tão confia­veis,  são aceitos facilmente.
  Dr. Rodrigo: Realmente. Desde o surgi­mento do método científico e a con­seqüente mudança nos modos de compreensão racional, muitos ques­tionamentos têm sido levantados quanto à validade histórica da narrativa bíblica. Especialmente durante o Iluminismo alemão (século 18), a força maior do método crítico histó­rico pesava sobre a falta de evidências fora da Bíblia que validassem a histó­ria descrita por ela.
Uma vez que a Bíblia é um livro religioso, assim argumentavam mui­tos pensadores, não faz nenhum sen­tido tomá-la ao pé da letra, reputan­do seu texto como genuína fonte de acontecimentos reais. Mas esse prin­cípio de avaliação crítica não foi em­pregado com o mesmo rigor sobre outros tipos de documentos antigos, embora vários deles também se pau­tassem por um background religioso. Heinrich Schliemann não pôde pro­var que Heitor e Páris de fato estive­ram na cidade de Tróia, mas suas ale­gações não foram tão criticadas quanto a teoria de Leonard Wooley, ao afirmar que o nome Abraão, en­contrado nas ruínas de Ur, pudesse ser uma referência ao patriarca bíbli­co. Embora não seja possível confir­mar cada incidente descrito na Bíblia, é possível afirmar que os acha­dos arqueológicos têm, desde o sécu­lo 18, contribuído grandemente para a confirmação da história narrada pe­los escritores canônicos.

Sinais: Até 1893, muitos eruditos não acreditavam que Moisés pudesse de fato ter escrito os livros do Pentateu­co. Por quê?
Dr. Rodrigo: A razão era muito simples. Segundo o pensamento dos historia­dores da época, não havia no tempo de Moisés uma organização formal de escrita alfabética que o possibilitasse escrever esses textos. A escrita alfabé­tica e gramatical teria surgido por volta do século 8 a.C., o que impossi­bilitaria Moisés de ser o verdadeiro autor de Gênesis. Mas a descoberta de vastas bibliotecas pré-abraãmicas em Ereque, Lagash, Ur, Kish, Babilô­nia e outras cidades demonstra que já pelo terceiro milênio antes de Cristo os sistemas gráficos (tanto pictogrâ­micos quanto cuneiformes) estavam  em uso corrente, produzindo Livros e anais que ecoam muito mais de perto a história bíblica do que os documen­tos tardios, datados de 600 a.C.

Sinais: E foi providencial o fato de Moi­sés ter escolhido uma escrita alfabéti­ca para redigir o Pentateuco, ao invés dos complicadíssimos hieróglifos egípcios, que só foram decifrados mui­tos séculos depois.
Dr. Rodrigo: Exatamente. Se não fosse as­sim, talvez tivéssemos que esperar ate o século 19 para ter a oportunidade de ler os livros que Moisés escreveu. Afi­nal, foi apenas depois que Champol­lion conseguiu decifrar a Pedra de Ro­seta que os especialistas se viram capa­citados a ler inscrições hieroglíficas. Além do mais, a escrita ideogrâmica, especialmente a pictográfica, era bas­tante inspirada na mitologia pagã, que era recheada de sabor idolátrico.  Se Moisés usasse aquela forma de escre­ver, incorreria no risco de que alguns se inclinassem a adorar o texto, ao in­vés do Deus que ali Se revela.

Sinais: Além da Bíblia, existem outros documentos que mencionam o dilúvio?
 Dr. Rodrigo:  Já foram encontradas e de­cifradas mais de 40 versões antigas so­bre o Dilúvio, que datam de até 2100 a.C. Gravadas em antigos códigos ain­da preservados, essas versões contêm extraordinárias semelhanças com o texto de Gênesis. A mais famosa delas é o Épico de Gilgamesh, encontrado na
biblioteca de Nínive e que hoje per­tence ao acervo do Museu Britânico de Londres. Segundo especialistas, se somarmos as tradições orais e escritas que encontramos ao redor do mundo, fora as do Oriente Próximo, chega a mais de 100 o número de versões e re­latos a respeito de um dilúvio univer­sal que cobriu toda a Terra, Isso de­monstra que Moisés não foi o criador da história diluviana, mas apenas o transmissor de um antigo fato que an­tecedeu o seu próprio tempo.

 Sinais: E sobre o relato da criação?
Dr. Rodrigo: Importantes documentos como o Enuma Elish, o Épico de Atra­hasis e o Épico de Gilgamesh possuem fortes paralelos com a descrição bíbli­ca da criação do mundo, a queda do ser humano e a vinda de um dilúvio sobre a Terra. Por causa dessas sjmila­ridades, alguns historiadores têm su­gerido que o relato bíblico não passa de um plágio de documentos mais an­tigos. Entretanto, as diferenças (que são muito mais significativas que as similaridades) fazem supor não uma cópia de material, mas antes uma refe­rência múltipla aos mesmos eventos. No antigo Oriente Próximo, a regra é que relatos e tradições podem surgir (por acréscimo ou embelezamento) na elaboração de lendas, mas não o contrário. No antigo Oriente, as len­das não eram simplificadas para se tornar pseudo-história, como tem sido sugerido para o Gênesis.
Ariel Roth analisou cerca de 300 mitos da criação encontrados entre tri­bos indígenas norte-americanas e con­cluiu que, a despeito de certa variação de costumes e outros fatores culturais, os mais variados grupos se encontra­vam em alguns temas principais. Por que essas similaridades de idéias míti­cas e imagens abundam em culturas tão distantes umas das outras? A res­posta, creio, não poderia ser outra se­não a de que todas as tradições se en­contram num mesmo evento real que ocorreu em algum ponto da história antiga. Esse evento tem que ver com uma criação divina do planeta Terra e uma conseguinte queda moral da hu­manidade, que então se coloca á espe­ra da redenção prometida.

Sinais: Mas as “coincidências” não se restringem ao Oriente Próximo e às tra­dições indígenas norte-americanas...
Dr. Rodrigo: De fato. O estudioso Merryl Unger conclui que essas não  são tradições peculiares aos povos
e religiões semitas que se desenvol­veram a partir de características co­muns, mas sim tradições comuns a todas as nações civilizadas da anti­guidade. “Seus elementos coinci­dentes apontam o tempo em que a raça humana ocupou o mesmo es­paço e praticou a mesma fé”, diz ele. “Suas semelhanças se devem a uma mesma herança, onde cada povo manteve, de geração em geração, os históricos orais e escritos da história primeva da raça humana.” O Gênesis, portanto, se torna o ele­mento de convergência literária dessas semelhanças e esboça a for­ma original dessas tradições hoje espalhadas pelo mundo.

Sinais: Alguns podem supor que o relato bíblico apenas ecoou uma coleção de lendas primitivas.
Dr. Rodrigo: Isso é bastante improvável. Primeiro pela própria universalidade que vemos em relação a esses relatos. O fato de se acharem presentes em culturas tão diversas e distanciadas pelo tempo e pela geografia aponta mais para a transmissão de um anti­go acontecimento do que para a in­terdependência de mitos. Em segun­do lugar, seria bastante estranho (do ponto de vista da interdependência histórica) se a Bíblia apenas ecoasse outros mitos, quando a mola mestra de sua teologia é o monoteísmo, que se choca frontalmente com a lingua­gem e a cosmovisão politeísta encon­trada nos demais textos.

Sinais: Como suas pesquisas têm in­fluênciado sua fé no Deus Criador do  Universo?
Dr. Rodrigo: Louvo a Deus pelo dom da fé que Ele concede aos seres humanos. Estou também certo de que sem fé é impossível agrada-Lo. Contudo, cada dia que passa, minhas pesquisas reve­lam que essa fé não está solta num mundo virtual de imaginações religio­sas, sem nenhum contato com a reali­dade humana. Em outras palavras, há tantas evidências empíricas em relação ao relato bíblico da criação, que acho pertinente o binômio “fé racional”. Há bastante lógica na fé, e Deus é uma hi­pótese muito mais do que “razoável”. Ele é real e, no momento em que oro, quase dá para tocá-Lo.
Quando participo de uma escavação arqueológica ou estudo docu­mentos antigos deixados pela huma­nidade, o que mais vejo são os rastros históricos de um Deus que caminhou entre nós. É como se o passado me dissesse: “Deus passou por aqui!”

              Descobertas Fantásticas



As últimas décadas de pesquisas ar­queológicas proporcionaram descobertas maravilhosas, especialmente no que se re­fere ao período que antecedeu o tempo do rei Davi (por volta de 1000 a.C.).
As escavações do Projeto da Planície de Madaba  em TaIl a-’Umayri, na região central da Jordânia (provavelmente Abel­ Queramim, mencionado em Juizes 11:33) revelaram uma casa surpreendentemente bem conservada do tempo dos juizes, por volta de 1200 a.C., quando pessoas como Eúde, Débora, Gideão, Jefté e Sansão peregrinaram pela Terra.
Os arqueólogos encontraram várias inscrições extraordinárias diretamente relacionadas com personagens bíblicos. Há cerca de 35 a 40 personagens bíblicos re­presentados nessas inscrições datadas de 1200 a 300 a.C., entre eles, quatro menci­onados em um único capitulo da Bíblia - Jeremias 36. A maioria dos Israelitas cujos nomes aparecem nas inscrições não constam ali porque fizeram algo extraor­dinário ou por qualquer honra conquista­da, mas porque perderam algo geralmente uma guerra.
Durante dois verões da década de 1900, foram encontrados pedaços da uma pedra com inscrições em Tel Dã, na região norte de Israel, uma cidade mencionada inúmeras vezes na Bíblia. Em uma das li­nhas, lê-se “o rei de Israel” (sem mencio­nar o nome), e na linha seguinte “o rei da casa de Davi”. Embora a Inscrição não se refira ao próprio Davi, pelo menos men­ciona um rei da sua linhagem. Essa é primeira evidência verdadeira encontrada fora da Bíblia acerca da sua existência. In­felizmente, os reis de Israel e da casa de Davi são mencionados simplesmente por­que perderam uma batalha contra o rei da Síria, o qual erigiu a pedra.
O    nome de Davi aparece também na Pedra Moabita, aproximadamente do mesmo período, mas novamente porque um de seus descendentes perdeu uma ba­talha contra os moabltas. Acontece o mes­mo no caso da primeira menção de Israel, fora da Bíblia. A palavra Israel, referindo-se ao povo, aparece na Pedra Merneptah, do Egito (de aproximadamente 1200 a.C.), mas somente porque o faraó Mer­neptah reivindica ter destroçado Israel.

Fonte: Douglas  R. Clark, “Digging for
Answers”, Signs of the Times,  março de 2002


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