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domingo, 10 de agosto de 2014

ENTREVISTAS - CENÁRIO APOCALÍTICO


Cenário Apocalíptico


Especialista em assuntos do fim analisa a situação atual e a crise futura prevista na Bíblia


Dr. Jon Paulien


Após o terror de 11 de setem­bro, cientistas políticos, eco­nomistas, historiadores e so­ciólogos foram convidados a pintar o novo cenário mundial. Mas, em Certo sentido, os teólogos podem entender mais do futuro do que os ana­listas seculares. E nesse contexto que Sinais decidiu ouvir a opinião do Dr. Jon Paulien, um equilibrado estudioso das profecias bíblicas e da sociedade.
Especialista na literatura de João, o Dr. Paulien é professor de Interpretação do Novo Testamento na Andrews University em Berrien Springs, Michigan. Ele é autor de vários livros, incluindo What the Bible Says About the End-Time (O que a Bíblia diz sobre o tempo do fim), e de mais de cem artigos acadêmicos e populares. Ao mesmo tempo em que apresenta estudos acadêmicos em instituições como a So­ciety of Biblical Literature, ele diz ter um prazer especial em dirigir seminários e dar palestras para não-especialistas que possam fazer uso pratico do material no mundo real. A entrevista:

Sinais: Como o senhor o impacto dos atentados de 11 de setembro na psiquê americana?
Dr.Paulien:Tendo crescido em Nova York, posso testemunhar que aqueles prédios grandiosos, com um design monumental e assombroso, transmitiam uma mensa­gem de invulnerabilidade, poder, beleza e grandeza humana. Ser rico e viver em Manhattan é poder ter um Céu na Terra. Você pode fazer o que deseja e desfrutar
o que aprecia. Levar o evangelho a al­guém nessas condições nunca foi o pon­to forte do adventismo ou do cristianis­mo em geral. Os atentados destruiram tudo isso. Os nova-iorquinos de repente se tornaram conscientes de sua fragilida­de. Eles se abriram à abordagem espiri­tual e à comunidade, ao ponto de cum­primentar estranhos na rua!

Sinais: Esses eventos representam uma mudança real na política e na psicolo­gia americanas?
Dr. Paulien:  A curto prazo, sim. Mas du­vido que, a longo prazo, eles terão al­gum significado ou importância maior do que Pearl Harbor teve, a menos que eventos similares voltassem a ocorrer.

Sinais: Qual é a implicação dos atenta­dos, se é que existe alguma, para o ce­nário bíblico do fim?
Dr.Paulien: Há um elemento significativo. Pelo que entendo do Apocalipse, os eventos finais da história da Terra envol­verão uma confederação política e reli­giosa mundial buscando lidar com uma memoria espiritual mundial vista como uma ameaça à paz e à segurança da or­dem mundial. Embora as circunstâncias no cenário bíblico sejam diferentes, há um estranho numero de coincidências com a situação atual. Por um lado, pela primeira vez, as grandes religiões e to­dos os governos estão trabalhando jun­tos para preservar a lei e a ordem. Em segundo lugar, o objeto de sua atenção é um corpo de “fé” internacional frou­xamente organizado. Isso quase parece um balão-de-ensaio da crise final.

Sinais:  Acontecimentos como os de 11 de setembro tem o poder de aumentar o in­teresse e a especulação sobre o fim. É preferível a indiferença sobre o fim, ou o interesse estimulado por idéias erradas?
Dr. Paulien: Indiferença e entusiasmo mal orientado são os dois lados da mesma moeda. Nenhum dos dois é saudável. Mas, em minha experiên­cia, o interesse despertado pelos aten­tados tem sido positivo.

Sinais:  Os americanos parecem ter um fas­cínio por ideias apocalípticas e milenaris­tas. Isso é uma exclusividade americana?
Dr. Paulien:  Esse fenômeno pode ter raí­zes no fato de que os Estados Unidos foram fundados por indivíduos que criam nas profecias bíblicas. Eles achavam que a formação da nação era de alguma maneira parte do plano de Deus. Como escrevi num artigo re­cente, penso que não foi por acaso que a Igreja Adventista surgiu no solo americano. Talvez Deus tenha visto que aqui era o berço ideal para susci­tar o tipo de movimento que Ele tem em mente para proclamar o evange­lho eterno no contexto da crise final.

Sinais: Como o Apocalipse, com seu sim­bolismo de dragões e monstros, pode fa­zer sentido para as pessoas do século 21?
Dr.Paulien: O simbolismo do Apocalipse tem despertado bastante interesse no mundo de hoje, o que é demonstrado por filmes como O Externinador 1 e 2, Ma­tríx, Armaggedon e outros. Eu diria que a analogia atual mais próxima do livro do Apocalipse é o desenho O Rei Leão. Assim como o Apocalipse, trata-se de uma his­tória sobre animais que na verdade não tem nada a ver com animais; é uma alegoria apocalíptica sobre pessoas, nações e relacionamentos humanos.

Sinais: Na condição de especialista em fim dos tempos, que cenário o senhor visualiza para o fim?
Dr. Paulien: Com base no Apocalipse, imagino as forças do mal envolvidas no grande engano final, criando uma falsa trindade e mesmo imitando a segunda vinda de Jesus. Ao mesmo tempo, visualizo Deus propagando poderosa­mente o evangelho pelo mundo, O re­sultado são três confederações mun­diais. Uma é a confederação dos San­tos, um corpo mais ou menos organi­zado de crentes fiéis a Deus. A segunda é uma confederação religiosa que fará oposição a esse primeiro grupo de crentes e ao trabalho de Deus. A tercei­ra é uma confederação de poderes po­líticos seculares que apoiará a confede­ração religiosa, na tentativa de destruir os verdadeiros crentes. No fim, as con­federações política e religiosa se vol­tam uma contra a outra, e Cristo as destrói em Sua segunda vinda.

Sinais: Esse cenário inclui guerra, desas­tres naturais, um poder ditatorial...
Dr. Paulien: A batalha final será algo mais parecido com uma ação policial do que com uma grande guerra en­volvendo aviões, tanques e artilharia pesada. No Novo Testamento, a ima­gem da guerra é usada para descrever realidades espirituais. A linguagem do Apocalipse, especialmente no ca­pitulo 16, parece incluir a possibili­dade de desastres.

Sinais: Onde os Estados Unidos se encai­xam nesse cenário?
Dr. Paulien: Em grande parte, isso ainda está para ser visto. Devemos ser cuida­dosos ao aplicar a profecia a eventos futuros. Os fariseus em parte rejeita­ram Jesus porque Ele não Se encaixa­va em seu cenário do fim. Não quere­mos cair no mesmo erro. Mas, se inter­preto corretamente, os Estados Unidos parecem se encaixar melhor na descri­ção da besta terrestre de Apocalipse 13:11-18, a qual organiza os poderes
políticos e religiosos mundiais em oposição ao verdadeiro povo de Deus.

Sinais:            um papel específico para o Islã no quebra-cabeça profético?
Dr. Paulien:  Não estou convencido de que o Islã, em si mesmo, tenha um pa­pel especifico. Se o Islã vai participar da confederação religiosa ou da confe­deração política (ou de ambas), só o tempo dirá. O Islã certamente forma a mais formidável barreira para a unidade religiosa mundial no momento.

Sinais:       O senhor escreveu um artigo so­bre o “armagedom” para o renomado Anchor Bible Dictionary. Qual é o sig­nificado dessa palavra que está sendo usada até por Hollywood?
Dr.Paulien:  Armagedom (na verdade, Har-­Magedon) é uma forma grega para uma expressão hebraica que significa “mon­tanha de Megido”. Considerando que não existe tal montanha, devemos per­guntar se a referência é simbólica. Mui­tos eruditos defendem que a antiga cida­de de Megido estava situada à margem de um amplo vale próximo ao Monte Carmelo. Do Megido, dava para ver o lu­gar onde o profeta Elias trouxe fogo do céu para definir quem era o verdadeiro Deus: Yahweh ou Baal. O Apocalipse prevê um tira-teima similar, definido por fogo vindo do céu (Apoc. 13:13 e 14), entre duas trindades e dois evangelhos. Porém, neste caso, o fogo cai no altar er­rado, Isso significa que somente aqueles que confiarem nos claros ensinos da Bíblia serão capazes de perceber a realida­de e resistir ao grande engano que ocor­rerá no “Monte Carmelo” do fim.

Sinais: Então, a adoração terá um papel de destaque na crise final...
Dr. Paulien: A adoração é claramente a questão central nessa crise futura. Em Apocalipse 13 e 14, há sete menções á besta ou à sua imagem como objeto de adoração. Num ponto crucial da pas­sagem (Apoc. 14:7), aparece o convite para adorar o verdadeiro Deus.

Sinais:       Existe algum sinal de que Cristo possa vir logo (“logo”, neste caso, quer dizer alguns anos ou décadas), se esta é uma pergunta politicamente correta para se fazer a um erudito que tem combatido a especulação sobre o fim?
 Dr. Paulien: Não vejo nenhuma indica­ção clara que nos leve a ver os sinais do fim como iminentes. Não devemos tentar ser mais específicos do que a Bíblia é. Por outro lado, precisamos ter em mente que os eventos finais se­rão rápidos, quando aparecerem.

Sinais: Há paralelos sociais, culturais e espirituais entre o tempo da primeira vinda e o tempo da segunda vinda?
Dr. Paulien:  Em ambos os casos, um cres­cente nacionalismo/tribalismo é con­trabalançado pela tendência a uma lín­gua comum (no passado, o grego; hoje, o inglês) e a uma realidade política e fi­losófica comum (no passado, o hele­nismo e a hegemonia romana; hoje, o secularismo, o pós-modernismo basea­do na Internet e a hegemonia america­na). Esses paralelos sugerem que os acontecimentos recentes podem desempenhar algum papel no preparo do mundo para a segunda vinda.

Sinais: A idéa do “rapto secreto” entrou para o imaginário evangélico graças a livros e filmes como o fenômeno Left Behind, mas esse conceito não é bíbli­co, certo?
Dr. Paulien: Em nenhum lugar a Bíblia fala de duas vindas separadas de Je­sus. A exceção é 2a. Tessalonicenses 2:8 e 9, mas, nesse caso, uma “vinda” é claramente contrafação. Creio que essa perspectiva especulativa sobre arrebatamento pode ter um papel no engano final.

Sinais: Qual é o melhor maneira de pen­sar a respeito do fim sem perder a cabe­ça?
Dr. Paulien: O foco tem de ser o relacio­namento com Jesus. Se a sua expectati­va sobre o fim for baseada na observa­ção dos eventos, você se cansará. Mas, se for baseada num relacionamento de amor com Jesus, então a demora irá apenas intensificar o seu desejo de en­contrá-Lo face a face.


Sinais dos Tempos     Janeiro-Fevereiro/2002

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