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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

DENOMINAÇÃO PARA O DOMINGO NO NOVO TESTAMENTO GREGO


DENOMINAÇÃO PARA O DOMINGO NO
NOVO TESTAMENTO GREGO


Afirmam alguns estudiosos que ele é denominado o “Pri­meiro dos Sábados”, ou o “Principal dos Sábados” de acordo com o original grego.

Se atentarmos para o grego e o modo dos judeus denomi­narem os dias da semana, veremos que tais afirmações são in­sustentáveis.

A expressão “primeiro dia da semana” é usada oito vezes no Novo Testamento e foi traduzida da frase grega  uia twn sabbawn

abbatwn  —    miá ton sabbáton ou de outras com pequenas va­riações e em Marcos 16: 9 de prwth sabbaton  —    prote sabbatu.

A expressão mais geral, para o primeiro dia da semana, é formada em grego de dois elementos:

1o.) A palavra miá, numeral grego, na sua forma feminina.

2o.) Da palavra grega sábbaton, nome neutro, que signifi­ca sábado.

Se a palavra miá é feminina, percebe-se logo, que não pode referir-se ao vocábulo “sábbaton” que é neutro. “Miá” sendo o numeral feminino precisa concordar com outra palavra feminina e esta é “hemera”, dia em grego, que está subentendida: levando-nos a concluir que a tradução correta e fiel da expres­são original grega deve ser: “O primeiro dia da semana.

Todos os conhecedores do grego concordam ser esta uma boa tradução, porque os dicionários gregos confirmam que a palavra “sabbaton” também significa semana. Isto é confirma­do pelos dicionários e por aqueles que nos dias dos apóstolos falavam o grego.

I.      The  Analytical Greek Lexicon*

Sábbaton propriamente cessaçâo do trabalho, descanso; o sábado judaico, usado tanto no singular como no plural —   Mat. 12: 2, 5, 8; Luc. 4:16; uma semana, singular e plural, Mat. 28:1; Marc. 16:9.

A Greek   —       English, Lexícon of the New Testament … Arndt and Gingrich.

a)     Verbete sábbaton —    o sétimo dia da semana no calen­dário judaico, marcado pelo descanso do trabalho e por especiais cerimônias religiosas.

b)     Semana   —      no singular  —     dis tou sabbáton, dois dias em uma semana   —     Luc. 18:12.
Prote sabbáton   —     no primeiro dia da semana (domin­go), Marc. 16: 9. No plural (he) miá (ton) sabbáton (isto é  —     hemera)  —    o primeiro dia da semana, Mat. 28: 1.

II.     O evangelista Lucas (18: 12) citando as palavras do fari­seu1 declara: Jejuo duas vezes na semana. Em grego está:

Nhsteuw diz tou sabbatou  —   nesteuo dis tu sábbatu; que numa tradução literal seria: Jejuo duas vezes no sába­do. Não há necessidade de muita acuidade mental, para concluir que o homem não poderia estar afirmando, que jejuava duas vezes durante um único sábado. Com facili­dade concluímos que ele queria dizer que jejuava duas ve­zes durante a semana, ou no período marcado por dois sá­bados sucessivos.

Os judeus designavam os dias da semana usando a expres­são “primeiro”, “segundo”, “terceiro”, etc. dos sábados, sub­entendendo-se evidentemente a palavra dia, que em grego é do gênero feminino. Em outras palavras, os judeus denominavam o domingo como o primeiro dia depois do sábado.

Este processo, encontrado no Novo Testamento, é com­provado com exemplos de escritores gregos e latinos dos pri­meiros séculos. Embora numerosos, os seguintes são suficien­tes para nosso esclarecimento:

a)     Didachê, ou Ensino dos Apóstolos (cerda de 150 A.D.) livro 5, capítulo 19.

b)     Constituição dos Santos Apóstolos (cerca de 390 A.D.).

c)     Sobre o Jejum (Tertuliano (cerca de 225 A.D.) capí­tulo 14.)

d)     Narração sobre o Salmo 80, de Agostinho (cerca de 420 A.D) parágrafo segundo.

Não apenas os textos neotestamentários usam a expressão   —        miá sabbáton, para o primeiro dia da semana, já que esta de nominação se conserva até hoje nas Igrejas da Síria e Etiópia.

Concluímos portanto que a expressão “miá sabbáton” foi corretamente traduzida para o português por primeiro dia da semana.

Em segundo lugar, não resta dúvida alguma, sobre o fato de que a Bíblia não faz menção especial de qualquer espécie, ao primeiro dia da semana como querem defender os guardadores do domingo.

O Dr. Aníbal Pereira Reis, em seu livro —    A Guarda do Sábado, págs. 140—141, com bastante sagacidade e astúcia ten­ta provar, através de sofismas baseados em Marcos 16: 2 e 9 que o domingo é o principal dia da semana.

Nestes dois versos temos a expressão: primeiro dia da se­mana, com a seguinte diferença em grego:

Marc. 16: 2 mia ton sabbatwn  —         mia ton sabbáton.

Marc. 16:9 —    prwth sabbatou  —          prote sabbátu

No grego no primeiro verso está o numeral cardinal e sá­bado no genitivo plural, enquanto no segundo se encontra o numeral ordinal e sábado no genitivo singular, ou duas expres­sões diferentes para expressar a mesma coisa. Os escritores gre­gos podiam tanto usar o numeral cardinal quanto o ordinal, na mesma acepção, como nos comprovam os exemplos de Marc. 16:2 e 9.

Pelo fato de primeiro, significar também principal, Dr. Aníbal defende que nesta passagem tem este significado, deduzin­do que a tradução correta de Marcos 16: 9 deve ser: “E tendo ressuscitado na manhã do Principal dia da semana”, para ele o domingo.

Que autoridades e passagens bíblicas ele cita para com­provar sua estranha conclusão? Evidentemente nenhuma, des­de que estas reflexões foram arquitetadas em suas lucubrações, mas não estão escudadas em princípios exegéticos e nas decla­rações das Santas Escrituras.

Concluir da expressão “primeiro dia da semana” o signi­ficado de principal dia da semana, interessado em defender pe­la Bíblia a valorização do domingo, com desprestígio do sába­do é muita ousadia no campo da exegese bíblica.

O que mais nos admira e se torna mais grave é que no pró­logo do seu livro declarou:

“Minha posição no tocante ao cumprimento do sábado está absoluta e inconcussamente enraizada na Bíblia, a Infalí­vel Palavra de Deus”.

E inacreditável chegar a tais desmandos diante desta afir­mação.

O professor de Teologia Moral no Instituto Filosófico Teológico de Petrópolis, Dr. Frei Antonio Mosser afirma, na página 477 da Revista Eclesiástica Brasileira: “O que Jesus fez não foi abolir o sábado. Nem podia fazê-lo, pois na compreen­são dos judeus o sábado foi instituído pelo próprio Deus, O que Jesus fez foi libertar os homens do jugo em que o sábado tinha sido transformado pelo empobrecimento da teologia ra­bínica. Ele liberta o homem da letra do sábado”.

Na página 485 o mesmo autor afirma:

“Está historicamente comprovado que o repouso domi­nical foi introduzido pelo Decreto de Constantino, em 321. O      Decreto dizia mais ou menos o seguinte:  “Que todos os juí­zes e habitantes das cidades descansem no venerável dia do sol”.

Eusébio, bispo de Cesaréia, contemporâneo de Constan­tino, o Grande, não tardou em declarar o seguinte:

“Tudo o que era de obrigação no dia de sábado, nós o trans­ferimos para o dia do Senhor, que é propriamente (o dia) mais nosso, como o mais elevado que é em categoria e mais digno de honra do que o sábado judaico”. Eusébio, De Vita Constan­tin, Livro III, cap. 33, pág. 413.

Note bem a sua declaração —    Nós.

Prova evidente e insofismável de que não havia nenhuma autoridade para tal mudança conferida por Cristo ou pelos após­tolos.

Apesar do decreto de Constantino, o sábado continuava a ser observado até que um golpe mais decisivo o veio a atingir.

A. D. Prynne em sua História dos Concílios, Vol. 1, pará­grafo 39 assim se expressa:

“O sábado do sétimo dia foi observado por Cristo, pelos apóstolos e pelos primeiros cristãos até que o Concilio de Lao­dicéia a certos respeitos como que aboliu a sua observância.”

“O Concilio de Laodicéia. em 364, resolveu em primeiro lugar a observância do dia do Senhor e em seguida proibiu sob anátema a observância do sábado judaico”.


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