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domingo, 10 de agosto de 2014

ARTIGOS SOBRE A TRINDADE - O ÚNICO FILHO DE DEUS


O ÚNICO FILHO DE DEUS

Dale Moody

Professor do Seminário Teológico Batista Meridional.
A tradução de João 3:16 é da Revised Standard Version.
Compilado do Livro “Cristologia”
 de Raul Dederen Professor da Universidade de Andrews.

Os leitores de João 3:16 da Revised Standard Version ficaram surpresos ou até chocados ao encontrar as palavras “Filho único” onde eles liam “unigênito filho ge­rado” na versão King James. Alguns têm declarado que os tradutores da Revised Standard Version estavam “procurando deixar de lado o nascimento virginal de Jesus” e ou­tros declararam que “é simplesmente outra tentativa de suavizar uma doutrina bíblica na qual eles não crêem -  a doutrina da divindade de Cristo”. Este artigo, escrito por alguém que acredita não somente na divindade preexistente de Cristo, mas também que Ele Se tornou carne pelo milagre do nascimento de uma virgem, tenta mostrar que os tradutores simplesmente corrigiram um erro repetido durante quinze séculos e ao fazerem esta correção conseguiram uma tradução que dá maior ênfase à unicidade e di­vindade de Jesus Cristo.

Poder-se-ia dizer, no entanto, que a remoção do termo “único gerado” foi efetuada não por interesse teo­lógico mas pelas evidentes exigências do estudo linguís­tico. A palavra traduzida como “unigênito” em João 3:16, é monogenês  de monos (um) e genos (espécie). Através do Greek-English Lexicon of the New Testament (1886) de Thayer, os estudantes aprenderam que monagenês significava “somente de uma espécie, único”, e que o termo indica ‘‘o único Filho de Deus” nos escritos de João pág. 417.

                   O  artigo de Ferdinand Kattenbusch no A Dictionary of Christ and the Gospels  (1908) defende a posição de J.H. Heinrich Schmídt, que prova que  “a palavra gignesthai  perdeu completamente, em seu uso comum, a primitiva conotação sexual da raiz gen” e que  monogenês  “é simplesmente uma forma mais completa de monos” (Vol. II, pág. 281). O depoimento do artigo de Kattenbusch e uma boa condensação dos fatos conhecidos na época em que seu esboço foi escrito. O Dictionary of the New  Testament deWalter Bauer (1920, 1928, 1937, 1941-52), cuja quarta edição está sendo traduzida para o Inglês, apóia as conclusões de Schmith e Kattenbusch. The Vocabulary of the Greek Testament  (1930) de Moulton e Milligan, acrescenta ilustrações dos papiros e de outras fontes não literárias que apoiam a conclusão de que monogenês significa “um de uma espécie”, ‘‘sozinho”, “único”, não “único ‘‘ que seria  monogennêtos (pág. 416 f.). A edição revisada de Liddel e Scott, A Greek-English Lexicon (1940), define  monogenês como o “único membro de uma linhagem ou espécie”, conse­qüêntemente, “único”, “sozinho’’, “um”, e a possibilidade de “único gerado’’ nem sequer é mencionada (Vol. II pág.1144). O artigo de Friedrich Buechsel, que aparece no Theological Dictionary of the New Testament, de Kittel, (1932-1974), monumental dicionário, é uma exposição clássica do significado teológico, bem como das fontes lingüísticas de monogenês (Vol. IV, págs. 745-750). No en­tanto, o estudo mais completo sobre monogenês  encontra-se na tese doutoral de Francis Marion Warden: Monogenês in the Johannine Literature  (1938). Este exaustivo estu­do, escrito sob a direção do recentemente falecido W. Hersey Davis, do Seminário Teológico Batista do Sul, de­monstra, acima de qualquer dúvida, que monogenês  signifi­ca “unícidade de ser, antes de qualquer forma notável de vir a ser, ou ainda  unicidade  resultante de alguma forma de originar-se” (pág. 35 f.). Infelizmente, essa nunca foi publicada, porem pode ser vista na Biblioteca do Seminário Teológico Batista do Sul, em Louisville, Kentuchy, e um resumo do autor pode ser lido na Review and Expositor (abril, 1953), publicado pela Faculdade do Seminário do Sul. Como, então, com todas essas evidências apoiando a RSV, a expressão  único gerado, introduziu-se na Bíblia em inglês e permaneceu nela por tanto tempo ?

                A Tradução de Um Termo           

Na catedral de Vercelli, Itália, está o mais notável dos antigos MSS latinos, Codex Vercellensis (a), supostamente escrito no ano 365 A.D., por Eusebius, Bispo de Vercelli .      Nesse documento, que contém os Evange­lhos com algumas omissões, a palavra monogenês  em  João 1:14, 18, 3:16, 18, é traduzida ao latim com o termo  unicos (único),  não unigenitos  (único gerado). A impor­tância dessa tradução do Evangelho de João, torna-se evidente ao destacar-se que Jerónimo (c.A.D. 347-420) che­gou a Roma, vindo de Constantinopla em 382 A.D. e, a pedido do papa Damasus, empenhou-se na revisão das antigas versões latinas das Escrituras. A revisão dos Evan­gelhos apareceu em 383 A.D. e, depois da morte do Papa Damasus em 384 A.D., Jerônimo foi à Palestina em 385 A.D. para completar sua revisão da versão que veio a se tornar a Bíblia oficial da Igreja Católica Romana, a Vulgata Latina. A  Vulgata de Jerônimo corrigiu  o  antigo unicus latino (único gerado).Um exame dos antigos MSS latinos, conforme registro de Wordsworth e White, em seu Novum Testamentum Latine, indica que Jerônimo fez as mudanças, juntamente com I João 4:9 e Hebreus 11:17, sem interesse pelo dogma eclesiástico. O estudo lingüístico não forçou a mudança, pois Jerônimo deixou unicos (úni­co) como a tradução de monogenês em Lucas 7:12 ; 8:12; 9:38,  onde não há envolvimento de qualquer questão teo­lógica.

Epifânio (c. 315—403 A.D), Bispo de Constança (Salamina) do Chipre, foi um violento oponente de qual­quer forma de heresia, particularmente daquelas que se referiam à pessoa de Cristo. No final de sua obra Anco­ratus (O Ancorado) em 374 A.D., escrita a pedido de va­rios presbíteros da Panfília, ele apresenta duas doutrinas como um sumário do ensino ortodoxo sobre a Santa Trindade. A segunda doutrina contém a significante fra­se qennéthenta ek theou patros monogené (o único Filho gerado de Deus o Pai). No caso acusativo, toma tanto a palavra gennéthenta (gerado) como a palavra monogenë, (único) para dizer “único gerado, porque monogenês tanto no caso acusativo como no Novo Testamento  tem  a ver mais com  unicidade do que com concepção. E a palavra gennéthentos significa “gerado” mas ela não aparece com monogenês no Novo Testamento. Naquelas circunstancias, Jerônimo também advogava pela doutrina de Nicéia, e parece lógico que seu zelo ortodoxo o levou a estudar sua doutrina, que requeria duas palavras (gennéthenta  monogené) em uma só (monogené) encontrada em João 1:14, 18; 3:16, 18 ; I João 4:9; Heb 11:17 . Esses fatos podem ser facilmente constatados em Philip Schaff,  The Creeds of Chistendom,  VoI. II, pág. 35. Além disso, o quadro comparativo de Schaff sobre a formação gradativa da dou­trina dos apóstolos, revela o fato de que a palavra  uni­genitum, como a tradução latina de monogênes, é  apenas encontrada em            Sacramentarium Gallicanum(650 A.D.) de Agostinho (400 A.D), e que o texto final do Credo Ocidental (750 A.D) trazia unícum (único) e não unigenitum (único gerado). Mesmo Agostinho a princípio dizia unicum! (Philip Schaff, op. cit., pig. 52).

O verdadeiro debate do século IV, no entanto, girava em torno das palavras gennéthenta e poiethenta (gerado, não criado) , e o zelo por esta fórmula ortodoxa produziu confusão na tradução de Jerônimo para a palavra monogenês. Tem-se dito que Jerônimo deixou Constantinopla para ir a Roma_em 382 A.D.e deveria acrescentar-se que Jerônimo foi totalmente influenciado pelas exposições de Gregório de Nazianzus  (c.329 390 A.D), o grande teólogo da Igreja Oriental, que era um ardente defensor da fórmula de  Ni­céia. Os discursos teológicos de Gregório (Migne, Vol. 36, pags. 11-171) foram pregados na Igreja chamada Anastácia, em Constantinopla, na mesma época em que Jerônimo esteve ali (379-381 A.D). O discurso de Gregório XXIX (Migne, Vol. 36, pags. 74-103), no qual tratava do Pai como procriador (gennétor) e do Filho como gerado gennéma),  lança uma torrente de luz sobre a motivação teológica de Jerônimo na tradução de monogés “único gerado”. Note-se que Gre­gório usou o termo gennëma para gerado  e que seu argu­mento refere-se à eterna relação  entre o Pai e o Filho, mas existe uma pequena dúvida de que Jerônimo foi influ­enciado por esses discursos em sua emenda dos antigos MSS latinos, de unicus (único) para unigenitus (único gerado).

A confusão de Jerônimo reside na Vulgata Latina, e da tradução desta, “único gerado” passou-se para a Versão King James de 1611, a English Revised Version de 1881, e outras traduções, com uma pequena exceção até que o erro foi corrigido no The  Twentieth Century New Testamenem 1898. Inexplicavelmente, o NT, da American Standard Version de 1900, continuou cometendo esse erro, bem como outras versões, tais como Worrel (1904), a Improved Editíon (1912), a Berkeley Version (1945), a Swann (l947), e a tradução Católica Romana da vulgata Latina continuou a fazê-lo. A estranha tradução de Ro­therham (1878) não ficou satisfeita com o erro de Jerônimo em João 1:14. 18t 3:16. 18; I João 1e9; Heb. 11:17. Ele completou o erro traduzindo monogenês, como “único gerado” também em Lucas 7:12; 8:42; 9:38!   Fenton (1903) corrige o erro nas passagens de João 1:14; Heb. 11:17 ( “o único declarado nascido de promessas”), mas o deixa em João 3:16, 18; I João 4:9.  Montgomery (1924), uma tradução de grande mérito em muitas partes, corrige o erro de Jerônimo em João 1:14; Heb. 11:17; I João 4:9, mas deixa o erro, sem motivo aparente, em João 1:18; 3:16, 18. Alguns comentários, incluindo o Word Pictures of tre New Testament, de A.T. Robertson (Val. V, pág. 13 f., 424), corrige o erro, e logo torna a cair nele (Val. V, págs. 50-52; Val. VI, pág. 232). Desde que o TheTwentieth Cen­tury New Testament (1898) eliminou completamente o erro do Novo Testamento, Weymouth (1902), Moffat (1922), Ballantine (1923), Goodspeed (1923), Torrey(1933), Williams (1936), The Nem Testament in Basic  English (1941) e Phi­llips (1948-1952) fizeram o mesmo. Até Williams se engana numa nota ao pé da página, sobre João 3:16, quando diz que  monogenês  significa “único gerado em grego”! Espera-se que essa acirrada discussão sobre a RSV divulgue o devi­do conhecimento para acabar com esse erro. A “exceção parcial” entre a Vulgata Latina de Jerônimo e The Twentieth Century New Testament não foi nada  menos que uma  pessoa como Willian Tyndale, o primeiro tradutor do NT do grego para o inglês. Ele falhou não corrigindo Jerônimo em João 1:14, 18; Heb. 11:17; I João 4:9, mas suas edições de 1526 a 1534 corrigem o erro em João 3:16, 18. Sua tradução destes versículos diz assim:

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu único Filho, para que todo aquele que nele crê não pereça: Mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o Seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo: Mas para que o mundo fosse salvo por Ele. Quem crê nele não será condenado. Mas quem não crê já está condenado, porquanto não creu no nome do único filho de Deus”. (The New Testament, 1534, traduzido).


O Significado de Monogenês


Monogenês é uma palavra significativa nos ensi­nos do Novo Testamento, tanto fora como dentro dos escritos de João. Fora destes escritos ela é encontrada em Lucas 7:12;  8:42;  9:38; e em Hebreus 11:17. Mesmo nas passagens de Lucas, onde monogenês é traduzida como “único” na versão King James e em todas as demais versões ingle­sas, até onde eu sei, salvo nas traduções de Rotherham e Geneva (1557) de Lucas 7:12, o uso do termo é uma luz para o entendimento da Cristologia de João. O filho da viúva de Naim é chamado de “o único (monogenês) filho de sua mãe” e, certamente ninguém  insistiria em que ela o gerou! Isto, de acordo com Webster, a Bíblia (Mat. 1:1.16) e a biologia, é uma função masculina! Isso significa clara-mente o único filho que lhe nasceu, e único na existência, o único que ela teve! A filha de Jairo é chamada “A única (monogenês)  filha”  Luc. 8:42,   e o jovem lunático curado por Jesus ao pé do monte, é chamado de “único” (monogenês) filho de seu pai. Uma forte evidência de que a tradução de monogenêsem Lucas, da palavra “único” é encontrada na Septuaginta traduzindo Juízes 11:34. A filha de Jefté é chamada de “sua única filha” e  “além dela ele não tinha outro filho nem filha”.

Monogenês é usado na Septuaginta para traduzir a palavra hebraica Yachid (conf. Amós 8:10; Zac. 12:10)  que tem o sentido literal de “o querido”, ou “um e único”. O fato dEle sacrificar Seu “único Filho” é o trágico ele­mento do voto de Jefté. E três vezes a palavra  hebraica para “único” (gachid) é traduzida por monogenês nos Salmos da versão Septuaginta (Sal. 22:20: 25:16; 35:17). No apócrifo, Tobias 3:15, diz: “Eu sou o único (monogenês) filho de meu pai; ele não tem outro para ser seu herdei­ro’’. No Livro da Sabedoria (7:22) fala de “um espírito”como monogenês (um). Hatch e Redpath  Concordance to the Septuagint, Vol. II, pág. 933, outros exemplos que demonstram claramente que monogenês  significa “um” ou “único” na Septuaginta.

Nenhuma passagem ilustra mais claramente o significado de monogenês que quando interpretado à luz do Antigo Testamento. É-nos dito que Abraão “esta­va pronto para sacrificar o seu único (monogenês) filho”, e é impossível dizer que Isaque ora o único filho gerado por Abraão. Que se pode dizer de Ismael (Gên. 16:3-5; 17:25), treze anos mais velho que Isaque (17:19, 21; 18:10).  Isaque era o único filho da promessa, o único de sua espécie, mas não o único filho gerado por Abraão. A unicidade de Isaque é vista pelo fato de Deus dizer: “porque em Isaque será chamada a tua semente’’ (Gên. 21:12; Heb. 11:18). Entretanto, a coisa mais importante na referência a Isaque é o contexto do qual o evento mencionado em Hebreus 11:17 é tirado. Três vezes no famoso relato da fé de Abraão. Isaque é chamado de seu “unico (Yachid) filho” (Gên. 22:2, 12, 16). Yachid é o termo hebraico comum para designar “único”. A tradução grega de Áquila, usa monogenês  para traduzi-lo em Gên. 22:2, e Symmachus faz o mesmo em Gên. 22:12. Portanto, Heb. 11:17 declara que Isaque é o “único” filho de Abraão, mas isso, obviamente, não significa ‘‘único gerado”. Essa conclusão permanece ainda que Isaque seja interpretado como único filho nascido de Sara ou o único filho que Abraão deixou.

Segundo os escritos de João, o significado de mo­nogenês é um resumo da  cristologia. A primeira carta de João declara “Seu único (monogenês) Filho”, o revelador de Deus (I João 4:9) e redentor do homem (4:10). A reve1ação de amor produziu-se quando Deus enviou Seu único Filho ao mundo, para que por Ele vivamos (4:9), e a redenção ocorreu quando Deus “enviou Seu Filho para propiciação pelos nossos pecados” (4:10). O Evangelho de João, em dois famosos capítulos que enfatizam a divindade, a unicidade do Filho de Deus, amplia a dupla declaração de A Primeira Carta de João.

Primeiramente o Filho de Deus é declarado como sendo o único revelador de Deus. Isso é declarado em conexão com o Logos  (Palavra) de Deus. Duas coisas são enfatizadas sobre Lagos: (1) O logos  Se fez carne (João 1:14), e (2) o Logos era Deus (João 1:1). Assim, Jesus Cristo, o Logos de Deus, é o único Filho de Deus na encarnação (João 1:14). O Filho de Deus tornou-Se carne no milagre da encarnação. A negação de que o Filho de Deus  Se fez carne é inspirada pelo Anticristo (I João 4:2; II João 7). Cf. I Tim. 3:16; Gal. 4:4; Rom. 1:3; II Cor. 8:9; Rom. 8:3; Fil. 2:5-8). Mas o Filho de Deus,  o Logos. não apenas Se fez carne. Ele era (esse tempo de verbo em Grego  indica um fato eterno) Deus de toda a eternidade! João não cansa de dizer que o Pai enviou (João 12:44; 13:20 20:21) o Filho, e que o Filho veio (João 1:11 ; 5:43; 6: 38; 8:14; 42; 10:10;12:27; 46 f.; 17:8) ao mundo. Jesus declara que Ele existiu antes de Abraão (João 8:58), e este importante ensino é um dos temas fundamentais do Evangelho de João. Cf. Heb. 1:1-3. Em João 1:18 a relação eterna entre o Pai e Seu único Filho é ao enfática, que João chama o Filho de Deus monogenês  theos (único Deus).  Os tradutores têm hesitado em pros­seguir com essa expressão grega, mas João apresenta uma tão elevada cristologia, dando tal ênfase à divindade de Cristo, que ele somente pode dizer “o único Deus, que está no seio do Pai, Ele lhe deu a conhecer”. De acordo com Williams tira esta conclusão da seguinte tradução de João 1:18: “o único Filho, Deus em si mesmo, que está no seio do Pai, lhe deu a conhecer”.

segundo ponto enfatizado por monogenês é que o Filho de Deus é o único redentor do homem.  A obra do único Filho de Deus é apresentada em João 3:16. E a pessoa do único Filho de Deus é declarada em João 3:18. A obra do Filho de Deus e o único sacrifício pelo pecado e o único meio que o homem tem para receber a vida eterna. A pessoa do Filho de Deus está unida “ao nome” (João 1:18), um dos mais importantes ensinamentos da Bíblia so­bre a divindade.

Algumas objeções populares sobre as conclusões referidas acima, surgem da falha de observação do voca­bulário característico dos escritos de João. Aqueles que argumentam que é incorreto dizer que Jesus é o “único Filho” de Deus porque Deus tem muitos filhos (ex. Jó 2:1;  Rom. 8:l4; Heb. 2:10) não notaram que os escritos de João nunca usam a palavra “filho”(huios) para designar o relacionamento dos crentes com o Pai. O termo huios está reservado exclusivamente para o Filho de Deus (João1:34, 49; 3:18; 5:25; 10:36; 11:4, 27; 17:1; 19:7; 20:31; I João 1:3, 7; 3:8, 23; 4:9, 15; 5:5, 9, 10, 11, 12, 20; II João 3). Quando os escritos de João designam o relacionamento de um crente com o Pai, o termo “filhos de Deus” (tekna theou, João 1:12; I João 3:1, 2; 5:2) é usado. Assim, os escritos de João reservam não apenas o adjetivo monogenês mas também o substantivo huios para o Filho_de Deus. ‘‘Único Filho” de Deus não implica em que Deus não tenha mais filhos, nada além de “Meu Filho amado” (Mat. 3:17; Mar. 1:11; Mat. 17:5; Mar. 9:7) não priva outros do amor do Pai, ou que “Seu único Filho” (Rom. 8:39) elimine a possibilidade de que outros pertençam a Deus.

A segunda objeção insiste em que o termo “gera­do”, quer seja designado pela palavra monogenês  ou não, deveria, uma vez que é parte de nossa herança cristã, ser conservado para referir-se ao relacionamento ímpar entre o Pai e o Filho. Antes de mais nada, deveria di­zer-se, que a tradução honesta e aquela que está de acordo com a verdade e não com a tradiçãoMas a palavra “gera­do” (gennaõ) é usada nos escritos de João para designar o relacionamentos entre o Pai e todos os Seus filhos (João 1:13;  3:3, 5, 6, 7, 8;  I João 2:29;  3:9;  4:7; 5:1 , 4, 18). E nesse ponto devemos nos separar de Bueschel no Dictionary de Kittel, quando ele argumenta que João 1:13 e I João 5:18 provavelmente fala do Pai gerando o Filho (Vol. IV, pág. 750). Sir Edwyn Clement Hoskyns, em The Fourth Gospel, págs. 163-166, investigou a possibilidade do singular de João 1:13 até ao máximo ao decla­rar a evidência do plural “irresisitível” (pág. 163) e “inevitável” (pág. 161.). Por isso, é surpreendente que a RSV adota a interpretação “a Ele” (0) (auton) em I João 5;18 ao invés de ‘‘todo aquele que e nascido de Deus.” Es­se afastamento da RSV, da KJV e da ASV, a despeito do apoio da BA e da evidência sugerida por Brooke no The International Critical Comentary  defronta-se com três f a­tos contra ele: (1) o Uso de João de gennaõ, (2) o apoio da Acorr KLP para “ele mesmo” (heauton), e a repetição da mesma idéia (tu mesmo, heauta) em I João 5:21, Salmos 2:7 é citado no NT para declarar que o Filho é gerado do Pai, mas o contexto e também de ressurreição (Atos 13:33) ou de exaltação (Heb. 1:5; 5:5) de Jesus. Em outras palavras, como em Salmos 2:7, é uma idéia de coroação, não uma idéia de concepção. Jesus foi concebido pelo Espírito Santo (Mat. 1:18), mas o NT nunca usa gennaõ para designar o relacionamento entre o Pai e o Filho no inicio da vida de Jesus.

Há muito tempo, em 1883, B. F. Wescott, em The Epistles of .St. John, págs. 162-165, deixou claro que o significado de monogenês é centralizado na existência Pessoal do Filho, e conclui que a “grande simplicidade da idéia original da palavra se havia perdido . .  . durante o final do século IV”.  Os esforços realizados para refu­tar essas conclusões de referências tais como Ignatius (Eph. VII, 2), Epistle of Diognetus 10:2, Martyrdom of Policarp 20:2, e Justino Martyr  (Dial. 105), foram infrutíferos. Essa discussão pode ser concluída com a  citação de um escrito contemporâneo, The Gospel According to Jonh, que mostra claramente que as conclusões anteriores sobre nonogenês são corretas.

Existe um pássaro chamado Phoenix.
 Esse ser, o único de sua espécie (monogenês),
Vive 500 anos.
                                                                        Clement  XXV.  2.

Portanto, o Phoenix não nasceu nem foi gerado, mas podia ser monogenês, o único de sua espécie!


          “God’s Only Son”
Journal of Biblical
Literature. Vol.LXXII

Dezembro, 1953

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