O ÚNICO FILHO DE DEUS
Dale Moody
Professor do
Seminário Teológico Batista Meridional.
A tradução de
João 3:16 é da Revised Standard Version.
Compilado do Livro “Cristologia”
de Raul Dederen Professor da
Universidade de Andrews.
Os leitores de João 3:16 da Revised Standard Version ficaram surpresos ou até chocados ao encontrar as palavras “Filho único”
onde eles liam “unigênito filho gerado” na versão King James. Alguns
têm declarado que os tradutores da Revised Standard Version estavam
“procurando deixar de lado o nascimento virginal de Jesus” e outros declararam
que “é simplesmente outra tentativa de suavizar uma doutrina bíblica na qual
eles não crêem - a doutrina da divindade
de Cristo”. Este artigo, escrito por alguém que acredita não somente na divindade
preexistente de Cristo, mas também que Ele Se tornou carne pelo milagre do
nascimento de uma virgem, tenta mostrar que os tradutores simplesmente
corrigiram um erro repetido durante quinze séculos e ao fazerem esta correção
conseguiram uma tradução que dá maior ênfase à unicidade e divindade de Jesus
Cristo.
Poder-se-ia
dizer, no entanto, que a remoção do termo “único gerado” foi efetuada não por
interesse teológico mas pelas evidentes exigências do estudo linguístico. A
palavra traduzida como “unigênito” em João 3:16, é monogenês de monos (um) e genos (espécie). Através
do Greek-English Lexicon of the
New Testament (1886) de Thayer, os estudantes
aprenderam que monagenês significava
“somente de uma espécie, único”, e que o termo indica ‘‘o único Filho de Deus”
nos escritos de João pág. 417.
O artigo de Ferdinand Kattenbusch no A Dictionary of Christ and the
Gospels (1908) defende a posição de J.H.
Heinrich Schmídt, que prova que “a
palavra gignesthai perdeu
completamente, em seu uso comum, a primitiva conotação sexual da raiz gen” e
que monogenês “é simplesmente uma forma mais completa de monos” (Vol. II, pág. 281). O depoimento do artigo de Kattenbusch e uma boa
condensação dos fatos conhecidos na época em que seu esboço foi escrito. O Dictionary of the New Testament
deWalter Bauer (1920, 1928, 1937, 1941-52), cuja quarta edição está sendo
traduzida para o Inglês, apóia as conclusões de Schmith e Kattenbusch. The
Vocabulary of the Greek Testament (1930) de Moulton e Milligan, acrescenta ilustrações dos papiros e de
outras fontes não literárias que apoiam a conclusão de que monogenês
significa “um de uma espécie”, ‘‘sozinho”,
“único”, não “único ‘‘ que seria monogennêtos (pág. 416 f.). A edição
revisada de Liddel e Scott, A Greek-English Lexicon (1940), define monogenês como o “único
membro de uma linhagem ou espécie”, conseqüêntemente, “único”, “sozinho’’,
“um”, e a possibilidade de “único gerado’’ nem sequer é mencionada (Vol. II
pág.1144). O artigo de Friedrich Buechsel, que aparece no Theological
Dictionary of the New Testament, de Kittel, (1932-1974),
monumental dicionário, é uma exposição clássica do significado teológico, bem
como das fontes lingüísticas de monogenês (Vol. IV, págs. 745-750). No
entanto, o estudo mais completo sobre monogenês encontra-se na tese doutoral de Francis Marion Warden: Monogenês in the Johannine Literature (1938). Este exaustivo estudo,
escrito sob a direção do recentemente falecido W. Hersey Davis, do Seminário
Teológico Batista do Sul, demonstra, acima de qualquer dúvida, que monogenês significa “unícidade de ser, antes de
qualquer forma notável de vir a ser, ou ainda
unicidade resultante de alguma
forma de originar-se” (pág. 35 f.). Infelizmente, essa nunca foi publicada,
porem pode ser vista na Biblioteca do Seminário Teológico Batista do Sul, em
Louisville, Kentuchy, e um resumo do autor pode ser lido na Review and Expositor (abril, 1953), publicado pela Faculdade do Seminário do Sul. Como, então,
com todas essas evidências apoiando a RSV, a expressão único gerado, introduziu-se na Bíblia
em inglês e permaneceu nela por tanto tempo ?
A Tradução de
Um Termo
Na catedral de
Vercelli, Itália, está o mais notável dos antigos MSS latinos, Codex
Vercellensis (a), supostamente escrito no ano 365 A.D., por Eusebius, Bispo
de Vercelli .
Nesse documento, que contém os Evangelhos
com algumas omissões, a palavra monogenês em
João 1:14, 18, 3:16, 18, é traduzida ao latim com o termo unicos (único), não unigenitos (único
gerado). A importância dessa tradução do
Evangelho de João, torna-se evidente ao destacar-se que Jerónimo (c.A.D.
347-420) chegou a Roma, vindo de Constantinopla em 382 A.D. e, a pedido do
papa Damasus, empenhou-se na revisão das antigas versões latinas das
Escrituras. A revisão dos Evangelhos apareceu em 383 A.D. e, depois da morte
do Papa Damasus em 384 A.D., Jerônimo foi à Palestina em 385 A.D. para
completar sua revisão da versão que veio a se tornar a Bíblia oficial da Igreja
Católica Romana, a Vulgata Latina. A
Vulgata de Jerônimo corrigiu
o antigo unicus latino
(único gerado).Um exame dos antigos MSS latinos, conforme registro de
Wordsworth e White, em seu Novum Testamentum Latine, indica que Jerônimo fez as mudanças, juntamente com I João 4:9 e Hebreus
11:17, sem interesse pelo dogma eclesiástico. O estudo lingüístico não forçou a
mudança, pois Jerônimo deixou unicos
(único) como a tradução de monogenês
em Lucas 7:12 ; 8:12; 9:38, onde não há envolvimento de qualquer questão
teológica.
Epifânio (c. 315—403 A.D), Bispo de Constança (Salamina) do Chipre, foi um
violento oponente de qualquer forma de heresia, particularmente daquelas que
se referiam à pessoa de Cristo. No final de sua obra Ancoratus (O
Ancorado) em 374 A.D., escrita a pedido de varios presbíteros da Panfília, ele
apresenta duas doutrinas como um sumário do ensino ortodoxo sobre a Santa
Trindade. A segunda doutrina contém a significante frase qennéthenta ek theou patros monogené (o único Filho gerado de Deus
o Pai). No caso acusativo, toma tanto a palavra gennéthenta (gerado) como a palavra monogenë, (único) para dizer “único gerado”, porque monogenês tanto no caso acusativo como no
Novo Testamento tem a ver mais com unicidade do que com concepção. E a palavra gennéthentos
significa “gerado” mas ela não aparece com monogenês no Novo Testamento.
Naquelas circunstancias, Jerônimo também advogava pela doutrina de Nicéia, e
parece lógico que seu zelo ortodoxo o levou a estudar sua doutrina, que requeria duas palavras (gennéthenta monogené) em uma só (monogené) encontrada em João 1:14, 18;
3:16, 18 ; I João 4:9; Heb 11:17 . Esses fatos podem ser facilmente constatados em Philip Schaff, The Creeds of Chistendom, VoI. II, pág.
35. Além disso, o quadro comparativo de Schaff sobre a formação gradativa da
doutrina dos apóstolos, revela o fato de que a palavra unigenitum, como a
tradução latina de monogênes, é apenas encontrada em Sacramentarium Gallicanum(650
A.D.) de Agostinho (400 A.D), e que o texto final do Credo Ocidental (750
A.D) trazia unícum (único) e não unigenitum (único
gerado). Mesmo Agostinho a princípio dizia unicum! (Philip Schaff, op. cit., pig. 52).
O verdadeiro
debate do século IV, no entanto, girava em torno das palavras gennéthenta e poiethenta (gerado,
não criado) , e o zelo por
esta fórmula ortodoxa produziu confusão na tradução de Jerônimo para a palavra monogenês.
Tem-se dito que Jerônimo deixou Constantinopla para ir a Roma_em 382 A.D.e
deveria acrescentar-se que Jerônimo foi totalmente influenciado pelas
exposições de Gregório de Nazianzus
(c.329 390 A.D), o grande teólogo da Igreja Oriental, que era um ardente
defensor da fórmula de Nicéia. Os
discursos teológicos de Gregório (Migne, Vol. 36, pags. 11-171) foram pregados
na Igreja chamada Anastácia, em Constantinopla, na mesma época em que Jerônimo
esteve ali (379-381 A.D). O discurso de Gregório XXIX (Migne, Vol. 36, pags.
74-103), no qual tratava do Pai como procriador (gennétor) e do Filho como gerado gennéma), lança uma
torrente de luz sobre a motivação teológica de Jerônimo na tradução de monogés “único gerado”. Note-se que Gregório
usou o termo gennëma para
gerado e que seu argumento refere-se à
eterna relação entre o Pai e o Filho,
mas existe uma pequena dúvida de que Jerônimo foi influenciado por esses discursos em sua
emenda dos antigos MSS latinos, de unicus (único) para unigenitus
(único gerado).
A confusão de
Jerônimo reside na Vulgata Latina, e da tradução desta, “único gerado”
passou-se para a Versão King James de 1611, a English Revised Version de 1881,
e outras traduções, com uma pequena exceção até que o erro foi
corrigido no The
Twentieth Century New Testament em 1898. Inexplicavelmente, o NT, da American Standard Version de 1900,
continuou cometendo esse erro, bem como outras versões, tais como Worrel
(1904), a Improved Editíon (1912), a Berkeley Version (1945), a Swann (l947), e
a tradução Católica Romana da vulgata Latina continuou a fazê-lo. A estranha
tradução de Rotherham (1878) não ficou satisfeita com o erro de Jerônimo em João 1:14.
18t 3:16. 18; I João 1e9; Heb. 11:17. Ele completou o erro traduzindo monogenês, como “único gerado” também em Lucas 7:12; 8:42; 9:38! Fenton (1903) corrige o erro nas passagens
de João 1:14; Heb. 11:17 ( “o único declarado nascido de promessas”), mas o
deixa em João 3:16, 18; I João 4:9.
Montgomery (1924), uma tradução de grande mérito em muitas partes,
corrige o erro de Jerônimo em João 1:14; Heb. 11:17; I João 4:9, mas deixa
o erro, sem motivo aparente, em João 1:18; 3:16, 18. Alguns comentários,
incluindo o Word Pictures of tre New Testament, de A.T. Robertson (Val. V, pág. 13 f., 424), corrige o erro, e logo torna a
cair nele (Val. V, págs. 50-52; Val. VI, pág. 232). Desde que o TheTwentieth Century New Testament (1898)
eliminou completamente o erro do Novo Testamento, Weymouth (1902), Moffat
(1922), Ballantine (1923), Goodspeed (1923), Torrey(1933), Williams (1936), The Nem Testament in Basic
English (1941) e Phillips (1948-1952) fizeram o mesmo. Até Williams se engana numa nota ao pé da página, sobre João 3:16, quando
diz que monogenês significa “único
gerado em grego”! Espera-se que essa acirrada discussão sobre a RSV divulgue o
devido conhecimento para acabar com esse erro. A “exceção parcial” entre a Vulgata Latina de Jerônimo e The Twentieth Century New Testament não foi nada menos que
uma pessoa como Willian Tyndale,
o primeiro tradutor do NT do grego para o inglês. Ele falhou não corrigindo
Jerônimo em João 1:14, 18; Heb. 11:17; I João 4:9, mas suas edições de 1526 a 1534 corrigem o erro em João
3:16, 18. Sua tradução destes versículos diz assim:
“Porque Deus
amou o mundo de tal maneira que deu o Seu único Filho, para que todo aquele que
nele crê não pereça: Mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o Seu Filho ao
mundo não para que condenasse o mundo: Mas para que o mundo fosse salvo por
Ele. Quem crê nele não será condenado. Mas quem não crê já está
condenado, porquanto não creu no nome do único filho de Deus”. (The New Testament, 1534, traduzido).
O Significado de Monogenês
Monogenês é uma palavra significativa nos ensinos
do Novo Testamento, tanto fora como dentro dos escritos de João. Fora destes
escritos ela é encontrada em Lucas 7:12;
8:42; 9:38; e em Hebreus 11:17.
Mesmo nas passagens de Lucas, onde monogenês é traduzida
como “único” na versão King James e em todas as demais versões inglesas, até
onde eu sei, salvo nas traduções de Rotherham e Geneva (1557) de Lucas 7:12, o
uso do termo é uma luz para o entendimento da Cristologia de João. O filho da
viúva de Naim é chamado de “o único (monogenês) filho de sua mãe” e, certamente
ninguém insistiria em que ela o gerou!
Isto, de acordo com Webster, a Bíblia (Mat. 1:1.16) e a biologia, é uma função
masculina! Isso significa clara-mente o único filho que lhe nasceu, e único na
existência, o único que ela teve! A filha de Jairo é chamada “A única
(monogenês) filha” Luc. 8:42, e o jovem lunático curado por Jesus ao pé do
monte, é chamado de “único” (monogenês) filho
de seu pai. Uma forte evidência de que a tradução de monogenês,
em Lucas, da palavra “único” é
encontrada na Septuaginta traduzindo Juízes 11:34. A filha de Jefté é chamada
de “sua única filha” e “além dela ele
não tinha outro filho nem filha”.
Monogenês é usado na Septuaginta para traduzir a
palavra hebraica Yachid (conf. Amós 8:10; Zac. 12:10) que tem o sentido literal de “o querido”, ou
“um e único”. O fato dEle sacrificar Seu “único Filho” é o trágico elemento do
voto de Jefté. E três vezes a palavra
hebraica para “único” (gachid) é traduzida
por monogenês nos Salmos da versão Septuaginta (Sal.
22:20: 25:16; 35:17). No apócrifo, Tobias 3:15, diz: “Eu sou o único (monogenês) filho de meu pai; ele não tem outro para ser seu herdeiro’’. No Livro da
Sabedoria (7:22) fala de “um espírito”como monogenês (um). Hatch e Redpath Concordance to the Septuagint, Vol. II, pág. 933, dá outros exemplos que demonstram claramente que monogenês significa “um” ou “único” na
Septuaginta.
Nenhuma
passagem ilustra mais claramente o significado de monogenês que quando interpretado à luz do Antigo Testamento. É-nos dito que Abraão
“estava pronto para sacrificar o seu
único (monogenês) filho”, e é impossível dizer que Isaque
ora o único filho gerado por Abraão. Que se pode dizer de Ismael (Gên. 16:3-5;
17:25), treze anos mais velho que Isaque (17:19, 21; 18:10). Isaque era o único filho da promessa, o único
de sua espécie, mas não o único filho gerado por Abraão. A unicidade de Isaque
é vista pelo fato de Deus dizer: “porque em Isaque será chamada a tua semente’’
(Gên. 21:12; Heb. 11:18). Entretanto, a coisa mais importante na referência a
Isaque é o contexto do qual o evento mencionado em Hebreus 11:17 é tirado. Três
vezes no famoso relato da fé de Abraão. Isaque é chamado de seu “unico (Yachid) filho” (Gên.
22:2, 12, 16). Yachid é o termo hebraico comum para designar
“único”. A tradução grega de Áquila, usa monogenês
para traduzi-lo em Gên. 22:2, e
Symmachus faz o mesmo em Gên. 22:12. Portanto, Heb. 11:17 declara que Isaque é
o “único” filho de Abraão, mas isso, obviamente, não significa ‘‘único gerado”.
Essa conclusão permanece ainda que Isaque seja interpretado como único filho
nascido de Sara ou o único filho que Abraão deixou.
Segundo os escritos de João, o significado de monogenês é um resumo
da cristologia. A primeira carta de João
declara “Seu único (monogenês) Filho”,
o revelador de Deus (I João 4:9) e redentor do homem (4:10). A reve1ação de amor produziu-se quando Deus
enviou Seu único Filho ao mundo, para que por Ele vivamos (4:9), e a redenção
ocorreu quando Deus “enviou Seu Filho para propiciação pelos nossos pecados”
(4:10). O Evangelho de João, em dois famosos capítulos que enfatizam a
divindade, a unicidade do Filho de Deus, amplia a dupla declaração de A
Primeira Carta de João.
Primeiramente o Filho de Deus é declarado como sendo o único revelador de
Deus. Isso é declarado em conexão com o Logos (Palavra) de
Deus. Duas coisas são enfatizadas sobre Lagos: (1) O logos Se fez carne
(João 1:14), e (2) o Logos era Deus (João
1:1). Assim, Jesus Cristo, o Logos de Deus, é o único Filho de Deus na
encarnação (João 1:14). O Filho de Deus tornou-Se carne no milagre da
encarnação. A negação de que o Filho de Deus
Se fez carne é inspirada pelo Anticristo (I João 4:2; II João 7). Cf. I Tim. 3:16; Gal. 4:4; Rom. 1:3; II Cor. 8:9; Rom.
8:3; Fil. 2:5-8). Mas o Filho de Deus, o Logos. não apenas Se fez carne. Ele era
(esse tempo de verbo em Grego indica um
fato eterno) Deus de toda a
eternidade! João não cansa de dizer que o Pai enviou (João 12:44; 13:20 20:21)
o Filho, e que o Filho veio (João 1:11 ; 5:43; 6: 38; 8:14; 42;
10:10;12:27; 46 f.; 17:8) ao
mundo. Jesus declara que Ele existiu antes de Abraão (João 8:58), e este
importante ensino é um dos temas fundamentais do Evangelho de João. Cf. Heb.
1:1-3. Em João 1:18 a relação eterna entre o Pai e Seu único Filho é ao
enfática, que João chama o Filho de Deus monogenês theos (único Deus).
Os tradutores têm hesitado em prosseguir
com essa expressão grega, mas João apresenta uma tão elevada cristologia, dando
tal ênfase à divindade de Cristo, que ele somente pode dizer “o único Deus, que está no seio do Pai, Ele lhe
deu a conhecer”. De acordo com Williams tira esta
conclusão da seguinte tradução de João 1:18: “o único Filho, Deus em si mesmo, que está no seio do Pai, lhe deu a conhecer”.
O segundo
ponto enfatizado por monogenês é que o Filho de Deus é o único redentor do homem. A obra do
único Filho de Deus é apresentada em João 3:16. E a pessoa do único Filho de
Deus é declarada em João 3:18. A obra do Filho de Deus e o único sacrifício
pelo pecado e o único meio que o homem tem para receber a vida eterna. A pessoa
do Filho de Deus está unida “ao nome” (João 1:18), um dos mais importantes
ensinamentos da Bíblia sobre a divindade.
Algumas objeções populares sobre as
conclusões referidas acima, surgem da falha de observação do vocabulário
característico dos escritos de João. Aqueles que argumentam que é incorreto dizer que Jesus é o
“único Filho” de Deus porque Deus tem muitos filhos (ex. Jó 2:1; Rom. 8:l4; Heb. 2:10) não notaram que os escritos de João nunca usam a palavra
“filho”(huios) para designar o relacionamento dos
crentes com o Pai. O termo huios está reservado exclusivamente para o
Filho de Deus (João1:34, 49; 3:18; 5:25; 10:36; 11:4, 27; 17:1; 19:7; 20:31; I
João 1:3, 7; 3:8, 23; 4:9, 15; 5:5, 9, 10, 11, 12, 20; II João 3). Quando os escritos de
João designam o relacionamento de um crente com o Pai, o termo “filhos de Deus”
(tekna theou, João 1:12; I João 3:1, 2; 5:2) é usado. Assim, os escritos de João reservam
não apenas o adjetivo monogenês mas também o substantivo huios para o Filho_de Deus. ‘‘Único Filho” de Deus não implica em
que Deus não tenha mais filhos, nada além de “Meu Filho amado” (Mat. 3:17; Mar.
1:11; Mat. 17:5; Mar. 9:7) não priva outros do amor do Pai, ou que “Seu
único Filho” (Rom. 8:39) elimine a possibilidade de que outros pertençam a
Deus.
A segunda
objeção insiste em que o termo “gerado”, quer seja designado pela palavra monogenês ou não,
deveria, uma vez que é parte
de nossa herança cristã, ser conservado para referir-se ao relacionamento ímpar
entre o Pai e o Filho. Antes de mais
nada, deveria dizer-se, que a tradução honesta e aquela que está de acordo
com a verdade e não com a tradição. Mas a palavra
“gerado” (gennaõ) é usada nos escritos de João para designar o relacionamentos entre o Pai e
todos os Seus filhos (João 1:13; 3:3, 5, 6, 7, 8; I João 2:29;
3:9; 4:7; 5:1 , 4, 18). E nesse ponto devemos nos separar de Bueschel no Dictionary de Kittel, quando ele argumenta
que João 1:13 e I João 5:18 provavelmente fala do Pai gerando o Filho (Vol. IV, pág. 750). Sir Edwyn Clement Hoskyns, em The
Fourth Gospel, págs. 163-166, investigou a possibilidade do singular de João 1:13 até ao
máximo ao declarar a evidência do plural “irresisitível” (pág. 163) e
“inevitável” (pág. 161.). Por isso, é surpreendente que a RSV adota a
interpretação “a Ele” (0) (auton) em I João 5;18 ao invés de ‘‘todo
aquele que e nascido de Deus.” Esse afastamento da RSV, da KJV e da ASV, a
despeito do apoio da BA e da evidência sugerida por Brooke no The International
Critical Comentary defronta-se
com três f atos contra ele: (1) o Uso de João de gennaõ, (2) o apoio da Acorr KLP para “ele mesmo” (heauton), e a repetição da mesma idéia (tu mesmo, heauta) em I João 5:21, Salmos 2:7 é citado no NT para declarar que o Filho é
gerado do Pai, mas o contexto e também de ressurreição (Atos 13:33) ou de
exaltação (Heb. 1:5; 5:5) de Jesus. Em outras palavras, como em Salmos 2:7, é
uma idéia de coroação, não uma idéia de concepção. Jesus foi concebido pelo
Espírito Santo (Mat. 1:18), mas o NT nunca usa gennaõ para designar o relacionamento entre o Pai e o Filho no inicio da vida de Jesus.
Há muito tempo, em 1883, B. F. Wescott, em The Epistles of .St. John, págs. 162-165,
deixou claro que o significado de monogenês é centralizado
na existência Pessoal do Filho, e conclui que a “grande simplicidade da idéia
original da palavra se havia perdido . . . durante o
final do século IV”. Os
esforços realizados para refutar essas conclusões de referências tais como
Ignatius (Eph. VII, 2), Epistle of Diognetus 10:2, Martyrdom of Policarp
20:2, e Justino Martyr (Dial. 105), foram infrutíferos. Essa discussão pode
ser concluída com a citação de um
escrito contemporâneo, The Gospel According to Jonh, que mostra
claramente que as conclusões anteriores sobre nonogenês são corretas.
Existe um
pássaro chamado Phoenix.
Esse ser, o único de sua espécie (monogenês),
Vive 500 anos.
Clement XXV.
2.
Portanto, o
Phoenix não nasceu nem foi gerado, mas podia ser monogenês, o único de
sua espécie!
“God’s Only Son”
Journal of Biblical
Literature. Vol.LXXII
Dezembro, 1953
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