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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

ESTUDO EXEGÉTICO DE LUCAS 16:16 A LEI E OS PROFETAS DURARAM ATÉ JOÃO?


ESTUDO EXEGÉTICO DE LUCAS 16:16


Introdução



As mensagens bíblicas são divinas, que as idéias ou pen­samentos foram inspirados por Deus, sob a orientacão do Espí­rito Santo; porém, o modo de se expressar ou as palavras es­colhidas são dos homens. Assim sendo é evidente que o pro­feta e outros escritores sagrados se serviram de suas habilida­des e dos elementos de cultura da sua época. Como os costu­mes são alterados e as culturas ultrapassadas, torna-se difícil a compreensão de textos bíblicos escritos em contextos histó­ricos milenares. Acrescido a este há o problema das cópias e traduções que contribui, âs vezes, para que o texto sagrado não transmita exatamente a idéia do original. Após estas afirma­ções é fácil concluir que, muitas vezes, é necessário grande es­forço e a orientação divina para que o pesquisador chegue a conclusões corretas concernentes ao que o mensageiro de Deus queria transmitir.

No Novo Testamento, um dos textos que tem sido tema para muitas discussões é Lucas 16: 16, que aparece na tradu­ção de Almeida Revista e Corrigida:

A lei e os profetas duraram até João: desde então é anun­ciado o reino de Deus, e  todo o homem emprega força para entrar nele.

O profícuo ministério de Cristo, visando salvar o homem, encontrou os mais variados obstáculos. Uma leitura atenta dos Evangelhos nos revelará que seus maiores inimigos e os mais acérrimos questionadores não foram os ignorantes mas os mes­tres de então —    os saduceus e fariseus.

O contexto da passagem de Lucas 16: 16 nos indica, que Cristo usou este verso num diálogo com os fariseus. que esta­vam ridicularizando ou minimizando as sublimes característi­cas messiânicas de Jesus. Foi para estes fariseus que Cristo de­clarou:

“A lei e os profetas vigoraram até João”, em outras pa­lavras, eles ouviram a declaração do Mestre do cumprimento da lei e dos profetas em João.

    Esta frase pronunciada há quase dois mil anos, retirada do seu contexto, tem sido usada por alguns comentaristas, co­mo uma das principais provas b,’blicas. da abolição dos 10 man­damentos com Cristo.

A finalidade primordial desta análise exegética é esclare­cer e orientar os sinceros estudantes das Escrituras, de que na­da existe neste texto, que possa ser usado como prova da anulação da eterna, santa e imutável lei de Deus.

Comentários Sobre o Texto


Para uma correta interpretação de qualquer texto, o pri­meiro passo é ir ao original, neste caso ao grego, para ver como lá se encontra.

Lucas o escreveu assim:

do nomos kai oi profetai mecri Iwannou - Ho nómos kai hoi profetai mechri loanu.

Sua tradução literal será: A lei e os profetas até João.

Como ponto de partida para a boa compreensão deste verso, é necessário saber que as palavras duraram, vigoraram ou existi­ram, que aparecem em algumas versões não se encontram no ori­ginal. Um destes sinônimos foi introduzido como um acrés­cimo ou recurso usado pelo tradutor para complementação do sentido. Observe bem que na tradução de Almeida Revista e Cor­rigida “duraram” aparece em negrito, como prova de que não se encontra no grego.

Os três mais relevantes princípios hermenêuticos devem ser aplicados neste estudo para sabermos o que Cristo quis de­clarar. (Veja estes princípios no capítulo —   Predestinação Bí­blica).

Para uma adequada compreensão do seu sentido a passagem paralela de Mateus 11: 13 deve ser colocada ao lado des­ta, porque diz a mesma coisa, mas com muito mais clareza.

“Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João”.

Mateus nos esclarece que Lucas jamais pretendeu decla­rar que a lei e os profetas terminaram nos dias de João, mas simplesmente afirma que eles profetizaram até aquele tempo a respeito de Cristo.

A Bíblia está repleta de provas de que a lei e os profetas continuaram depois de João.
1a.) A Lei
Como poderia o Senhor estar afirmando em Lucas 16:16 que a lei se tornara perempta ou fora suprimida quando no verso seguinte declara alto e bom som:

“E é mais fácil passar o céu e a terra, do que cair um til sequer da Lei.”

Mateus nos informa da lealdade de Cristo à lei:

“Não cuideis que vim destruir a lei e os profetas”. Mateus 5:17

Na sua palestra com o jovem rico, nosso Senhor o adver­tiu: “... Se queres, porém, entrar na vida, guarda os manda­mentos”.

2a.) Os Profetas

A Bíblia fala de muitos profetas nos tempos apostólicos.

Atos2:17-18 ... e profetizarão
Atos 19: 6 ... e ... profetizavam
        
          Atos 21: 7-9  “Filipe  tinha  quatro  filhas donzelas. que profetizavam”.

           I Cor.14:29  “Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem”.

Os antinomistas são incoerentes em suas afirmações, por­que ao declararem que a lei de Deus foi abolida depois de João, afirmam:

a)     A Lei parou com João Batista, o precursor de Cristo.

 b)     A Lei vigorou até a 1o. vinda de Cristo.

c)      A Lei de Deus findou na cruz.

Vemos aqui o ilogismo cronológico de três abolições da Lei.


O estudo do contexto é muito útil para melhor compre­ensão do assunto, pois este nos indica que nem Mateus nem Lucas está discutindo os Dez Mandamentos. Pelo contexto sabemos que muitos dos judeus eram descrentes da missão e do caráter de Cristo e do seu precursor. Afirmavam sua cren­ça em Moisés e em todos os profetas. Cristo procurou insisten­temente provar-lhes que Ele era aquele de quem os profetas fa­lavam e que o reino de Deus lhes estava sendo pregado através de João Batista.


Qual o Real Significado da Frase:  “A Lei e os Profetas Até João?”

“A lei e os profetas”.      Isto é, os escritos canônicos do VT (vide Mat. 5:17; 7: 12; 22: 40; Luc. 24: 27, 44; Atos 13: 15; 28: 23; vide também Luc. 24: 44).

Até João. Isto é, João Batista. “Até” a pregação do “rei­no de Deus” por João’ os sagrados escritos do VT constituíam a orientação primária do homem para a salvação (veja Rom. 3: 1, 2). A palavra “até” (gr. mechri) de maneira nenhuma im­plica —  como alguns expoentes superficiais da Escritura que­rem nos fazer crer —  que  “a lei e os profetas”, as Escrituras do VT, de algum modo perderam seu valor ou força quando João começou a pregar. O que Jesus quer dizer aqui é que até o ministério de João “a lei e os profetas” eram tudo o que os homens tinham.   Veio o evangelho, não para substituir ou anu­lar o que Moisés e os profetas tinham escrito, mas antes suple­mentar reforçar, confirmar aqueles escritos (veja S. Mat. 5: 17-19). O evangelho não toma o lugar do VT, mas é adicio­nado a ele. Este é claramente o sentido em que mechri (tam­bém traduzido “para”) é usado em tais passagens da Escritu­ra, como Mat. 28:15 e Rom. 5:14.

Através do NT não há nenhum exemplo em que o VT é de algum modo depreciado. Pelo contrário, é nas escrituras do VT que os crentes do NT encontravam a mais forte confir­mação de sua fé; de fato, o VT era a única Bíblia que a primei­ra geração da igreja do NT possuía (veja João 5: 39). Eles não o desprezavam, como fazem alguns hoje que se intitulam cris­tãos, mas honravam e estimavam-no. De fato, nesta mesma ocasião Jesus estabeleceu os escritos do VT como suficientes para conduzir os homens ao céu (veja Luc. 16: 29—31). Aque­les que ensinam que as Escrituras do VT são sem valor ou autori­dade para os cristãos, ensinam o contrário do que Cristo ensi­nou. Paulo afirmou que seus ensinos incluiam “nada mais além daquilo que os profetas e Moisés disseram que viria”. (Atos 26:22). Em seu ensino Paulo se referia constantemente à “lei de Moisés” e aos “profetas” (veja Atos 28:23).

No Sermão da Montanha Jesus deixou claro que Seus ensi­nos de modo algum punham de lado os do VT. Ele declarou enfaticamente que não veio tirar das Escrituras do VT o me­nor “jota” ou “til” (veja Mat. 5: 18). Quando Ele declarou “mas Eu vos digo” (veja v. 22), o contraste que Ele delineou entre os ensinos do VT e Seus ensinos, não tinha em vista di­minuir o valor ou importância dos primeiros, mas antes liber­tá-los dos estreitos conceitos dos judeus de Seus dias e ampli­ficar e fortalecê-los.

Desde aquele tempo. Desde a proclamação do reino de Deus por João Batista, luz adicional tem estado a brilhar sobre o caminho da salvação, e os fariseus não tinham qualquer escusa para serem “cobiçosos” (veja v. 14). Tinha havido luz suficiente para eles no VT (veja vs. 29 a 31), mas eles tinham rejeitado aquela luz (veja João 5: 4547); agora eles tomavam a mesma atitude em relação à luz em acréscimo que brilhava através da vida e ensinos de Jesus (veja João 1:4; 14: 6).”

Estas explicações se encontram no SDABC, Vol. V, pá­ginas 828-829.


Conclusão


De conformidade com os ensinos de Cristo, a analogia das Escrituras, a comparação de passagens paralelas, e o contexto do verso, a única conclusão a que se chega é:

Uma melhor tradução da passagem seria: A lei e os pro­fetas foram pregados até João.

À luz do que nos ensina claramente a Palavra de Deus, e apoiados no testemunho de abalizados comentaristas podemos concluir, sem nenhuma dúvida, que a lei de Deus permanece como disse Barclay: “inalterada e inalterável”.

A Lei dos Dez Mandamentos representa o caráter de Deus, portanto é tão eterna quanto Ele próprio.

A afirmação de que o Velho Testamento foi proscrito jun­tamente com os profetas, não encontra base nos ensinamentos de Cristo nem nas declarações dos escritores do Novo Testa­mento. Veja Atos 26:22; 28: 23.


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