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sábado, 2 de agosto de 2014

ARTIGOS SOBRE A TRINDADE - DEUS E A HISTÓRIA


Deus e a História
Não é a fraqueza humana que age no lugar da ação divina
por Rodrigo P. Silva


 O modo como Deus atua na História é um dos temas mais discutidos no mundo teológi­co. Alguns, enfatizando por demais a soberania divina, acabam negando a idéia de um livre-arbítrio. Outros, por sua vez, acentuam tanto os resultados da ação humana que tornam Deus pouco mais que um es­pectador dos acontecimentos sem quase nenhuma intervenção nos ne­gócios da Humanidade.
Na verdade, quando estudo a his­tória dos debates teológicos, percebo que a heresia sempre surge quando se acentua excessivamente um aspecto da revelação em detrimento de Outro. Por exemplo, os que enfatizam tanto a Lei a ponto de negar a Graça e vice-versa.
O mesmo se dá com o assunto da atuação divina nos negócios da hu­manidade. Seria muito simplório di­zer que tudo o que acontece é resultado da vontade divina. Isso acabaria colo­cando a Trindade como o responsável por tudo o que existe, inclusive o mal.
Mesmo sendo Deus todo-podero­so, há acontecimentos que podem esca­par à Sua vontade ou até frustrar Seus planos. Ora, como todos sabem, não era determinação do Criador que Adão pe­casse, muito menos que pessoas mor­ressem sem salvação. Contudo, há mais ou menos seis mil anos o pecado faz seu hiato na linha da eternidade. Alguns aceitam a Cristo, enquanto outros O re­jeitam para sempre. Isso, com certeza, não estava nos planos do Altíssimo.
Mas ninguém deve se apressar em concluir que Deus não sabia o futuro ou que existe no Universo algo mais forte que o Seu poder. Foi o próprio Se­nhor, por Sua autodeterminação, que resolveu criar seres livres, capazes de voltar-Lhe as costas e recusar Sua graça. Ao amar a humanidade, Ele aceitou a possibilidade de ser rejeitado por ela!
Aqui, portanto, o ponto-chave des­te tema é a conciliação entre as ações di­vina e humana na construção da histó­ria mundial. Quem, afinal, está escre­vendo a história e os acontecimentos que ela contém? Deus ou o ser humano?
A Bíblia, na verdade, acentua três modos da ação divina em meio aos acontecimentos mundiais. O primei­ro é aquele em que Deus apenas res­peita o livre-arbítrio humano e per­mite ao indivíduo colher os frutos de sua própria decisão. L o caso, por exemplo, de Acaz que, recusando-se a ouvir a mensagem de Deus, terminou mal o que poderia ter sido um grande reinado (Isa. 7:10-25).
O  segundo é aquele em que Deus apenas retira Sua proteção, deixando ao inimigo a oportunidade de agir provocando até mesmo doenças e de­sastres na natureza. O caso de Jô  ilus­tra bem essa situação (Jó 2:6 e 7).
O  terceiro e, talvez mais impor­tante, é aquele em que Deus mesmo intervém agindo na História. Neste modo, Ele, em pessoa, pode executar Seu juízo (como no caso em que es­creveu sobre a parede a sentença con­tra Belsazar, Dan. 5) ou, quem sabe, enviar um anjo destruidor como na noite em que foram mortos todos os primogênitos do Egito (Êxo.12:23).
Pensando neste último ponto, tenho em mente um recente artigo que publi­quei na Revista Adventista (agosto, 2000). Nele apontei os “desastres ecológicos” co­mo o melhor comentário de Apocalipse 16. E importante, porém, deixar claro duas coisas: 1) Os juízos que hoje presen­ciamos são apenas gotas daquilo que virá depois do fechamento da porta da graça. As sete pragas serão de natureza muito mais aterradora, pois não possuirão a presente mistura de misericórdia. 2) Em­bora as sete pragas sejam fruto da trans­gressão, não devemos entender o homem como o executor último de sua própria sentença. Não é a fraqueza humana que age no lugar da ação divina.
Ali, naquele tempo de angustia, o qual nunca houve, teremos, a meu ver, os três modos acima descritos: Com a
retirada do poder refreador de Deus (simbolizado pelos quatro anjos de Apoc. 7) Satanás operará quase irrestri­tamente sua obra de destruição. Tam­bém haverá um amargo desfruto po­pulacional das conseqüências do peca­do humano. Porém, mais importante que isso, Deus cm pessoa estará pesan­do Sua mão sobre o planeta, provocan­do no ambiente os flagelos que vêm di­retamente do Seu trono. Noutras pala­vras, mais do que poluição humana, ou destruição satânica, as sete pragas serão atos de Deus punindo a rebeldia.
Ë lógico que não podemos pene­trar nos desígnios da mente do Altíssi­mo. Mas, pela Revelação Bíblica, é possível rastrear Suas pegadas na His­tória e verificar que muitos aconteci­mentos foram ação direta de Deus, ora enviando um exército destruidor, ora provocando um terremoto em meio à natureza. Episódios como o Dilúvio, o Êxodo e as próprias Pragas contêm um tom sobrenatural que extrapola as di­mensões do que poderia realizar o ho­mem ou o curso natural dos eventos.
Um juízo para ser autenticamente divino tem de possuir um sinal que só Deus pode colocar, porque Fiel é abso­luto. Esse sinal tem de ser algo que su­pere todas as hipóteses terrenas. Um fato externo que ultrapasse os ele­mentos visíveis. E assim que vejo esses desastres ecológicos: muito acima da ação humana, há uma intervenção di­reta de Deus que imprime Sua digital nos juízos que caem sobre a Terra.
Como adventistas, cremos num Deus que age e põe nos acontecimen­tos a marca viva de Sua assinatura.

Rodrigo P Silva é professor de Ensino Superior do IAE-Campus 2, Engenheiro Coelho, SP


Revista Adventista    novembro/2000

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