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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

SALOMÉ A MÃE DE TIAGO E JOÃO



SALOMÉ, UMA MÃE QUE PENSOU EM PEDIR O MELHOR PARA OS FILHOS

"Salomé era ambiciosa para os filhos, e a ambição é louvável quando está em perfeito acordo com a mente e o propósito de Deus. Quando divinamente orientada, ela pode conduzir à elevada honra, mas quando egoisticamente procurada pode lançar à pessoa em profunda degradação". Herbert Lockyer *

Mateus 20:17-28

Salomé, a mãe de João e Tiago (Mat. 27:56; Mar. 15:40), avançou resolutamente alguns passos. Os filhos seguiram-na. Ela não se importou de interromper Jesus. Não esperou até que Ele acabasse de falar. Salomé tinha algo no cotação para pedir ao Mestre – algo que não podia esperar.
Estava próxima a Páscoa e Jesus e os discípulos iam fazer mais uma vez a viagem da Galiléia para a Judéia. Um número crescente de pessoas tinha-se agrupado em torno deles para subirem a Jerusalém para a celebração da festa da Páscoa. Entre esses encontravam-se os doentes, os coxos e os cegos – pessoas que queriam que Jesus as curasse.
A longa viagem pelo campo e a travessia do Rio Jordão já estavam vencidas. Depois chegaram a Jericó. Os quilômetros finais que os separavam de Jerusalém tinham de ser bem avaliados. A parte mais difícil da viagem – a subida dos montes íngremes e áridos da Judéia – ainda ficava para a frente.
À primeira vista, parecia não haver muita diferença entre esta viagem e as anteriores. Mas os discípulos de Jesus sentiam que não era assim. As sombras do futuro sofrimento do Mestre estavam a escurecer a Sua vida e a perturbar os pensamentos de Salomé e os dos Seus outros amigos.
As palavras que Jesus havia dito precisamente antes de o pequeno grupo deixar a Galiléia vinham-lhe constantemente ao pensamento.
"Eu vou ser entregue ao poder daqueles que me querem matar", dissera Ele (Mat. 17:22-23). Essa afirmação havia-lhes causado tristeza, uma vez que compreendiam agora que em breve os deixaria.
Apenas alguns momentos antes, Jesus tinha repetido novamente aquelas palavras e feito reflexões sobre elas. Deixando a multidão por um breve instante, Ele puxou os discípulos de lado.
"Como vedes", disse, "vamos para Jerusalém. O Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos homens e eles irão matá-lo; mas ele ressuscitará ao terceiro dia" (Mat. 20:18-19).
Estas palavras eram assustadoras. Revelaram que Jesus, que veio para o Seu próprio povo, seria rejeitado por eles (João 1:11). Embora os líderes religiosos dos judeus O sentenciassem à morte, a decisão deles não esfriaria o ódio que Lhe tinham. Antes de Ele morrer, iriam escarnecer dEle, humilhá-lO e tentar ridicularizá-lO. O homem que havia feito somente o bem seria publicamente executado como um criminoso comum.
Imediatamente antes deste terrível evento, Jesus desejou que os Seus companheiros de viagem partilhassem da Sua angústia. Não estavam entre eles os Seus melhores amigos – Pedro, João e Tiago – bem como Salomé e outras mulheres que tão fielmente O tinham servido? Poucas pessoas Lhe eram mais íntimas e O conheciam melhor. Eles partilhariam dos Seus sentimentos, das Suas tristezas.
Salomé foi a primeira e a única pessoa que respondeu às palavras de Jesus. A sua voz soou, séria, mas o que ela estava a dizer nada tinha a ver com o Mestre. As palavras que proferia não tinham qualquer conexão real com as afirmações que Ele fizera. A mãe Salomé não mostrou compaixão para com o Salvador e os Seus próximos sofrimentos. Pensou unicamente em si mesma e nos seus filhos.
Quando João Batista começara a pregar, cerca de três anos antes, os filhos de Zebedeu juntaram-se inicialmente a ele. Mais tarde, quando Jesus passou junto ao lago da Galiléia e os chamou, eles deixaram o seu trabalho e seguiram-nO imediatamente (Mar. 1:19-20).
Os meus filhos podem ter um temperamento impetuoso e mostrarem até, por vezes, certa insensibilidade, pensou Salomé, mas eles são de fato homens espirituais. Eu compreendo por que é que os outros discípulos lhes deram o apelido de "filhos do trovão" (Luc. 9:54-55), contudo é verdade que eles têm os corações abertos para as coisas de Deus.
Foi essa a razão porque ela e o marido, Zebedeu, não tinham desviado João e Tiago da sua intenção de seguir o Mestre. Eles haviam deixado ir os filhos sem se queixarem, sem lhes pedirem que dessem preferência aos seus próprios interesses.
Zebedeu tinha um próspero negócio de peixe, e com dificuldade poderia dispensar os filhos. Eles formavam o eixo em torno do qual se centralizava muito do trabalho. Quando os filhos partiram, o negócio ficou muito mais dependente dos trabalhadores, e isso tinha os seus inconvenientes.
Todavia, como pais, tinham-se sacrificado alegremente. Sentiam-se felizes por verem que Tiago e João – a quem haviam dado uma educação de temor a Deus – tinham reagido de um modo tão positivo. No íntimo dos seus corações estavam gratos porque os filhos se interessavam por Deus e não viviam ansiosos por riquezas.
Era um privilégio para Tiago e João – e indiretamente para os seus pais – serem escolhidos como discípulos do Nazareno. A gratidão dos pais tinha aumentado quando viram que João, que ocupava um lugar especial no coração de Jesus, se foi gradualmente tornando o Seu melhor amigo.
Estes pensamentos devem ter passado pela mente de Salomé. Por esse motivo, ela começou a preocupar-se. Depois do repetido anúncio a respeito dos Seus sofrimentos, os problemas que daí poderiam resultar começaram a perturbá-la.
O que é que acontecerá aos meus filhos quando o Senhor morrer? – perguntava Salomé a si mesma. Eles construíram as suas esperanças sobre Ele. Os seus futuros estão dependentes dEle.
Salomé repetia mentalmente as palavras de Jesus. Verificou então que Ele não havia falado apenas de morte; tinha mencionado também a ressurreição.
É isso! – pensou Salomé, aliviada. O destino final de Jesus não é a morte. Ele ressuscitará de entre os mortos e estabelecerá o Seu reino. Em breve reinará sobre o Seu povo como rei. Estes e outros pensamentos do gênero que preocupavam os discípulos e muitas outras pessoas (João 6:15; Atos 1:6), estavam também na sua mente.
Ela sabia agora o que tinha a fazer. Sem perda de tempo tinha de se certificar de que o futuro dos filhos estava garantido. E quem é que poderia falar melhor a favor dos filhos do que a mãe?
Não teria ela direito de fazer isso? Não tinha ela dado em sacrifício da sua vida ao Mestre? Não tinha partilhado das dificuldades próprias de viagens constantes? Não Lhe dera ela do seu tempo e bens? E, como irmã da mãe de Jesus (Mar. 15:40-41; João 19:25), não podia reclamar um privilégio especial?
Avançou rapidamente alguns passos. Depois ajoelhou-se diante do Mestre para Lhe expressar o seu respeito.
"O que é que posso fazer por ti?" (Mat. 20:21) – perguntou Jesus, amavelmente.
Sem se deter em introduções, ela apresentou o seu pedido. As suas palavras traziam à luz o seu pensamento. "Promete-me que os meus dois filhos se sentarão junto de Ti no Teu reino", suplicou ela, "um à Tua Direita, outro à Tua esquerda" (Mat. 20:21).
Salomé disse tudo o que tencionava dizer. Não a chocaria o fato de que estas palavras poderiam soar duras e egoístas aos ouvidos do senhor? Não reconheceria ela que Jesus experimentava dolorosamente a falta do seu afeto? será que, ao menos em parte, ela se apercebeu de quão pobremente estava a responder à situação desse momento? Estaria Salomé consciente da mesquinhez do seu pedido quando comparado com o intenso sofrimento que aguardava o Mestre? O inocente Filho de Deus estava prestes a morrer, e as únicas coisas em que ela conseguia pensar eram os futuros dos filhos.
Enquanto o Filho de Deus, como homem, Se erguia enfrentando a morte, ansiando por compreensão e afeto, Salomé abrigava unicamente sentimentos de orgulho maternal.
Não se sabe exatamente se ela falou por si própria ou se foi também porta-voz dos filhos (Mar. 10:35-45). Mas mesmo que esta última hipótese fosse correta, isso não a favorecia. Não diminuía a sua responsabilidade. Pelo contrário, essa questão revelou que ela havia perdido a oportunidade de os corrigir.
Por causa de Salomé, o Senhor não estava agora a sofrer unicamente com a ambição de uma mãe. Sofria também por estar sendo abandonado pelos filhos dela – dois dos Seus melhores amigos.
Os Seus outros discípulos também não se portaram melhor. Pouco depois, todos se mostraram furiosos por causa desse pedido de João e Tiago. Não reagiram desse modo por sentirem que essa atitude dos dois condiscípulos tinha sido dolorosa para Jesus. Pelo contrário, sentiram-se ofendidos – postos à margem. Era evidente que Tiago e João estavam convencidos de que eram muito importantes. Quem eram eles para se considerarem superiores aos outros?
As palavras de Salomé foram cruéis para Cristo, mas eles também mostraram pouca preocupação com as mães dos outros colegas.
Por que é que os filhos de Zebedeu, poderiam perguntar a si mesmas as outras mães, hão de ser novamente privilegiados? Não será já hora de os outros – os nossos filhos – irem ficando na frente? Não é verdade que Pedro e André também deixaram tudo? Não têm seguido igualmente o Senhor? (Mat. 19:27)
A despeito do orgulho maternal de Salomé, Jesus não a repreendeu. O Filho do Homem que estava diante dela era também Deus, capaz de sondar os recantos mais profundos do coração humano. Ele não só reconhecia as suas características egoístas e negativas, mas via mais. Discernia os seus pensamentos e desejos. Todo o seu ser estava aberto e nu perante Ele, que lhe lia o coração como se fosse um livro.
Sem dúvida que isso era assustador, mas ao mesmo tempo estimulante. Ninguém senão o Criador do coração de uma mãe conhece como esse coração – com todas as fibras do seu ser – está ligado ao do filho a quem deu à luz. Ele compreendia quão vulneráveis são as mães deste mundo, mesmo na sua relação com Deus. Ele sabia com que facilidade uma criança se pode meter entre a mãe e o próprio Deus. Ele via a luta diária que as mães enfrentavam nesse campo. As mães cristãs não estavam isentas de tais sentimentos.
Por isso, o Senhor não repreendeu Salomé. Compreendeu e perdoou. Ele sabia que ao lado das suas falhas, ela possuía fé. Mostrou acreditar no futuro dEle, embora a visão que tinha enfermasse das deficiências e erros humanos. Jesus sentia o amor dela naquele desejo de conseguir que os seus filhos ficassem sempre perto dEle.
O Mestre deu valor à lealdade de Salomé. Ela tinha-O servido fielmente desde o princípio, e continuou a fazê-lo mesmo depois de ter saído a ordem para O prenderem em Jerusalém.
Por esse motivo, Jesus não negou a esta mulher o seu pedido. Em vez disso, corrigiu-o. Embora nesse momento ela não o reconhecesse, a resposta à sua petição viria de um modo inteiramente diferente do que ela esperava.
Salomé não sabia o que estava a pedir. Pensando segundo os padrões humanos, considerava a honra e a reputação como favores excepcionais. Contudo, o Senhor orientava-se pelos padrões divinos. A maior honra do céu estava reservada para as pessoas que sofressem por causa da sua fé.
Assim, a Sua compreensiva resposta, dirigida a João e a Tiago, passou exatamente por cima da cabeça de Salomé. "Podeis vós beber o cálice que eu tenho de beber?" (Mar. 20:22)

Paulo, na sua carta aos Filipenses, explica como podemos compreender estas duas afirmações aparentemente contraditórias. Ele escreveu que Jesus "a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz" (Filip. 2:7-8). Por causa dessa disposição de Jesus para servir e morrer pela humanidade, Deus exaltou-O soberanamente e Lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor (Filip. 2:9-11).

O Senhor Jesus estava prestes a estabelecer um Reino celestial em vez de um reino terreno. Os lugares de honra nesse reino seriam designados por Deus – Seu Pai – e não por Ele. O portão para esse reino assentava no sofrimento, o sofrimento do Filho de Deus. E quão amargo ele era; cada gota doe Seu cálice de pavor estava misturada com fel. Salomé experimentou o sofrimento de Jesus alguns dias mais tarde, quando permaneceu ao pé da cruz. Acompanhada pela mãe de Jesus e várias outras mulheres, partilhou dessa angústia com Ele. Estava presente quando Jesus clamou: "Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?" (Mat. 27:46)
Este clamor era dirigido ao Pai celestial, que no princípio do ministério terreno de Jesus Lhe havia dito: "Tu és o meu único Filho, o Homem segundo o Meu coração" (Mar. 1:11).
O reino do Senhor estava alicerçado sobre o sofrimento e a obediência. Os filhos de Salomé teriam um lugar nesse reino. Mas tinham de entrar nele da mesma maneira que o Mestre. Ele, o pioneiro da salvação, sofreria profundamente a fim de trazer muitos filhos à glória (Heb. 2:10). Ele distribuiria o sofrimento como um favor, um privilégio, uma graça.
A mais bela coroa que uma pessoa poderá usar não é feita de respeito e honra, mas de obediência incondicional. A Bíblia afirma que o Filho de Deus aprendeu a obediência na escola do sofrimento (Heb. 5:8). Para os Seus servos, não existia outro caminho. A sua medida de sofrimento – se suportada em nome de Cristo – determina a sua alegria futura na glória (1 Pe. 4:12-13).
Tiago e João dispunham já duma parte nesse sofrimento. Felizmente, essa dor estava ainda escondida da mãe. Salomé pediu privilégios excepcionais para os filhos e recebeu-os, expressos mais no sofrimento do que em termos de honra e glória.

A dolorosa experiência do sofrimento não pe algo que se escolha naturalmente. Nenhum ser humano gosta de sofrer; não pode gostar. Todavia, à luz da eternidade, o  sofrimento de um cristão é mais fácil de suportar quando ele olha para a escola do sofrimento ensinada por Cristo e para a glória da vida eterna com Deus (2 Cor. 4:17-18). Descansando nas promessas que estão na Bíblia, os cristãos que estão prontos a colher os frutos do sofrimento também compreendem que cada vez melhor as bênçãos que ele contém. "Porque para vós", escrevia Paulo aos cristãos de Filipos, vos foi concedido em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer pó ele" (Filip. 1:29).

Seria Salomé ainda viva, quando o seu filho Tiago, o primeiro dos apóstolos a ser martirizado, foi morto pelo então rei Herodes Agripa I (Atos 12:1-2). Ela nunca chegou a saber que o seu outro filho, João, foi exilado no fim da vida por amor do evangelho (Apoc. 1:9).
Tiago e João não dominariam as redondezas de um reino terreno. Mas, mais tarde, no céu, ostentariam uma brilhante coroa de mártir, por causa dos sofrimentos que haviam padecido em nome do Cristo.
Não podemos saber quanto desse seu sofrimento Salomé chegou a entender.
Junto à cruz, ela foi tratada excepcionalmente bem. Jesus apontou para João, pedindo-lhe que cuidasse de Maria, Sua mãe (João 19:25). O Salvador concedeu ao discípulo que mais amava, a honra de servir. O serviço, como o sofrimento, é um pilar sobre o qual está construído o reino eterno de Deus. Deste modo, os princípios do reino de Deus são diametralmente opostos aos dos monarcas terrenos.
Jesus colocou essa lição perante a atenção das mulheres e dos discípulos, nesse dia em Jericó. Os Seus seguidores deviam desejar impor-se pelo serviço e não pelo domínio. As pessoas que estão prontas a serem as mais insignificantes na terra serão consideradas as mais importantes no céu.
É importante que cada mãe considere cuidadosamente o pedido de Salomé a favor dos filhos, especialmente aquelas que – embora tendo consciência das suas faltas e limitações humanas – amam verdadeiramente o Senhor e procuram o melhor para os seus filhos. Todas elas podem aprender muitos princípios deste texto, principalmente no campo da oração. As mães têm de aprender a não serem precipitadas nas suas preces a favor dos filhos. Têm de orar sem egoísmo e com reflexão.
Mas há também um grande estímulo ligado à história de Salomé. Deus sabe o que é realmente melhor para os filhos e quer providenciá-lo, mesmo quando a mãe pede uma coisa errada.

Salomé, uma mãe que pensou em pedir o melhor para os filhos 
(Mateus 20:17-28)

Perguntas:
1. Formule o pedido de Salomé a Jesus, nas suas próprias palavras.
2. Quais lhe parecem ser os motivos que a induziram a fazer este pedido?
3. Como é que o seu pedido foi atendido?
4. A que características e experiências se dá mais valor no reino de Deus?
5. Faça um breve estudo do texto da coluna ao lado sobre o sofrimento, lendo as duas referências nela indicadas. O que é que o impressiona?
6. Aprofundou a sua compreensão da Palavra de Deus através desta história? Se sim, o que é que aprendeu e como é que o pode aplicar à sua vida?


FONTE: LIVRO SEU NOME É MULHER 2



* De The Women of the Bible, por Herbert Lockyer, p. 151.

1 comentário:

  1. O Objetivo da mae deles ou mesmo deles(Salomé tia de Jesus), (pois outro texto afirma que foram eles quem pediram) era uma visão puramente material. num possivel reino sobre o povo judeu, pois até aquele momento eles nao compreendiam o que seria o reino de Deus, ou o o Reino dos Céus.

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