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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

AGAR A EGIPCIA




AGAR,  CUJA  EXTREMA  NECESSIDADE  FOI  SATISFEITA  POR  JESUS  CRISTO

"Se ela deu uma serva ao marido e esta deu à luz filhos, considerando-se depois igual à sua senhora, esta, por causa desses filhos, não a poderá vender por dinheiro, reduzi-la-á à escravidão e a porá entre as suas escravas."
Das Leis de Hamurábi*


Gênesis 16:1-16
Gênesis 21:1-21

Agar avançava lentamente ao longo do caminho irregular. Os seus pés e artelhos fatigados doíam-lhe mais a cada passo que dava, e as costuras da sua longa túnica estavam puídas e rasgadas. O coração batia-lhe apressadamente por causa do esforço daquela jornada; os olhos ardiam-lhe com o escaldante calor do sol.
O deserto que percorria dia após dia não lhe oferecia qualquer proteção. Durante o dia, um calor horrível levantava a areia em vapores e,um vento agreste atirava-lhe com o pó para a boca e nariz. A noite, a temperatura baixava e.a terra tornava-se muito fria.
A despeito dos riscos, Agar continuava a caminhar em direção ao Egito, a sua terra natal. Queria voltar ao lugar onde Sara, a mulher de Abraão (como eles foram chamados mais tarde), a tinha comprado cerca de 25 anos antes e a levara depois para Canaã como escrava.
Enquanto caminhava, ia refletindo sobre os anos anteriores. Tinham sido anos bons.
Embora fosse uma escrava, tinha desfrutado de uma vida agradável. Afinal, pensava ela, eu tenho sido bem feliz em viver com Abraão e Sara, com quem Deus fez mesmo uma aliança especial. Através do exemplo deles, ela tinha tido contato com o Deus vivo.
Não obstante estas boas recordações do passado, não eram pensamentos de gratidão os que agitavam naquele momento a cabeça de Agar. Longe disso! Sentindo que tinha sido maltratada e mesmo profundamente ofendida, ela estava cheia de amargura.
De certo modo, Agar estava a sofrer as conseqüências duma situação lamentável que existia na casa de Abraão. Quando ele se mudara da terra que ficava entre os rios Eufrates e Tigre para Canaã, Deus havia-lhe prometido um filho e tinha-lhe dito que por esse filho ele se tornaria o pai duma multidão de nações. Gên. 12:1-5.
Mas os anos foram passando e o filho não chegara. Preocupada, Sara convenceu-se de que o filho prometido devia nascer duma concubina, uma segunda esposa, e não dela. De acordo com as leis desse tempo, era permitida tal prática. De fato, um bebê que nascesse deste acordo era legalmente considerado como filho da verdadeira mulher e, como tal, herdeiro legítimo. Com vista à concretização desse plano, Sara pensou em Agar, que ocupava uma posição de privilégio no círculo da família. Depois de Agar se tornar a segunda esposa de Abraão não demorou muito a dar-lhe a boa notícia, "Estou grávida!"
Antes da gravidez de Agar, e uma vez que não tinha filhos (Gên. 15:2-5), Abraão tinha pensado que Eliezer, mordomo da sua casa, seria o seu herdeiro legal. Mas agora, por intermédio de Agar, o filho que Deus lhe tinha prometido poderia estar a aparecer. Embora Abraão tivesse razões para esperar que o seu herdeiro fosse um filho de Sara, até essa altura Deus nunca lhe havia dito quem seria a mãe. Ele esperou 13 anos até que Deus lhe desse a resposta a essa questão. Gên. 17:15-16.
Em breve se tornou evidente que a solução de Sara tinha sido simplesmente humana. A bênção de Deus para Agar nunca fora pedida, nem dada. Impaciente, e duvidando da capacidade de Deus para resolver a sua situação, Sara havia escolhido a sua própria solução e Abraão tinha-se enquadrado demasiado depressa nos seus planos. Não admira que a paz de Deus tivesse desaparecido daquele lar.
Naquela época da história, uma mulher estéril era desprezada por todos. Infelizmente, Agar não perdia a oportunidade de manifestar tais sentimentos para com Sara. Então, como agora, poucas coisas havia no mundo que fossem tão subtis e ao mesmo tempo se transmitissem com tanta clareza como os sentimentos duma mulher para com outra.
Por seu turno, Sara reagia contra essas silenciosas afirmações de Agar. Também ela tinha as suas armas e sabia como usá-las. Na qualidade de senhora, assistiam-lhe direitos mais antigos e maiores, fato confirmado pelas leis do seu tempo. Agar continuava a ser sua possessão pessoal e podia agir com ela como lhe apetecesse.
Não podendo aproximar-se de Agar sem a permissão de Sara, Abraão também não conseguia impedir que Sara usasse do seu poder para humilhar Agar.
Embora os três tivessem transgredido as leis de Deus e fossem igualmente culpados aos Seus olhos, é compreensível que a atitude de Agar ferisse profundamente Sara. Essa ferida explica em parte o modo horrível como Sara tratou Agar. Todavia, o conhecimento desse íntimo conflito de Sara não torna mais fácil de aceitar a humilhação a que Agar foi sujeita.
Agar, cansada do tratamento de Sara, perdeu finalmente a paciência. Sem pedir autorização, fugiu para o deserto. Agindo assim, estava a confirmar o seu nome, pois Agar significava literalmente "Fuga".
Sabendo perfeitamente que tanto ela como o bebê que esperava estariam provavelmente a encaminhar-se para a morte, ela abandonou o acampamento. Só, sem comida, ela sabia que talvez nunca chegasse à sua terra. O seu filho talvez nunca viesse à vida. Mas via-se forçada a tentar.
Instintivamente, começou a caminhar em direção ao sul através da estrada que levava ao Egito. Quanto mais andava, maior se tornava o perigo. Ela havia trocado uma comunidade abrigada por um deserto sem fim e inóspito. Nem pessoa nem animal se podia ver por quilômetros e quilômetros; não havia ninguém para a ajudar.
Algures lá na parte do nordeste da Península do Sinai, Agar chegou a um poço no deserto, junto da estrada que seguia em direção a Sul. O oásis proporcionou-lhe frescura e descanso, mas não acalmou as suas ânsias mais profundas.
, longe da segurança e amizade, ela clamou do mais íntimo do seu ser ao Deus de Abraão, o Único que a podia salvar. E Ele não a tinha abandonado. Aquele pontinho que se movia lentamente pelo difícil e arenoso deserto do Sinai, não havia escapado à sua atenção. Deus mantivera os Seus olhos sobre Agar, do mesmo modo que o faz em relação a toda a humanidade.
"Agar", clamou Ele, tratando-a pelo seu primeiro nome. Gên. 16:7-9. Deus sabia exatamente quem ela era.
"Serva de Sarai", acrescentou o Senhor, colocando-a no quadro em que a via. Aos olhos de Deus ela era ainda a serva de Sara. Ele não começou a conversa com uma repreensão, embora naquelas circunstâncias o pudesse ter feito.
"Donde vens e para onde vais?", perguntou então o Senhor. Esta maneira descontraída de lhe falar permitiu a Agar expressar livremente o que sentia. Jesus Cristo, que durante os anos que permaneceu nesta terra iria usar o mesmo método com mulheres pecadoras e ganhar assim os seus corações, estava a falar-lhe. João 4:4-42; 8:3-11. O próprio Jesus Cristo se abeirou dela na pessoa do Anjo do Senhor. Tratava-se de uma das aparições do Senhor Jesus no Velho Testamento, antes da encarnação.
Mais tarde, Ele iria revelar-se do mesmo modo a Abraão, pai de todos os crentes (Gên. 17:4-5), e a Moisés, o que dera a Lei (Êx. 3:2-6), dois homens a quem a Bíblia chama amigos de Deus. Tg. 2:23; Êx. 33:11. Tanto o patriarca Jacó como Gideão, o herói da fé, ficaram também profundamente impressionados quando tiveram um encontro com Cristo em circunstâncias semelhantes. Gên. 28:12-17; Juí. 6:11-23.
Mas o primeiro encontro de Jesus Cristo, narrado de fato, com uma pessoa, foi este com Agar, muito antes de Ele ter vindo à terra para redimir a humanidade. Sendo uma jovem pagã que não pertencia ao povo de Deus, ela – a mãe dum bebê por nascer – tinha vindo à presença de Deus em necessidade extrema. Por sua vez, Deus mostrou-lhe o caminho para a solução do problema. Numa atitude de humildade e arrependimento ela obedeceu e regressou ao acampamento de Abraão. O pecado de Agar, como o de Eva, era o orgulho.
Renunciando a esse espírito orgulhoso e rebelde e à sua obstinada independência, ela voltou para Sara sua senhora.
Em vez de tentar impor a sua posição ou falar dos seus próprios direitos, Agar precisava humilhar-se. O próprio Senhor lhe havia dado um exemplo de humildade quando desceu para falar com ela. Mais tarde, Ele iria humilhar-Se muito mais a fim de providenciar aos pecadores uma alternativa para a morte. Filip. 2:5-11. Ele daria uma vida nova a todo aquele que confiasse pessoalmente nEle para glória de Deus.
O Senhor, que dá bênçãos especiais àqueles que têm a coragem de se humilhar (I Ped. 5:6), honrou a obediência de Agar. "O bebê que esperas é um rapaz", disse Ele. "Chamar-lhe-ás Ismael (esse nome significava 'Deus ouve'). Multiplicarei sobremaneira a tua semente; que não será contada, por numerosa que será". Gên. 16:10-12.
O filho que esperava não seria um homem com quem se lidasse facilmente. Teria um caráter rude e indomável. Contudo, quanto ela se deve ter alegrado no fundo do coração com estas palavras de Deus! Havia de novo esperança. Em vez de aguardar a morte, ela tinha agora perspectivas de vida. O futuro desabrochava para ela e seu filho. Jesus tinha um plano para as suas vidas e descera do céu para o partilhar diretamente com ela.
"Oh Deus que me vês"! – exclamou ela em adoração e culto. Todavia, sentia-se ao mesmo tempo receosa e intimidada. Eu vi Deus e continuo viva, pensou ela depois de o Senhor a deixar. Eu poso dizer isso aos outros.
Mais tarde, esse poço onde ela encontrou Deus foi chamado Laai-Roi (Gên. 16:14), que traduzido significava, "o poço do Deus Vivo que me vê". Agar tivera uma experiência com o Deus verdadeiro, que a viu e atendeu na altura da sua necessidade.
Enquanto vivesse, Agar recordaria certamente esta experiência com Deus. Cada vez que pronunciasse o nome de Ismael, iria recordar-se do fato: O Deus vivo tinha ouvido e atuado.
Passaram-se aproximadamente 17 anos. Ismael era então um jovem robusto. Isaque, o filho da promessa, já havia nascido e, com três anos de idade, estava agora pronto para ser desmamado.
Nessa época, o ato de desmamar um filho era motivo para grandes festejos, pois considerava-se um marco importante na vida da criança. Toda a casa de Abraão e muitos dos seus amigos das cidades vizinhas vieram celebrar e ver por eles próprios o milagre que Deus havia realizado na vida de Abraão e Sara. Estes, tendo já 100 anos e 90, respectivamente, tinham sido abençoados com um filho na sua velhice, o filho da promessa, de cuja descendência viria mais tarde o Messias.
Mas a atmosfera da festa não foi totalmente agradável. Ismael, o filho mais velho, não podia tolerar toda a atenção de que estava sendo alvo o seu irmão mais novo, e começou a troçar dele. Sem dúvida que por detrás desta cena havia mais do que uma simples e inocente rivalidade entre dois irmãos. Ismael, o filho natural, que fora gerado em incredulidade e impaciência, sentia-se inferior a Isaque, o filho da promessa. Não querendo aceitar um lugar secundário, Ismael recusou-se a reconhecer a posição privilegiada de Isaque. Desconhecendo as promessas de Deus feitas a sua mãe no deserto, muitos anos antes, Ismael não queria aceitar a sua posição subalterna.
Abraão amava igualmente os dois filhos, como só um pai o pode fazer. Apenas Sara compreendia o que estava em jogo. "Deita fora esta serva e o seu filho", pediu ela a Abraão, "porque o filho desta serva não herdará com o meu filho, com Isaque". Gên. 21:10.
Perante esta afirmação categórica da sua esposa, Abraão ficou preocupado e confuso. Quando orou, Deus mostrou-lhe que a separação dos filhos era necessária. A linha patriarcal da tribo que Deus havia escolhido para o Seu futuro povo, Israel, seguiria por Isaque. Só ele era o filho da promessa de Deus (Gál. 4:22-23), e se tornaria o antepassado duma família de 12 tribos. Abraão compreendeu então que, dali em diante, a diferença entre os dois filhos tinha de ser bem clara. Sara tinha razão. No entanto, no meio desta confusão, a promessa de Deus a Agar de que a sua descendência se tornaria numerosa permaneceu válida. Como Isaque, Ismael iria tornar-se o pai duma família de doze tribos pelo fato de ser filho de Abraão. Gên. 25:12-16.
Assim, Abraão teve de mandar embora Agar e seu filho, para o deserto. Depois de morar na casa de Abraão cerca de 30 anos, ela via-se agora forçada a partir. Enquanto Abraão enchia o odre de água para Agar, os três reconheciam que o alimento e a água que ela levava não duraria muito. No entanto, a difícil jornada começou.
O inevitável chegou demasiado depressa. As reservas de água acabaram e, não obstante as suas buscas aflitivas, Agar e Ismael não conseguiram encontrar uma fonte. O moço, enfraquecido pela caminhada e sofrendo os efeitos da desidratação, foi o primeiro a cair exausto. Quando a mãe verificou que o filho ia morrer dentro em breve, usou a sua última energia para o arrastar para debaixo dum arbusto, pequeno mas abrigado. Era o último serviço que ela poderia prestar ao filho.
Depois de ter feito tudo o que podia pelo seu querido filho, Agar não teve coragem de se sentar ao lado dele vendo-o sofrer por mais tempo. Entorpecida pela fadiga e pela dor, ela sentou-se a alguma distância e chorou amargamente.
De repente, ela ouviu, vinda do céu, a mesma voz familiar que tinha escutado no deserto, muitos anos antes. Uma vez mais, o Anjo do Senhor fez-lhe uma pergunta, "Que tens, Agar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do rapaz desde o lugar onde está. Ergue-te, levanta o moço, e pega-lhe pela mão, porque dele farei uma grande nação". Gên. 21:17-18. Estupefata, ela ergueu os olhos e viu um poço de água fresca a poucos passos de distância. Esforçando-se por se levantar, correu e tornou a encher o odre de água. Com essa água que Deus tinha providenciado, o filho bebeu uma nova vida.
Pela segunda vez, Jesus Cristo havia visitado Agar na sua miséria para salvar a vida dela e do filho. De novo, fora-lhe feita a promessa dum futuro esperançoso para Ismael.
Quando o moço já era mais velho, a mãe foi ao Egito e trouxe-lhe uma esposa. Por essa atitude, provou que ainda era pagã no seu coração. A longa estadia junto de Abraão e Sara não a modificara por completo. Mesmo aquele encontro com Jesus Cristo não havia realmente transformado o seu ser. O Senhor a quem ela tinha clamado em tempo de necessidade, e que a tinha ajudado, não se tornara de fato o Senhor da sua vida. Ela não Lhe chegara a dar o coração.
Como o Senhor sabia que Agar iria escolher os ídolos do passado, teve de permitir a sua partida forçada, da casa de Abraão. Em vez de desfrutar duma existência protegida e segura junto de Abraão, ela havia preferido viver uma vida nômade no deserto. Por causa da lamentável escolha de Agar e Ismael de se imporem a si mesmos, em lugar de viverem pela fé no Deus de Abraão, toda a história do mundo foi afetada. Ismael tornou-se o fundador das nações árabes, enquanto que os israelitas são descendentes de Isaque. A inimizade destas duas raças ainda continua nos nossos dias, e a situação do Médio Oriente permanece extremamente explosiva.
Mas, apesar de tudo, Agar ergue-se na história como uma prova de que Jesus Cristo ama as pessoas. Todo o homem, mulher e criança, mesmo ainda por nascer, é objeto do Seu amor. A Sua manifestação a Agar provou que toda a pessoa que, estando em necessidade, clamar a Ele, será atendida. Jesus Cristo, que Se prontificou a revelar-Se a uma mulher que havia atingido o limite das suas possibilidades, continua ainda hoje à disposição de todo aquele que O busca.

Agar, cuja extrema necessidade foi satisfeita por Jesus Cristo
(Gênesis 16:1-16 ; 21:1-21)

Perguntas:
1.     Descreva resumidamente e nas suas próprias palavras a história de Juízes 13:3-24. Que semelhança lhe nota com Agar?
2.     A Bíblia fala de outras aparições do Anjo do Senhor (Gênesis 32:24-40; Josué 5:13-15 ; Juízes 6:11-24). Quais foram as reações destas pessoas e em que sentido se pareceram com as de Agar?
3.     A que ponto Se humilhou Jesus Cristo diante dos homens? (Filipenses 2:5-11).
4.     Que alvo tinha Ele em mente quando veio à terra?
5.     Que atitude devem ter as pessoas umas para com as outras? (I Pedro 5:5-6). Por quê?
6.     experimentou o interesse pessoal de Cristo em si? Se sim, dê um exemplo.






FONTE: LIVRO SEU NOME É MULHER 2


1 comentário:

  1. Poxa porque que todo texto que leio sobre essa passagem a culpa ou é de Agar ou de Ismael?
    Desculpe mas não concordo com sua afirmação de que "por causa da lamentável escolha de Agar e Ismael" o mundo todo foi afetado, como assim? O menino não era nem pra ter nascido, como ele pode ter culpa da guerra entre os judeus e árabes?
    E Agar casaria ele com quem? ela estava no meio do deserto, não poderia voltar para a casa de Abraão. Tenho pena de Ismael que mesmo amado por Deus, hoje é conhecido como vilão.

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