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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

BALAÃO



Profeta pagão?

Era Balaão um profeta de Deus, uma vez que, de acordo com Números 24:1, ele havia ido, antes, à procura de presságios?

Balaão é uma figura enigmática (Núm. 22-24). Gosta­ríamos de conhecer mais sobre ele, mas a única informação de que dispomos é a que o texto contém. Ë o que vamos examinar resumidamente.
1. Profeta de Deus: Qual era a conexão entre o Senhor e Balaão? Era ele um adorador de Yahweh? Uma coisa é cla­ra: O Espírito do Senhor veio sobre ele, e ele profetizou a respeito do futuro do povo de Deus e sobre a vinda do Mes­sias (Núm. 24:1-9, 17-19). Embora Balaque, rei de Moabe, quisesse que Balaão amaldiçoasse a Israel, ele podia apenas reconhecer que eles tinham sido abençoados pelo Senhor. Deus o usou e lhe revelou Seu plano. Será que esse inciden­te isolado ocorreu apenas na primeira vez em que o Senhor o usou como profeta? Talvez não, mas é difícil prová-lo.
Balaão disse aos mensageiros de Balaque: “eu não po­deria traspassar o mandado do Senhor, meu Deus, para fazer coisa pequena ou grande” (Núm. 22:18). Vemos, portanto, que Balaão era convertido a Yahweh, o Deus de Israel, e O adorava. Não sabemos quando e como isso aconteceu, mas sabemos que, como resultado de sua dedi­cação a Ele, Deus o usou como Seu profeta. Não é comum na Bíblia a idéia de que Deus possa suscitar um profeta entre os não-israelitas, mas também não lhe é estranha (cf. Jó; II Crôn. 35:21).
2. Prática de rituais pagãos: Dois outros aspectos con­tribuem para que Balaão seja uma figura enigmática. Pri­meiro, nós o vemos a serviço de um rei que desejava que ele amaldiçoasse a Israel, o povo de Yahweh; segundo, ao pro­curar uma revelação da parte de Deus, ele usou práticas pagãs. Os pagãos usavam diferentes rituais para influenciar os deuses e predizer o futuro. Até certo ponto, Balaão combinava o culto a Deus com as práticas do ritual pagão e adorava outros deuses.
Em 1967, durante uma escavação arqueológica em Tell Deir ‘Allá (a leste do Vale do Jordão), foi encontrado um pedaço de gesso contendo uma escrita do fim do oitavo ou do início do sétimo século a. C. “Balaão, filho de Beor” é mencionado e chamado de “um vidente dos deuses”. Os estudiosos concordam que esse Balaão é o mesmo menciona­do na Bíblia, e provavelmente eles estejam certos. A Bíblia o descreve como um encantador que recebia honorários ou instrumentos como remuneração (a palavra hebraica na­chash, em Números 22:7, talvez se refira a instrumentos mágicos). Números 24:1 afirma que antes de ele pronunciar seu terceiro oráculo, “não foi esta vez, como antes, ao encontro de agouros”, dando a entender que nas duas ocasiões anteriores ele praticara a feitiçaria.
O texto não indica o ritual que ele usou em busca de revelação. Ele não tinha poder para forçar Deus a revelar um mau presságio contra Israel. Sua conexão com o politeismo sugere que ele havia, até certo ponto, rejeitado o Senhor de Israel.
3. Propósito da história: A importância desta história não consiste tanto em conhecer algo mais sobre Balaão, mas captar o seu propósito dentro do livro de Números. Primeiro, a narrativa mostra que não existe outro Deus semelhante ao Deus de Israel. Balaão estava plenamente con­victo de que Yahweh é o único Deus e que não pode ser coagido pelo homem; de que a feitiçaria não tem o respaldo divino. Várias vezes Balaão reconheceu que ele podia di­zer somente o que Yahweh pusesse em sua boca, e que ele era incapaz de pôr na boca de Deus o que Balaque pedia. No terceiro oráculo, Balaão desistiu de qualquer tentativa de influenciar a Deus e colocou-se à Sua disposição. Só en ­tão o Espírito veio sobre ele.
Segundo, a história demonstra que o povo de Deus é in­vencível. As forças do mal não podem levar avante seu maligno propósito contra os que estão sob a bênção do Senhor. Em Números Deus é visto como o líder militar de Seu povo, um exército que marcha vitoriosamente para Canaã.
Terceiro, através dessa narrativa Deus partilhou com o mundo pagão Seus planos para Israel. A visão de Balaão apontava para um tempo em que, através do poder de Deus, Israel seria vitorioso sobre todos seus inimigos e po­deria viver pacificamente (Núm. 24:8 e 9). Ele profetizou um tempo em que o Rei de Israel e Seu reino seriam exal­tados (versos 8, 17-19). A mensagem desta história se apli­ca com igual força ao povo de Deus atualmente, e reafirma nossa confiança em nosso Salvador e Senhor.

 Por Angel Manuel Rodríguez, diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral.


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