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quinta-feira, 11 de outubro de 2018

AS SETE BEM AVENTURANÇAS DO APOCALIPSE




As sete bem-aventuranças
          do Apocalipse
Estas bênçãos do último livro da Bíblia nos asseguram que Deus
nos ama e em breve virá nos libertar
por Siegfried J. Schwantes


            
0 livro do Apocalipse fecha com chave de ouro o cânon das Sa­gradas Escrituras. Foi colocado ali como a coroa do Novo Tes­tamento. Não somente inspira fé no triunfo final do reino de Cristo, mas também constitui urna promessa de que as esperanças da igreja chegariam a seu tempo a urna consurnação gloriosa.
Não somente o Novo Testamento dá evidencia de seu Autor divino, mas o livro do Apocalipse obedece a um planejamento. Ele se abre com mensa­gens endereçadas a sete igrejas típicas no mundo e se encerra com a visão majestosa da cidade celeste que não tem templo, porque “seu templo é o Senhor Deus todo-poderoso” (Apoc. 21:22). Ele descreve em rápidas visões as vicissitudes da igreja desde seu iní­cio até seu triunfo glorioso. E dentro da narrativa se encontram as sete bem-aventuranças, não menos precio­sas por estarem, por assim dizer, ocul­tas na mina de ouro da verdade.
Peguemos essas sete jóias uma a uma, e as examinemos à luz de todo o Apocalipse. Filas nos lembram as oito bern-aventuranças com que Cristo sau­dou a família humana ao expor a natu­reza de Seu reino, no Sermão da Mon­tanha. E o mesmo Salvador amante que pronuncia essas bênçãos singulares pa­ra assegurar à Sua igreja que Ele é Aquele que “nos ama” e que logo virá “com as nuvens” (Apoc. 1:5 e 7).

1.   “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo” (Apoc. 1:3). Prevendo a ne­gligência com que o livro seria tratado mesmo por professos amantes das Es­crituras, Jesus pronuncia urna bênção sobre todos que o leriam. O grego su­gere uma leitura em voz alta, que era muito importante quando livros eram copiados à mão e poucos os po­diam ler. O importante era ler, ler com a mente aberta, numa atitude dc ora­ção, o livro todo, visto que o livro é a “revelação de Jesus Cristo, a qual Deus Lhe deu, para mostrar a Seus servos as coisas que brevemente de­vem acontecer” (verso 1). Como po­demos negligenciar uma bênção tão grande conferida à igreja como esse livro, o qual, como nenhum outro, exalta a Cristo e revela à igreja Sua po­sição na corrente da História?
“E abençoados são aqueles que ouvem e que guardam.” Muitos estu­dam o livro do Apocalipse como lite­ratura. Mesmo como literatura, seu impacto sobre o leitor moderno é ex­traordinário. Suas metáforas são ma­jestosas corno o céu e tão inspiradoras como a eternidade. Reverberam com as cadências dos coros angélicos quan­do cantam: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso que era, e que é, e que há de vir” (Apoc. 4:8). E grandioso como literatura, mas a bênção mais duradoura é reservada para aqueles “que guardam o que nele está escrito’ Não basta ser um espec­tador do grande drama dos séculos, como é retratado no livro. Abundante alegria aguarda aqueles que rendem a alma em obediência aos apelos do Es­pinto, quando Ele fala ao coração in­dividual: “Vem! E quem tem sede ve­nha; e quem quiser tome de graça da água da vida” (Apoc. 22:17).
“Porque o tempo está próximo.” Se havia uma bênção para os leitores do Apocalipse nas comunidades cris­tãs primitivas que sofriam persegui­ções cada vez piores pelas autoridades, e com heresias insidiosas dentro de suas próprias fileiras, maior ainda é a bênção agora, quando a salvação está às portas e a história está rapidamente alcançando seu climax. “O tempo está próximo” para cada geração sucessiva no palco da História. Uns poucos anos rápidos e a cortina se fecha. No relógio da eternidade, mesmo a procissão im­placável dos séculos é como o bater dos segundos. O tempo marcha! Pági­na após página das profecias da Bíblia se cumpriram, e a convicção é inevitá­vel de que estamos no limiar de acon­tecimentos solenes.

2.   “Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem ao Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descan­sem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam” (Apoc. 14:13). Um dos objetivos principais do Apoca­lípse era fortalecer a resolução do crente em face de um martírio possí­vel. A mensagem à igreja de Esmirna “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a co­roa da vida” (Apoc. 2:10) deve ter encorajado muito crente vacilante em face do dilema de adorar o impe­rador como Senhor, ou perecer. De muitos é dito: “Não amaram a sua vi­da até à morte” (Apoc. 12:11). Quan­do o velho Policarpo, bispo de Es­mirna, foi intimado a comparecer no tribunal como cristão e sendo-lhe dada a oportunidade de retratar-se, ele pronunciou com resolução as pa­lavras memoráveis: “Oitenta e seis anos eu O servi, e Ele nunca me fa­lhou; como então posso negar meu Rei que me salvou?”
Repetidamente era uma causa de assombro às autoridades pagãs o tes­temunho da coragem inabalável dos cristãos, dispostos a suportar o martí­rio, se o nome de Deus pudesse assim ser glorificado. Os perseguidores fica­vam surpresos na presença de suas ví­timas, porque nada conheciam da graça divina que os animava. Não te­ria sido essa segunda bem-aventuran­ça um fator potente em sustentar a fé de muito cristão em face da morte?
Podemos imaginar que se uma tristeza se refletia no semblante des­ses mártires, era a de abandonar seu trabalho de amor, para dizer adeus àqueles que estavam levando a Cristo. Mas era tanto deles como nossa, a ga­rantia do Espírito de que seu labor não fora em vão. Seu testemunho, se­lado por uma entrega completa a Cristo, continuaria a exercer uma in­fluência salvadora sobre a posterida­de. “Suas obras os seguem.”
Nem todo cristão é chamado ao martírio, mas todos são chamados a uma vida de serviço dedicado a Cristo. A segunda bern-aventurança pertence a todos eles. Ninguém precisa imagi­nar, quando chamado ao descanso, se seus trabalhos foram em vão. Abel, embora morto, ainda fala (Heb. 11:4). A moedinha da pobre viúva ainda ins­pira liberalidade. O perfume do vaso de alabastro quebrado sobre os pés de Jesus, ainda espalha sua preciosa fra­grância. Ninguém pode medir o círcu­lo de influência crescente motivado pela vida de um cristão devoto.

3.  “Bem-aventurado aquele que vi­gia” Apoc. I6:15~). Esta bem-aventu­rança é colocada no contexto do sexto flagelo. Um estudo cuidadoso dos ca­pítulos 15 e 16 revela o fato de que os sete últimos flagelos simbolizam jul­gamentos sobre uma humanidade impenitente, depois do encerramento do tempo da graça. A misericórdia de Deus não é ilimitada. As Escrituras deixam claro que haverá um último apelo ao arrependimento. Este último apelo é representado pela mensagem dos três anjos de Apocalipse 14. A pri­meira mensagem (versos 6 e 7) anun­cia que a hora do juízo divino é che­gada. Este julgamento, ainda futuro no tempo do apóstolo Paulo, tinha, não obstante, seu dia designado no calendário divino dc eventos (Atos 17:31). O tribunal celeste está agora em sessão. Esta verdade bíblica, reco­nhecida há mais de um século, foi proclamada com poder crescente des­de esse tempo.
A segunda mensagem (Apoc. 14:8) é uma advertência a não con­fundir os ensinos de uma igreja após­tata com os ensinos das Escrituras. A terceira mensagem emprega termos ainda mais severos e adverte a todos contra o conformismo ao relativismo moral que desafia a lei imutável de Deus, e encoraja submissão a uma instituição religiosa inventada pelos homens, em oposição a um manda­mento expresso de Deus. Aquele que escolhe deslealdade ao Criador, “be­berá o vinho da ira de Deus”, que en­contra expressão nos terríveis julga­mentos de Apocalipse 16.
Esses julgamentos são seguidos pela cena portentosa da segunda vin­da de Cristo. A rapidez dramática dos acontecimentos vindouros é expressa pela advertência: “Eis que venho co­mo ladrão” (Apoc. 16:15). Às multi­dões da Terra, a despeito de repetidas advertências, o advento glorioso de Cristo virá como uma terrível surpre­sa. Não precisava ser assim. Quão trá­gico que o dia no qual a esperança de todos os séculos encontra seu desfe­cho, tomasse a tantos desprevenidos!
Não é apenas o Apocalipse que le­vanta a bandeira de advertência. O apóstolo Paulo também advertiu:
“Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá re­pentina destruição” (1a. Tess. 5:2 e 3). Há alguns anos, em Nova Iorque, sob os auspícios do Centro para o Estudo das Instituições Democráticas, um grupo distinto de teólogos e filósofos, historiadores e diplomatas, se reuniu para discutir a encíclica do Papa João XXIII, Pacem in Terris (Paz na Terra). A reunião desses notáveis sublinha o anseio da humanidade pela paz.
Em vista do persistente apego da humanidade às coisas terrestres, quão solenes são as palavras: “Bem-aventu­rado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha” (Apoc. 16:15). As vestes têm um papel importante no simbolismo do Apocalipse. Somente as vestes brancas da justiça de Cristo qualificam o crente a ficar de pé na presença de um Deus santo. E possível perder essa veste e ser visto exposto aos olhos do Universo. Quão oportu­na é, então, a advertência de guardar suas vestes, isto é, guardar-se envolto na justiça de Cristo, a cada momento.

4.  “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro” (Apoc. 19:9). A reunião de Cristo e Sua igreja no final da história é chamada “bodas do Cordeiro”.  Vin­te e oito vezes é Cristo chamado “o Cordeiro” no livro do Apocalipse. É como o Cordeiro de Deus morto des­de a fundação do mundo, que Cristo remiu o homem da escravatura do pecado. Segundo Apocalipse 5:9, o direito de Cristo abrir o pergaminho da história da redenção, e presidir so­bre o desenrolar do drama como Se­nhor e Salvador, fundamenta-se no fato de que Ele é o Cordeiro que foi morto, por cujo sangue o homem foi resgatado por Deus.
O livro do Apocalipse poderia ter sido chamado “a história de um casa­mento há muito esperado”  No Calvá­rio, Cristo pagou o preço de nossa re­denção. De lá para cá, a igreja de Cris­to é Sua “propriedade peculiar” Mas a festa de casamento não pode se reali­zar até que o número pleno dos remi­dos esteja completo. Em Mateus 22:2 e 3, Jesus comparou o reino do Céu a um “rei que celebrou as bodas de seu filho; então, enviou os seus servos a chamar os convidados para as hodas”. O convite ainda se repete, sempre que o evangelho é pregado. Quão gratos nos deveríamos sentir, uma vez que nós também estamos sendo convida­dos a essa cerimonial! Verdadeira­mente abençoados “são aqueles que são convidados às bodas do Cordei­ro”.  Participar dessa festa de casamen­to é ser herdeiro de todas as alegrias da eternidade. E a alegria suprema, que a todas excede, é que os hóspedes “verão o Seu rosto, e na sua testa esta­rá o Seu nome” (Apoc. 22:4).

5.  “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte no primeira ressurrei­ção; sobre estes não tem poder a se­gunda morte” (Apoc 20:6). Bem-aven­turados aqueles que têm parte “na pri­meira ressurreição” Que encorajamento aos crentes fiéis que foram torturados ou queimados durante as cruéis perse­guições que mancharam as páginas da história romana e medieval! Tribunais humanos poderiam privar um cristão de sua vida na Terra, mas nunca pode­riam privá-lo de participar na primeira ressurreição. O fato de que alguns des­cem à sepultura em pleno vigor, en­quanto outros enfrentam a morte quan­do a idade e a enfermidade roubaram todo o encanto da vida, não significa que Deus Se esqueceu dos Seus. Deus não esquece jamais. Os nomes dos Seus santos estão gravados nas palmas de Suas mãos, disse Isaías. “Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos Seus san­tos”, confirma o salmista (Sal. 116:15).
Para muitos, a primeira morte é a bendita libertação de sofrimento inex­primível. Para o justo, a morte é o ralar de uma nova manhã brilhante, com a promessa de vida eterna. “Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vi­da.” Mas Jesus acrescentou: “E os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” (João 5:28 e 29).
A primeira ressurreição, portanto, fala de vida e regozijo para todo o sem­pre. Ter parte nela é um privilégio ines­timável. É por isso que o evangelho é de fato “novas de grande alegria”. Com isto em vista é que Cristo morreu a morte do Calvário, para que pudésse­mos participar da vida de Deus. O filó­sofo inglês C. load, depois de gastar muitos anos no labirinto do ceticismo, voltou-se para o cristianismo quando reconheceu que a mensagem tunda­mental do Novo Testamento é “a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rom. 6:23). É a nota triunfal em cada evangelho. Soa com um crescendo persistente em cada epístola e culmina com o glorioso final do Apocalipse.
6.  “Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia des­te livro” (Apoc. 22:7). O profeta está chegando ao ponto final de sua men­sagem. Sua preocupação principal era a de formular, em palavras inteligí­veis, o conteúdo daquelas visões celes­tes que lhe foram dadas em Patmos, as quais abraçaram, num panorama abrangente, acontecimentos até onde o tempo mergulha na eternidade. Foi difícil para João descrever o desenrolar da grande controvérsia entre a luz e as trevas que começou no Céu e transferiu-se para o palco deste plane­ta, assumindo aspectos mutantes, mas essencialmente envolvendo os mes­mos atores. Muito mais difícil, porém foi descrever a restauração de todas as coisas depois do milênio, a descida da Nova Jerusalém e as glórias da Santa Cidade com “o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do tro­no de Deus e do Cordeiro” (Apoc. 22:1). Mas quer elas se refiram aos portentos no Céu ou na Terra, as pala­vras do Apocalipse, a despeito de seu simbolismo obscuro, tinham em vista um grande alvo: fortalecer a igreja e cada crente individual para as crises sucessivas no conflito dos séculos.
Bem-aventurado, portanto, é aquele que guarda as palavras da pro­fecia deste livro. De Júlio César, o his­toriador Suetônio relata que, quando ele ia subindo para o edifício do Sena­do. naquela manhã fatal de março, um mensageiro apertou em suas mãos urna nota advertindo-o da conspiração contra sua vida. César es­tava tão preocupado com os negócios importantes do governo que não quis tomar tempo para lê-la. Mais de um soldado perdeu a vida porque instru­ções enfiadas em seu bolso foram ig­noradas. Todas as advertências, todos os convites da graça contidos no Apo­calipse, de nada valerão se não forem lidos. De outro lado, um enriqueci­mento espiritual compensará todos aqueles que examinam essas profecias como a tesouros escondidos.

7. “Ben-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas” (Apoc. 22:14).
Esta é a leitura nos melhores manus­critos, embora outros bons manus­critos também rezem: “Bem-aventu­rados são aqueles que guardam seus mandamentos.” É difícil palmilhar as veredas da vida sem manchar nossas vestes com a nódoa do pecado. Po­rém, desde o Calvário há uma “fonte aberta” para todos que “queiram la­var-se do pecado e da impureza” (Zac. 13:1). Antes da última ceia, quando Jesus estava lavando os pés de Seus discípulos. Ele disse a Pedro: “Se Eu não te lavar, não tens parte comigo” (João 13:8). Pedro imedia­tamente compreendeu que o lavar dos pés era um símbolo da purifica­ção do pecado, no coração. João também o compreendeu, pois em sua primeira epístola usou a mesma expressão: “E o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1a. João 1:7).
Ter as vestes lavadas expressa a relação mais sagrada do discipulo pa­ra com o seu  Senhor. Significa aceitar em sua plenitude o poder purificador de Seu sangue. Se vestes sujas deno­tam urna vida manchada pelo peca­do, vestes lavadas simbolizam uma vida totalmente rendida a Cristo.
Todo aquele cujo coração foi purificado por Cristo, guardará voluntariamente Seus mandamentos. E a res­posta espontânea de um coração re­generado pela graça de Cristo.
Aqueles, pois, cujas vestes foram lavadas, “têm direito à árvore da vi­da”. No simbolismo das Escrituras, partilhar da árvore da vida é desfru­tar a vida eterna, da qual Deus é a única fonte. É obter a vitória sobre o último inimigo do homem, a saber, a morte. Desta experiência Paulo es­creveu: “Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorrupti­bilidade e que isto que é mortal se re­vista da imortalidade” (1 Cor. 15:53).
Com esta última bem-aventu­rança, João deixa o crente dentro dos portais da cidade celeste, her­deiro de todas as bênçãos que um Deus amorável tem em reserva para os Seus. As glórias inefáveis do Céu são suas, em Cristo.

Siegfríed J. Schwantes, professor de Teologia, reside nos EUA.


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