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quinta-feira, 11 de outubro de 2018

COMPREENDENDO O SOFRIMENTO



Compreendendo
o sofrimento
Por que acontecem coisas ruins com pessoas boas?

Clifford Goldstein
Colaborador

“Diante do sofrimento dos seres humanos, a idéia de que Deus é ao
mesmo tempo amoroso e todo-poderoso parece impossível de aceitar”


As inundações em várias par­tes do mundo afogam mi1hares de pessoas. Centenas morrem como resultado dos terremotos. Milhões são assassina­dos pelos nazistas durante a Segun­da Guerra Mundial. Famílias intei­ras morrem de fome durante a re­volução comunista na China. Mi­lhões morrem de Aids na África. Uma geração inteira perece nos campos de concentração de Stalin. Desastres aéreos matam centenas. A epidemia da cólera provoca mor­tes. Milhares de pessoas são assas­sinadas com armas de fogo, e os acidentes automobilísticos matam dezenas de milhares...
Sem dúvida, entre os muitos retra­tados nesses fatos calamitosos havia pessoas boas e más também. Entre­tanto, seja como for, esses números desoladores inevitavelmente trazem de volta antigas questões: Por que acontecem coisas ruins com pessoas boas? Por que acontecem coisas boas com pessoas más? Na verdade, por que acontecem coisas ruins?
Os ateístas não acham difíceis es­sas perguntas. Se estamos aqui, é sim­plesmente porque, nas palavras do paleontólogo Stephen ,Jay Gould, um grupo grotesco de peixes tinha uma anatomia peculiar de barbatanas que se transformavam em pernas desenvolvendo assim criaturas terres­tres”. Então temos ai a pronta solu­ção. Coisas ruins acontecem por que todos nós somos nada mais do que infelizes vencedores de uma loteria cósmica que nos deixou confinados a um glóbulo de lava endurecida no meio de um universo frio, morto e in­diferente. Sendo que o acaso nos con­cebeu, ele rege nossa vida diária também. Algumas vezes o dado nos favorece e outras vezes não. E quando não... Bem, é então que as coisas ruins acontecem tanto pa­ra os bons quanto pa­ra os maus. É muito simples.
Entretanto, para os cristãos, que crêem em um Deus todo-po­deroso, mas também amoroso, essas per­guntas parecem ex­tremamente difíceis, Se Deus fosse amoro­so mas não todo-po­deroso, ou se fosse to­do-poderoso mas não amoroso, as pergun­tas não seríam tão di­fíceis. Deus seria incapaz ou não esta­ria disposto a acabar com a tragédia.
Considerando, no entanto, o incrí­vel sofrimento que os seres humanos enfrentam, a idéia de que Deus é tan­to amoroso quanto todo-poderoso pa­rece, para muitos, impossível de con­ciliar com os fatos. Como colocou o filósofo John Hick: “Se Deus é perfei­tamente amoroso, Ele deve desejar abolir o mal; e se Ele é todo-podero­so, Ele deve ser capaz de abolir o mal. Mas o mal existe; portanto, Deus não pode ser onipotente nem perfeita­mente amoroso.”
Pode Deus ser todo-amoroso e to­do-poderoso e ainda assim existir o mal? Para os cristãos sinceros, a res­posta é “Sim”. O difícil é compreen­der por que.

Amor, moral e liberdade —   Quando per­guntaram a Jesus Cristo qual era o mais importante de todos os mandamen­tos, Ele respondeu:
“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de to­da a tua alma, e de to­do o teu entendimento e de todas as tuas forças” (Mar. 12:30).
É fascinante o fato de que para Je­sus, o mais importante dos manda­mentos é um que ordena algo que não pode ser ordenado. Você pode mandar alguém obedecer a você, seguir as suas ordens, fazer o que você deter­mina. Mas não pode mandar alguém amar você.
O amor é um princípio do coração. Por sua própria natureza, então, ele não pode ser forçado. Assim como o triângulo precisa ter três lados para ser um triângulo, o amor, para ser amor, precisa ser livre. No momento em que ele for forçado, deixa de ser amor, assim como o triângulo deixa de ser triângulo quando não mais ti­ver os três lados. No entanto, Jesus disse que o maior mandamento é amar a Deus.
Na verdade, o próprio fato de Deus “ordenar” que O amemos mos­tra que não nos força. Se Deus pu­desse forçar-nos a amá-Lo por que iria Ele ordenar? Todavia, Ele não nos força a amá-Lo porque, na reali­dade, Ele não pode. Mesmo um Deus todo-poderoso não nos pode forçar a amar, pois no momento em que Ele forçar, não será mais amor. Para ser genuíno, o amor precisa ser volunta­riamente oferecido.
Pode parecer ironia, mas a explicação final da razão por que o mal exis­te centraliza-se no amor. A Bíblia diz:
“Deus é amor” (lª. João 4:16). Isso faz do amor o princípio fundamental deste Universo. Sendo que precisa­mos ter liberdade para poder amar, então a liberdade é também um prin­cípio fundamental do Universo que Deus criou.
Acrescente-se a isso o fato de que vivemos num Universo onde a mora­lidade tem valor e a moralidade também requer liberdade. Sem liber­dade podemos agir muito bem mas isso não é ser moral. Um computa­dor Macintosh que exibe figuras de flores não é mais moral do que aque­le que exibe pornografia, O compu­tador é uma entidade amoral; ele não tem o senso da moral, pois não tem a capacidade de fazer escolhas. Faz simplesmente o que é mandado, e só isso. Em outras palavras, ele não tem liberdade.
Deus poderia ter criado seres hu­manos dessa mesma forma, mas as­sim eles não seriam criaturas mo­rais. Seriam, em vez disso, nada mais do que Macintoshes com duas pernas o que não é exatamente aquilo que Deus tinha em mente quando nos criou.

O preço da liberdade O mal, portanto, existe só porque existem escolhas morais. Infelizmente, desde o princí­pio da história humana, nossos pais fizeram escolhas morais erradas, e to­da a humanidade tem sofrido desde então. As conseqüências foram tão profundas que até mesmo a natureza física básica de nosso mundo sofreu um impacto negativo, com resultados devastadores, como tantos desastres naturais o provam. Nossa liberdade, naturalmente, custou caro.
A cruz de Cristo revela, na verda­de, quão elevado foi o preço. No Calvário, Jesus, o Criador (Col. 1:16), sofreu e morreu por causa de esco­lhas erradas que fizemos com a liber­dade que Ele nos deu. Se Deus não nos tivesse criado como seres livres, não teríamos a opção de escolher o mal. E se não tivéssemos a opção de praticar o mal, não o teríamos feito. E se não o tivéssemos feito, Cristo teria sido poupado da cruz.
Como, porém, a liberdade era tão sagrada, tão fundamental para Sua criação, em vez de negar-nos a liber­dade Jesus escolheu assumir a natureza hu­mana e tomar sobre Si a punição legal que o mal ocasionou.  Resu­mindo: embora todos nós cada dia, de uma forma ou outra, soframos os resulta­dos do mal (nosso ou de outros), o próprio Deus, na pessoa de Jesus, também sofre. O próprio Deus foi es­magado sob o peso das conseqüên­cias negativas da liberdade que esco­lheu nos dar.

Preço elevado Embora cada caso seja diferente, carregado com seu próprio mistério e incerteza, coisas ruins acontecem por uma simples razão: um Deus todo-amoroso e todo-pode­roso criou seres humanos livres e a li­berdade, que embora maravilhosa, vem com a possibilidade de abuso.
Por mais difícil que seja de enten­der agora o problema do mal, na cruz, Jesus mostrou que Deus, em vez de ser indiferente ao nosso sofri­mento, tem sofrido conosco. Na ver­dade, na cruz Deus começou uma obra que terminará somente quando terminar o mal, juntamente com to­do o sofrimento que ele provoca. Deus “lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas pas­saram” (Apoc. 21:4).
A antiga ordem de coisas passará, tanto para as pessoas boas quanto para as más.      

CIiftord Goldstein escreve dos Estados Unidos.



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