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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

ALMA E RESSUREIÇÃO



Alma e ressurreição

“Se os mortos permanecem em esta­do de inconsciência, como explicar que a ‘alma’ de Raquel saiu dela por ocasião de sua morte (Gênesis35:18)?” D.VC., Copacabana, RJ

“Segundo a Bíblia, os mortos permanecem em estado de completa inconsciência”

Alberto Ronald Timm, PhD., diretor do Centro Ellen G. White  é professor de teologia no Seminário Latino-Americano de Teologia, Engenheiro Coelho. SP.

A palavra “alma”, empregada em Gênesis 35:18 por algumas versões da Bíblia, é a tra­dução do termo hebraico nêfesh. Este termo aparece 755 vezes no Antigo Testamento e foi traduzido em outros textos, pela Versão Al­meida Revista e Atualizada (2a. edição), por exemplo, como “pessoa” (Gên. 14:21; Núm. 5:6; etc.), “ser” (Gên. 1:20; 2:19; 9:10; etc.), “alma” (Gên. 2:7; Deut. 10:22; etc.) e “vida” (Gên. 9:4 e 5; 1 5am. 19:5; Sal. 31:13; etc.).
Existem várias razões que nos levam a crer que o termo nêfesh seria melhor traduzido em Gênesis 35:18 como “vida” do que como “al­ma”. Em primeiro lugar, o próprio relato bíblico da Criação esclarece que o ser humano não pos­sui uma alma mas é uma “alma [nêfesh] vivente” (Gên. 2:7). O mesmo termo (nêfesh) usado em Gênesis 2:7 para referir-se á totalidade do ser humano é empregado também para designar tanto os “seres [nêfesh] viventes” que povoam as águas (Gên. 1:20) como os animais da terra e as aves do céu (Gên. 2:19; 9:10). A despeito de as­sumir, por vezes, significados mais específicos (Deut. 23:24; Prov. 23:2; Ecles. 6:7; etc.), nêfesh jamais é usado para designar qualquer entidade que continue consciente depois de separada do corpo. Pelo contrário, as Escrituras declaram ex­plicitamente que a nêfesh pode morrer (Núm. 31:19;Juí. 16:30), e que “a alma [nêfesh] que pe­car, essa morrerá” (Eze. 18:4).
Comentando o texto de Gênesis 35:18, Derek Kidner declara que “no Antigo Testamento a al­ma não é concebida como entidade separada do corpo, com existência própria (como no pensa­mento grego) mas, antes, como a vida, que aqui se esvai”. Oscar Cullmann assegura que também no Novo Testamento a esperança de vida eterna não se fundamenta na teoria grega da imortali­dade da alma mas na doutrina bíblica da ressur­reição dos mortos (Immortality of the Souz or Re­surrection of the Dead? Londres: Epworth, 1958).
Procurando preservar o sentido original do tex­to bíblico, algumas traduções da Bíblia têm verti­do o termo nêfesh, em Gênesis 35:18, por exemplo, como “suspiro” (Bíblia na Linguagem de Ho­je, Tradução Ecumênica), e “vida” (Moffatt, Lute­ro [revisada de 1984]). A Tradução Ecumênica (Loyola) verte a parte inicial de Gênesis 35:18 co­mo: “no seu último suspiro, no momento de mor­rer, ela...”. E a Biblia na Linguagem de Hoje diz:
“Porém, ela estava morrendo. E, antes de dar o úl­timo suspiro...”. Desta forma, o texto pode ser per­feitamente harmonizado com outras passagens bí­blicas que falam que os mortos permanecem em estado de completa inconsciência (ver Sal. 115:17; 146:4; Ecles. 3:9, 20; 9:5, 6 e 10; etc.).

Sinais dos Tempos       Maio-Junho/2000


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