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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

NOEMI E RUTE





NOEMI, UMA VIÚVA QUE SE PREOCUPOU COM O BEM-ESTAR DOS OUTROS
 
"Não deixes que ninguém se Aproxime de ti sem partir melhor e mais feliz. Procura ser uma expressão viva da bondade de Deus: bondade na tua face, bondade nos teus olhos, bondade no teu sorriso, bondade no teu caloroso cumprimento".
Madre Teresa*

Rute 1:1-6
Rute 1:15-22
Rute 4:14-17
(Ler também todo o livro de Rute)

Noemi, a viúva de Elimeleque, olhava amorosamente para o bebê recém-nascido que tinha ao colo. Sendo geralmente faladora, encontrava-se agora sem conseguir exprimir a sua gratidão. As emoções eram tremendas.
À sua volta ouvia-se o cochichar das vizinhas excitadas. "Rute tem um filho", gritaram elas alegremente. "Louvado seja o Senhor, Noemi. Na tua velhice, haverá um homem para cuidar de ti. Mas muito mais importante do que isso, é que tens um remidor para a tua família. Oramos", continuavam as mulheres, "para que este menino se torne famoso em Israel" (Rute 4:14).
Noemi riu-se. O nome do marido, que significava "O meu Deus é Rei", iria continuar. A sua herança não passaria para outros. Os nomes dos seus filhos mortos não seriam esquecidos.
Olhou de novo para o bebê. Tinham-lhe dado o nome de Obede, que significava "Servo". Orou silenciosamente para que o Senhor Deus de Israel fosse de fato Rei na vida de Obede. Depois, ela pensou em Elimeleque e um dilúvio de recordações encheu a sua mente.
Refletindo sobre o passado, ela viu-se viajando com o marido e os dois filhos, de Judá para Moabe muitos anos antes, com o propósito de escapar à fome que tinha caído sobre Israel. Essa fome estava tão espalhada, que mesmo na sua cidade de Belém (chamada "a casa de pão"), com dificuldade se encontrava algum alimento, não obstante o fato de essa cidade ser considerada o celeiro do país.
Elimeleque tinha sentido profundamente a responsabilidade pelo sustento da família, especialmente por os filhos Malom e Quiliom serem doentes e estarem a definhar de dia para dia. "Vamos emigrar", propôs Elimeleque. "Vamos para Maobe, onde haverá muita comida para todos nós. Lá não teremos de nos preocupar" (Rute 1:1).
Como tudo tinha sido diferente! – pensou Noemi.
Moabe era o país que ficava a leste do Mar Morto, habitado pelos descendentes de Ló, sobrinho do patriarca Abraão (Gên. 19:36-37). Não era simplesmente um país vizinho. Era uma nação que Deus tinha amaldiçoado por causa do seu povo ter sido cruel para os israelitas após a sua saída do Egito (Dt. 23:3-4; Jer. 48:1-47). Um moabita era impuro aos olhos de Deus e, como tal, não podia entrar na assembléia do Senhor.
Entre essas pessoas estabeleceram Elimeleque, Noemi e os seus filhos a sua residência. Mas algum tempo depois, Elimeleque morreu.
Uma vez que moravam em Moabe, os filhos casaram com moças moabitas. Malom casou com Rute e Quiliom com Orfa. Todavia, à medida que os anos passavam Noemi tornava-se dolorosamente consciente de que nenhum dos casamentos tivera filhos. Será que Deus nos está privando da Sua bênção? – perguntava ela a si mesma. Como todo o israelita, Noemi acreditava que os filhos eram uma bênção de Deus e que a falta deles era sinal da Sua maldição (Dt. 28:4-18).
Depois, Quiliom e Malom, os seus únicos filhos, morreram ainda jovens. Dentro de um período de dez anos, toda esta tristeza desabara sobre ela. Naturalmente, sentira-se solitária. Só – longe da pátria, privada da família, abandonada por Deus – tinha antecipado um futuro amargo, sem qualquer significado ou esperança.
Ouvira entretanto que havia de novo muita abundância em Belém. Deus estava a abençoar o Seu povo dando-lhe boas colheitas. Esse milagre viera confirmar as suas suspeitas. A fome do passado tinha sido, na realidade, um aviso de Deus para o povo desobediente (Lev. 28:14-20).
Noemi tinha verificado que a partida da sua família de Belém tinha significado de fato um afastamento de Deus. Em Belém, ela e Elimeleque tinham sido cidadãos importantes. Se ao menos tivéssemos confessado os nossos pecados a Deus, pensava ela, talvez tivéssemos levado o nosso povo a voltar-se de novo para o Senhor. Mas a sua família tinha perdido essa oportunidade com a saída do país.
À luz das leis de Deus, o casamento dos seus filhos não tinha sido aceito. Um israelita que casava com uma estrangeira agia contra os mandamentos de Deus (Dt. 7:3-4), que tinha dado estas instruções a fim de impedir que o Seu povo se afastasse dEle.
A convicção de Noemi foi-se arraigando cada vez mais. Eu tenho que regressar, pensava ela. Não posso permanecer mais tempo neste país estrangeiro. Eu pertenço a Israel, a Belém.
Embora tivesse sofrido por causa das mortes ocorridas na sua família, ela havia experimentado também ricas bênçãos nas pessoas de Orfa e Rute. Quando Noemi se preparava para voltar à sua pátria, ambas as jovens tinham decidido sem hesitação deixar os pais e ir com ela.
Noemi tinha sentido sempre uma grande responsabilidade por aquelas mulheres, porque eram as viúvas dos seus filhos. Mas não tinha sido essa a única razão. Tratava-se de mulheres pagãs, que não conheciam a Deus. Muitas vezes Noemi tinha partilhado com elas a sua fé em Deus, o Deus que havia ofendido, mas que ainda amava intensamente, apesar de tudo.
O seu interesse em Orfa e Rute tinha-a ajudado também a esquecer a sua própria tristeza. Tinha-lhe feito bem manter-se ocupada com o bem-estar dos outros; isso tinha-lhe servido de refrigério. Pouco depois, havia deixado Moabe.
Quando ia a caminho de Belém, Noemi tomou subitamente consciência da finalidade das decisões das suas noras. Não estava o futuro dela totalmente dependente dos novos casamentos que fizessem?
Sem dúvida que o pensamento de que as noras poderiam um dia pertencer a outros maridos lhe era doloroso. A dor adormecida, mas presente, das mortes dos seus filhos viera de novo à superfície. Ao mesmo tempo, a idéia do bem-estar de Rute e Orfa triunfou. Pouco a pouco, enquanto as recordações a respeito dos filhos voltavam para o fundo, ela sentiu desejo de que as viúvas tivessem oportunidade de serem de novo felizes.
Contudo, Orfa e Rute, conhecendo os fatos, tinham escolhido ir com ela. Em vez de voltarem para as suas casas onde encontrariam felicidade, procuravam entrar num país cheio de preconceitos contra elas. Nenhum israelita seguidor da lei admitiria alguma vez a hipótese de casar com uma moabita.
"Voltai para os vossos lares, para os vossos pais", tinha pedido Noemi. "Que o Senhor vos recompense pela fidelidade que revelastes para com os vossos maridos e para comigo" (vv. 8-13).
Todavia, Orfa e Rute rejeitaram totalmente essa resposta. "Não", responderam elas por entre lágrimas. "Queremos ir contigo, para o teu povo" (v. 10).
No entanto, Noemi não mudou de idéia, nem mesmo quando o seu próprio futuro atravessou a sua mente. A vida iria tornar-se-lhe ainda mais vazia. Não viveria apenas sem marido e filhos; perderia também as noras. Mas Deus tinha-lhe dado a graça de não ser egoísta, e por isso ela estava pronta a sacrificar os seus desejos de uma vida segura na velhice, pelo bem-estar daquelas duas jovens.
As três viúvas permaneciam de pé numa estrada solitária e cheia de sol, incapazes de dominarem as suas emoções. De repente, uma das personagens moveu-se. Orfa dirigiu-se a Noemi, abraçou-a e voltou depois para Maobe. Rute havia-se aproximado também da sogra e apegou-se a ela. "Por favor, vai-te embora, como fez a tua cunhada", pedira Noemi (v. 15). Mas Rute abanou decididamente a cabeça.
"Não insistas para que te deixe, porque quero ir contigo para onde quer que fores, e viver onde quer que vivas. O teu povo será o meu povo, e o teu Deus será o meu Deus" respondera Rute (v. 16).
"O teu Deus será o meu Deus". Estas palavras tinham tocado profundamente Noemi. Mostraram que Rute não só tinha escolhido ficar com a sogra, mas tinha escolhido igualmente o Deus de Israel. As palavras de Noemi a respeito de Deus tinham sido ouvidas e compreendidas. A despeito dos desvios de Noemi, o Senhor tinha abençoado o seu testemunho. Isso era já em si uma graça maravilhosa, um favor imerecido.
Não obstante esta experiência encorajadora, a sua chegada a Belém fora um desapontamento. As notícias do seu regresso espalharam-se rapidamente. Agitaram toda a cidade. "Já sabem?" – gritavam as pessoas umas para as outras. "Noemi voltou!" (v. 19) Apesar da sua longa ausência no estrangeiro, as pessoas ainda se lembravam dela. Não era ela das relações de Boaz, seu rico concidadão?
As reações das pessoas, quando a saudaram pela primeira vez, mostraram a Noemi quanto ela havia mudado. "Será mesmo Noemi?" – perguntavam as mulheres, sem querer acreditar. Pelos olhos dela é que Noemi se tinha visto ao espelho. Era agora uma mulher de rosto inexpressivo, em que a tristeza havia traçado profundos sulcos. A sua personalidade tinha perdido todo o colorido. O nome dela significava "agradável", mas era evidente que a sua alegria havia desaparecido e as pessoas de Belém sabiam-no.
"Não me chameis Noemi; chamai-me Mara", respondera ela impulsivamente (v. 20). O nome Mara significava "amarga", e era assim mesmo que se sentia naquele momento. Esse nome ajustava-se a ela perfeitamente agora. Mas a sua amargura brotava de um sentimento de auto-comiseração, e isso geralmente leva a acusar outras pessoas. Foi o que aconteceu também a Noemi. Esses sentimentos recalcados de tristeza e desespero tinham dado lugar a uma acusação contra Deus. "O Todo-Poderoso deu-me grande amargura", disse ela. "Saí cheia, mas o Senhor trouxe-me de volta vazia" (vv. 20-21).
Não referiu uma só palavra sobre o fato de que Elimeleque e ela própria se tinham afastado de Deus quando empreenderam aquela viagem para Moabe. Nesse momento ela ainda não tinha reconhecido que de fato não voltara vazia. Tinha agora uma carinhosa nora que desejava partilhar da sua vida.
Desse momento em diante, no entanto, a vida de Noemi começou a modificar-se. Da mesma maneira que se tornara evidente a falta da bênção de Deus em Moabe, mostrava-se agora muito claramente em Belém.
Tinha meditado muitas vezes nas palavras que Moisés havia transmitido ao povo, da parte de Deus. "Eis que hoje eu ponho diante de vós", dissera ele, "a bênção e a maldição. A bênção, quando ouvirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, que hoje vos mando; porém a maldição, se não ouvirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes" (Dt. 11:26-28).
Noemi tinha experimentado a bênção de Deus através de Rute, que desde o princípio tinha cuidado dela como filha. Tinha visto igualmente a bênção de Deus por meio da Sua orientação. Desde o primeiro momento, Ele havia-se conduzido na direção de Boaz, o homem que iria transformar radicalmente as suas vidas.
Quando Noemi tomou consciência de que Deus estava a agir a favor deles, e suspeitou de que Ele ia dar a Rute a alegria de um casamento com Boaz, disse à nora: "Minha querida, não será altura de eu tentar encontrar um marido para ti e ver-te de novo casada e feliz?" (Rute 3:1).
Boaz era um proprietário abastado, mas o mais importante é que era temente a Deus. Uma vez que se apaixonou por Rute, não hesitou em casar com ela. Como resultado do casamento, o pequenino Obede estava agora sentado no colo de Noemi. Rute, que não tivera filhos da sua união com Malom, fora agora abençoada por Deus com um menino.
O movimento do bebê interrompeu as meditações de Noemi sobre o passado. As vizinhas tinham dito todas: "Rute teve um filho" (Rute 4:15). Ela sorriu para o "neto" que não tinha o mínimo sinal do seu sangue nas veias. Contudo, este pensamento não a amargurou. Ela não envenenou a sua alegria com pensamentos do que podia ter acontecido. Não disse que teria sido mais feliz se pegasse num filho de Malom e de Rute.
Noemi aceitou os fatos. Abriu o coração a Obede como se fosse de fato seu neto. Afinal de contas, era filho de Rute, que valia mais para ela do que sete filhos. Isso era já por si felicidade completa. Por isso, sentia-se grata. Por outro lado, de acordo com a lei judaica, ela tinha realmente um neto, pois Obede era considerado como filho de Malom.
O futuro de Noemi brilhava finalmente. Todo o pensamento de solidão desaparecera como a neve diante do sol. Rute, por quem tinha velado com tanto amor, fazia agora todo o possível para a ver feliz. A avó estava a tratar do bebê em vez da mãe.
Mais um vez, Noemi se tornou agradável, uma pessoa que dava e recebia amor. O período de Mara ficara para trás. "Bendito seja o Senhor", tinham dito as vizinhas (v. 14), e essas palavras permaneciam no seu coração. Deus tinha sido bom para ela, a despeito das dificuldades, das tristezas e das suas próprias faltas.
Até que ponto é que Deus tinha sido bom? Nessa altura ela não tinha a menor idéia de que aquela criança mexida que tinha no colo se tornaria um elo especial na história do seu povo e na história da redenção. Como é que ela poderia mesmo imaginar que estava a acariciar o avô do mais querido rei de Israel, Davi? Só o futuro iria revelar que, com Davi, o nascimento do Messias estava à vista. Noemi, que se preocupava com o bem-estar dos outros, não podia prever que a sua vida ficaria ligada ao Salvador do mundo, Jesus Cristo, que viria passados mais de mil anos.

Noemi, uma viúva que se preocupou com o bem-estar dos outros
(Rute 1:1-6,15-22; 4:14-17; Ler também todo o Livro de Rute)

Perguntas:
1. Escreva uma breve biografia sobre Noemi.
2. Quais são os aspectos positivos da sua vida? E quais os negativos?
3. Por que é que Noemi foi uma boa sogra?
4. Quando examina as afirmações de Noemi a respeito de Deus, a que conclusões chega?
5. O que lhe parece ter influenciado mais a sua vida?
6. Que qualidades de Noemi gostaria de desenvolver na sua própria vida? Como é que irá fazer isso?


FONTE: LIVRO SEU NOME É MULHER 2


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