Deus não passa verniz sobre as cenas finais da história da Terra
Você
gosta de ler uma boa história de vingança? Algo como O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, onde o herói a
princípio sofre injustiça nas mãos de um vil antagonista, mas no fim ele supera
e acerta as contas?
Deve haver muitas pessoas que gostam de histórias como
essa. Com certeza é um dos gêneros mais populares em Hollywood. O tipo de filme
no qual os violinos se destacam no final enquanto o herói caminha a passos
largos rumo ao sol poente, havendo finalmente aplicado justiça a um mundo
injusto.
Faz parte da natureza humana querer ver as mesas viradas
sobre as pessoas que tiram vantagem dos outros, não é mesmo?
Bem, se esse é o tipo de história que você gosta, você
deve gostar do livro de Apocalipse! Ë o livro que fica no fim da Bíblia — o
livro onde os violinos tocam com gosto, juntamente com inúmeras trombetas e
harpas e o coro de Aleluia!
Mas nem sempre é um quadro interessante. A história do
nosso mundo nem sempre é agradável — nem mesmo por um capricho da imaginação.
Desde que Eva parou para almoçar na banca de frutas do
diabo e pela primeira vez acreditou na grande mentira diabólica de que se
tornaria como Deus ao declarar sua independência dEle, as coisas caminham de
mal a pior.
Quando Adão e Eva escolheram aceitar a mentira de Satanás
em lugar da verdade de Deus, fizeram mudar as mãos que dominam este planeta. Um
cartaz foi pendurado na porta da frente deste mundo, declarando: “Sob nova
administração” - e dali por diante tudo foi morro abaixo. Agora o vilão estava
no poder — usurpado, naturalmente. Mas,
em vez de o povo ceder o controle ao amorável Deus que tem no coração o melhor
interesse por Sua criação, o ser humano rendeu-se ao déspota rebelde, o velhaco
vil, cuja tendência era destruir tudo de bom que Deus fizera. Esse é o enredo
secundário de Apocalipse.
Faz algum tempo, retornei de uma viagem para reuniões
evangelísticas ao vivo, via satélite, no continente africano. Dias antes de
partir, enquanto nossa equipe se preparava para o trabalho que tínhamos de
fazer ali, lemos intensamente, procurando nos familiarizar com a situação
daqueles a quem estaríamos encontrando e com quem partilharíamos o evangelho. A
situação política se desenvolvera chegando às mais sérias ameaças terroristas
de intranqüilidade e a níveis elevados de preocupação.
Devo dizer que partia meu coração ouvir, com tanta
freqüência, do sofrimento que sobreviera ao povo da Libéria, Angola, Congo e
outros países como conseqüência de uma guerra civil e derramamento de sangue
impostos por exércitos rebeldes que procuravam roubar da nação as riquezas para
satisfazer suas nefastas agendas.
Vilas inteiras foram eliminadas quando forças contrárias,
geralmente compostas de garotos — soldados órfãos —, lutavam pelo controle das minas de
diamante, ouro, ou reservas de óleo.
O sofrimento e a matança têm sido terríveis, e tudo isso
simplesmente nos faz ansiar por um dia em que tudo será resolvido; um dia em
que governadores verdadeiros, honestos, respeitosos e justos derrubarão os que
têm uma agenda egocêntrica.
Mas voltemos para mais perto de nos. Em anos recentes, a
América do Norte (ou Japão, Inglaterra ou Europa) tem sido atormentada vez
após outra por escândalos em escritórios de cobertura, onde administradores do
mais alto escalão encontram maneiras de se tornar ricos muito além da
imaginação. Invadindo os fundos de pensão de pessoas das camadas sociais mais
baixas, esses administradores as lançam na rua sem dinheiro e sem trabalho.
Quando vemos esse tipo de coisas, desejamos clamar por
justiça, não é verdade?
Este é o assunto do livro de Apocalipse, o livro do fim.
Ou seja, virar as mesas e zerar tudo!
Eu não sei que tipo de classificação o Apocalipse alcançaria
se dele fosse feito um filme. Há muita violência nele. Há bastante sexo
ilícito. Prostitutas e outros fornicadores têm papéis bastante importantes.
Essa é justamente a razão por que a Bíblia não tem o
hábito de poupar palavras quando descreve o lamaçal do pecado em que o mundo
afundou. Por isso, quando o Apocalipse retrata as cenas finais da história da
Terra, há alguns detalhes gráficos que talvez prefiramos ignorar ou passar por
alto.
Deus, porém, não passa verniz sobre eles. Quer que
saibamos que Ele sabe exatamente quão mal estão as coisas aqui embaixo, desde
que o vilão Satanás tomou as rédeas. Quer também que saibamos que Ele não deixará
as coisas continuarem assim para sempre. Há um fim à vista.
O altar fala — Dois
textos importantes nos prendem a atenção ao considerarmos a mensagem desse
livro do fim.
“Ouvi
do altar que se dizia: Certamente, ó Senhor Deus, todo-poderoso, verdadeiros
e justos são os Teus juízos.” Apoc. 16:7, ARA.
Vocês já ouviram de um altar falante? Por que o altar diante
do trono de Deus está fazendo essa proclamação sobre a justiça de Deus — declarando que os Seus juízos são verdadeiros
e justos?
Há uma chave em Apocalipse 8:3. Veja a descrição do altar
e do que está nele: “Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um
incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações
de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono.” (ARA.)
Eis aqui uma outra chave, encontrada em Apocalipse 6:9 e
10: “Quando Ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles
que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho
que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano
Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que
habitam sobre a terra?”
O altar é o reservatório das orações de todos os santos
que têm sido tratados injustamente, mortos e torturados por sua fé. É o lugar
no Céu onde todos os clamores por justiça têm sido coletados por milênios. É um
lugar repleto de brasas vivas — a ira de Deus por todas as injustiças cometidas
sobre a Terra. O Apocalipse retrata um tempo em que seu sentimento ardente
finalmente entra em erupção como um Niágara de lava e é derramado contra todos
os perpetra-dores da injustiça não arrependidos.
Mas o altar também representa algo mais, pois é sempre um
lugar de sacrifício. É o lugar onde o cordeiro —sacrificado para prover perdão —
era deitado todos os dias, à entrada do templo, que representava o lugar de
habitação de Deus. O altar é também um lugar para se obter perdão.
O altar é o Monte Calvário, o lugar em que o Cordeiro de
Deus foi morto para suportar o fardo de todo ódio, injustiça e pecado que têm
arruinado a superfície deste planeta.
O altar é o lugar aonde todo pecador pode se dirigir
para ser aliviado
do
peso do pecado e ter suas vestes purificadas pelo sangue do Cordeiro. Quando
João, o revelador, vê os remidos da Terra, eles são descritos como os que
“lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro” Apoc. 7:14, ARA.
Lugar de encontro — Portanto,
o altar diante do trono de Deus é o lugar de encontro das duas maiores forças
que empreenderam nossa batalha no planeta Terra: força do egoísmo versus força da abnegação.
Ali no altar, o lugar de encontro, todos os rebeldes são
convidados a depor suas armas, cessar sua rebelião, arrepender-se e depositar
todos os seus pecados sobre ele. Quanto aos que aceitam o convite, seus pecados
são colocados ali. Foram assumidos pelo Cordeiro de Deus. Ele morreu por esses
pecados. Permitiu que fossem consumidos sobre o altar. Jamais perturbarão outra
vez o Universo.
Mas quanto àqueles que disseram não a Deus, que se recusaram a arrepender-se, que dizem: “Eu
agradeço, Deus, mas não preciso de um Salvador; sou suficientemente bom por
mim mesmo”, seus pecados não foram colocados sobre o altar. Esses pecados ainda
precisam ser consumidos, e serão. Infelizmente, esses pecados serão destruídos
enquanto ainda estiverem presos aos pecadores não arrependidos que se agarraram
a eles.
É exatamente por isso que há tantas pragas e tanto fogo e
derramamento de sangue no livro de Apocalipse. Ele está justamente retratando
o resultado natural da gigantesca luta travada na Terra. O Apocalipse retrata o
último chamado de Deus a todos os que habitam na Terra para se arrependerem de
sua rebelião e se curvarem em adoração ao seu Criador. Esse último grande
convite é encontrado em Apocalipse 14:7, na voz de um majestoso anjo voando no
céu, clamando ao mundo inteiro: “Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada
a hora do Seu juízo; e adorai Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as
fontes das águas.” (ARA.)
O Apocalipse apresenta o chamado para voltar a Deus. E a
fim de mostrar a importância de nossa decisão
em
relação a Deus, ele também retrata o resultado de não render-se a Deus.
Exame final — Fico
feliz em saber que é no altar que a decisão final acerca da justiça é feita. É
ali — onde você e eu temos a
oportunidade de nos libertar de nossos pecados diariamente, a cada momento — que
o exame final da justiça que Deus tem feito e do que as pessoas têm feito terá
de ser passado em revista.
O Apocalipse diz que o altar proclama a justiça de Deus
porque o Calvário proclama a justiça de Deus. Foi ali que o pecado e Satanás
encontraram seu rival, que o ódio foi vencido pelo amor. Foi ali que a
rebelião mostrou seus verdadeiros frutos e o amor se entregou para redimir
todos os que viriam a aceitar a redenção.
Devo admitir que o Apocalipse utiliza inúmeras palavras
para descrever a execução final da justiça contra aqueles que recusam o
perdão de Deus; mas ele não termina assim. Não. O Apocalipse, o livro do fim,
termina com um quadro glorioso e maravilhoso do lado positivo da justiça: a
recompensa dos justos. Boas coisas estão reservadas para os que se entregam a
Deus e fazem dEle seu rei diariamente.
“Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a
primeira terra passaram. ... Então,
ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os
homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará
com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já
não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.
“Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o
trono de Deus e do Cordeiro. Os Seus servos O servirão, contemplarão a Sua
face, e na sua fronte está o nome dEle. Então, já não haverá noite, nem
precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus
brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos.” Apoc. 21:1-4; 22:3
e 4,
FONTE: REVISTA ADVENTISTA
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