As igrejas do Oriente e do Ocidente separaram-se no transcorrer
de vários anos. O que um dia fora uma única igreja, paulatinamente se dividiu
em duas identidades distintas.
Diferenças quanto a detalhes insignificantes ampliaram o
conflito. O Oriente usava o grego, ao passo que o Ocidente utilizava o latim,
graças à Vulgata e aos teólogos ocidentais que escreveram nessa língua.
As formas de culto eram diferentes: o pão usado na comunhão, assim como a data
para a Quaresma e a maneira pela qual a missa deveria ser celebrada eram também
distintas. No Oriente, o clero podia se casar e usava barba. Os sacerdotes
ocidentais não podiam se casar e apresentavam o rosto completamente barbeado.
As teologías eram diferentes. O Oriente se sentia
desconfortável com a doutrina ocidental do purgatório. O Ocidente usava a
palavra latina filíoque "e do Filho" no Credo niceno, depois
de que a cláusula sobre o Espírito Santo estabeleceu que o Espírito
"procede do Pai". Para o Oriente, essa adição era heresia.
Diferenças que já existiam havia séculos explodiram
devido a dois homens de temperamento obstinado. Em 1043, Miguel Cerulário
tornou-se patriarca de Constantinopla. Em 1049, Leão IX tornou-se papa. Leão
queria que Miguel — e, por meio dele, a igreja oriental — se submetesse a Roma.
O papa enviou representantes a Constantinopla, mas Miguel se recusou a
encontrar-se com eles. Desse modo, os representantes excomungaram Miguel em
nome do papa. O patriarca respondeu fazendo o mesmo com os representantes do
papa, excomungando-os.
Por meio de declarações recíprocas de que o outro não era
verdadeiro cristão, os dois bispos criaram um cisma. Entretanto, não
foram só eles que provocaram essa separação. As partes conflitantes tinham uma
história de diferenças, que jazia na base desse desentendimento. O cisma foi o
ato final que reconheceu essas distinções.
Como dizia o Credo, os dois lados acreditavam
"na igreja una, santa, católica e apostólica". Em 1089, o papa Urbano
tentou fechar a ferida revogando a excomunhão do patriarca. Ele também promoveu
a primeira Cruzada como meio de reunificar o Oriente e Ocidente, mas isso não
deu certo.
Os séculos posteriores assistiram a tentativas de reunir
as igrejas, mas nenhuma delas foi bem-sucedida. A curta "reunião" de
1204 aumentou a hostilidade. Em 1453, quando os turcos muçulmanos tomaram
Constantinopla, alguns cristãos orientais afirmaram que preferiam os muçulmanos
aos católicos. O cristianismo unido parecia impossível.
Embora a diferença entre as duas igrejas possa parecer algo
que não se relaciona totalmente com o que é essencial, no coração da disputa
estava a questão do poder. Em uma época que via a autoridade dos bispos como
chave para a estabilidade da igreja, não poderia haver duas pessoas reivindicando
a mesma autoridade. Por não chegarem a um acordo, o Oriente e o Ocidente
começaram a trilhar caminhos separados.
FONTE : OS 100 ACONTECIMENTOS MAIS IMPORTANTES DO CRISTIANISMO
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