ENTREVISTA: ELAINE
KENNEDY
Geóloga adventista
fala sobre suas pesquisas em busca de evidências da Criação e do Dilúvio
A Dra. Elaine
Kennedy tem dois bacharelados, um em Geologia e outro em Educação, pela
Universidade Phillips, nos Estados Unidos. Fez mestrado em Geologia na
Universidade de Loma Linda e doutorado na mesma área, pela Southern University,
na Califórnia.
Atualmente, ela
desenvolve trabalhos de pesquisa no Geoscience Research Institute (Instituto de
Pesquisas em Geociências), instituição mantida pela Associação Geral da Igreja
Adventista do .
Sétimo Dia.
Elaine é casada com
Dee Kennedy e tem duas filhas: Shelley e Amy.
Enquanto
participava do 5° Encontro Nacional de Criacionistas, no Unasp, campus São
Paulo, concedeu esta entrevista a Michelson Borges:
Revista Adventista:
Fale um pouco sobre o Geoscience Research Institute . (GRI) e o trabalho que a
senhora desenvolve lá. .
Dra. Elaine: O GRI
foi fundado em 1958, com o objetivo de verificar e estudar as evidências
concernentes às origens. Nesse estudo, utilizamos a ciência e a Bíblia, em
conjunto. Já o meu trabalho pode ser dividido em duas partes:
metade do meu tempo
é empregado em pesquisas, e a outra metade, em palestras e seminários. Tenho
pesquisado ninhos de dinossauros na Argentina e recentemente completei um
trabalho de pesquisa de 12 anos, no Grand Canyon, com outros dois colegas.
RA: Em que
consistiu essa pesquisa no Grand Canyon?
Dra. Elaine:
Estudamos os sedimentos que ficam acima do Pré-Cambriano, na coluna geológica.
Dedicamos especial atenção a um tipo de formação que tem areia e lama
cimentando pedras muito grandes (boulders). Em vários lugares do mundo
verificamos o mesmo tipo de interface entre o Pré-Cambriano e o Cambriano.
Acima do Pré-Cambriano temos sempre essa seqüência de rochas sedimentares:
arenito, folhelho e calcário. É justamente na base do arenito que encontramos
os boulders gigantes, alguns maiores que uma casa. A questão é: Como foram
parar ali? Para estarem nesse local, foi necessária muita energia, e percebemos
que esses depósitos são característicos de águas profundas. Isso sugere que
houve uma tremenda atividade catastrófica no passado.
RA: De onde veio
seu interesse por dinossauros?
Dra. Elaine: Acho
que quase todo mundo tem interesse nisso. Tenho sorte de trabalhar para o GRI,
porque lá tenho liberdade para pesquisar, e a igreja também tem muita
curiosidade sobre os dinossauros. Isso me motivou a pesquisá-los.
RA: Como a senhora
acha que esses animais surgiram e por que foram extintos?
Dra. Elaine: Não
tenho dificuldade em acreditar que Deus criou os tipos básicos de dinossauros.
Eles foram animais como todos os outros, e são muito distintos em sua
estrutura. Há diversos tipos e tamanhos de dinos-
sauros, e seus
fósseis são encontrados em todo o mundo, bem como suas pegadas e ovos. Agora, o
que aconteceu com eles é realmente uma grande pergunta. A teoria mais popular é
a do impacto de um asteróide, que teria levantado muita poeira e levado à morte
os dinossauros. O problema em relação a essa teoria é que quando houve esse
impacto, os dinossauros já estavam mortos, pois seus fósseis são encontrados
abaixo da camada em que se localiza a cratera de Yucatán (na passagem do
Cretáceo para o Terciário), no México.
É interessante
observar que no fim do Mesozóico, vários animais se extinguiram, não só os
dinossauros.
Um exemplo são os
amonóides, grupo de animais marinhos semelhantes aos polvos e lulas, que viviam
em conchas. Todos eles se extinguiram no fim do Cretáceo. Por quê? Qualquer catástrofe
que tenha destruído os dinossauros, também levou à extinção vários animais
aquáticos. E o impacto de um asteróide é uma catástrofe muito localizada.
Deve-se procurar evidências de uma catástrofe muito maior para explicar as
extinções em massa e a enormidade de fósseis encontrados no mundo.
RA: Recentemente,
foi encontrado o fóssil de um mamífero com um pequeno dinossauro no estômago.
Isso muda a teoria convencional sobre os dinossauros?
Dra. Elaine: É
preciso que sejam feitas pesquisas mais aprofundadas sobre isso. Geralmente, a
mídia faz muito barulho em cima dessas descobertas, antes mesmo de se chegar a
conclusões seguras.
RA: Segundo
pesquisadores da Nasa, o tremor ocorrido na Ásia, e que levou cerca de 300 mil
pessoas à morte, alterou a forma do globo terrestre, reduzindo em um décimo de
bilionésimo a forma achatada dos pólos, encurtou o dia em 2,68 milionésimos de
segundo e deslocou o Pólo Norte em 2,5 centímetros. A senhora concorda com
esses dados? Do que seria capaz um dilúvio global, com todas as suas
conseqüências catastróficas?
Dra. Elaine: De
acordo com Gênesis, o Dilúvio durou mais de um ano, e houve atividades
vulcânicas durante esse tempo, impacto de asteróides, mares subindo e descendo,
áreas de terra sendo submergidas e outras levantadas. São efeitos muito
complexos e que continuaram ocorrendo muito tempo depois. Os efeitos do
rompimento da crosta terrestre possivelmente estejam ocorrendo até hoje.
Quero acompanhar de
perto essas pesquisas relacionadas com o maremoto na Ásia, até porque no
passado foram detectadas mudanças no campo magnético numa região em que houve
terremotos, nos Estado Unidos.
Por isso, creio que
é bastante possível ter havido mudanças na Terra, e muito mais mudanças
relacionadas com o evento catastrófico do Dilúvio.
RA: Em certo
momento de sua vida a senhora rejeitou o relato bíblico das origens e a
história do dilúvio universal. Por quê? Como voltou a crer nesses relatos?
Dra. Elaine: Meu
marido e eu éramos batistas, mas queríamos conhecer mais sobre a volta de Jesus.
Foi quando começou uma série de conferências sobre profecias, da Igreja
Adventista, próxima do local onde morávamos. Começamos a assistir às reuniões e
estávamos gostando, até que o pregador anunciou que iria falar sobre "o
aniversário da mãe de Adão".
Quando acabou o
sermão, eu disse ao pastor que ele estava louco, que não sabia do que estava
falando. Disse que eu sabia que a Terra tinha mais de 4,6 bilhões de anos, que
era geóloga e que era um absurdo ele falar em criacionismo. Ele me pediu para
voltar na noite seguinte e prometeu dar-me um livro. Mas eu disse que não
queria ler nada sobre criacionismo, pois achava ridícula essa teoria. O pastor
insistiu e reafirmou que se eu voltasse na noite seguinte e ouvisse mais aquele
sermão, ganharia o livro.
Deus usou minha
ganância para ganhar meu coração. Voltei no dia seguinte, apenas para ganhar o
brinde. Era um livro de Harold Coffin e, ao lê-lo, percebi que meu problema não
eram os dados, mas a interpretação deles. Li até altas horas da madrugada e exclamei:
"Uau! Eu posso voltar a acreditar na Bíblia!" Continuei assistindo à
série de conferências, ao fim da qual meu marido e eu nos tornamos adventistas.
RA: Na sua opinião,
quais são as duas principais fragilidades da teoria da evolução?
Dra. Elaine: Na
área da Geologia, são os intervalos de tempo no registro geológico. Faltam
sinais de erosão entre as camadas da coluna geológica. Se cada extrato ficou
exposto às intempéries por milhões de anos, onde estão esses sinais? As camadas
são planas.
Outra fragilidade
são as lacunas no registro fóssil e as extinções em massa. Os fósseis bem
preservados nos dizem que os animais foram sepultados e mineralizados muito
rapidamente, sem se decompor ou ser devorados por outros animais. Um bom
exemplo são os fósseis de Santana do Araripe, no Ceará. Na parte superior da
formação há os ictiólitos (peixes), com órgãos e até mesmo a cor das escamas
preservados. Em condições normais, esse tipo de fossilização não ocorre.
RA: E quais são os
maiores desafios para os pesquisadores criacionistas atualmente?
Ora. Elaine:
Existem dois grandes desafios: (1) o ordenamento dos fósseis na coluna
geológica e (2) os métodos de datação radiométricos.
Nem tudo está claro
com relação a essas duas questões e ainda não temos respostas completas a
respeito.
Eu lido com isso
com base na fé, pois acredito que deve existir uma resposta, mas ainda não
chegamos a ela, de forma conclusiva.
RA: Ellen White,
falando sobre vulcanismo e terremotos, afirma que "estas assombrosas
manifestações serão mais e mais freqüentes e terríveis precisamente antes da
segunda vinda de Cristo e do fim do mundo, como sinais de sua imediata
destruição”: - Patriarcas e Profetas, págs. 108 e 109. A senhora acha que esse tempo chegou?
Dra. Elaine: Eu
realmente acredito que Jesus logo voltará. E acho que esses eventos geológicos
são importantes, mas não são sinais-chave para a volta dEle. A Bíblia diz que
será como nos dias de Noé, quando ninguém estava esperando. Naqueles dias, a
Terra estava cheia de violência. No mundo todo havia apenas oito justos. Acho
que ainda há muitas pessoas boas no mundo hoje, que precisam ouvir falar da
mensagem de salvação. Mas rapidamente a violência toma conta do coração de
todos, assim como o materialismo e o egoísmo.
Com certeza, os
eventos geológicos sobre os quais Ellen White escreveu irão aumentar. E embora
não devamos culpar a Deus por isso, essas catástrofes - como o tsunami na Ásia
- podem levar muitos ao arrependimento. Também levarão muitos outros à revolta.
Mas esperamos realmente um grande contraste entre as pessoas que servem a Deus
e as que não servem, no fim dos tempos.
RA: Por que a
senhora escolheu ser criacionista?
Dra. Elaine: Por
que acredito que a Palavra de Deus está correta e devido a meu relacionamento
com Cristo.
Graças a isso,
também, consigo ver evidências no registro fóssil que colaboram para aumentar
minha confiança em Deus.
FONTE: Revista Adventista
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