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domingo, 2 de março de 2014

A GEOLOGIA A SERVIÇO DE DEUS




ENTREVISTA: ELAINE KENNEDY

Geóloga adventista fala sobre suas pesquisas em busca de evidências da Criação e do Dilúvio

A Dra. Elaine Kennedy tem dois bacharelados, um em Geologia e outro em Educação, pela Universidade Phillips, nos Estados Unidos. Fez mestrado em Geologia na Universidade de Loma Linda e doutorado na mesma área, pela Southern University, na Califórnia.
Atualmente, ela desenvolve trabalhos de pesquisa no Geoscience Research Institute (Instituto de Pesquisas em Geociências), instituição mantida pela Associação Geral da Igreja Adventista do .
Sétimo Dia.
Elaine é casada com Dee Kennedy e tem duas filhas: Shelley e Amy.
Enquanto participava do 5° Encontro Nacional de Criacionistas, no Unasp, campus São Paulo, concedeu esta entrevista a Michelson Borges:

Revista Adventista: Fale um pouco sobre o Geoscience Research Institute . (GRI) e o trabalho que a senhora desenvolve lá. .
Dra. Elaine: O GRI foi fundado em 1958, com o objetivo de verificar e estudar as evidências concernentes às origens. Nesse estudo, utilizamos a ciência e a Bíblia, em conjunto. Já o meu trabalho pode ser dividido em duas partes:
metade do meu tempo é empregado em pesquisas, e a outra metade, em palestras e seminários. Tenho pesquisado ninhos de dinossauros na Argentina e recentemente completei um trabalho de pesquisa de 12 anos, no Grand Canyon, com outros dois colegas.

RA: Em que consistiu essa pesquisa no Grand Canyon?
Dra. Elaine: Estudamos os sedimentos que ficam acima do Pré-Cambriano, na coluna geológica. Dedicamos especial atenção a um tipo de formação que tem areia e lama cimentando pedras muito grandes (boulders). Em vários lugares do mundo verificamos o mesmo tipo de interface entre o Pré-Cambriano e o Cambriano. Acima do Pré-Cambriano temos sempre essa seqüência de rochas sedimentares: arenito, folhelho e calcário. É justamente na base do arenito que encontramos os boulders gigantes, alguns maiores que uma casa. A questão é: Como foram parar ali? Para estarem nesse local, foi necessária muita energia, e percebemos que esses depósitos são característicos de águas profundas. Isso sugere que houve uma tremenda atividade catastrófica no passado.

RA: De onde veio seu interesse por dinossauros?
Dra. Elaine: Acho que quase todo mundo tem interesse nisso. Tenho sorte de trabalhar para o GRI, porque lá tenho liberdade para pesquisar, e a igreja também tem muita curiosidade sobre os dinossauros. Isso me motivou a pesquisá-los.

RA: Como a senhora acha que esses animais surgiram e por que foram extintos?
Dra. Elaine: Não tenho dificuldade em acreditar que Deus criou os tipos básicos de dinossauros. Eles foram animais como todos os outros, e são muito distintos em sua estrutura. Há diversos tipos e tamanhos de dinos-
sauros, e seus fósseis são encontrados em todo o mundo, bem como suas pegadas e ovos. Agora, o que aconteceu com eles é realmente uma grande pergunta. A teoria mais popular é a do impacto de um asteróide, que teria levantado muita poeira e levado à morte os dinossauros. O problema em relação a essa teoria é que quando houve esse impacto, os dinossauros já estavam mortos, pois seus fósseis são encontrados abaixo da camada em que se localiza a cratera de Yucatán (na passagem do Cretáceo para o Terciário), no México.
É interessante observar que no fim do Mesozóico, vários animais se extinguiram, não só os dinossauros.
Um exemplo são os amonóides, grupo de animais marinhos semelhantes aos polvos e lulas, que viviam em conchas. Todos eles se extinguiram no fim do Cretáceo. Por quê? Qualquer catástrofe que tenha destruído os dinossauros, também levou à extinção vários animais aquáticos. E o impacto de um asteróide é uma catástrofe muito localizada. Deve-se procurar evidências de uma catástrofe muito maior para explicar as extinções em massa e a enormidade de fósseis encontrados no mundo.

RA: Recentemente, foi encontrado o fóssil de um mamífero com um pequeno dinossauro no estômago. Isso muda a teoria convencional sobre os dinossauros?
Dra. Elaine: É preciso que sejam feitas pesquisas mais aprofundadas sobre isso. Geralmente, a mídia faz muito barulho em cima dessas descobertas, antes mesmo de se chegar a conclusões seguras.

RA: Segundo pesquisadores da Nasa, o tremor ocorrido na Ásia, e que levou cerca de 300 mil pessoas à morte, alterou a forma do globo terrestre, reduzindo em um décimo de bilionésimo a forma achatada dos pólos, encurtou o dia em 2,68 milionésimos de segundo e deslocou o Pólo Norte em 2,5 centímetros. A senhora concorda com esses dados? Do que seria capaz um dilúvio global, com todas as suas conseqüências catastróficas?
Dra. Elaine: De acordo com Gênesis, o Dilúvio durou mais de um ano, e houve atividades vulcânicas durante esse tempo, impacto de asteróides, mares subindo e descendo, áreas de terra sendo submergidas e outras levantadas. São efeitos muito complexos e que continuaram ocorrendo muito tempo depois. Os efeitos do rompimento da crosta terrestre possivelmente estejam ocorrendo até hoje.
Quero acompanhar de perto essas pesquisas relacionadas com o maremoto na Ásia, até porque no passado foram detectadas mudanças no campo magnético numa região em que houve terremotos, nos Estado Unidos.
Por isso, creio que é bastante possível ter havido mudanças na Terra, e muito mais mudanças relacionadas com o evento catastrófico do Dilúvio.

RA: Em certo momento de sua vida a senhora rejeitou o relato bíblico das origens e a história do dilúvio universal. Por quê? Como voltou a crer nesses relatos?
Dra. Elaine: Meu marido e eu éramos batistas, mas queríamos conhecer mais sobre a volta de Jesus. Foi quando começou uma série de conferências sobre profecias, da Igreja Adventista, próxima do local onde morávamos. Começamos a assistir às reuniões e estávamos gostando, até que o pregador anunciou que iria falar sobre "o aniversário da mãe de Adão".
Quando acabou o sermão, eu disse ao pastor que ele estava louco, que não sabia do que estava falando. Disse que eu sabia que a Terra tinha mais de 4,6 bilhões de anos, que era geóloga e que era um absurdo ele falar em criacionismo. Ele me pediu para voltar na noite seguinte e prometeu dar-me um livro. Mas eu disse que não queria ler nada sobre criacionismo, pois achava ridícula essa teoria. O pastor insistiu e reafirmou que se eu voltasse na noite seguinte e ouvisse mais aquele sermão, ganharia o livro.
Deus usou minha ganância para ganhar meu coração. Voltei no dia seguinte, apenas para ganhar o brinde. Era um livro de Harold Coffin e, ao lê-lo, percebi que meu problema não eram os dados, mas a interpretação deles. Li até altas horas da madrugada e exclamei: "Uau! Eu posso voltar a acreditar na Bíblia!" Continuei assistindo à série de conferências, ao fim da qual meu marido e eu nos tornamos adventistas.

RA: Na sua opinião, quais são as duas principais fragilidades da teoria da evolução?
Dra. Elaine: Na área da Geologia, são os intervalos de tempo no registro geológico. Faltam sinais de erosão entre as camadas da coluna geológica. Se cada extrato ficou exposto às intempéries por milhões de anos, onde estão esses sinais? As camadas são planas.
Outra fragilidade são as lacunas no registro fóssil e as extinções em massa. Os fósseis bem preservados nos dizem que os animais foram sepultados e mineralizados muito rapidamente, sem se decompor ou ser devorados por outros animais. Um bom exemplo são os fósseis de Santana do Araripe, no Ceará. Na parte superior da formação há os ictiólitos (peixes), com órgãos e até mesmo a cor das escamas preservados. Em condições normais, esse tipo de fossilização não ocorre.

RA: E quais são os maiores desafios para os pesquisadores criacionistas atualmente?

Ora. Elaine: Existem dois grandes desafios: (1) o ordenamento dos fósseis na coluna geológica e (2) os métodos de datação radiométricos.
Nem tudo está claro com relação a essas duas questões e ainda não temos respostas completas a respeito.
Eu lido com isso com base na fé, pois acredito que deve existir uma resposta, mas ainda não chegamos a ela, de forma conclusiva.

RA: Ellen White, falando sobre vulcanismo e terremotos, afirma que "estas assombrosas manifestações serão mais e mais freqüentes e terríveis precisamente antes da segunda vinda de Cristo e do fim do mundo, como sinais de sua imediata destruição”: - Patriarcas e Profetas, págs. 108 e 109.  A senhora acha que esse tempo chegou?
Dra. Elaine: Eu realmente acredito que Jesus logo voltará. E acho que esses eventos geológicos são importantes, mas não são sinais-chave para a volta dEle. A Bíblia diz que será como nos dias de Noé, quando ninguém estava esperando. Naqueles dias, a Terra estava cheia de violência. No mundo todo havia apenas oito justos. Acho que ainda há muitas pessoas boas no mundo hoje, que precisam ouvir falar da mensagem de salvação. Mas rapidamente a violência toma conta do coração de todos, assim como o materialismo e o egoísmo.
Com certeza, os eventos geológicos sobre os quais Ellen White escreveu irão aumentar. E embora não devamos culpar a Deus por isso, essas catástrofes - como o tsunami na Ásia - podem levar muitos ao arrependimento. Também levarão muitos outros à revolta. Mas esperamos realmente um grande contraste entre as pessoas que servem a Deus e as que não servem, no fim dos tempos.

RA: Por que a senhora escolheu ser criacionista?
Dra. Elaine: Por que acredito que a Palavra de Deus está correta e devido a meu relacionamento com Cristo.
Graças a isso, também, consigo ver evidências no registro fóssil que colaboram para aumentar minha confiança em Deus.

FONTE: Revista Adventista

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