Prof. Orlando Ritter
Idéias
evolucionistas sugerindo um mundo de mudanças graduais, para melhor, em longo
processo de desenvolvimento. estiveram em gestação milenar desde os primórdios da historia.
Sem
dúvida a primeira insinuação nesse teor ocorreu ainda no Jardim do Éden, quando
o enganador, disse aos primeiros pais: certamente não morrereis, mas serei como
Deus (Evoluireis...) conhecendo o bem e o mal (a síntese do bem com o mal
conduziria a estágios mais elevados...).
Contudo
as idéias evolucionistas, só se impuseram ao pensamento humano durante o século
XIX com o surgimento do evolucionismo darwinista. cujas linhas básicas apareceram
no livro Origin of Species, publicado cm 1859 por Charles Darwin, a quem coube
prover condições para a síntese das idéias evolucionistas que então pairavam no
pensamento humano.
Observando
latos biológicos num contexto de mudanças. interpretando-os e extrapolando-os
em termos de desenvolvimento gradual, Darwin contribuiu para que fosse estabelecido
o princípio do evolucionismo darwinista nos seguintes termos:
As Espécies existentes
surgiram de outras mais simples, mediante gradual acumulação de pequeninas
variações (mutações gênicas, no caso do neo-Darwinismo, uma síntese do
evolucionismo com o mendelismo, selecionadas naturalmente ( seleção natural) de
modo a torna-las mais aptas para a sobrevivência (predominância do mais apto),
graças às mudanças ( mutações) nelas ocorridas.
Graças à influência do
arguto advogado Thomaz Huxley, cognominado o “cão de guarda do evolucionismo,
do filósofo Herbert Spencer, que deu à evolução um vôo filosófico mediante sua
penetração em todos os domínios do pensamento humano e graças a outros
batalhadores. alguns até pouco escrupulosos como Ernest Haeckel, o evolucionismo provocou tremendo impacto no
pensamento humano, a ponto do século XIX ter sido chamado por alguns de ‘‘o
Século de Darwin”.
Em
1936, Julian Huxley no seu discurso como presidente da Associação Britânica
para o Avanço da Ciência afirmava ser evolução o mais importante de todos os problemas da Ciência, envolvendo todos
campos do conhecimento... Nos quais sobressairia a Biologia, promovendo a
unificação de toda a ciência sob a égide da evolução.
Tão
grande foi impacto do Darwinismo sobre o pensamento humano que em 1959, quando
na Universidade de Chicago se comemorava o Centenário do Darwinismo, era idéia
corrente que nenhuma pessoa esclarecida deixaria de aceitar o evolucionismo
como fato e o evolucionismo darwinismo a como modo de origem das espécies.
Insinuava-se
inclusive que tudo é produto da evolução, inclusive a idéia
de Deus. Por sua vez o criacionismo
parecia morto e sepultado.
Segundo
o filósofo Etiene Gilson na sua obra “D’Aristoteles a Darwin et Retour”( Edição
Vrin, 1971), o evolucionismo darwinista foi tornado aparentemente indestrutível
mediante uma síntese filosófico-científica na qual a generalidade da premissa
filosófica, o evolucionismo, repousasobre a restrita demonstrabilidade do fato
científico a variação sob a égide da seleção natural.
É
fácil concluir que o principal autor desta síntese foi o arguto Thomaz Huxley
que uniu o evolucionismo filosófico
de Hebert Spencer (o filósofo da Evolução) com o Darwinismo (variações
limitadas nos organismos, selecionadas e tornadas aptas pela seleção natural).
Foi
uma tremenda síntese, mas sem deixar de ser um “mito” filosófico-científico
posteriormente impingido aos intelectuais como parte de sua formação chegando a
ser uma autêntica religião das universidades e de certas culturas.
Ressurgimento do Criacionismo
Graças
aos esforços de notáveis precursores, como George Mc Ready Price e outros, o
criacionismo começou a ressurgir na América do Norte e Europa, tornando-se hoje
num sistema de pensamento digno de atenção nos meios cultos e contribuindo
inclusive para que a comemoração) do centenário da morte de Darwin, em 1982,
não fosse tão eufórica como foi em 1959 a comemoração do centenário do) livro)
“A Origem das Espécies”.
Enquanto
em 1933 o Manifesto Humanista I, dentre outras cousas, afirmava que o universo
é auto-existente, que o homem é parte da natureza da qual emergiu e que mesmo a
religião do homem é produto da evolução, o Manifesto Humanista II em 1973, em
face do criacionismo ressurgente, reafirmava que a evolução é um princípio da
ciência e que a fé em Deus é uma fé não submetida a provas e fora de moda.
Posteriormente
o conhecido Isaac Asimov se deu ao trabalho de publicar no New York Times, um
artigo anticriacionista no qual compara o criacionismo a um sonho mau, a um
pesadelo, opondo-se inclusive ao ensino do criacionismo nas escolas ao lado do
ensino do evolucioinismo.
Parece
que o criacionismo ressurgente começava a perturbar o sossego evolucionista
através da obra incansável dos assim chamados “criacionistas científicos americanos”.
No
manifesto publicado em 1977 pela Associação Humanista Americana. 163
pesquisadores, na maioria biólogos, afirmaram que o evolucionismo é um
princípio da ciência (pode ser um princípio, mas é discutível se é científico).
Para
Teilhard de Chardin, evolução seria um postulado geral. diante do qual deveriam
curvar-se todas as teorias, hipóteses e sistemas se é que pretendem ser lógicos
e verdadeiros.
Theodosius
Dobzhansky num panegírico a Chardin, dizia ser a evolução a luz que ilumina
todos os fatos, a trajetória que todas as linhas de pensamento devem seguir.
Já
Francisco Ayala, discípulo de Dobzhansky, afirmava que em Biologia nada tem
sentido a não ser à luz da evolução. Por sua vez o biólogo LH Mathews na
introdução ao livro Origem das Espécies edição de 1971, afirmava ser a teoria
da evolução uma fé satisfatória na qual podemos basear nossa interpretação da
natureza. Por outro lado,
Leon Harris (Perspectives in Biology and Medicine, Winter. 1975 pp. 179 - 184) sugere atribuir ao Darwinismo
natureza axiomática e para axiomas não se demanda provas.
Menos
lisonjeira mas também interessante é a opinião de Paul Erhlich da Stanford
University (Nature vol 214 p. 352) dizendo) ser o evolucionismo um dogma
impingido aos intelectuais como parte do seu treino, dogma este sustentado por
experimentos levados a efeito em sistemas muito simplificados, cuja validade
foi extrapolada muito além dos seus limites da verificação (variabilidade das
espécies verificada em limites restritos).
Finalmente Loren Eisely na sua obra “The Immense
Journey” (New York: Raudom House. 1957. p. 199) referindo-se aos esforços feitos para
sustentar o evolucionismo nos domínios da ciência diz: a ciência foi deixada na
embaraçosa posição de postular teorias sobre origens que não podem ser
demonstradas.
Depois
de haver censurado o teólogo por sua dependência do mito e do milagre, a
ciência se encontra na mesma inviável posição de criar uma mitologia para ela
mesma, isto é, afirmar que aquilo que após longos anos não pode ser considerado
como ocorrendo hoje, na verdade ocorreu no remoto passado.
Em
suma, a evolução parece ser tudo e parece pretender explicar tudo. Isso é
sintomático porque ao pretender explicar tudo, anula seu potencial para a
falsificabilidade que é a principal característica de princípios e teorias
científicas.
De
fato, se evolução é um fato, por que ter que qualifica-la tanto e com tantas
expressões ? Se a evolução é de fato um fato tão geral, porque parece ser tão difícil explicar o
mecanismo do seu funcionamento ?
Alguns Fatos a Considerar:
Sobrevivência do Mais Apto.
Seria de fato a sobrevivência do mais apto um fato?
Sem
considerar a redundância implícita na expressão na verdade o organismo que
sobrevive é o mais apto e o mais apto é o que deve sobreviver passemos a
raciocinar na seguinte linha de pensamento: se a seleção natural se limitasse a
preservar os organismos melhor adaptados às suas condições ambientais
paulatinamente, com o correr do
tempo no mesmo lugar e ao mesmo tempo, graças à seleção natural, estariam
dotados do mesmo patrimônio genético, possuindo as mesmas necessidades
alimentares ambientais e outras, que deveriam ser satisfeitas ao mesmo tempo e
da mesma maneira.
Como
resultado estabelecer-se-ia uma concorrência acirrada e intolerável num habitat
restrito (território onde o indivíduo ou organismo tornou-se o mais apto) a
qual acabaria, isto sim, eliminando o grupo justamente por ser altamente
monomorfo graças à seleção natural.
Pesquisas feitas (Ayala,
Kimura. etc.) evidenciaram que em
condições adversas organismos com patrimônio
genético monomorfo (altamente
selecionados) duramente sobreviviam enquanto prosperavam organismos com
patrimônio genético polimorfo ou seja não selecionados.
O
geneticista Kimura conclui que nos organismos vivos, genes que passaram por
muitas mutações (alta seleção depende de muitas mutações ) só controlam funções
secundárias (são um tanto “inertes”) ao passo que genes que comandam funções
importantes como por exemplo a fotossíntese, levada a cabo pela clorofila,
apresentam mínimas mutações desde “tempos imemoriais” (parece obvio que muitas
mutações causais acabem degradando ou tornando inertes e não aprimorem sistemas
genéticos ou outros quaisquer!)
Parece
cada vez mais claro, mesmo à evolucionistas, que a predominância do mais apto
parece não estar em muita concordância com as leis da natureza (não é difícil
verificar que seres pouco aptos como os gambás, koalas e outros sobrevivem e
seres que pareciam mais aptos como os dinossauros se extinguiram)
Também
parece cada vez mais claro que o acúmulo gradual e casual de mutações, mesmo
nos domínios da seleção natural. não pode explicar a origem de formas de vida
cada vez mais complexas.
Mesmo
entre evolucionistas parece haver desarmonia sobre o que realmente pode fazer a
seleção natural, além de promover a variabilidade dentro de formas básicas de
vida.
Sem comentários:
Enviar um comentário