Ao mesmo tempo que anuncia o fim, o Apocalipse dá
garantia de felicidade aos que crêem.
Os dicionários definem “bem-aventurança” como felicidade
absoluta e perfeita.Tendo em conta que Deus, em Sua amorável solicitude, almeja
que todos sejam autentica-mente felizes, podemos considerar a Bíblia toda como
um livro de bem-aventuranças. Ela contém as orientações divinas que, uma vez
seguidas, nos tomarão felizes nesta vida, e nos assegurarão a posse da vida
eterna no reino de Deus, onde não haverá dor ou tristeza. “Bem-aventurado
aquele que teme ao Senhor e anda nos Seus caminhos... feliz serás,e tudo te irá bem” (Salmo 128:1 e
2).
FINAL FELIZ
A palavra grega makarios, que significa “bem-aventurado” ou “feliz’, é empregada cerca
de 50 vezes pelos escritores do Novo Testamento, a maioria em alusão a alguém
que se submete à Deus e aceita as provisões da redenção em Cristo. Reveste-se,
portanto, de um colorido escatológico, isto é, relacionado com a manifestação
fmal dos propósitos divinos de salvação.
Nada pode conferir maior felicidade a um pecador do que a
consciência de ter sido perdoado por Deus e aceito por Ele como filho amado e
herdeiro de bens eternos. Não há situação mais ditosa. Tal experiência compensa
qualquer dificuldade ou tribulação que porventura seja enfrentada por um
seguidor de Cristo. Paulo afirmou com toda a confiança: “Para mim tenho por
certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a
glória a ser revelada em nós” (Romanos 8:18).
Os Evangelhos de Mateus e Lucas se destacam no emprego de
makários
com mais da metade das referências de todo o Novo Testamento.Ambos os
evangelistas registram o célebre sermão da montanha proferido por Jesus no
principio do Seu ministério. Este sermão é, de fato, a carta magna do reino de
Deus.
A versão de Mateus é a mais conhecida. Quem já não se
emocionou lendo ou ouvindo aquelas abençoadas declarações que Jesus proferiu na
abertura do sermão? “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o
reino dos Céus. Bem-aventurados os
que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão
a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão
fartos. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os
pacificadores, porque ser-ão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados sois quando, por
Minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal
contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos Céus”
(Mateus 5:1-12).
SETE VEZES
O Apocalipse registra sete vezes a palavra makários, quase todas na segunda metade
do livro:
“Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as
palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está
próximo” (Apocalipse 1:3).
“Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no
Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas
obras os acompanham”(14:13).
“Bem-aventurado
aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja
a sua vergonha” (16:15).
“Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das
bodas do Cordeiro” (19:9).
“Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte
na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo
contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com Ele os mil anos”
(20:6).
“Bem-aventurado aquele que guarda
as palavras da profecia deste livro” (22:7).
“Bem-aventurados aqueles que lavam
as suas vestiduras [no sangue do Cordeirol, para que lhes assista o direito à
árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas” (22:14).
O número 7 sugere perfeição, plenitude. No Apocalipse, o termo makáríos é empregado com uma ênfase que nenhuma outra parte do Novo
Testamento poderia oferecer com tanta propriedade. Se é verdade que a palavra,
que o Novo Testamento apresenta, tem um colorido escatológico, no Apocalipse,
então, ela se volta inteiramente à consumação final de todas as coisas. As
bem-aventuranças apocalípticas são proferidas na perspectiva do que Deus
realizou em nosso favor na pessoa de Jesus, do que Ele está fazendo agora, e
daquilo que virá, quando a História tiver alcançado o seu clímax e o pecado
tiver sido extirpado definitivamente, abrindo espaço para a implantação do
reino divino no mundo.
Isso
nos autoriza a considerar o Apocalipse o livro das bem-aventuranças, por
excelência. Para algumas pessoas, infelizmente, predomina a idéia de que o
Apocalipse não é mais que um livro de maus presságios, cujos quadros fatídicos
cxi-bem o desfile de figuras enigmáticas comissionadas por Deus para cumprir
uma terrível tarefa de destruição no mundo. Nada corresponderia melhor à
irrealidade. Para muitos, é verdade, a simples palavra apocalipse desperta incerteza e temor Mas a intranqüilidade é
fruto do pecado e não da ação divina, a qual visa apenas salvar Tudo o que
Apocalipse revela de medonho e triste tem a ver essencial-mente com as
conseqüências do pecado.
Naturalmente, o tratamento de Deus com toda essa
problemática pode exigir uma atitude drástica, tal como um cirurgiào às vezes
se vê na necessidade de, para beneficio do como, amputar um órgão gangrenado.
As ações de Deus objetivam o bem maior da erradicação completa do pecado com
todas as suas implicações. O pecado sempre foi e sempre será um fator de
degradação e miséria, e quanto mais cedo desaparecer, melhor. O que Deus mais
almeja é conduzir a Terra ao seu estado original de perfeição. E a cirurgia,
naturalmente, tem o seu lado doloroso Jesus mesmo se referiu ao “principio das
dores” (Mateus 24:8) ao falar dos sinais de Sua volta e do fim do mundo.
Esses mesmos sinais, entretanto, são um fator de ânimo e
conforto para aqueles que almejam o reino de Deus (Lucas 21:28). É apenas para
aqueles que desprezam a graça divina e escolhem a senda do mal e da perdição,
que o ato divino será de efeito desastroso. E este não é o teor apenas do
Apocalipse.Toda a Bíblia revela que o futuro é muito sombrio para blasfemadores,
hipócritas e infiéis.
Portanto, para os que amam a Deus, o Apocalipse é um
livro de bem-aventuranças. Meditemos um pouco nelas e ouçamos a voz de Deus
assegurando uma vez mais que só temos a ganhar quando damos ouvidos à Sua
Palavra e nos dispomos a fazer a Sua vontade.
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