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domingo, 2 de março de 2014

A OBRA DO ARTISTA




O movimento que defende o planejamento inteligente do Universo pode ser
uma evidencia de que a ciência está finalmente buscando a Deus

Ariel A. Rott   Dr. em zoologia  pela Universidade de Michigan, EUA, e há 30 anos desenvolve pesquisas nas áreas em que a ciência e a religião entram em conflito


     Dois séculos atrás, o matemático e astrônomo francês Pierre- Simon de Laplace desen­volveu a hipótese nebu­lar. Essa hipótese pro­punha que o Sistema Solar fora originado pela condensação de substâncias vaporosas. Laplace, famoso erudi­to, decidiu apresentar um de seus livros ao imperador Napoleão.
Sabendo de antemão que o livro não fazia qualquer menção a Deus, o imperador per­guntou a Laplace por que ele nem sequer mencionava o Criador do Universo. Laplace respondeu laconicamen­te: “Eu não vi necessidade alguma des­sa hipótese em particular.” O fato de que Laplace não precisou de Deus em sua teoria reflete a atitude dominante no pensamento científico durante a maior parte dos dois últimos séculos.
Na época em que Laplace estava expondo seus pontos de vista, o teó­logo e filósofo William Paley argu­mentava que Deus era necessário para explicar a complexidade da na­tureza. Sua ilustração, agora muito comum, era: se alguém encontrasse um relógio no chão, concluiria que devia haver um planejador daquele relógio; ele não teria surgido por aca­so. Da mesma forma, outras coisas complexas como os seres vivos de­vem ter tido um planejador.
Acontece que um relógio é muito simples quando comparado com os sistemas biológicos. Será que os organis­mos complexos realmente têm um pla­nejador? Richard Dawkins, da Universi­dade de Oxford, classificou o argumen­to de Paley como “extremamente erra­do”. Ele salienta que a evolução darwi­niana tomou o lugar de um planejador.
Apesar disso, o argumento de Pa­ley está novamente sendo considera­do com seriedade nos círculos inte­lectuais. Muitos cientistas não estão satisfeitos com a idéia de que a com­plexidade que vemos ao nosso redor é simplesmente acidental. Ao contrário, eles têm concluído que existe uma inteligência dominante por trás do Universo.
Herança do Iluminismo – O Iluminismo do século 18, ressaltando a razão acima da religião e da tradição, incentivou o ceticismo, o niilismo, o agnosticismo e o relativismo dos dois séculos seguin­tes, O trabalho do famoso Círculo de Viena, grupo filosófico que se reunia regularmente em Viena, Áustria du­rante a primeira parte do século 20, sintetizou este pensamento.
Os membros do Círculo —   compos­to de filósofos, cientistas e matemáti­cos —  enfatizavam o positivismo, que afirma que o único conhecimento vá­lido é o científico, particularmente aquele que pode ser observado. Essa abordagem mecânica ou naturalista da realidade exclui Deus como agen­te causal válido. Durante a última parte do século 20, o positivismo en­frentou crítica severa, e ocasional­mente tem havido séria discussão nas esferas intelectuais acerca de de existir, de fato, um planejador.
 Na última década, a questão foi de­batida em várias conferências impor­tantes, como “Cosmo e Criação”, na Universidade de Cambridge (1994); “Mera Criação”, na Universidade de Biola (1996); “Ciência e Busca Espiri­tual”, na Universidade da Califórnia, campus de Berkeley (1998); e “Natu­reza da Natureza”, na Universidade de Baylor (2000). Nessas reuniões, os palestrantes eram cientistas renoma­dos, alguns tendo recebido o Prêmio Nobel. Dessas conferências surgiram dois grupos dominantes: um deles pendendo para a evolução teísta (Deus usando um processo evoluti­vo), e o outro para a criação progres­siva (Deus gradualmente criando for­mas mais avançadas de vida através de bilhões de anos), O último grupo se identifica como o grupo do “Plane­jamento Inteligente”.
Em 1997, Science, uma das revistas cientificas de maior prestígio no mundo, publicou “Ciência e Deus: Uma Tendência Ascendente?” A re­vista Newsweeh, de 20 de julho de 1998, publicou “A Ciência Encontra Deus”. New Scientist (22 de abril de 2000) e Christíanity Today (22 de maio de 2000) também publicaram artigos sobre o assunto. Em 10 de maio de 2000, uma síntese do plane­jamento inteligente foi apresentada ao Congresso dos Estados Unidos, Os apresentadores do Discovery Institu­te (grupo defensor do planejamento inteligente) salientaram que estavam ali “simplesmente para abrir as men­tes que haviam estado fechadas pelo sacerdócio científico da elite”.
Cartas e noticiários de revistas científicas ocasionalmente fazem par­te da discussão. A revista da Associa­ção Americana de Geólogos Petrolei­ros, Explorer, de janeiro de 2000, ad­vertiu os geólogos a ficarem fora do debates    criacionistas: “O cientista que entrar em debate com essa gente será devorado. {...} Eles têm todos os tipos de palavras bizarras e palavras-chaves com as quais podem derrubar as pessoas, se elas não estiverem familiarizadas com suas táticas.” Os leitores se opuseram radicalmente às conclusões do editorial.   A maioria argumentou que a ciência deve ser mais receptiva a idéias sobre a criação e sobre Deus.

Probabilidades — A cosmogonia (estudo da origem do Universo) desempenha uma função significativa nas discus­sões sobre um planejador. Uma per­gunta provocativa: “O que deu inicio ás coisas antes da Big Bang?” O fato de que o Universo parece especial­mente desenhado para manter a vida é freqüentemente mencionado como representando uma série de circuns­tâncias difíceis de explicar com base na “probabilidade”.
Não é preciso ser um jogador para saber que, de cada duas jogadas, a moeda tem uma probabilidade de cair com a “cara” para cima; que um dado tem uma chance em seis de cair no número cinco; e que, em um saqui­nho com 99 bolas de gude azuis e uma amarela, existe apenas uma pro­babilidade em cada cem vezes de ti­rar-se a bola amarela sem olhar. A probabilidade de que o Universo te­nha surgido perfeitamente adequado para manter a vida é inconcebivel­mente pequena. Como disse I. G. Barbour, “o cosmos parece estar equi­librado sobre o fio de uma navalha”.
Muitos exemplos de um Universo perfeitamente adequado têm sido des­cobertos. Se, por exemplo, a propor­ção da força eletromagnética constan­te e da constante gravitacional diferis­se por apenas uma parte em cada
1 0.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 (40 zeros), as estrelas seriam gigantes azuis ou anãs verme­lhas, e não teríamos o tipo de Sol que necessitamos para nos fornecer a quantidade exata de luz. Uma pare do número mencionado acima é incrivelmente pequena; cada zero divide o anterior por 10. Três zeros  representam uma parte de cada milhão, e assim por diante – uma relação extremamente precisa.
      A massa de um nêutron não poderia diferir por uma parte em cada 1.000, pois, se assim fosse, as estrelas ruiriam, transformando-se em estrelas nêutrons ou buracos negros. No modelo do Big Bang, a proporção de expansão teria de estar limitada a uma parte em cada 100.000.000.000.000 (14 zeros); caso contrário, as estrelas não se formariam ou o Universo ruiria. E, na formação do Universo, os elétrons deveriam ser equivalentes aos prótons na proporção de uma parte em cada l0.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 (37 zeros), ou as forças ele­tromagnéticas sobrepujariam a força da gravidade e não teríamos estrelas.
Muito do impulso do movimento do planejamento parece estar vindo da própria ciência. Determinada lista, por exemplo, tem 29 dessas caracte­rísticas necessárias, e qualquer delas sugere que deve haver uma inteligên­cia mestra ou um planejador para o Universo.
Descobertas recentes na área da biologia também apóiam o argumen­to a favor do planejamento ao indicar eventos altamente improváveis. O maior desafio que a teoria evolucionista enfrenta é explicar corno a vida pode ter surgido por si mesma. Cálculos baseados na termodinâmica (relações entre as energias) indicam apenas uma probabilidade do número 1 seguido de cinco bilhões de zeros de que um micoplasma possa ter sua moléculas agregadas por acaso. O micoplasma, muito menor do que um micróbio normal, é considerado forma de vida independente mais simples que se conhece.
Outro problema para a biologia da evolução é a questão da validade do modelo de Darwin quanto sobrevivência dos mais capazes Esse modelo prevê um mecanismo para a eliminação das espécies fracas aberrantes, mas não para o de- senvolvimento dos sistemas complexos com partes  interdependentes. Infelizmente, para os evolucionistas, a maioria dos sistemas biológicos é dessa espécie.

Em um processo de desenvolvimento evolucinário gradual, muitas  partes  que não funcionariam sem a presença de outras partes necessárias seriam não apenas inúteis, mas também um estorvo. A competição pela sobrevivência do mais capaz eliminaria organismos com dificuldades adicionais. Portanto, o próprio processo da seleção natural por meio da sobrevivência do mais ca­paz — considerado como o mecanismo principal para o progresso evolucioná­rio — na realidade interfere com a evo­lução de estruturas complexas.
Fortalecendo ainda mais a idéia de que deve haver um planejador está a evidente ausência de fósseis interme­diários entre os principais grupos (classes, gêneros e divisões) de orga­nismos. E entre os principais grupos — onde temos maiores brechas e onde esperaríamos um número mais elevado de intermediários evolu­cionarios — que eles estão notavelmente ausentes.
Além da falta de fósseis intermediários, há também o que os evolucionistas cha­mam de Explosão Cambria­na, onde, aproximadamente no mesmo nível do registro de fósseis, de repente apare­cem praticamente todos os fi­los animais. De acordo com as interpretações evolucio­nistas padronizadas, essa explosão ocorrida há cerca de 560 milhões de anos representa o aparecimento da maioria das principais espécies de ani­mais. Ao olharmos através das cama­das fossilíferas da Terra, descobrimos que os organismos permanecem es­sencialmente na fase de uma única cé­lula durante os primeiros 84% do su­posto tempo evolucionário (3.500 a 560 milhões de anos atrás). Depois disso, a evolução de praticamente to­dos os principais filos animais ocorre durante a Explosão Cambriana em menos de 3% do tempo evolucionário (560 a 460 milhões de anos atrás).
Alguns cientistas até sugerem que a maior pane da evolução ocorreu duran­te apenas um décimo daquele tempo, o que significa simplesmente 0,3% do tempo evolucionário, Samuel Bowring, do Instituto Tecnológico de Massachusettes, diz: “O que eu gostaria de perguntar a meus amigos biólogos é quão rápido do pode a evolução ocorrer sem que eles se sintam desconfortáveis.”
Tudo isso não se harmoniza bem com um suposto processo evolucioná­rio contínuo. Não existe tempo sufi­ciente na escala de tempo geológico pa­drão para os improváveis eventos da evolução. Para alguns a Explosão Cam­briana se assemelha mais a algum tipo de criação ou planejamento do que a uma atividade evolucionária do acaso.

Cientistas que oram — Em 1916, cien­tistas americanos responderam a uma pesquisa sobre suas crenças religiosas. O mesmo estudo foi re­petido em 1996. Pouco mudou nes­ses 80 anos. Em ambas as ocasiões, cerca de 40% dos cientistas criam em um Deus pessoal, 45% não criam e 15% não sabiam, O ques­tionário foi explícito quanto ao que significava Deus, especificando:
“Creio em um Deus que se comuni­ca intelectual e afetivamente com o ser humano, isto é, um Deus a quem posso orar e esperar receber uma resposta. Por ‘resposta’ quero dizer mais do que o efeito subjeti­vo, psicológico da oração.”  
Esse surpreendente resultado le­vanta uma séria pergunta: se tantos cientistas crêem em Deus, porque a  ciência.insiste em  excluir a idéia de um planejador das explicações cienti­ficas? Atualmente, em relatórios científicos e livros de texto, é quase impossível apresentar Deus como um possível fator ativo. Se quase a metade dos cientistas crêem em um Deus pessoal que responde a orações e, no entanto, O excluem das explicações científicas, temos ai um contra-senso.
Nos dois últimos séculos, a ciên­cia tem aceitado todos os tipos de teorias, menos a de um Deus planejador. Incluir Deus é considerado algo não científico. Essa não era a posição de Kepler, Boyle, Newton, Pascal ou Lineu, os quais lançaram os funda­mentos da ciência moderna. Esses pioneiros criam em um Criador que estabeleceu as leis da natureza.  Ciên­cia e Deus eram compatíveis.
A ciência funciona bem no domínio experimental, mas tem problemas em áreas como a religião, o livre-arbítrio, a moralidade e o propósito. A ciência jamais encontrará Deus enquanto excluir Deus de seu menu explanatório. A ciência cometeu seu maior erro filosó­fico dois séculos atrás, quando tentou explicar todas as coisas dentro de sua limitada pers­pectiva naturalista.
Os principais defensores do planejamento inteligente evi­tam cuidadosamente qualquer referência a uma criação de seis dias. Qualquer evidência de uma criação re­cente é evitada. Certamente, uma ava­liação objetiva revelará que o movi­mento do planejamento não é favorá­vel á Bíblia. Mas também revelará que o movimento tem feito uma valiosa contribuição sobre o que a natureza tem a dizer. E o que a natureza está di­zendo é que fica muito difícil explicar uma abundância de dados científicos quando não se acredita em um plane­jador inteligente.
A filosofia da ciência tem mudado no decorrer dos séculos. Atualmente, o alto status da ciência está sendo desafiado. Será que a ciência reagirá voltando a  uma forte posição natural­ista? Ou o argumento do planemento ajudará a ciência a mover na direção da filosofia que mantinha vários séculos atrás, quando Deus era aceito como a causa predominante?
Só Deus sabe.


Sinais dos Tempos

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