O movimento que defende o planejamento inteligente do
Universo pode ser
uma evidencia de que a ciência está finalmente buscando a
Deus
Ariel A. Rott Dr.
em zoologia pela Universidade de
Michigan, EUA, e há 30 anos desenvolve pesquisas nas áreas em que a ciência e a
religião entram em conflito
Dois séculos atrás, o matemático e astrônomo francês
Pierre- Simon de Laplace desenvolveu a hipótese nebular. Essa hipótese propunha
que o Sistema Solar fora originado pela condensação de substâncias vaporosas.
Laplace, famoso erudito, decidiu apresentar um de seus livros ao imperador
Napoleão.
Sabendo de antemão que o livro não fazia qualquer menção
a Deus, o imperador perguntou a Laplace por que ele nem sequer mencionava o
Criador do Universo. Laplace respondeu laconicamente: “Eu não vi necessidade
alguma dessa hipótese em particular.” O fato de que Laplace não precisou de
Deus em sua teoria reflete a atitude dominante no pensamento científico durante
a maior parte dos dois últimos séculos.
Na época em que Laplace estava expondo seus pontos de
vista, o teólogo e filósofo William Paley argumentava que Deus era necessário
para explicar a complexidade da natureza. Sua ilustração, agora muito comum,
era: se alguém encontrasse um relógio no chão, concluiria que devia haver um
planejador daquele relógio; ele não teria surgido por acaso. Da mesma forma,
outras coisas complexas como os seres vivos devem ter tido um planejador.
Acontece que um relógio é muito simples quando comparado
com os sistemas biológicos. Será que os organismos complexos realmente têm um
planejador? Richard Dawkins, da Universidade de Oxford, classificou o argumento
de Paley como “extremamente errado”. Ele salienta que a evolução darwiniana tomou
o lugar de um planejador.
Apesar disso, o argumento de Paley está novamente sendo
considerado com seriedade nos círculos intelectuais. Muitos cientistas não
estão satisfeitos com a idéia de que a complexidade que vemos ao nosso redor é
simplesmente acidental. Ao contrário, eles têm concluído que existe uma
inteligência dominante por trás do Universo.
Herança
do Iluminismo – O Iluminismo do
século 18, ressaltando a razão acima da religião e da tradição, incentivou o
ceticismo, o niilismo, o agnosticismo e o relativismo dos dois séculos seguintes,
O trabalho do famoso Círculo de Viena, grupo filosófico que se reunia
regularmente em Viena, Áustria durante a primeira parte do século 20,
sintetizou este pensamento.
Os membros do Círculo —
composto de filósofos, cientistas e matemáticos — enfatizavam o positivismo, que afirma que o
único conhecimento válido é o científico, particularmente aquele que pode ser
observado. Essa abordagem mecânica ou naturalista da realidade exclui Deus como
agente causal válido. Durante a última parte do século 20, o positivismo enfrentou
crítica severa, e ocasionalmente tem havido séria discussão nas esferas
intelectuais acerca de de existir, de fato, um planejador.
Na última década,
a questão foi debatida em várias conferências importantes, como “Cosmo e
Criação”, na Universidade de Cambridge (1994); “Mera Criação”, na Universidade
de Biola (1996); “Ciência e Busca Espiritual”, na Universidade da Califórnia,
campus de Berkeley (1998); e “Natureza da Natureza”, na Universidade de Baylor
(2000). Nessas reuniões, os palestrantes eram cientistas renomados, alguns
tendo recebido o Prêmio Nobel. Dessas conferências surgiram dois grupos
dominantes: um deles pendendo para a evolução teísta (Deus usando um processo
evolutivo), e o outro para a criação progressiva (Deus gradualmente criando
formas mais avançadas de vida através de bilhões de anos), O último grupo se
identifica como o grupo do “Planejamento Inteligente”.
Em 1997, Science, uma
das revistas cientificas de maior prestígio no mundo, publicou “Ciência e Deus:
Uma Tendência Ascendente?” A revista Newsweeh,
de 20 de julho de 1998, publicou “A Ciência Encontra Deus”. New Scientist (22 de abril de 2000) e Christíanity Today (22 de maio de 2000) também publicaram artigos sobre o assunto. Em 10
de maio de 2000, uma síntese do planejamento inteligente foi apresentada ao
Congresso dos Estados Unidos, Os apresentadores do Discovery Institute (grupo
defensor do planejamento inteligente) salientaram que estavam ali “simplesmente
para abrir as mentes que haviam estado fechadas pelo sacerdócio científico da
elite”.
Cartas e noticiários de revistas científicas
ocasionalmente fazem parte da discussão. A revista da Associação Americana de
Geólogos Petroleiros, Explorer, de janeiro de 2000, advertiu os geólogos a ficarem fora do
debates criacionistas: “O cientista
que entrar em debate com essa gente será devorado. {...} Eles têm todos os
tipos de palavras bizarras e palavras-chaves com as quais podem derrubar as
pessoas, se elas não estiverem familiarizadas com suas táticas.” Os leitores se
opuseram radicalmente às conclusões do editorial. A maioria argumentou que a ciência deve ser
mais receptiva a idéias sobre a criação e sobre Deus.
Probabilidades — A cosmogonia (estudo da origem do Universo) desempenha
uma função significativa nas discussões sobre um planejador. Uma pergunta
provocativa: “O que deu inicio ás coisas antes da Big Bang?” O fato de que o
Universo parece especialmente desenhado para manter a vida é freqüentemente
mencionado como representando uma série de circunstâncias difíceis de explicar
com base na “probabilidade”.
Não é preciso ser um jogador para saber que, de cada duas
jogadas, a moeda tem uma probabilidade de cair com a “cara” para cima; que um
dado tem uma chance em seis de cair no número cinco; e que, em um saquinho com
99 bolas de gude azuis e uma amarela, existe apenas uma probabilidade em cada
cem vezes de tirar-se a bola amarela sem olhar. A probabilidade de que o
Universo tenha surgido perfeitamente adequado para manter a vida é
inconcebivelmente pequena. Como disse I. G. Barbour, “o cosmos parece estar
equilibrado sobre o fio de uma navalha”.
Muitos exemplos de
um Universo perfeitamente adequado têm sido descobertos. Se, por exemplo, a
proporção da força eletromagnética constante e da constante gravitacional
diferisse por apenas uma parte em cada
1
0.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 (40 zeros), as estrelas
seriam gigantes azuis ou anãs vermelhas, e não teríamos o tipo de Sol que
necessitamos para nos fornecer a quantidade exata de luz. Uma pare do número
mencionado acima é incrivelmente pequena; cada zero divide o anterior por 10.
Três zeros representam uma parte de cada
milhão, e assim por diante – uma relação extremamente precisa.
A massa de um nêutron não poderia diferir
por uma parte em cada 1.000, pois, se assim fosse, as estrelas ruiriam,
transformando-se em estrelas nêutrons ou buracos negros. No modelo do Big Bang,
a proporção de expansão teria de estar limitada a uma parte em cada
100.000.000.000.000 (14 zeros); caso contrário, as estrelas não se formariam ou
o Universo ruiria. E, na formação do Universo, os elétrons deveriam ser
equivalentes aos prótons na proporção de uma parte em cada
l0.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 (37 zeros), ou as forças eletromagnéticas
sobrepujariam a força da gravidade e não teríamos estrelas.
Muito do impulso do movimento do planejamento parece
estar vindo da própria ciência. Determinada lista, por exemplo, tem 29 dessas
características necessárias, e qualquer delas sugere que deve haver uma
inteligência mestra ou um planejador para o Universo.
Descobertas recentes na área da biologia também apóiam o
argumento a favor do planejamento ao indicar eventos altamente improváveis. O maior
desafio que a teoria evolucionista enfrenta é explicar corno a vida pode ter
surgido por si mesma. Cálculos baseados na termodinâmica (relações entre as
energias) indicam apenas uma probabilidade do número 1 seguido de cinco bilhões
de zeros de que um micoplasma possa ter sua moléculas agregadas por acaso. O
micoplasma, muito menor do que um micróbio normal, é considerado forma de vida
independente mais simples que se conhece.
Outro problema para a biologia da evolução é a questão da
validade do modelo de Darwin quanto sobrevivência dos mais capazes Esse modelo
prevê um mecanismo para a eliminação das espécies fracas aberrantes, mas não
para o de- senvolvimento dos sistemas complexos com partes interdependentes. Infelizmente, para os evolucionistas,
a maioria dos sistemas biológicos é dessa espécie.
Em um
processo de desenvolvimento evolucinário gradual, muitas partes
que não funcionariam sem a presença de outras partes necessárias seriam
não apenas inúteis, mas também um estorvo. A competição pela sobrevivência do
mais capaz eliminaria organismos com dificuldades adicionais. Portanto, o
próprio processo da seleção natural por meio da sobrevivência do mais capaz —
considerado como o mecanismo principal para o progresso evolucionário — na
realidade interfere com a evolução de estruturas complexas.
Fortalecendo ainda mais a idéia de que deve haver um
planejador está a evidente ausência de fósseis intermediários entre os
principais grupos (classes, gêneros e divisões) de organismos. E entre os
principais grupos — onde temos maiores brechas e onde esperaríamos um número
mais elevado de intermediários evolucionarios — que eles estão notavelmente
ausentes.
Além
da falta de fósseis intermediários, há também o que os evolucionistas chamam
de Explosão Cambriana, onde, aproximadamente no mesmo nível do registro de
fósseis, de repente aparecem praticamente todos os filos animais. De acordo
com as interpretações evolucionistas padronizadas, essa explosão ocorrida há
cerca de 560 milhões de anos representa o aparecimento da maioria das
principais espécies de animais. Ao olharmos através das camadas fossilíferas
da Terra, descobrimos que os organismos permanecem essencialmente na fase de
uma única célula durante os primeiros 84% do suposto tempo evolucionário
(3.500 a 560 milhões de anos atrás). Depois disso, a evolução de praticamente
todos os principais filos animais ocorre durante a Explosão Cambriana em menos
de 3% do tempo evolucionário (560 a 460 milhões de anos atrás).
Alguns
cientistas até sugerem que a maior pane da evolução ocorreu durante apenas um
décimo daquele tempo, o que significa simplesmente 0,3% do tempo evolucionário,
Samuel Bowring, do Instituto Tecnológico de Massachusettes, diz: “O que eu
gostaria de perguntar a meus amigos biólogos é quão rápido do pode a evolução
ocorrer sem que eles se sintam desconfortáveis.”
Tudo isso não se harmoniza bem com um suposto processo
evolucionário contínuo. Não existe tempo suficiente na escala de tempo
geológico padrão para os improváveis eventos da evolução. Para alguns a
Explosão Cambriana se assemelha mais a algum tipo de criação ou planejamento
do que a uma atividade evolucionária do acaso.
Cientistas que oram — Em 1916, cientistas americanos responderam a uma pesquisa sobre suas
crenças religiosas. O mesmo estudo foi repetido em 1996. Pouco mudou nesses
80 anos. Em ambas as ocasiões, cerca de 40% dos cientistas criam em um Deus
pessoal, 45% não criam e 15% não sabiam, O questionário foi explícito quanto
ao que significava Deus, especificando:
“Creio
em um Deus que se comunica intelectual e afetivamente com o ser humano, isto
é, um Deus a quem posso orar e esperar receber uma resposta. Por ‘resposta’
quero dizer mais do que o efeito subjetivo, psicológico da oração.”
Esse surpreendente resultado levanta uma séria pergunta:
se tantos cientistas crêem em Deus, porque a ciência.insiste em excluir a idéia de um planejador das
explicações cientificas? Atualmente, em relatórios científicos e livros de
texto, é quase impossível apresentar Deus como um possível fator ativo. Se
quase a metade dos cientistas crêem em um Deus pessoal que responde a orações
e, no entanto, O excluem das explicações científicas, temos ai um contra-senso.
Nos dois últimos séculos, a ciência tem aceitado todos
os tipos de teorias, menos a de um Deus planejador. Incluir Deus é considerado
algo não científico. Essa não era a posição de Kepler, Boyle, Newton, Pascal ou
Lineu, os quais lançaram os fundamentos da ciência moderna. Esses pioneiros
criam em um Criador que estabeleceu as leis da natureza. Ciência e Deus eram compatíveis.
A ciência funciona bem no domínio experimental, mas tem
problemas em áreas como a religião, o livre-arbítrio, a moralidade e o
propósito. A ciência jamais encontrará Deus enquanto excluir Deus de seu menu
explanatório. A ciência cometeu seu maior erro filosófico dois séculos atrás,
quando tentou explicar todas as coisas dentro de sua limitada perspectiva
naturalista.
Os principais defensores do planejamento inteligente evitam
cuidadosamente qualquer referência a uma criação de seis dias. Qualquer
evidência de uma criação recente é evitada. Certamente, uma avaliação
objetiva revelará que o movimento do planejamento não é favorável á Bíblia.
Mas também revelará que o movimento tem feito uma valiosa contribuição sobre o
que a natureza tem a dizer. E o que a natureza está dizendo é que fica muito
difícil explicar uma abundância de dados científicos quando não se acredita em
um planejador inteligente.
A filosofia da ciência tem mudado no decorrer dos
séculos. Atualmente, o alto status da ciência está sendo desafiado. Será que a
ciência reagirá voltando a uma forte
posição naturalista? Ou o argumento do planemento ajudará a ciência a mover na
direção da filosofia que mantinha vários séculos atrás, quando Deus era aceito
como a causa predominante?
Só Deus sabe.
Sinais
dos Tempos
Sem comentários:
Enviar um comentário