O oceanógrafo que
encontrou os restos do ‘Titanic’ vai vasculhar, nas profundezas do Mar Negro,
uma “Zona Morta” onde podem estar preservadas embarcações de eras remotas.
Realmente
ocorreu, há cerca de 7.600 anos, um dilúvio parecido como o descrito na Bíblia,
uma brusca elevação das águas do Mediterrâneo que submergiu grande parte da
civilização conhecida, destruindo homens, animais e plantas. A conclusão é de
descobertas feitas recentemente pelo oceanógrafo americano Robert Ballard,
conhecido por ter localizado no fundo do mar os restos dos transatlânticos Titanic e Andrea Dória, do couraçado alemão Bismarck e do porta-aviões americano Yorktown. Ballard, que já participou de 120 expedições marítimas a
grande profundidade, encontrou em meados deste ano os restos de dois navios
fenícios com mais de 3 mil anos.
Segundo
Ballard, no Mar Negro, a grande profundidade, há uma costa antiga, desaparecida
no final da última era glacial. “Não sei se foi exatamente o Dilúvio de Noé,
mas houve um dilúvio”, disse o oceanógrafo, que levou um grupo de especialistas
em sua expedição ao fundo do Mar Negro. O mais espetacular da descoberta é que
naquela região, a grande profundidade, se formou um grande depósito de água
extremamente salgada, onde a falta total de oxigênio impede a existência de
seres vivos.
Isso
significa que muitas marcas do passado remoto podem ter permanecido intactas na
área, abrindo a possibilidade de uma nova expedição de Ballard em busca de
embarcações afundadas. Lá poderiam estar embarcações mercantis que percorriam a
rota entre a antiga Grécia, Bizâncio e o Império Otomano. Ou até o navio Argos,
no qual o herói grego Jasão e os argonautas buscaram o Velocino de Ouro— um
episódio mítico que fascinou de Heródoto a Eurípedes.
“Quero
localizar todos estes naufrágios”, disse Ballard, que no próximo ano espera
conseguir emprestada dos EUA uma cápsula sumergível telecomandada de última
geração para grandes profundidades.
A
expedição do descobridor do Titanic em
busca da comprovação do dilúvio universal começou após a publicação, em Nova
York, de Noah’s Flood ( O Dilúvio de Noé), livro escrito por
dois geólogos marinhos da Universidade de Colúmbia, William Ryan e Walter
Pittman, no qual é reconstruída a possibilidade de um dilúvio global. Mas
faltavam provas tangíveis e Ballard encontrou agora, no fundo do Mar Negro, um
litoral que existiu há sete milênios e meio.
Dilúvio
“Durante
a última Era Glacial, geleiras avançaram pela superíficie do mundo. Isso baixou
em pelo menos 120 m o nível dos mares”, sustenta o oceanógrafo. “Depois, 12 mil
anos atrás, no final da Era Glacial, as geleiras começaram a recuar ou a
dissolver- se.” Por causa do baixo nível do mar, o leste do Mediterrâneo foi
separado do Mar Negro. Assim, quando os oceanos começaram a subir, o nível do
Mar Negro não subiu.
Por
volta de 7.600 anos atrás, o Mediterrâneo rompeu um dique natural no estreito
de Bósforo e inundou catastroficamente a superfície da terra. Os habitantes da
região, 120 m abaixo do nível do mar, enfrentaram uma inundação equivalente a
dez mil cataratas do Niágara. Neste ponto, a versão moderna difere da bíblica.
“Foi um aluvião muito mais gigantesco do que é descrito no Velho Testamento.
Durou mais de 40 dias e 40 noites, cobrindo todos os seres vivos da Terra sob
cerca de 7 m de água”, disse Ballard. De
A cada dia, durante cerca de dois anos, segundo Ballard,
imensas quantidades de água do oceano passaram pelo atual estreito turco.
Várias gerações depois, descobriu- se o efeito positivo desse degelo. A água
que chegou durante o dilúvio, atravessando o estreito de Bósforo, que se
alargou, foram despejadas no que era então um lago de água doce, aumentando
consideravelmente seu nível. A água salgada que avançou, mais pesada que a água
doce, foi parar no leito do lago, transformando-o num mar cujas profundezas não
têm condição de manter nenhum tipo de vida. A teoria pressupõe que, naquela
zona morta, embarcações de eras remotas foram preservadas, como seria o caso de
barcos da Idade do Bronze
.
História e mitos sob o Mar Negro
A água salgada,
mais pesada que adoce, precipitou-se para o fundo e ficou presa no que os
oceanógrafos chamam de abismo anóxico por não poder circular, perdeu há muito
tempo todo o oxigênio, tornando-se inabalável por seres vivos, Como resultado,
o material submerso está livre da deterioração provocada pela ação de agentes
orgânicos
Sem comentários:
Enviar um comentário