Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento
calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é
seiscentos e sessenta e seis” (Apoc. 13:18).
Desde César, Nero até Adolf Hitler, não têm faltado
tentativas através da História de se calcular o número registrado nesse texto,
com base no valor numérico das letras de vários nomes. Uma alternativa recente
considera o nome pontifical do atual papa como aquele referido pelo texto, o
que inevitavelmente conduz à conclusão de que João Paulo II é a besta semelhante
ao leopardo de Apocalipse 13. Esta idéia violenta totalmente o que, como
Igreja, cremos e ensinamos.
Número e marca — Tradicionalmente,
interpretamos o número fazendo o cálculo, com base em algarismos romanos, do
valor numérico do título Vicarius Filii Dei. Todavia, acredito particularmente que
666 não é uma simples questão de nomenclatura deste ou daquele poder. É muito
mais que isso. O número da besta é algo que toca particularmente a mim e a cada
seguidor de Jesus, porque nos é dito que precisamos vencê-lo se queremos estar
no mar de vidro (veja Apoc. 15:2). Se o poder papal ostenta ou não o título vicarius
filii dei, ou se o atual
dirigente máximo do Romanismo tem o nome que tem, em nada me diz respeito. Se
for simplesmente isso, não vejo porque devo vencer o número.
Ademais, uma comparação de textos no Apocalipse, segundo
os melhores manuscritos, faz-nos notar que, quando é mencionada a marca da
besta, não é mencionado o seu número, e vice-versa. A única exceção seria
13:17, onde justamente o assunto é introduzido: “... senão aquele que tem a
marca, o nome da besta ou o número do seu nome. Em lugar de supormos a presença
aqui de três itens relacionados com a besta, específicos e distintos uns dos
outros (marca, nome e número), seria mais próprio considerar um único elemento
mencionado de duas formas definidas: como marca
e como número. O “nome” apontaria
essencialmente para o que a besta é, ou seja, seria urna alusão ao seu caráter.
Portanto, se a marca é da besta, e o nome aponta para a realidade essencial
desse poder, ela é, de fato, a marca do nome. “Marca do seu nome” é
precisamente a fórmula que aparece em 14:11. E a marca do seu caráter, a marca
da rebelião, a marca de um poder que ousou mudar a lei de Deus.
Já o “número” é regido, no texto, pela conjunção
coordenativa ou (“ou o número do seu
nome”), com dois sentidos: alternação e
equivalência. Em vista do exposto
acima, o segundo sentido, o de equivalência, é o mais
provável;
em outras palavras, marca e número se equivalern. Então poderíamos também dizer
do número o que já foi dito da marca: se o número é da besta, e o nome aponta
para a realidade essencial desse poder, ele é, de fato, o número do nome.
“Número de seu nome” é precisamente a fórmula que aparece em 13:17, e estaria
em paralelo com “marca do seu nome” em 14:11; da mesma forma, “vencedores do
número de seu nome” em 15:2 corresponderia a não receber “a marca na fronte e
na mão” em 20:4.
Tipo e antítipo — Se
queremos saber o que 666 significa no antítipo, isto é, na Babilônia mística do
Apocalipse, devemos primeiro voltar a atenção ao tipo, isto é, à Babilônia da
Mesopotâmia. Isso parece lógico, pois não é verdade que se quiséssemos aprender
sobre o santuário celestial (antítipo), deveríamos primeiramente estudar o
terrestre (tipo), partindo assim do conhecido para o desconhecido?
Nesse caso, o que esse número representava na antiga
Babilônia? Bem, não podemos esquecer que o número da besta é dado no contexto
da imagem da besta, que, por sua vez, é o cumprimento antitípico do evento
histórico de Daniel 3. Em outras palavras, o incidente aí narrado deve nos
orientar também no que respeita ao detalhe do número.
Devemos compreender que a imagem levantada por Nabucodonozor
era, na realidade, uma representação gráfica do domínio político e religioso de
Babilônia. É por esta razão que todos deveriam se curvar diante dela e
adora-la, gesto que apontaria para um reconhecimento tácito desse duplo
domínio. Em outras palavras, a imagem de
Nabucodonosor incorporava uma união do poder civil e do poder religioso de
Babilônia. E não é exatamente esse tipo de união que, no nível do
antítipo, se visualiza na imagem da besta? Ellen G. White interpeta esse
símbolo profético em termos de coerção religiosa com amparo de lei civil,
efetivada particularmente na formulação do futuro decreto dominical (ver O Grande
Conflito, pág. 449).
Ela vincula explicitamente o decreto dominical ao evento
narrado em Daniel 3: “A história se repetirá. A religião falsa será exaltada. O
primeiro dia da semana, um dia comum de trabalho, sem nenhuma santidade, será
estabelecido como o foi a imagem em Babilônia. Será ordenado a todas as nações,
línguas e povos a adorar esse sábado espúrio. ... O dereto obrigando a
observância desse dia será imposto a todo o mundo. Em certo sentido, isso já
está sendo feito. Em vários lugares o poder civil fala como a voz do dragão,
assim como o rei pagão falou aos cativos hebreus.” —SDABC, vol. 7, pág. 976.
Elementos significativos da imagem — Pergunto, portanto, o que na imagem de Nabucodonosor
representaria o domínio político de Babilônia? Mais uma vez o Espírito de
Profecia nos oferece a resposta. Ellen G. White declara que o material
constituinte da imagem, o ouro, representava Babilônia “como um reino eterno,
indestrutível, todo-poderoso, que haveria de quebrar em pedaços todos os
outros remos, permanecendo para sempre.” — Profetas
e Reis, pág. 504.
E o que, na imagem, apontaria para o domínio religioso de
Babilônia? Durante algum tempo, estudei Daniel 3 em busca da resposta. Finalmente,
pude perceber que uma coisa na imagem aponta incontestavelmente para esse tipo
de domínio: a medida da imagem.
Para apreciarmos esse fato, não podemos esquecer que os
sacerdotes babilônicos eram também astrólogos, astrônomos e matemáticos. Muitas
fórmulas matemáticas procedem de
Babilônia, bem como padrões de cálculo de peso e medida. O sistema
decimal, por exemplo, é babilônico, bem como o sistema hexagesimal (com base
no número seis). Naturalmente, todos esses ingredientes matemáticos estavam
eivados de significado religioso. Para começar, muitos desses cálculos eram
estabelecidos com a atenção voltada para os astros em seus movimentos. Os
babilônios os consideravam deuses e os adoravam. Por exemplo, o Sol era
cultuado em Babilônia, o que não é novidade, porque afinal todos os povos
pagãos o adoravam. O detalhe é que observando os astros, os sacerdotes tiravam
conclusões sobre realidades divinas. O
pensamento religioso babilônico determinava que a criação era representada por
uma linha reta, que tem princípio e tem fim. A divindade, por sua vez, era
representada por um círculo (a forma do Sol), que não tem nem começo e nem fim.
Não é por mero acaso que um círculo contenha 360 graus, como a matemática
indica, um número não apenas divisível por seis (cálculo hexagesimal), mas o
produto de 6 x 60.
Essa foi exatamente a medida da imagem levantada por
Nabucodonosor — sessenta côvados de alto e seis de largo (Dan. 3:1). Os
babilônios atribuíam números aos seus deuses, partindo de seis para sessenta.
Este era o número do deus supremo, enquanto que 6 era o número do deus menor.
Na medida da imagem, portanto, como no montante de graus de um círculo, se
faziam presentes todos os deuses de Babilônia. Para completar, e este detalhe
não está presente em Daniel 3, seiscentos era o número do panteão babilônico.
Temos então a unidade 6, a dezena 60 e a centena 600,
coincidindo com 666 da Babilônia apocalíptica. 666 apontava, na Babilônia da
Mesopotâmia, para o culto babilônico
total.
Conclusão - Ainda
uma tábua numerológica (amuleto) era usada pelos sacerdotes babilônicos. Os
números de 1 a 36 eram distribuídos em 6 colunas verticais e horizontais de tal
forma a somarem 111 em cada uma, totalizando 666 (6x111) verticalmente e
horizontalmente. Confira:
01 32 34 03 35 06
30 08 27 28 11 07
30 08 27 28 11 07
20 24 15 16 13 23
19 17 21 22 18 14
10 26 12 09 29 25
31 04 02 33 05 36
19 17 21 22 18 14
10 26 12 09 29 25
31 04 02 33 05 36
De fato, se você
somar os algarismos de 1 a 36 (6x6) acumulativamente, isto é, um após o outro,
será obtido o total de 666.
Passando do tipo para o antítipo, conclui-se que 666, no
Apocalipse, indica que, no contexto da cura total da ferida de morte e do
levantamento da imagem da besta, o inimigo estará de volta, agora também com
força total.
O abominável trio (o dragão, a besta semelhante ao
leopardo e a besta semelhante ao cordeiro) estará formado, e entrará em
operação para conduzir o mundo à culminação do engano. Naturalmente, toda esta
movimentação tem íntima relação, igualmente, com a marca da besta, pois a
guarda do dia espúrio será um detalhe preponderante do drama final.
O objetivo do inimigo será, com o emprego de todos os
recursos a seu dispor, conspirar contra o remanescente para o destruir, o que
configurará aquilo que conhecemos como batalha do Armagedom. Não é por mero acaso que toda essa situação introduzirá
em seguida o “tempo de angústia, qual nunca houve” (Dan. 12:1). Mas o Armagedom
não é outra coisa senão o confronto final entre Cristo e Satanás, e a vitória,
é claro, será do primeiro, e de todos “os chamados, eleitos e fiéis que se
acham com Ele” (Apoc. 17:14). Em outras palavras, Deus, mais uma vez, será
poderoso para levar Seu povo ao triunfo e salvá-lo, agora em definitivo.
Louvado
seja o Seu nome! Á
Revista
Adventista
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