Géssio Floro amava o dinheiro e odiava os judeus. Como
procurador romano, governava a Judéia e pouco se importava com as
sensibilidades religiosas. Quando a entrada de impostos era baixa, ele se
apoderava da prata do Templo. Em 66, quando a oposição cresceu, ele enviou tropas
a Jerusalém para crucificar e massacrar alguns judeus. A ação de Floro foi o
estopim para uma revolta que já estava em ebulição havia algum tempo.
No século anterior,
Roma não tinha tratado os judeus de maneira adequada. Primeiramente, Roma havia
fortalecido o odiado usurpador Herodes, o Grande. Apesar de todos os belos
edifícios que construíra, Herodes não conseguiu lugar no coração das pessoas.
Arquelau, filho de
Herodes e seu sucessor-, era tão cruel que o povo pediu a Roma que lhe desse um
alívio. Roma atendeu a esse pedido enviando diversos governadores: Pôncio
Pilatos, Félix, Festo e Floro. Eles, assim como outros, tinham a tarefa, nada
invejável, de manter a paz em uma terra bastante instável.
O espírito independente dos judeus
nunca morreu. Eles olhavam com orgulho para os dias dos macabeus, quando se
livraram do jugo de seus senhores sírios. Agora, suas desavenças mesquinhas e o
fabuloso crescimento de Roma os colocavam novamente sob o comando de mãos
estrangeiras.
O clima de revolução continuou durante
o governo de Herodes. Os zelotes e os fariseus, cada um à sua maneira, queriam
que as mudanças acontecessem. O fervor messiânico estava em alta. Jesus não
estava brincando quando disse que as pessoas falariam: "'Vejam, aqui está
o Cristo!' ou Ali está ele!'". Esse era o espírito da época.
Foi em Massada
(formação rochosa praticamente inexpugnável, que se eleva próximo ao mar Morto,
onde Herodes construiu um palácio e os romanos ergueram uma fortaleza) que a
revolta judaica teve seu início e um fim trágico.
Inspirados pelas
atrocidades de Floro, alguns zelotes ensandecidos decidiram atacar a fortaleza.
Para surpresa de todos, eles a conquistaram, massacrando o exército romano que
estava acampado ali.
Em Jerusalém, o
capitão do Templo, quando interrompeu os sacrifícios diários a favor de César,
declarou abertamente uma rebelião contra Roma. Não demorou muito para que toda
a Jerusalém ficasse alvoroçada, e as tropas romanas fossem expulsas ou mortas.
A Judéia se revoltou, e a seguir a Galiléia. Por um breve período de tempo,
parecia que os judeus estavam virando o jogo.
Céstio Galo, o governador romano da
região, saiu da Síria com 20 mil soldados. Cercou Jerusalém por seis meses, mas
fracassou, deixando para trás seis mil soldados romanos mortos e grande
quantidade de armamentos que os defensores judeus recolheram e usaram.
O imperador Nero enviou Vespasiano, general
condecorado, para sufocar a rebelião. Vespasiano foi minando a força dos
rebeldes, eliminando a oposição na Galiléia, depois na Transjordânia e por fim
na Idu-méia. A seguir, cercou Jerusalém.
Contudo, antes do
golpe de misericordia, Vespasiano foi chamado a Roma, pois Nero morrera. O
pedido dos exércitos orientais para que Vespasiano fosse o imperador marcou o
fim de uma luta pelo poder. Em um de seus primeiros atos imperiais, Vespasiano
nomeou seu filho, Tito, para conduzir a guerra contra os judeus.
A situação se voltou
contra Jerusalém, agora cercada e isolada do restante do país. Facções internas
da cidade se desentendiam com relação às estratégias de defesa. Conforme o
cerco se prolongava, as pessoas morriam de fome e de doenças. A esposa do sumo
sacerdote, outrora cercada de luxo, revirava as lixeiras da cidade em busca de
alimento.
Enquanto isso, os romanos empregavam
novas máquinas de guerra para arremessar pedras contra os muros da cidade.
Aríetes forçavam as muralhas das fortificações. Os defensores judeus lutavam
durante todo o dia e tentavam reconstruir as muralhas durante a noite. Por fim,
os romanos irromperam pelo muro exterior, depois pelo segundo muro, chegando
finalmente ao terceiro muro. Os judeus, no entanto, continuaram lutando, pois
correram para o Templo — sua última linha de defesa.
Esse foi o fim para
os bravos guerreiros judeus — e também para o Templo. Josejo, historiador
judeu, disse que Tito queria preservar o Templo, mas os soldados estavam tão
irados com a resistência dos oponentes que terminaram por queimá-lo.
A queda de Jerusalém,
essencialmente, pôs fim à revolta. Os judeus foram dizimados ou capturados e
vendidos como escravos. O grupo dos zelotes que havia tomado Massada permaneceu
na fortaleza por três anos. Quando os romanos finalmente construíram a rampa
para cercar e invadir o local, encontraram todos os rebeldes mortos. Eles
cometeram suicídio para que não fossem capturados pelos invasores.
A revolta dos judeus
marcou o fim do Estado judeu, pelo menos até os tempos modernos.
A destruição do Templo de Herodes
significou mudança no culto judaico. Quando os babilônios destruíram o Templo
de Salomão, em 586 a.C,
os judeus estabeleceram as sinagogas, onde podiam estudar a Lei de Deus. A
destruição do Templo de Herodes pôs fim ao sistema ‘sacrificai judeu’ e os
forçou a contar apenas com as sinagogas, que cresceram muito em importância.
Onde estavam os cristãos durante a
revolta judia? Ao lembrar das advertências de Cristo (Lc 21.20-24), fugiram de
Jerusalém assim que viram os exércitos romanos cercar a cidade. Eles se
recusaram a pegar em armas contra os romanos e retiraram-se para Pela, na
Transjordânia.
Uma vez que a nação
judaica e seu Templo tinham sido destruídos, os cristãos não podiam mais
confiar na proteção que o império dava ao judaísmo. Não havia mais onde se
esconder da perseguição romana.
FONTE: OS 100 ACONTECIMENTOS MAIS IMPORTANTES DA HISTÓRIA DO CRISTIANISMO
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