PAULO, O
APÓSTOLO PARA OS JUDEUS E PARA OS GENTIOS.
O apóstolo Paulo
possuía todas as características necessárias para alguém que quisesse
apresentar a mensagem Bíblica às pessoas intelectuais e secularizadas do seu
tempo. Paulo, como um escriba judeu, conhecia perfeitamente bem a mensagem
bíblica e, como um judeu da Diáspora, também conhecia a língua e a cultura
grega dos intelectuais do seu tempo. Paulo era capaz de apresentar a mensagem
da Bíblia aos intelectuais judeus e gregos.
Paulo
usava a língua e a cultura grega para apresentar a mensagem, mas permaneceu
sempre fiel à verdade bíblica (“para que em nós aprendais a não ir além do que
está escrito” I Coríntios 4:6). Paulo pregava o evangelho tanto a judeus como a
gregos (I Coríntios 9:20, 21). Apresentava a mensagem bíblica de acordo com o
tipo de pessoas que a recebia. A sua pregação na sinagoga para os judeus era
diferente da que ele fazia lá fora para os gentios.
A
PREGAÇÃO DE PAULO DIANTE DOS INTELECTUAIS ATENIENSES.
O
discurso de Paulo em Atenas é importante para este estudo porque foi dirigido a
um grupo de helenistas, entre os quais estavam filósofos epicureus e estóicos,
cuja postura intelectual é muito semelhante à preconizada pelas pessoas secularizadas
do nosso tempo.
Atenas
era a capital intelectual e artística do mundo. Era uma cidade conhecida pela
sua arte, literatura, ciência e filosofia. Paulo, o Judeu de Tarso, pregava a
mensagem bíblica nas cidades de Péricles e Demóstenes, Sofócles e Eurípides. Aqui
as pessoas reuniam-se, representando dois pontos de vista do mundo em conflito
tais como o grego e o hebraico. Lucas menciona os epicureus e os estóicos como
ouvintes de Paulo. As escolas dos epicureus e estóicos eram as mais influentes
na época.
Os
epicureus aceitavam o atomismo de Demócrito – tudo era composto por átomos,
combinado com uma forma de “deísmo”. Os humanos não deviam temer nem os deuses,
nem o destino, nem a morte, eliminando assim todos os problemas.
Consideravam-se inúteis as orações que se faziam aos deuses, os sacrifícios que
se lhes faziam e a adoração que lhes era prestada. Considerava-se a morte como
sendo o fim da alma e do corpo.
Os
estóicos acreditavam numa forma de materialismo panteísta. A realidade era
formada por matéria passiva e um princípio activo, o logos, que era ao
mesmo tempo Providência e Destino, Razão e Natureza. A diferença entre os
epicureus e os estóicos era que estes aceitavam a ideia da Providência, ainda
que misturada com a natureza.
Em
Atenas, Paulo apresentou a mensagem bíblica de uma forma maravilhosa.
“Revoltava-se nele [Paulo] o seu espírito, vendo a cidade cheia de ídolos.” No
entanto, apesar de sentir uma mágoa por ver tanta idolatria, ele apresentou a
sua mensagem de uma forma positiva: “em tudo vejo que sois excepcionalmente
religiosos.” (Actos 17:22). Ele encontrara um altar dedicado a um Deus
Desconhecido, e assim apresentou o Deus da Bíblia como o Deus
Desconhecido. Desta forma, estabeleceu um elo de ligação entre a mensagem e
as suas(deles) crenças. Este Deus Desconhecido (____________), declarou ele, criou o mundo e tudo o
que nele há e não pode ser confinado a templos construídos por seres humanos
(Actos 17:24, 25).
Paulo
não atacou directamente o absurdo do paganismo. Antes, procurou ajudá-los a
reflectir sobre as suas crenças e tirar algumas conclusões racionais. Não é
Deus quem precisa dos homens; são os seres humanos que necessitam de Deus. Deus
“dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas.” (Actos 17:25). Deus
preocupa-Se com o homem e actua na história da humanidade. Agora Paulo,
utilizando os poetas gregos, estabelece uma conexão entre as crenças dos gregos
e a mensagem bíblica. “Porque nEle [em Deus] vivemos, e nos movemos, e
existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: ‘Pois dele também
somos geração’. (Actos 17:26-28).
Deus
“determinou-lhes os tempos (_________, tempora, momenta) já
dantes ordenados e os limites (_______________, terminos), da sua
habitação”, “porquanto determinou um dia em que com justiça há-de julgar o
mundo” (Actos 17:31). Paulo introduziu o conceito Bíblico do tempo linear que é
contrário à ideia do tempo circular dos gregos.
Seguidamente,
ele declarou a prontidão de Deus em perdoar o passado, mas depois avisou do
perigo da rejeição da mensagem. “Mas Deus, não levando em conta os tempos da
ignorância, manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam;
porquanto determinou um dia em que com justiça há-de julgar o mundo”. (Actos
17:30, 31).
REACÇÕES
À APRESENTAÇÃO DA MENSAGEM
Parece
que quando Paulo falou da ressurreição dos mortos, os seus ouvintes reagiram
negativamente e interromperam-no para que não tivesse oportunidade de provar o
que acabara de afirmar. Os estóicos, mesmo que tivessem aceitado a
possibilidade da sobrevivência da parte racional da alma na morte, consideravam
o ensino da ressurreição do homem todo sem sentido. Houve três reacções
distintas à pregação de Paulo. Alguns “escarneceram”. Queriam ouvir algo “novo”.
Os seus corações não estavam abertos à influência do Espírito Santo. Outros
pediram-lhe para “repetir o mesmo assunto” (Actos 17:32). Certamente que a
mensagem causou-lhes um impacto, ainda que não tenham sido humildes para o
reconhecer e não estivessem ainda preparados para aceitar o Deus verdadeiro em
suas vidas. Uns poucos aceitaram a mensagem que Paulo apresentou (Actos 17:34).
Quando a mensagem é apresentada a intelectuais cépticos geralmente apenas uns
poucos a aceitam. Contudo, mais tarde este pequeno grupo ajudou outros a
crerem.
Resumindo, o
apóstolo Paulo usou métodos diferentes para apresentar a mensagem bíblica a
pessoas diferentes. Quando ele apresentava a mensagem aos gentios, ele
adaptava-a à sua cultura e, consciente das dificuldades, dos sofrimentos e das
opressões das pessoas do seu tempo, ajudava-as a encontrar uma solução para os
seus problemas. (Por exemplo, a cura das pessoas: Actos 14:8-10; 28:8, 9).
Sempre que pregava, Paulo procurava dizer algo a respeito de uma crença comum a
fim de criar simpatia e um laço de união. Pregava a verdade nova de uma forma
que parecia estar em harmonia com algo que os ouvintes já conheciam e
acreditavam. Muitos dos métodos do apóstolo Paulo ainda hoje são válidos e
podem ser aplicados na apresentação da mensagem bíblica às pessoas
secularizadas do nosso tempo.
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