BATE-SEBA,
UMA MULHER QUE
NÃO IMPEDIU UM
HOMEM TEMENTE
A DEUS DE OFENDER
O SENHOR
"Portanto, de agora em diante, o assassínio será
uma constante ameaça
sobre a tua casa,
porque me
ofendeste tomando a mulher de
Urias." 2 Sam. 12:10
II Samuel 11:1-17, 26, 27
O futuro glorioso
que Abigail tinha
anunciado a Davi já era
uma realidade há muito
tempo. Depois
de ter reinado
sobre Judá durante
sete anos
e meio, Davi tornou-se chefe
de toda a nação
de Israel. No período do seu
reinado defrontou-se com um bom número de tempestades que
o afetaram a ele e às suas mulheres
(1 Sam. 30:1-6). Todavia, a despeito dessas dificuldades,
havia um fato
que não
mudara. Ele continuava a ser fiel a Deus. Era um rei justo, tratando bem cada um dos seus súbditos. Muitas vezes
o Senhor confirmou que
estava com Davi. O nome
do Deus de Israel tornou-se muito respeitado entre
as nações ao redor
de Israel.
Foi então que ele deu um passeio
nessa tarde fatídica
da primavera. A estação
das chuvas, que
havia interrompido a guerra contra os amonitas, já
tinha acabado
e o general Joabe e o seu exército
voltaram a pelejar (2 Sam. 11:1). Contudo,
o rei Davi não
acompanhou as suas tropas
como costumava fazer.
Ficou em casa.
A ociosidade não
o favoreceu. Uma noite, quando não
conseguia dormir, saiu da cama
e pôs-se a passear no exterior.
Aí, do terraço
do seu palácio,
viu uma mulher chamada
Bate-Seba que estava a tomar
banho no terraço
da sua casa.
Inativo, e
negligenciando os seus deveres como rei de Israel, Davi tornou-se presa
fácil das tentações
de Satanás. Ele nunca
tinha feito,
como Jó, um
pacto com os seus olhos para não atentar com desejo em qualquer outra mulher (Jó 31:1). Nunca
havia tomado uma atitude deliberada contra o pecado
vergonhoso da luxúria,
que se transforma num fogo destruidor
na vida do homem
que o comete.
Pedro exortou os cristãos a estarem vigilantes
contra Satanás, que,
tal como
o leão, procura
encontrar uma presa humana (1 Pe. 5:8). Contudo,
a armadura de Deus
é forte e permanecerá firme contra os
ataques de Satanás (Efés. 6:11).
Tal como aconteceu naquele dia
fatídico no paraíso
– Satanás não foi muito
original – a tentação
usou de novo os olhos.
Como no caso
de Eva (Gên. 3:6), o coração de Davi
desejou o que os olhos
viram. Ele não
renunciou imediata e radicalmente ao desejo,
e assim o mal
não pôde ser
refreado por mais
tempo.
Bate-Seba era uma mulher sumamente
bela. O seu
pai, Eliã, foi um
dos heróis de Davi. O marido, Urias, era
um oficial
dedicado e corajoso do exército
do rei, que
realizava o seu trabalho
criteriosa e conscientemente.
Será que Bate-Seba era uma mulher frívola, que
tentava astuciosamente atrair
a atenção de outro
homem agora
que o marido
estava longe de casa?
Estaria ela a tentar
propositadamente apanhar
na sua rede
o rei – que
era sensível
à beleza feminina?
Será que procurava de algum modo afastar a sua solidão? Ter-se-ia tornado
demasiado forte
o seu desejo
de relações com
outro homem?
Ou tratava-se apenas
de uma mulher sem
idéias preconcebidas, mas descuidada?
Teria ela descurado deliberadamente as precauções necessárias para
se proteger de interesses
impróprios?
Não há razão para não dar a
Bate-Seba o benefício da dúvida. Talvez
a situação fosse tal
que ela
tivesse razão em
não esperar ser vista. Não há qualquer
evidência de que
ela tivesse visto
antes qualquer
homem naquela seção
do terraço do rei.
Não era
Davi um homem
de guerra que
passava muito do seu
tempo fora
de casa? A Bíblia
não diz se ela
aguardava o convite do rei,
ou se ele
a apanhou completamente de surpresa. É certo
que os monarcas
orientais estavam habituados a agir desse modo, mas este tipo de comportamento
era indigno
de Davi, o homem segundo
o coração de Deus.
Quando os enviados do rei
a chamaram, Bate-Seba foi, naturalmente.
Como qualquer
súbdito, tinha de obedecer.
Não podemos saber
se a sua rendição
sexual ao rei
teve lugar voluntariamente ou com protestos da sua
parte. Todavia,
permanece a verdade de que
ela não
foi a instigadora responsável pelos dramáticos
acontecimentos que
se iam desenrolar. No entanto,
a história lança-nos luz sobre o caráter de Bate-Seba, que
estava longe de ser
inocente.
A sua situação
podia comparar-se à de José, que disse corajosamente: "Como
é que eu
poderia cometer
tal mal
e pecar contra
Deus?" (Gên. 39:9) A ela faltou-lhe o amor,
a coragem e o auto-domínio que
Deus está pronto
a dar à pessoa
(2 Tim. 1:7), e de que José foi um exemplo. A preocupação com
que Abigail se tinha
aproximado anteriormente de Davi quando ele
estava a ponto de se esquecer
de si mesmo
e matar pessoas
inocentes (1 Sam. 25:23-31), não existia, infelizmente,
em Bate-Seba. A falta
dessa percepção divina
nesta mulher – igual
ao seu pecado
do adultério – foi a causa
dos seus pecados.
"Davi fez o que era reto aos olhos do Senhor, e não se desviou de tudo
o que lhe
ordenara em todos
os dias da sua
vida, senão
só no negócio
de Urias, o heteu" (1 Rs. 15:54).
Bate-Seba não impediu o homem segundo o
coração de Deus
de lançar para sempre uma nódoa
sobre o seu
próprio nome,
nem impediu Davi de dar
azo aos inimigos
de Israel para escarnecerem do nome
de Deus (2 Sam. 12:14). Davi ofendeu a Deus, mil anos antes de Cristo. Dois mil anos depois de Cristo,
os holofotes de Hollywood ainda continuam a revelar, sem piedade, o pecado de Davi e Bate-Seba.
A Bíblia não
encobre nada. Remove todas as dúvidas quanto
a Davi ser ou
não o pai
da criança que
Bate-Seba teve. Todos os fatos vieram gradualmente
à luz e com
eles apareceu o terrível
pecado. O que
começou com a negligência,
por parte
de Davi, dos seus deveres
para com o exército, transformou-se pela
enganosa luxúria
– mesmo depois
de lhe terem dito
que Bate-Seba era
casada – em
assassínio. Estes
atos evoluíram precisamente
de acordo com
o modelo acerca
do qual Tiago advertia mais tarde (Tg.
1:14-15). O desejo sensual
de Davi seduziu-o e atraiu-o e, porque ele cedeu, resultou em
morte. Cinco pessoas pelo menos sofreram literalmente
a morte.
A consciência de Davi
mostrou-se tão entorpecida, que ele nem reconheceu a extensão
dos seus atos
até ao momento
em que
o profeta Natã e confrontou com eles (2
Sam. 12:1-9). Mas nessa altura já
haviam passado mais
de nove meses. O homem
que tinha
mantido uma comunhão com Deus tão intensa que dizia: "Oh, Deus, Meu Deus! Quanto Te busco! Quanto
sedento me
sinto de ti nesta terra ressequida e cansada onde não há água. Quanto anseio por
ti!" (Sal. 63:1), manteve-se silencioso durante
todo aqueles
meses diante de Deus.
E como a sua
percepção de Deus
estava obscurecida, também a visão que tinha de si mesmo não era lúcida.
Quando Natã
colocou o pecado de Davi perante ele, sem mencionar quaisquer nomes, o rei
pronunciou a sentença de morte
para o culpado, sem
a menor hesitação.
É lamentável que Bate-Seba, a pessoa que poderia ter levado Davi a parar a tempo, não tenha agido assim.
Muitas vezes, no passado,
Davi tinha-se mostrado aberto ao conselho de outras pessoas,
quer ele
viesse de uma mulher como Abigail, ou
de outros dos seus
súbditos (2 Sam. 18:3-4). Uma palavra de
Bate-Seba teria sido provavelmente suficiente
para evitar a tragédia. O que
Abigail tinha evitado, aconteceu agora com esta mulher. Davi ofendeu o seu
Deus.
Este pecado deu origem
a uma reação em
cadeia de morte
e tristeza, pois
"esta coisa que
Davi fez desagradou ao Senhor" (2 Sam. 11:27). Embora, de acordo
com a lei
de Moisés, ambos merecessem a morte (Lev. 20:10), Deus
foi misericordioso com eles. Permaneceriam vivos
após Davi ter confessado
o seu pecado,
mas o seu
filho morreria.
Houve uma dupla maldição sobre a vida de Davi. Uma vez
que tinha
desonrado a Deus apoderando-se da mulher de Urias, a espada
jamais se apartaria da sua casa (2
Sam. 12:10). Ele seria também castigado pelo seu adultério; outro homem
iria desonrar publicamente as suas
mulheres.
Estas predições foram literalmente cumpridas. O bebê
de Davi e Bate-Seba morreu logo (v. 19).
Urias tinha sido morto.
Três dos filhos
de Davi – Amom (2 Sam. 13:28-30), Absalão (2 Sam. 18:14) e Adonias (1 Rs.
2:24-25) – sofreram morte violenta.
As concubinas de Davi foram desonradas por um dos seus filhos perante todo o
Israel (2 Sam. 16:22).
A Bíblia não
descreve apenas os atos
dos homens; proclama
também a grandeza
de Deus e a Sua
graça infinita.
Depois de Davi ter
reconhecido e confessado que, acima de tudo,
havia pecado contra
Deus, sentiu-se liberto
do fardo do pecado.
Tornou-se feliz por
ter recuperado a comunhão
com o Senhor,
e expressou o novo significado
da vida num comovente
Salmo de contrição
(Salmo 51). A sua
vida ganhou uma nova
dimensão que
se nota nas linhas
jubilosas com que
inicia um outro
Salmo: "Bem-aventurado
aquele cuja
transgressão é perdoada!" – exclamou
ele. "Que
alegria quando
os pecados são
cobertos! Que
alívio para aqueles que
confessaram os seus pecados
e aos quais Deus
já não
considera culpados" (Sal. 32:1-2).
Davi não se desculpou; não minimizou o que
tinha feito.
Embora a Bíblia não faça
qualquer menção
dos sentimentos de Bate-Seba, parece aceitável admitir que ela
partilhou do senso de culpa de Davi e da sua
aceitação do perdão
de Deus. Não
é verdade que
o próximo filho
que Deus
deu a Davi e Bate-Seba foi Salomão, que em devido tempo seria um rei conhecido pela sua sabedoria e riquezas?
O profeta Natã, a quem
Deus havia escolhido para
anunciar o Seu
juízo, chamou ao bebê
Jedidias, que significava "o amado de Jeová" (2 Sam. 12:24-25).
Deus foi
misericordioso para Bate-Seba, que
mais tarde
agiu como intermediária,
por meio
da qual o seu
filho Salomão se tornou herdeiro
do trono. A mulher
que começou com
um papel negativo na história
tornou-se, pela graça
de Deus, a esposa
do maior rei
de Israel. Foi também a mãe do mais sábio e mais rico governador,
Salomão (1 Rs. 1:11-31), e aparece entre
os ascendentes do Salvador
do mundo, Jesus Cristo
(Mat. 1:6).
A história de Davi e
Bate-Seba tornou-se um monumento que fala da fidelidade
de Deus. Ergue-se como
um estímulo
para todo o ser humano que, como Davi
e Bate-Seba, tem confessado o seu pecado e aprendido a viver pela graça. Contudo, a história
de Bate-Seba permanece acima de tudo como um exemplo funesto e negativo.
Não se tratava de uma jovem inexperiente.
Era uma mulher
casada que
sabia bem quão
facilmente se podia despertar o desejo de um homem. Não era também uma
pagã ignorante das leis
do Deus santo.
Descendia de uma família que sempre
honrara o Seu nome.
Bate-Seba não vivia num ambiente imoral.
Urias, seu marido,
tinha mantido elevados
princípios morais.
Vivendo uma vida disciplinada,
tinha subjugado os seus
desejos sexuais
de modo a poder
expandir a sua
energia no sentido
de princípios mais
elevados – a lealdade ao rei. E, sem dúvida, Bate-Seba sabia que
o homem que
a tinha desejado era
o rei do seu
povo, bem conhecido pela sua vida justa e piedosa.
Bate-Seba mostra claramente que
uma mulher precisa
manter uma perspectiva
clara da santidade
de Deus. Tem que
pensar de antemão
nos resultados
desastrosos do pecado
e recusar pôr um
homem em
estado de tentação.
De outro modo,
poderá tornar-se facilmente uma maldição, em vez de uma bênção.
Bate-Seba sabia o que estava certo, mas não o fez. Foi esse
o seu maior
pecado (Tg. 4:17).
Bate-Seba,
uma mulher que
não impediu um
homem temente
a Deus de ofender
o Senhor
(II Samuel 11:1-17, 26-27)
Perguntas:
1. O que é que a Bíblia
diz de positivo acerca
de Davi? (Atos 13:22; II Samuel 5:10). E
de negativo? (I Reis
15:5; II Samuel 12:10)
2. Acredita que Davi foi a única pessoa em falta? Por quê, ou por que não?
3. Poderia Bate-Seba ter feito alguma coisa para evitar
que Davi ofendesse a Deus? Se sim, como?
4. Enumere os resultados do pecado de Davi e Bate-Seba. (Ler
também II Samuel 12:1-14)
5. Estude a história de Davi
e Bate-Seba à luz de Tiago 1:14-15. Como é que
começou o seu pecado?
6. Qual é a maior advertência que tira desta história? Como
é que pode aplicar
à sua vida
o que aprendeu?
FONTE: LIVRO SEU NOME É MULHER 2
FONTE: LIVRO SEU NOME É MULHER 2
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