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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

MARIA MÃE DE JOÃO MARCOS




MARIA DE JERUSALÉM, CUJO LAR FUNCIONOU COMO CASA DE DEUS

"Eu rogo ao Céu que derrame a Melhor das Bênçãos sobre esta Casa e sobre todos os que daqui em diante a habitarem. Que unicamente homens honestos e sóbrios governem sob este teto." John Adams *

Atos 12:1-17

A noite tinha há muito caído sobre Jerusalém. As casas da capital de Israel estavam completamente às escuras, pois as lâmpadas de óleo já haviam sido apagadas horas antes.
Todavia, na casa de Maria, todas as lâmpadas brilhavam, embora ninguém do exterior pudesse ver a luz, pois as janelas tinham sido cuidadosamente fechadas. Nem mesmo um pequeno raio de luz conseguia atravessar. As pessoas que passavam na rua, não tinham possibilidade de saber o que se passava dentro de casa.
Será que os que se encontravam neste lar estavam a fazer algo tão mau que não pudesse ser exposto à luz ? De modo nenhum.
As pessoas que se encontravam em casa de Maria eram cristãos, seguidores de Jesus Cristo. Já há algum tempo se vinham reunindo naquela casa. Tinham abandonado a sala de reuniões do templo – o seu velho lugar de encontro – porque se tornara demasiado perigoso. Agora era a casa de Maria que, por necessidade, funcionava como igreja.
Estes cristãos formavam uma minoria. Tinha rebentado uma perseguição tão violenta contra os crentes, que muitos haviam fugido de Jerusalém (Atos 8:2). Aqueles que ficaram estavam constantemente em perigo. A ameaça de prisão pendia sobre as suas cabeças como a espada de Dâmocles. Sentiam-se gratos por Maria, uma viúva próspera, ter posto o seu lar à disposição.
"A minha casa é bastante espaçosa", disse ela. "Por que é que não fazemos aqui as reuniões? A minha casa pode facilmente funcionar como edifício da igreja".
Maria não parecia preocupada a respeito da sua própria vida. Como amava a Deus, aceitava com naturalidade o fato de que a vinda e ida de muitas pessoas significaria trabalho, despesa e certos inconvenientes.
Desse modo, Maria de Jerusalém revelou-se como uma mulher corajosa e abnegada. Em certos aspectos, parecia-se com Marta e Maria que, durante o tempo em que os líderes dos judeus tentavam matar Jesus (João 11:54-57. 12:1-11)), não recearam recebê-lo. Ela constituía um elo indispensável na cadeia da vida da igreja primitiva.
Maria não contava com o apoio do marido. Seria por isso que ela se sentia mais atraída para Deus? Teria ela consciência do fato de que no passado o Senhor tinha defendido fortemente a causa das viúvas que confiavam nEle?
Não fora o profeta Elias mantido com vida durante um período de fome, por uma viúva? (1 Reis 17:7-16) Não tinha sido a profetisa Ana – a primeira mulher privilegiada em ver o Menino Jesus no templo (Luc. 2:25-38) e uma das que anunciaram a Sua entrada em Jerusalém – também viúva?
O motivo por que os cristãos estavam reunidos nesta noite e não haviam ido embora à hora do costume, provinha de uma emergência. Eles encontravam-se em grande tribulação. Pedro havia sido preso pelo rei Herodes Agripa.
Os líderes judeus, ciosos por causa dos sinais e milagres que os apóstolos estavam realizando, já haviam posto anteriormente os crentes na prisão (Atos 5:17-20). E embora o próprio Deus, por meio de um anjo, tivesse livrado os Seus servos da prisão, a oposição continuara. O sangue de Estêvão tinha sido derramado (Atos 7:57-60), e as pessoas queriam mais.
Nada de bom se podia esperar de Herodes. O ódio contra Jesus e os Seus seguidores estava enraizado na família deste governador. Não tinha o seu pai, Herodes o Grande, entrado definitivamente na história como aquele que assassinou os meninos de Belém? (Mat. 2:16) E não tinha o seu predecessor, Herodes Antipas, decapitado João Batista? (Mat. 14:1-12) O próprio Herodes Agripa tinha pouco antes mandado matar Tiago, irmão de João e discípulo de Jesus (Atos 12:2).
Não havia dúvida de que Pedro também seria morto, provavelmente em público. Então todos veriam o que pensava o rei acerca dos seguidores de Jesus, e a maneira como os tratava.
Os crentes reuniram-se para orar na noite que parecia ser a última da vida terrena de Pedro.
Entretanto, o apóstolo dormia profundamente, a despeito de se encontrar encarcerado numa prisão e com cadeias nas mãos. Não se mantinha acordado por causa do medo, perguntando a si mesmo o que lhe poderia acontecer no dia seguinte. Os 16 soldados que o guardavam em grupos de quatro não o impediam de dormir.
Todavia, nenhum ser humano seria capaz de o livrar. Ele estava totalmente desligado do mundo exterior. Havia uma parede intransponível entre ele e a liberdade. Os guardas constituíam a garantia de que ele não poderia sair. "Mas a igreja fazia contínua oração por ele a Deus" (v. 5). Embora a passagem para o exterior pudesse estar totalmente fechada, o caminho para cima permanecia aberto.
Com o enérgico e preventivo uso da força, Herodes Agripa queria estar seguro de que Pedro não seria libertado pelos amigos. Mas aqueles crentes, embora não tendo poder em si mesmos, dispunham, por meio da oração, de uma arma contra a qual o rei Herodes não possuía qualquer poder.
Não tinha Cristo dado muitas promessas em relação com a oração antes de ascender aos céus? "Também vos digo que se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus" (Mat. 18:19).
Ele havia prometido também: "Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome aí estarei no meio deles"  (Mat. 18:20).
"Podeis obter tudo – tudo o que pedirdes em oração", dissera Jesus, "se crerdes" (Mat. 21:22).
Noutra ocasião, Cristo ilustrou o Seu desafio à persistência na oração com o exemplo de uma viúva que tinha perseverado em pedir e finalmente veio a receber aquilo de que necessitava (Luc. 18:1-8).
Os discípulos sabiam que estas promessas não haviam perdido o seu poder. Continuavam válidas, apesar de Jesus já não estar com eles na terra. Sabiam que Ele apoiava as suas orações, no céu, que estava a interceder por eles (Heb. 7:25), e que os atenderia.
Os cristãos que se reuniram em casa de Maria acreditavam que as orações dos justos tinham muito poder e conseguiam resultados maravilhosos (Tg. 5:16). Assim, aconteceu que, enquanto eles, de acordo com as palavras do profeta Isaías, insistiam perante Deus (Isa. 62:7), Ele respondeu. Um mensageiro sobrenatural, um anjo, desceu à prisão de Pedro. A escuridão da noite desvaneceu-se quando ele chegou. As cadeias de ferro quebraram-se e caíram no chão.
Depois de o anjo ter desprendido as cadeias de Pedro, levou-o para fora sem que disso fosse impedido pelas portas fechadas. Ele tornou os guardas surdos e cegos, e estes não notaram o que estava a acontecer. Pedro, acordado do seu sono, pensou que tudo aquilo não passava de um sonho. Em poucos minutos encontrava-se fora da prisão, sem saber se estava acordado ou a dormir.
Enquanto os crentes desconheciam, naturalmente, o que se passava, Pedro seguia já em direção à casa de Maria. Depois de um momento de reflexão consigo próprio, verificou que se não tratava dum sonho. Grato a Deus pela sua liberdade, seguiu diretamente para o lar de Maria.
Os crentes experimentaram a verdade do que Deus havia dito séculos antes através dos lábios de Isaías: "E será que antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei" (Isa. 65:24).
Depois da descida do Espírito Santo no Dia de Pentecostes, muitos cristãos venderam as casas e as propriedades e ofereceram o produto aos outros crentes necessitados.
Maria não tinha feito isso. Não vendeu a sua espaçosa casa, dando depois o produto dessa venda. Em vez disso, conservou a casa, mas colocou-a à disposição da Igreja.
Maria era uma mulher independente, dirigida por Deus de um modo individual. Ela sabia que existiam diferentes maneiras de servir a Deus. Ela própria podia fazê-lo com o dinheiro que recebesse da venda dos seus bens. Mas podia igualmente servir a Deus – e foi nesse sentido que Ele a orientou – partilhando do que tinha com os que estavam em necessidade.
Maria compreendia que os dons distribuídos pelo Espírito Santo entre os cristãos diferiam uns dos outros. A igreja de Cristo era como um mosaico, pois continha muitas formas e muitas cores.

Deus proveu a igreja com apóstolos, professores e profetas (1 Cor. 12:28). Mas outros são igualmente necessários para desempenharem a sua função no Corpo de Cristo. Cada membro da igreja tem um dom funcional, ou possui algo, que deve usar de modo adequado (Rom. 12:4-7). Deus, na Sua sabedoria, tem dado a cada cristão um dom específico, de modo que todos os membros possam alegrar-se pelo fato de serem únicos e estejam dispostos a partilhar esse dom com os outros (1 Cor. 14:12).

Maria continuou a tradição das mulheres que tinham vivido junto de Cristo, apoiando-O com os seus bens particulares (Luc. 8:3). Ela ocupou o seu próprio lugar no mosaico da igreja. A sua tarefa foi tão importante como a das pessoas que pareciam ser mais proeminentes aos olhos do dom específico, público. A influência dela na igreja foi inegável e insubstituível. Deus tornou as viagens de Pedro para pregar o Evangelho, e a sua oportunidade de realizar novamente milagres (Atos 3:6-8; 5:15), dependentes, em parte, de pessoas como Maria de Jerusalém. Ela teve a sua função dentro da igreja. Mas não foi só essa a sua responsabilidade. Foi igualmente mãe de João Marcos (Atos 12:12).
Como mãe, Maria experimentou a alegria de saber que o filho estava a servir o Senhor. A vida dela não influenciou apenas os de fora; afetou também o seu próprio filho.
Será que Deus recompensou a mãe através das oportunidades que estava dando ao filho?
João Marcos recebeu o excepcional privilégio de se tornar um auxiliar de Paulo e Barnabé (Atos 12:25). Mais tarde, foi companheiro de viagem de Pedro, que carinhosamente lhe chamava "Meu filho". (1 Pe. 5:13).

De acordo com a tradição João Marcos – o autor do Evangelho de Marcos – viajou para Alexandria depois da morte de Barnabé. Aí fundou uma igreja e serviu como seu primeiro bispo até que morreu ou foi martirizado por volta de 62 A.D. O seu corpo pode ter sido roubado por soldados venezianos, cerca de 815 A.D. e posto na Igreja de S. Marcos, em Veneza.

O que esse convívio com estes três grandes homens de Deus significou para João Marcos, e como isso influenciou o seu caráter, pode-se facilmente imaginar.
A Bíblia menciona o nome de Maria apenas uma vez, e a ênfase não é a ela, mas ao seu lar. De acordo com a lenda, esta é a mesma casa em cujo cenáculo Jesus celebrou a última ceia com os discípulos.
O resto da vida de Maria permanece encoberto. Mas um dia, o Livro de Memórias de Deus – o Livro em que Ele registra as ações dos homens e das mulheres (Mal. 6:16) – será aberto. Só então se tornará claro o que Maria significou realmente para o Reino de Deus.
Até essa altura, ela continuará a ser um estímulo para toda a mulher, seja viúva ou não. Maria mostrou a tremenda influência que pode exercer uma mulher piedosa, quando põe o seu lar à disposição de Deus.

Maria de Jerusalém, cujo lar funcionou como casa de Deus
(Atos 12:1-17)

Perguntas:
1. De que maneira é que Maria seguiu o exemplo de outras mulheres que serviram a Cristo? (Lucas 8:3).
2. Enumere e resuma as contribuições de outras mulheres da Bíblia que puseram os seus lares à disposição de Deus (1 Reis 17:10-22; 2 Reis 4:8-11).
3. Descreva o propósito para que foi usada a casa de Maria. Quais foram os resultados da sua hospitalidade?
4. Qual lhe parece ter sido a atitude de Maria em relação aos seus bens?
5. Diga como se sentiria se Pedro chegasse à sua porta pedindo abrigo durante uma época de perseguição aos cristãos. Na sua opinião, quais foram as qualidades de Maria que lhe deram força para se arriscar à possível prisão e mesmo a morte?
6. À luz de Mateus 18:19-20, como é que a sua casa pode ser usada para promover o Reino de Deus?



FONTE: LIVRO SEU NOME É MULHER 2



* O segundo presidente dos EUA. Tirado da cornija da lareira da sala de recepção do Embaixador americano em Haia, Holanda.

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