"Geralmente, o homem é responsável
pela liderança.
Neste caso, é uma mulher.
Deus nem
sempre trabalha
segundo padrões
fixos. Ele
procura pessoas
que se ponham ao dispor
como instrumentos".
A Autora
Juízes 4:1-10
Juízes 4:12-16
Juízes 4:23-24
(Ler também
os restantes versículos de Juízes 4 e 5)
A situação de Israel era sombria e
desoladora. A vida tinha-se tornado quase insuportável e insegura.
Todo o comércio
estava paralisado, pois as caravanas
tinham deixado de percorrer o vale
de Jisreel em direção
ao sul ou ao leste. O cultivo da terra
estava reduzido ao mínimo. Dificilmente se
encontrava um lavrador
que ousasse cuidar
da terra, com
receio de ser
morto durante
um ataque repentino do inimigo.
Com a paralisação do tráfego,
as ruas estavam desertas. Os habitantes das aldeias
montanhosas saíam um pouco mais das suas casas do que os outros, mas mesmo assim preferiam usar os caminhos estreitos.
Durante mais de vinte anos,
a terra tinha
permanecido ocupada, e os conquistadores tinham mantido o povo
sob o seu
firme controle.
Os jovens só
conheciam a palavra "liberdade" de a ouvirem aos pais.
Para as pessoas
mais velhas, estava-se a tornar
cada vez
mais difícil
recordar o que
esse termo
realmente significava. A população encontrava-se desanimada, receosa e deprimida.
O rei Jabim, que vivia ao norte, na cidade de Hazor, dominava todo
o Israel. O seu temível homem forte, o general Sísera, comandava um
grande exército
com 900 carros
ferrados (Juí. 4:3). Toda o povo tinha medo dele, pois as suas forças podiam invadir
e destroçar uma região,
com rapidez
e intenções de morte.
Só o povo
das montanhas estava relativamente a salvo,
pois os seus carros não os
podiam atingir.
A causa dessa miséria,
no entanto, não
estava nas forças da ocupação, mas nos próprios israelitas.
Depois de 80 anos
de prosperidade sob a orientação de líderes
anteriores, os juízes Eúde e Sangar, o povo de Israel não
tinha revelado qualquer
gratidão para
com Deus.
Afastou-se dEle e começou a adorar ídolos.
Os resultados das suas ações eram
de prever. As pessoas
que pensavam que
já não
precisavam de Deus, tinham agora de notar o Seu afastamento (v. 2). Quando
o Senhor retirou a Sua
proteção, eles
ficaram indefesos contra
os inimigos e a paz
desapareceu.
Todavia, nem todas as estradas
do país se encontravam desertas. Havia
uma que apresentava movimento
freqüente. Na região
montanhosa de Efraim, na estrada entre Betel e Ramá, viam-se cada
vez mais
pessoas que
se dirigiam para uma palmeira
que sobressaía dos arbustos
ao redor. Debaixo
dessa árvore, a sua
líder de então
– a profetisa Débora – atendia-os, julgava os problemas
das pessoas e dava-lhes orientação para as suas vidas (vv.
4-5). Foi ela a única
mulher juiz
entre os doze que
orientaram o povo no período
que separou a época
de Josué da de Samuel.
Débora exercia um cargo duplo no meio do seu povo. Era ao mesmo tempo a sua líder nacional e espiritual,
e desempenhava os seus deveres de forma competente e com
bons resultados.
Como antes
havia já acontecido muita
vezes, na sua
tumultuosa história,
a tribulação levava os israelitas
a buscar a Deus.
Nesta situação, Débora teve o privilégio de ser
o Seu instrumento.
Por causa da sua fé, o que aconteceu transformou a história.
As responsabilidades de
Débora eram as de um homem. Todavia,
ela não
tinha chegado
a essa posição por
se ter imposto
a um homem,
e não tinha
assumido ilegalmente o poder.
As suas responsabilidades
haviam-lhe sido dadas por Deus. Tinha
sido encarregada de trazer
o povo de volta
ao Senhor e de o livrar
do poder dos seus
opressores. Toda
a nação a reconhecia como líder. Portanto, enquanto
Débora julgava os problemas espirituais e materiais,
também instruía o povo
nas coisas de Deus.
O seu marido,
Lapidote, assumiu um papel
de menor importância.
Nos eventos
que se iam desenrolar,
ela seria a líder
principal. Entre
o povo do seu
tempo – tanto
homens como
mulheres – a sua
figura parecia tão
excepcional como
a palmeira da sua
terra, a que mais tarde foi dado o seu nome. Revelou-se notável
e única.
A profetisa Débora era a
mediadora entre Deus
e o Seu povo,
a porta-voz da Sua
Palavra. Na sua
posição elevada,
ela comunicava compreensão
profunda, sabedoria
e o conhecimento de Deus,
com amor,
ao seu povo.
Com a maravilhosa
intuição de uma pessoa que habita na presença de Deus, Débora percebia que
tinha chegado
o tempo de sacudir
o jugo da opressão.
"O coração do sábio discernirá o tempo
e o modo", escreveu Salomão (Ecl.
8:5). Débora provou que esta afirmação era exata. Ela não somente discerniu o tempo
da intervenção de Deus
na história do Seu
povo, como
também compreendeu intimamente, e com clareza, o método que Ele queria usar para os livrar.
Sentiu, e com razão, que como mulher ela não era a pessoa indicada para travar esta guerra. Portanto,
o comando foi entregue
a Baraque, o filho de Abinoão, de Quedes. "Mobiliza 10.000 homens"
(Juí. 4:6).
Débora raciocinou e fez as suas
decisões baseadas na sua vida de constante comunhão
com Deus.
A sua liderança
tinha forma e
conteúdo. Ela
desempenhava as suas tarefas com brilho e inteligência, e com perseverança sacrificial.
Durante anos, trabalhou como
mensageira de Deus
pela liberdade,
e orou por ela.
Mas agora
que tinha
chegado o tempo
de agir, seria outra
pessoa a desempenhar o papel principal. Com sabedoria e
tato, Débora encontrou a maneira correta
de apresentar o problema
a Baraque.
Compreendeu que toda a autoridade humana era, de fato, autoridade delegada. O único
que realmente
possuía autoridade autêntica
e definitiva era
Deus. Por
isso, embora
ela fosse a primeira
entre o seu
povo, não
se colocou acima de Baraque. Em vez disso,
pôs-se num lugar secundário
e, juntamente com
ele, submeteu-se à liderança
de Deus. Como
andava com Deus,
perdeu o desejo de desfrutar
toda a glória.
As outras pessoas tornaram-se mais importantes
para ela.
Exercia a sua liderança,
inspirando os outros.
Débora derivou a sua
motivação do Deus de Israel. Nunca, nem por um só momento,
duvidou de que o Todo-Poderoso
– que tinha
salvo o Seu
povo de problemas
no passado – iria ajudá-los de novo.
A sua ordem
a Baraque era ao mesmo
tempo um
estímulo. "Não
temas por
causa do seu número", disse ela
cheia de confiança.
"Olhando para ele
do ponto de vista
de Deus, o nosso
inimigo já
está derrotado. Os carros e os exércitos do rei
Jabim não são
nada aos olhos
de Deus. A única
coisa que Ele espera de ti é fé" (vv. 6-7). Com
algumas frases, ela
pôs a situação na sua
perspectiva correta.
A liderança prudente e espiritual
de Débora teve um efeito
libertador sobre
Baraque. Impediu-o de se mostrar mais forte do que realmente era. Ele ousou aceitar o desafio, mas não sem ela. Tinha a certeza
de que Deus
só estaria com
os seus exércitos
se Débora o acompanhasse. Reconhecia-a como
superior a ele
em fé
e coragem. Todavia,
por causa
destas experiências, Baraque transformou-se
num homem que
é mencionado entre os heróis da fé em Hebreus 11
(Heb. 11:32-33). Ele revelou-se um líder forte na guerra
que se seguiu.
Embora a atitude de Débora tivesse ajudado Baraque a tornar-se um herói para Deus, nenhum deles permitiu pensamentos
de rancor ou
competição entre os dois.
Funcionaram simplesmente como instrumentos
no plano de Deus.
Como duas pessoas- uma mulher e um homem – levaram a cabo
as ordens de Deus.
Cada um
se ajustou voluntariamente ao outro para o bem-estar da nação inteira.
Sabiam também que
parte do plano
de Deus incluía o seu
livramento através
de uma mulher, Jael, a esposa de Héber (Juí. 4:9).
Débora e Baraque agiram como
uma unidade. Ajudaram-se e
completaram-se mutuamente. Deslocaram-se juntos
de Efraim para Quedes,
que não
ficava longe do lugar
onde Jabim vivia. Aí,
Baraque recrutou os seus soldados. Seguindo à frente
do exército recém-formado, Baraque e
Débora subiram juntos a encosta do monte
Tabor e olharam para baixo
através da planície
de Jisreel para o inimigo
acampado no sopé da montanha.
Ao longo da sua constante cooperação com
Baraque, Débora continuou a ser a líder e a pessoa responsável por
todas as decisões. Quando
chegou o dia do combate,
Deus revelou através
dela a sua vontade.
"Levanta-te", disse ela a
Baraque, "porque este é o dia em que o Senhor tem dado a
Sísera na tua mão" (v. 14). De novo acompanhou esta ordem
com uma palavra
de estímulo. "Porventura
o Senhor não
saiu diante de ti? Não
tenhas medo de Sísera. Não
se trata de uma luta
entre ti e ele,
mas entre
ele e Deus.
O resultado da batalha
já está decidido
antes do seu
início. A vitória
é de Deus. Ele
luta ao nosso
lado" (v. 14).
Débora observou então como Baraque, com
a sua força de l0.000 homens que o
seguiam, se precipitou pelo íngreme
flanco do monte
Tabor. Junto ao ribeiro
de Quisom, ele enfrentou o exército dr Sísera acampado por
detrás dos horríveis
carros ferrados. O adversário
esperava uma vitória fácil.
Não era
o seu inimigo
irrisoriamente fraco e insignificante?
Teria alguém olhado para o céu enquanto os dois exércitos se aproximavam? Nuvens
cinzentas de trovoada agrupavam-se,
rugindo em sinal
de mau presságio.
O mau tempo
aproximava-se.
A tempestade rebentou com toda a sua força, exatamente
no momento em
que os israelitas
alcançaram a planície.
Chuva torrencial e saraiva
fustigou os rostos dos soldados inimigos
(Flávio Josefo, Antiquities of the
Jews, Vol. V, cap. 5). Em
breve o ribeiro
de Quisom inundou as margens e tornou-se
uma torrente impetuosa.
Águas tumultuosas agitavam o chão que os soldados pisavam, transformando-o numa massa lamacenta.
Os carros do adversário
enterraram-se, provocando a derrota em vez da vitória. O inimigo
derrotado foi incapaz de fugir
rapidamente, por causa
dos carros enterrados na lama.
Baraque e os seus homens reconheceram a mão
de Deus no que
estava a acontecer. Perseguiram o adversário
ainda com
mais coragem
e mataram todos os soldados
(v. 16). Sísera, vendo que tudo estava perdido, tentou escapar
e fugiu em busca
de refúgio. Mas
nem mesmo
ele escapou. Caiu, como
Débora havia predito, pela mão de Jael (vv. 18-21).
A ocupação terminara. Israel era de novo livre. A opressão
desaparecera. Finalmente podia viver-se outra vez uma vida normal. Mais uma vez a existência ganhava cor
e significado. O povo
tinha novos
alvos; o seu
futuro apresentava-se brilhante.
É um fato
que é difícil
para qualquer
homem agüentar-se na adversidade. No entanto,
o caráter de uma pessoa
talvez seja ainda
mais provado quando
se lhe pede que
exerça o poder.
Desde a criação, Deus
decretou que a mulher
e o homem – unidos pelo
casamento – deviam executar
a Sua comissão
na terra. Ela
foi criada como
companheira do homem,
igual e, ao mesmo
tempo, diferente.
Portanto, a mulher
é própria para
ele e capaz
de o completar.
Esta relação entre o homem e
a mulher pode atingir
uma realização total
dentro do casamento.
Mas também
pode verificar-se em outros lugares.
A vida em
sociedade sempre
decorre melhor quando
o homem e a mulher
desempenham em harmonia
as tarefas dadas por
Deus. Débora e Baraque demonstraram esse princípio.
Geralmente, o
homem tem sido responsável
pela liderança.
Todavia, nesta passagem
o líder foi uma mulher.
Deus nem
sempre trabalha
de acordo com
um padrão
fixo. Ele
procura pessoas
que estejam dispostas a ser usadas como
instrumentos, seja qual
for a maneira que
Ele escolha.
Débora não exerceu o seu poder indevidamente. Viveu simplesmente
para o cumprimento das suas responsabilidades.
Era uma mulher
fascinante e dotada, que executou de modo
competente todas as suas
variadas tarefas. Sendo uma figura de tremenda
força espiritual, ela
instruía o povo nas leis
de Deus. Ao mesmo
tempo, agia em
redor e traçava sábias diretrizes para uma operação militar. Sabia tão bem usar
a espada como
a pena.
Contudo, a maior força de Débora não
estava nas suas capacidades
humanas, independentemente de quão notáveis e
variadas elas fossem. Ela sabia que a
força e o poder que
possuía lhe haviam sido concedidos por Deus. Em tudo o que fazia, a sua
esperança estava nEle. Pessoas assim,
descritas em Isaías (Isa. 40:31),
continuam a receber novo
vigor, à medida
que vão
fazendo novos esforços.
O cântico de vitória
de Débora, que pertence
a alguns dos mais
antigos e mais
belos poemas
hebreus, mostrou que
a sua força estava em
Deus. A felicidade
dela não estava, primeiramente
e acima de tudo,
na satisfação de uma tarefa
bem executada. A sua
alegria mais
profunda vinha
de Deus.
"Ouvi, Reis; dai ouvidos, príncipes;
eu, eu
cantarei ao Senhor; salmodiarei ao Senhor
Deus de Israel", assim começava o cântico de
Débora e Baraque Juí. 5:1-3). E terminava com
as seguintes palavras:
"Porém os que
amam ao Senhor sejam como
o sol quando
sai na sua força" (v. 31).
A vida de Débora foi forte e impressionante.
Para descrever uma vida assim, eis como
Salomão se expressou: "A vereda do justo é como a luz da aurora que vai brilhando mais
e mais até
ser dia
perfeito" (Prov. 4:18).
Embora Deus tivesse o primeiro lugar no cântico épico de Débora, ela
reservou também espaço
para outras pessoas.
Todos os que
tiveram uma parte na vitória- Baraque,
os líderes do povo,
Jael – foram cuidadosamente mencionados.
Débora não exigiu honra para si própria. Com moderação afirmou o
fato de que não havia líderes em Israel antes do seu aparecimento. Como é que
ela se descreveu a si própria? Considerou-se simplesmente uma mãe em Israel. Do
mesmo modo que as atenções duma mãe estão voltadas para o bem-estar dos seus
filhos, os anseios profundos do coração de Débora se dirigiam para o bem-estar
do seu povo.
Débora é uma das mulheres mais eminentes na história bíblica por
causa da sua liderança, do seu caráter e da sua bela poesia. Certamente, a sua
vida foi fascinante. Contudo, as suas prioridades não assentavam nas suas
realizações. O segredo evidente da sua vida era Deus. Mais do que qualquer outra
coisa, ela mostrou o que uma mulher pode fazer quando Deus assume o pleno
controle da sua vida. As possibilidades são muito variadas para o líder de uma
nação que quer ser inspirado pela fé em Deus.
Débora,
uma líder de fé à frente de um povo
(Juízes
4:1-10, 12-16, 23-24)
Perguntas:
1. Estude cuidadosamente a vida de Débora. Quais são as suas
características positivas?
2. Encontra nela também características negativas? Se sim, quais são
elas ?
3. O que é que o cântico de vitória de Débora revela quanto à sua
visão de Deus? (Juízes 5).
4. Que ênfase dá ela no seu cântico às outras pessoas ? E a si
própria?
5. Escreva o que possa encontrar quanto à sua cooperação com
Baraque. O que é que mais o impressiona a respeito da sua relação?
6. Faça uma lista de quaisquer princípios práticos que tenha
aprendido nesta história. Como é que os vai aplicar?
FONTE: LIVRO SEU NOME É MULHER 2
Sem comentários:
Enviar um comentário