JEZABEL, QUE SE ESQUECEU DE QUE
NINGUÉM PODE BRINCAR
COM DEUS
"Não te iludas; lembra-te de que
não podes desconsiderar
Deus e escapar:
o homem ceifará sempre
aquilo que
semeou. Se semeia para satisfazer
os seus próprios
desejos vis, está a plantar
as sementes do mal
e ceifará certamente a morte
e a ruína espiritual."
Gál. 6:7-8, The Living Bible
I Reis 19:1-3
l Reis 21:5-16
(Ler também
1 Reis 18)
A rainha Jezabel mal podia conter a ira. Enquanto
descansava no seu palácio
de verão em
Jezreel, escutava atentamente o relato
do marido que
acabava de voltar de uma viagem
ao Monte Carmelo.
"Devias ter visto
o que fez Elias", disse o rei Acabe, meneando a cabeça.
Depois contou pormenorizadamente o que tinha
acontecido. Descreveu à esposa como é que
Elias tinha desafiado os sacerdotes do deus
Baal para medir a sua força com a
do seu Deus.
De fato, ele
tinha observado o Senhor
Deus a operar
através da pessoa
de Elias, mas não
disse nada sobre
isso.
No pensamento de Jezabel, o Deus de Israel era
igual a Baal. Ela
considerava Jeová como
um deus
local que
tinha uma mensagem
unicamente para os israelitas.
Contudo, dentro
da Sua suposta
nação escolhida, o Deus
de Israel tinha sido incapaz de se agüentar ao lado do seu deus Baal. Portanto
os sacerdotes de Baal tinham aceito alegremente o desafio de
Elias. Não estavam eles
em maioria?
Portanto, 450 sacerdotes
de Baal alinharam-se contra o único profeta
do verdadeiro Deus de Israel (1 Rs.
18:22).
De acordo com o plano
estabelecido, foram construídos dois altares. Um era para o Senhor
Deus, o outro
para Baal. O verdadeiro Deus
tinha de provar
que o era
mandando fogo do céu
para acender a lenha. Nenhum ser humano
estava autorizado a acender o fogo
(v. 23).
Os sacerdotes de Baal
começaram primeiro as suas
cerimônias, gritando o mais que podiam
durante a maior
parte da manhã. Como
não haviam recebido qualquer
resposta por
volta do meio
dia – não
tinha vindo qualquer
fogo sobre
o altar – eles
começaram a ferir-se horrivelmente a si próprios com facas e espadas,
até que
o sangue correu. Apesar
de terem continuado a clamar durante
toda a tarde,
o seu deus
permanecia silencioso. Era um deus sem vida, incapaz
de dar uma resposta,
mesmo quando
450 dos seus servos
o invocavam em êxtase
(v. 29).
Então Elias
começou a arranjar o altar
do seu Deus,
o Deus vivo,
que estava estragado. Trabalhou sozinho, colocando calmamente
doze pedras, cada
uma das quais representava uma das doze tribos de Israel (v. 31).
Para marcar
bem o contraste
e, ao mesmo tempo,
testemunhar abertamente
da sua fé,
cavou uma vala em
torno do altar,
com cerca
de um metro
de largura. Depois,
arranjou a lenha e colocou sobre ela um boi. Foram então despejados quatro
cântaros de água
em cima
do sacrifício e da lenha.
Esse ritual
repetiu-se três vezes,
pondo nitidamente o Deus de Elias em desvantagem.
Depois de terminar todos os preparativos, Elias dirigiu-se para
o altar e suplicou: "Ó Senhor, responde-me! Responde-me para
que estas pessoas
saibam que tu
és Deus e que
os fizeste voltar de novo
para Ti" (v. 37).
Nesse mesmo momento, precipitou-se fogo
do céu e queimou completamente
o sacrifício, a lenha
e a água, as pedras
e mesmo o pó.
Foi um acontecimento
empolgante e terrível.
Não restava a
menor dúvida
sobre qual
era o verdadeiro Deus.
Ele havia-o provado com
toda a clareza.
Os israelitas que
se tinham desviado para a idolatria,
reconsideraram. Aqueles que não tinham
mostrado qualquer preferência
no princípio do teste,
estavam agora convencidos.
"O Senhor é Deus!
O Senhor é Deus!"
– exclamavam eles (v. 39). Foi então que
rebentou a fúria contra
os profetas de Baal. Todos foram mortos
junto a um
ribeiro que
passava perto; nem
um escapou.
Pouco depois disso, o Senhor Deus respondeu a outra
oração do Seu
profeta Elias. Uma seca
que tinha
arrasado o país e os seus habitantes
durante três
anos e meio,
terminou depois de um
anúncio do profeta.
A chuva que
não caíra durante
aqueles anos
precipitou-se torrencialmente do céu.
"A água veio tão de repente" – disse Acabe ainda
visivelmente impressionado – "que embora Elias me
dissesse que partisse imediatamente, eu
mal pude chegar
ao palácio antes
dela começar a cair"
(vv. 44-45). Quando o marido acabou de contar a história, a rainha
Jezabel ficou lívida de raiva. Ela era filha de
Etbaal, rei dos sidônios (1 Rs. 16:31), cujo povo vivia
no país que
ficava ao norte de Israel. O seu
pai não
era apenas
rei do povo;
era também
um sacerdote
de Baal.
Depois do casamento de Jezabel com
o rei Acabe, ela
introduziu o culto de Baal em Israel. Esta religião
– cruel e desumana
– tornara-se conhecida pelos seus sacrifícios de crianças.
Por causa da influência de Jezabel, o marido
excedia todos os outros
em fazer o que era mau aos olhos
de Deus. Ela
encorajava-o à prática de toda
a sorte de impiedade
(1 Rs. 21:25). Estava firmemente
devotada ao culto dos ídolos.
Acabe, um homem fraco,
tornou-se um instrumento
dócil nas mãos
de Jezabel e ofendeu o Senhor Deus,
mais do que
qualquer outro
rei antes
dele (1 Rs. 16:33). O pior dos seus muitos pecados foi o seu
casamento com
a idólatra Jezabel (vv. 30-33). Ele, um rei israelita, começou a servir
Baal – por causa
dela e com ela.
Por meio da influência de
Acabe, Baal assumiu, pois, o lugar
do Deus vivo
nos corações
dos israelitas. Mas
Jezabel não estava satisfeita;
minou a religião dos hebreus ao ponto de quase todas as pessoas
aceitarem Baal como seu
Deus. A rainha
começou a exercer cada
vez mais
poder sobre o
marido, até
que por
fim era
ela que
governava o povo.
Talvez fosse
a própria Jezabel quem
deu a ordem de matar
todos os profetas
do Deus de Israel. Mas
Obadias, o mordomo da casa de Acabe, salvou a vida
de 100 profetas, escondendo-os numa caverna, com risco da sua própria vida (1
Rs. 18:4).
Todavia,
Jezabel continuou a encorajar o culto
a Baal. Apoiou pessoalmente os profetas de Baal, alimentando
400 deles todos os dias
à sua própria
mesa (v. 19).
Depois de
Acabe ter terminado a sua
história, Jezabel não
ficou impressionada com a maneira pela qual o Senhor tinha tratado
os sacerdotes de Baal. Considerou a ação dEle como uma ofensa pessoal.
Naturalmente,
a sua fúria
descarregou-se sobre Elias. Ela considerava-o como
único culpado por
aqueles acontecimentos
recentes. As palavras
que enviou a Elias eram amargas como fel.
"Mataste os meus profetas. Juro que te
matarei" – afirmou ela. "Amanhã estará morto"
(1 Rs. 19:2).
Tão poderosa era
esta mulher – tão
má, tão implacável
– que Elias não
duvidou de que ela
executaria a sua ameaça.
O homem que
havia enfrentado calmamente o rei Acabe e 450 profetas
excitados de Baal perdeu agora toda a coragem. Fugiu para o deserto, a fim de salvar a vida. "É demais",
lamentou ele agachando-se debaixo de uma árvore.
"Senhor, por
favor toma a minha vida"
(v. 4).
Felizmente, a
situação não
era tão
sombria como
o desanimado profeta pensava. Havia ainda 7000 pessoas
que não
tinham dobrado os seus joelhos diante
de Baal, nem quebrado
o Seu concerto
com Deus
(v. 18). Mas Elias só
ouviu isso a respeito
deles, mais tarde.
Jezabel pensou provavelmente que
tinha ganho
uma nova vitória
contra o Deus
vivo. Ou
não teve oportunidade
de matar Elias, ou
não aproveitou com
medo das reações
do povo. Mas
o seu inimigo
tinha fugido, e ela
considerou isso uma vitória.
Agora não havia ninguém
que se pusesse abertamente
ao lado de Deus.
Jezabel tinha avançado
mais um
passo para o alvo de extinguir o culto ao Deus
de Israel. A convicção crescente da vitória
tornou-a presunçosa – quase descuidada
como em
breve demonstrou.
Entretanto,
Acabe começou a desejar uma vinha
que ficava ao lado
do palácio e pertencia a um
homem chamado Nabote. Querendo usar esse terreno para jardim real, ele ofereceu a Nabote um
bom preço.
Nabote recusou, de modo que o rei
ofereceu-lhe uma propriedade melhor em troca. Mas o dono recusou de novo a oferta. A terra era herança de seu pai, e a lei israelita
proibia-o de se desfazer dela. A propriedade tinha
de permanecer na família.
Nabote sabia que se se desfizesse dela
seria desobediente ao Senhor
(1 Rs. 21:1-3).
Acabe compreendeu a resposta
de Nabote, pois conhecia os mandamentos
do Senhor. Contudo,
ficou amuado por
causa dessa recusa, como
uma criança que
não consegue o que
quer e se nega
a comer. Foi para a cama, de mau humor, e voltou a cara para a parede (v. 4).
Jezabel pensou que a atitude do marido era totalmente estúpida. Na sua
terra nenhuma autoridade
excederia a do rei. "Que lindo rei tu és"
– disse com desdém.
"Governas este país,
ou não?
Levanta-te e come. Alegra-te, que eu vou-te conseguir a vinha de Nabote"(v. 7).
Jezabel era uma mulher sem escrúpulos, capaz
de cometer um
assassínio sem
o mais leve
remorso. Por
isso, começou a procurar
uma desculpa aceitável
para matar Nabote. Depois da morte dele, a terra podia então ser reclamada pelo rei. Ironicamente, descobriu o que
buscava na religião hebraica, e usou as leis de Deus, que sempre tinha minado, como
uma desculpa para
fazer uma acusação
contra Nabote.
Abusando da autoridade do rei, ordenou a convocação de um
jejum. Isso
queria dizer que
as pessoas iriam juntar-se sob o pretexto
de uma reunião religiosa.
O jejum, naquela época,
significava a humilhação da pessoa diante de um Deus santo (Sal.
35:13), que não
podia deixar o pecado
sem castigo.
Nesse ambiente era
fácil colocar
Nabote como bode
expiatório que
desencadeara a ira de Deus. Acusou-o publicamente de ter
blasfemado contra Deus
e contra o rei.
De acordo com
as leis, qualquer
pessoa que
blasfemasse contra Deus
tinha de sofrer
o castigo, tinha
de morrer (Lev. 24:16).
Jezabel organizara cuidadosamente os seus
planos. Com
vista a fazer
uma acusação válida
(Dt. 19:15), ela fez questão
de que estivessem presentes
duas testemunhas. Embora
se tratasse de falsas testemunhas,
fizeram exatamente o que se esperava delas.
Assim,
Nabote, um homem
inocente, foi apedrejado até à morte por ordem de
Jezabel. Os seus filhos
tiveram o mesmo fim
(2 Rs. 9:26). O rei Acabe adicionou então a terra de Nabote às suas propriedades.
A rainha, que fingira ter em grande consideração as leis
de Deus, tinha-as minado mais uma vez. A
acusação contra
Nabote consistia em que
ele tinha
blasfemado contra Deus
e contra o rei.
Desse modo, ela
fez com que
o rei parecesse tão
importante como
Deus. De novo
escarnecia do Deus vivo.
Teria Jezabel pensado que talvez o tivesse calado
para sempre, agora que o Seu profeta
Elias parecia estar fora
de combate?
No momento em que o rei entrou na vinha
de Nabote para se apropriar
dela, Elias apareceu subitamente diante
dele. "Esta é a mensagem de Deus para ti",
declarou ele. "Não
te chega
o teres morto
Nabote? Ainda o queres
roubar? Uma vez
que fizeste isso,
os cães lamberão o teu
sangue fora
da cidade, como
lamberam o de Nabote (1 Rs. 21:19), e os teus
descendentes morrerão também de morte semelhante" (v. 22). Elias profetizou então a respeito
de Jezabel: "Os cães de Jezreel
comerão o corpo de Jezabel, tua mulher, dentro
das fronteiras de Jezreel"(v. 23)
O sangue do inocente Nabote, dos seus
filhos e dos profetas
de Deus não
tinha clamado a Deus
em vão
(2 Rs. 9:26). Acabe e Jezabel morreram como
fora predito (vv. 30-37).
O fim de Jezabel, que foi particularmente
horrível, harmonizou-se com o seu governo ímpio. Através da sua vida, ela tinha continuado a estar ligada com as práticas imorais
e de feitiçaria (v. 22). Mas agora, o juízo de Deus
estava iminente. Depois
de ser lançada por
uma janela do palácio,
o seu corpo
esmagou-se contra o chão
e foi pisado pelos cascos
dos cavalos. Os cães
dilaceraram então o seu
corpo morto
e comeram-lhe a carne.
A princípio, ninguém notou o cadáver
de Jezabel. Quando mais
tarde se tomou a decisão
de a enterrar – uma vez
que se tratava de uma filha e esposa
de rei – os homens
mal encontraram alguma coisa
da que fora
uma orgulhosa rainha.
Tudo o que
conseguiram juntar foi a caveira,
os pés e as mãos.
Estas partes do corpo
foram então espalhadas como estrume
num campo, de modo
que ninguém
poderia identificá-los.
A profecia de Deus a respeito
de Jezabel tinha sido literalmente cumprida. Ela
colheu o que semeara. Tinha lançado a semente
no campo do seu
egoísmo e ceifou a destruição.
As palavras que
Salomão proferiu em nome
de Deus aplicam-se a ela: "Porque
chamei, e vós recusastes ouvir... e ignorastes todo o meu conselho e não
quisestes a minha repreensão,
também eu
me rirei da vossa
calamidade; e zombarei quando o pânico
vos assaltar"
(Prov. 1:24-26).
Deus tinha dado a
Jezabel muitas oportunidades de se voltar para Ele.
Sendo uma princesa pagã, tinha tido a
possibilidade de viver na terra
da promessa. Aí,
ela entrou em
contato com
as Suas leis
e os Seus profetas.
Presenciou os grandes milagres que Ele efetuou. Contudo,
não aproveitou tais
oportunidades. Pelo
contrário, escarneceu do Deus de Israel e presunçosamente
cometeu os seus atos
vis em nome
da religião.
O amor de Deus estava à disposição de
Jezabel, uma mulher que
Ele havia criado.
As muitas possibilidades que Deus lhe deu para fazer bom
uso da sua
vida mostram isso
mesmo. Ela
podia ter-se modificado e ter aceitado a Sua graça. Deus tinha-a dotado com
um intelecto
invulgar. Era
perspicaz, inteligente
e resoluta. Mas
todas essas capacidades usara-as ela para fins excepcionalmente
maus. Tinha-as colocado, voluntária e intensamente,
ao serviço do mal.
Havia assumido uma alta posição e podia ter
exercido uma grande e piedosa influência, mas não só fez ela própria o que
desagradava ao Senhor, como
também instigou os outros
a fazer o mesmo.
Muitos séculos mais tarde, Jesus lamentou os habitantes
da capital de Israel: "Jerusalém,
Jerusalém, que matas
os profetas e apedrejas os que te são enviados!
Quantas vezes quis eu
ajuntar os teus
filhos, como
a galinha ajunta os seus
pintos debaixo
das asas, e tu
não quiseste!" (Mat. 23:37)
Da mesma forma,
Jezabel recusou voltar-se para Deus.
Continuou a praticar o mal
até à morte.
Acreditava orgulhosamente que podia desafiar a Deus, mas essa crença resultou numa dolorosa
decepção. Ninguém
pode brincar com
Deus.
Jezabel, que se esqueceu de que
ninguém pode brincar
com Deus
(I Reis 19:1-31 21:5-16. Ler também I Reis 18)
Perguntas :
1. Estude cuidadosamente a vida
de Jezabel e enumere as qualidades do seu caráter. (Ler I Reis
16:31; 21:17-29; II Reis 9:30-37).
2. Compare o comportamento de
Jezabel com as obras
da carne mencionadas em Gálatas 5:19-21. Que
conclusões tira
daí?
3. Considere a vida de
Jezabel à luz de Provérbios
1:20-31, e explique como, na sua opinião, Deus Se manifestou a ela.
4. Quais foram as suas respostas
a Deus ?
5. Quais são
as "notáveis" palavras usadas a respeito
do marido em
I Reis 21:25?
6. Que lições
aprendeu desta história? Como é que as
vai aplicar à sua
vida diária?
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