A SAMARITANA,
UMA MULHER QUE
DISSE SIM A JESUS
"Cristo levou-me ao conhecimento da empolgante
realidade... o que
isto significa numa vida
de libertação, perspectiva,
alegria e mudança geral
desconhecidas, não pode dizer-se em palavras''.
Guilhermina, anterior Rainha da Holanda*
João 4:4-26
João 4:39.42
Com
relutância, ela pôs ao ombro
o cântaro vazio
e, debaixo do escaldante sol do meio-dia,
iniciou a sua caminhada
ao longo da poeirenta
estrada de Sicar. Aborrecia-a mesmo só a idéia desta jornada,
mas não
tinha alternativa.
Era pobre
demais para pagar a uma criada, e
sendo mulher de má reputação,
não ousava ir
ao poço mais
tarde quando
o ar estivesse refrescado. Não podia arriscar-se a encontrar-se com outros habitantes da aldeia,
quando estes
iam ao poço buscar
a sua porção
diária de água.
Ela havia trocado a sua pureza feminina
pela imoralidade,
e pagava diariamente por isso. Era uma
marginalizada sem amigos.
Esta era uma conseqüência
do tipo de vida
que levava. E numa aldeia
pequena tornava-se particularmente
notado.
Quando ainda ia longe,
viu um homem
sentado junto ao poço.
Mesmo à distância,
podia ver que
Ele estava cansado. À medida que se
aproximava, pôde ver pelo
Seu rosto
e feições que
se tratava de um judeu.
Perguntava a si mesma
o que teria trazido este
Homem a tal
lugar. Os judeus
tinham um ódio
tão profundamente
enraizado contra os seus
irmãos de raça,
os samaritanos, que
evitavam a todo o custo
passar por
Samaria. Quando viajavam da Judéia para a Galiléia, faziam geralmente
um desvio
em torno
da região. "Os samaritanos",
diziam eles, ''não
têm parte na vida
depois da morte''.
E, ''Aquele que
come pão dum samaritano é
como alguém
que come porco''.
Nada podia ser
mais desprezível.
A sua surpresa
aumentou quando o Homem
lhe pediu um
favor. Ele era diferente
de qualquer outro
homem – seria a Sua
voz? Ele
falava com autoridade,
mas não
com ar
ditatorial. Ou
seria a Sua expressão,
o Seu interesse
humano?
Sentia-se um tanto perturbada, pouco
à vontade na presença
da Sua forte
personalidade. É compreensível que não O
reconhecesse como Mestre,
pois não só os judeus nada tinham a ver
com os samaritanos,
mas era
mesmo proibido
a um homem
judeu falar
com uma mulher
na rua. "Seria melhor
que os Artigos
da Lei fossem queimados, do que o seu conteúdo ser
revelado a uma mulher, em público",
diziam os seus rabis.
Por que é que então este homem procurava entrar em contacto com
ela? – não
só como
samaritana, mas
também como
mulher?
Jesus não fez caso da sua pergunta. Despertou-lhe curiosidade,
falando a respeito da água viva. Se ela tão-somente soubesse com
quem estava a falar!
– as palavras "água
viva'' impressionaram-na. Isso constituiria a resposta
ao seu problema.
Significaria que já
não eram precisas aquelas viagens diárias
e penosas para ir
buscar água. Ela não
compreendia que nem
a água de todos
os oceanos do mundo
seria suficiente para
apagar a sua sede. Uma solução para o seu problema material
não era
uma resposta autêntica.
Era a sua
alma que
estava mais profundamente
necessitada.
E era isso
exatamente que
Jesus visava. Queria torná-la consciente
da necessidade de satisfazer
essa carência. Ele
tinha vindo a Samaria com tal propósito.
Ela não O entendia. Absorvida como
estava com os seus
problemas diários,
tinha negligenciado as necessidades da alma.
"Dá-me alguma dessa água, a fim de que eu não volte a ter sede'', disse ela. "Então",
continuou, "não precisarei vir todos os dias ao poço''.
A resposta de Jesus foi um pedido simples mas realmente desconcertante:
"Vai, chama o teu
marido e vem cá".
O teu marido,
o teu marido
– mas ela
não tinha
marido legal.
Sentiu-se assustada ao ouvir aquele
Homem dizer tais palavras, principalmente depois
da conversa ter corrido tão bem. Ela era bastante experiente no que respeita a homens,
mas não
pôde mentir a Este.
"Não tenho marido'',
respondeu ela. "Não sou casada".
"Isso é verdade.
Tiveste cinco maridos
e não és casada
com o homem
com quem
vives agora''.
Isto era terrível.
Será que não
havia segredos para
este Homem?
A sua vida
era como
um livro
aberto para Ele (Heb. 4:13). E contudo,
nem a desprezou, nem
a censurou. Que estranho!
Todavia, Ele
tinha-a tornado consciente
da triste mancha
da sua vida
– o pecado. Além
disso, Ele afirmou que
não lhe
daria a tão desejada água viva, até que este pecado
tivesse sido removido. Como uma mulher religiosa,
estava plenamente consciente
das leis que
dizem respeito ao adultério.
Contudo, até
ali havia sido capaz
de justificar as suas
ações com
desculpas.
Mas esse tempo tinha passado. Agora via claramente que
a sua vida
tinha sido governada pelo
pecado. Pecado
este que
não podia continuar
aos olhos de Deus.
Pecado que
tinha de ser
condenado – forçosamente.
"Senhor, vejo que
és Profeta", foi tudo o que ela pôde dizer. Depois começou a falar sobre religião
– como as suas
formas e controvérsias
dividiam as pessoas. A religião mostrara-se sempre
um tópico
interessante e bastante seguro.
Uma pessoa podia gastar horas sem fim em discussões, arranjando grandes
argumentos em
que pudesse esconder
perfeitamente os seus
verdadeiros sentimentos.
Jesus manteve-se firme no tema principal da conversa. Não se quis
desviar do propósito que O tinha
trazido ali. Mostrou-lhe por algumas palavras
que a religião
não era
uma questão de forma, mas de conteúdo.
Deus procurava as pessoas
que O buscassem de todo
o coração, que
quisessem servi-lO em absoluto. A única
coisa que tinha valor aos
olhos de Deus
era a fé.
Era isso
que Ele
lhe estava a dizer.
Ele não
usou a afirmação formal "Em verdade, em verdade vos digo..." como
fizera com o culto
Nicodemos (João 3:5), mas pediu simplesmente: "Mulher,
crê em Mim''.
O resultado desejado foi o mesmo – um novo nascimento.
Um anseio pelo Messias
encheu então o seu
coração. O Cristo
– Ele esclareceria tudo
o que ainda
era obscuro
e enigmático. Foi exatamente aí que a conversa atingiu o seu
clímax. Jesus assegurou-lhe que
o seu anseio
estava satisfeito; o futuro podia tornar-se presente,
ali e então.
"Eu sou o Messias''.
Cristo não
era uma figura
no futuro distante.
Era carne
e sangue. Estava diante
dela. Aquilo que
Ele não
tinha dito
a qualquer outra
pessoa de um modo tão claro, revelou-o a ela:
"Eu sou o Cristo".
Por ela, unicamente por
ela, tinha
Ele vindo à tão
odiada Samaria. Por ela
havia posto de lado
as regras e preconceitos
judeus. A hora
messiânica tinha chegado.
O tempo da discriminação
acabara. Havia uma solução para
o ódio racial
e para a controvérsia
religiosa. Todo
o ser humano,
mesmo o mais
pecador, podia agora
vir a Deus
através dEle, sob
duas condições:
Primeiro, tem de reconhecer
o seu pecado
(Rm. 3:23) e confessá-lo (Rm. 10:9,10). Tem de reconhecer
que não
pode existir diante
de um Deus
justo, pois Ele é santo. Segundo, tem de confiar em
Jesus Cristo - isto
é, crer n'Ele.
É Ele o Mediador
entre Deus
e o homem (João 14:6). É a ponte sobre a brecha que o pecado abriu entre
o homem e Deus.
Num momento, ela viu tudo isso claramente.
Era uma pecadora, horrível,
desprezível. Ele
era cheio
de amor e compreensão
– de perdão. Compreendeu então que foi isso que O
levou a procurá-la. Aceitou-O no seu coração. Disse sim
a Jesus Cristo.
A Rainha Guilhermina da
Holanda, outra mulher
que disse sim
a Cristo, escreveu uma impressionante auto-biografia, no fim
da sua vida,
intitulada "Lonely, But Not
Alone" (Só,
Mas Não
Solitária). Terminou esse livro com o que se chama a revelação
da sua vida
– que Cristo
quer entrar
no coração humano
e governá-lo. As suas últimas palavras são
uma citação bíblica: "Eis que estou à
porta e bato: se alguém
ouvir a minha
voz, e abrir
a porta, entrarei em
sua casa,
e com ele
cearei e ele comigo"
(Ap. 3:20). A Rainha Guilhermina
considerava-se uma filha de Deus, e com razão, pois havia recebido Cristo como seu Salvador e Senhor (João 1:12). Qualquer
pessoa que
recebe Cristo desse modo
torna--se uma nova criação
(2 Cor. 5:17). Há uma grande diferença
entre as condições
sociais da samaritana
e as desta rainha. Todavia,
as suas experiências
mais profundas foram iguais, uma vez
que receber
Jesus Cristo como
Salvador é a experiência
mais importante
de qualquer vida
humana.
A mulher com
um passado
desfeito e arruinado, ficou inteiramente liberta.
Ficou livre do castigo
do pecado e, portanto,
aos olhos de Deus,
livre da mancha
do passado. A crítica
das pessoas já
não precisava de a ferir.
Dali em diante,
podia olhar livremente
para elas – sem vergonha. Aquele que julgava
as pessoas, não
pela aparência
exterior, mas
pelo coração,
tinha-a declarado livre de culpa. Como é que então as pessoas poderiam acusá-la?
A solução para
os seus problemas
foi total – espiritual
e material. A fonte
de água viva
tinha-a limpo, e apagado
a sua sede,
e trouxe-lhe uma felicidade que ela nunca julgara possível.
Ela não ia certamente
guardar isto
só para si. Esqueceu-se da razão
que a levara ao poço.
Havia algo mais
importante em
jogo. Ela
regressou rapidamente à aldeia para comunicar a maravilhosa notícia
de que o Messias
tinha chegado.
O pecado podia ser
perdoado. Precisava dizer isto
às pessoas imediatamente!
Dirigiu-se a elas com a natural clareza e liberdade
de alguém que
esteve na presença de Deus,
contando-lhes a sua experiência.
"Vinde comigo",
pediu ela, "conhecer
o Homem que
sabia todo o meu
passado. Ele
tem de ser, sem
dúvida, o Cristo".
A sua timidez
havia desaparecido. Fez referência ao seu passado desonroso sem qualquer hesitação ou receio. Era impressionante
ver como
essa vida passada,
da qual tanto
se envergonhara, se tornava agora elo de ligação com o presente feliz.
As pessoas, vendo a mudança que se operara nela, apressaram-se a ir da aldeia ao
poço de Jacó. Lá
encontraram o Messias. Jesus fez por eles o que tinha feito pela mulher. Libertou-os. Deu-lhes uma nova
vida – vida
eterna.
Eles ficaram
impressionados e pediram-Lhe que ficasse
mais tempo.
Ele acedeu. Ainda
mais pessoas
vieram ouvi-lo, e mais – e mais.
Diziam depois à mulher: "Nós
cremos, não por
causa do que tu nos disseste,
mas porque
nós próprios
O ouvimos. Estamos pessoalmente convencidos de que
Ele é o Salvador
do mundo''. Isso
era bom.
Era Cristo
que devia receber
atenção, não
a mulher. Era
Cristo que
devia receber a glória.
Ela foi apenas
um dedo
que apontou para
Ele.
Quatro anos se passaram. A terra e
os céus tinham-se coberto
de densa escuridão
no dia em
que o inocente
Jesus de Nazaré, Deus e Homem, foi crucificado.
Depois da crucificação, os anjos
proclama a Sua
ressurreição – e quarenta dias mais tarde, no momento
da ascensão, anunciaram a Sua segunda vinda à
terra. Alguns
dias depois,
o Espírito Santo
desceu do céu. Primeiro
sobre indivíduos,
e então sobre
grandes multidões.
Milhares e milhares
de pessoas experimentaram o início de uma nova
vida.
Depois surgiu
a horrível perseguição aos novos crentes.
Satanás não soltou – nem solta –
facilmente a sua presa.
Quando se tornou demasiado
perigoso para os cristãos
continuar em
Jerusalém, eles fugiram para
a Judéia e Samaria.
Iniciou-se um grande movimento
evangelístico em Samaria. Foi tão bem sucedido, que se tornou necessário um evangelista para continuar o ministério. Quando
Filipe chegou e começou a pregar a grandes multidões,
muitos aceitaram Cristo.
Mais uma vez
houve alegria na cidade,
culminando com o derramamento do Espírito Santo.
As diferenças entre
os judeus e os samaritanos
foram abolidas para sempre.
O Evangelho foi derramado sobre o mundo.
As boas novas passavam de cidade para cidade. E foi por
a samaritana estar
disposta a partilhar,
que o movimento
evangelístico em Samaria ficará eternamente associado
a uma mulher.
A história da Samaritana ilustra claramente
que, embora
uma pessoa sem
Cristo seja um
campo missionário,
ela mesma
se torna missionária
no momento em
que O recebe – missionária
para Ele e pela Sua graça. Quando o
Filho de Deus
entra na vida de uma pessoa,
faz uma grande diferença.
A Samaritana, uma mulher que
disse sim a Jesus
(João 4:4-26,39-42)
Perguntas:
1. Em seu
entender, por
que é que
a Samaritana não
ia buscar água
mais tarde,
quando estivesse mais
fresco? (A hora
sexta corresponde ao meio-dia).
2. Na sua opinião, por que é que Jesus
lhe disse: "Vai, chama o teu marido e vem cá"?
3. A mulher falou sobre assuntos religiosos secundários.
Qual o assunto
real que
Jesus procurou salientar perante
ela? (Ler
Romanos 3:23; 10:9-11).
4. Examine esta história à luz de João 1:12 e de Apocalipse 3:20.
Quais são as suas conclusões?
5. Compare João 4:39-42 com 2 Coríntios 5:17 e enumere os pontos que
encontrou.
6. Quais lhe parecem ser os dois maiores resultados da conversa
desta mulher com Jesus? (Verifique também Atos 8:1-17).
7. O que é que existe nesta história em relação a crer em Cristo e
testemunhar dEle que o tenha pessoalmente estimulado? Que atitude prática irá
tomar na vida como resultado disso?
FONTE: LIVRO SEU NOME É MULHER
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