DINÁ, UMA JOVEM CUJA CURIOSIDADE LEVOU AO CRIME
E AO LUTO
"Aumenta de um modo alarmante o número
moças que, ansiosas por
uma mudança e querendo ver algo do mundo,
abandonam a proteção de um bom lar e nunca mais dão notícias.
Muitas delas acabam em pecado, crime e
degradação." Herbert Lockyer*
Gênesis 34:1-15
Gênesis 34:24-29
Diná, a filha de Jacó,
sentia-se aborrecida e tinha muita razão para isso. A vida
numa tenda não
oferecia muita atração
para uma jovem,
particularmente porque
os seus pais
já eram idosos
e ela só
tinha irmãos
com quem
falar.
Diná não tinha
tido muita oportunidade
para se divertir. A sua vida fora sempre nômade, portanto, de constante movimento.
Tendo emigrado originalmente da cidade de Harã, na Mesopotâmia (Gên. 31:18) – cerca de 400 milhas
para nordeste
– a sua família
continuava a vaguear. Vez
após vez, eles paravam durante
algum tempo,
armavam as tendas no solo e prosseguiam depois.
De novo se punham em
marcha, avançando lentamente,
a par com
os animais.
Chegaram então a Canaã. O pai armou as tendas
perto de Salém, que
pertencia à cidade de Siquém, e comprou um bocado de terreno (Gên. 33:18-20). É evidente
que ele
desejava fixar-se na terra que
Deus tinha
prometido aos seus antepassados
Abraão e Isaque, pois através
dessa promessa a terra também lhe
pertencia.
É de notar, entretanto,
que Jacó não
avançou mais algumas milhas até
Betel. Aí tinha
feito uma promessa
a Deus, 30 anos
antes, quando
estava prestes a sair
de Canaã (Gên. 28:19-22; 31:13). Teria arrefecido o seu
amor a Deus?
Siquém ficava
situada num caminho estratégico
que atravessava as montanhas
de Ebal, Efraim e Gerizim e controlava as estradas
para o norte e oeste. Gozando duma bela
localização e cultura
elevada, Siquém nunca
se tornava maçadora. Diariamente chegavam mercadores
e emigrantes que
seguiam do oriente para
o Egito, vestidos com
trajes exóticos.
Diná cansou-se de estar só. Sentia-se impaciente.
Ansiava por algo
mais agradável
e excitante do que
as tendas do pai.
Queria encontrar-se com outras moças e tinha ouvido dizer que as jovens de Siquém ofereciam um
aspecto colorido por
causa dos seus
lindos trajes
orientais. Desejando ver com os seus próprios olhos esses vestidos, deixou a tenda
paterna e foi andando na direção de Siquém.
Será que os pais souberam da partida
de Diná? Não haveria ninguém que a
advertisse ? Não teria a mãe ou o pai posto em evidência os
perigos que
a ameaçavam? No passado, a sua bisavó Sara e a avó Rebeca tinham enfrentado muitos problemas
quando despertaram a atenção dos reis
da terra que
haviam visitado (Gên. 12:14-20; 26:7-11). Só
uma intervenção de Deus
e a presença dos maridos
as haviam livrado da tragédia. Mas Diná encontrava-se só,
era jovem
e inexperiente.
Assim chegou
a Siquém. Se conseguiu ver alguma ou muitas das beldades
da terra, não
sabemos. Mas ela
acabou na cama do príncipe
da região. O príncipe
Siquém, filho de Hamor, viu-a, tomou-a e
violou-a. Desconhece-se também se Diná
consentiu em entrar
no palácio ou
se fez tudo o que
estava ao seu alcance
para o impedir. Entretanto, dentro
daquelas paredes, ela
perdeu a sua pureza,
a sua virgindade.
Como qualquer
outra moça
que tenha passado
por essa experiência,
Diná perdeu algo de muito
precioso, algo
que jamais
poderia reaver.
A sua breve
viagem, inspirada pela
curiosidade e impulso,
desencadeou uma reação de tragédia que
terminou com crime
e luto. A grande
mágoa que
Diná causou foi de efeitos terríveis, que não se puderam controlar depois de estarem em
movimento.
Esta situação revelou-se ainda mais grave do que a princípio parecia. Diná era
membro de uma família
que havia feito
um pacto com Deus. Ela devia ter sido mais cuidadosa, não
só por
si mesma,
mas também
porque a sua
família representava a tribo
do povo de Deus.
Enquanto Diná
permanecia no palácio real
com Siquém, cujo
nome era
idêntico ao da cidade,
Jacó e os seus filhos
ouviram o que tinha
acontecido. O rei Hamor, pai de Siquém, antecipou-se à reação
de Jacó e visitou-o: "O meu filho está realmente
apaixonado pela tua filha",
disse ele. "Por
favor, deixa-o casar com ela"
(Gên. 34:8).
Depois chegou
o próprio Siquém. Sendo um
príncipe pagão,
ele não
tinha sido ensinado a pensar
em Deus
quanto aos seus
planos. Embora
tivesse andado mal com
Diná, ninguém podia duvidar
dos seus planos
sérios a respeito
dela.
O povo amava-o e ele era bastante apreciado. "Por
favor, seja bom
para mim",
suplicou ele. "Dê
o seu consentimento
para que ela se torne minha
esposa. No que
diz respeito ao dote,
pode indicar o que
deseja. Pagarei o que
pedir" (vv. 11-12). Era
evidente que
Siquém se sentia muito preso
a Diná. Amava-a verdadeiramente. E ela? Ela não era indiferente
ao amor dele. Gostava da maneira como lhe falava.
Com o fim de agradar o mais possível à
família da moça,
Hamor sugeriu que Jacó e a sua tribo fizesse uma aliança com o povo de Siquém, de modo
que pudessem realizar
casamentos entre
si, bem como negócios. Mas Simeão e Levi, irmãos
de Diná, estavam furiosos, e com razão. Eles pertenciam a uma tribo
que havia feito
um pacto com Deus e, portanto, tinham de satisfazer
exigências mais
elevadas. De acordo com
a lei que
possuíam, o fato de uma jovem perder a sua virgindade era considerado um
crime flagrante
(Dt. 22:20-21). Eles estavam demasiado chocados e irados para
deixarem passar o insulto,
pois tratava-se de um
ultraje a todos
eles. "Tu
não podes fazer
tal coisa!"
exclamaram eles irritados.
Usando Moisés como Seu porta-voz, Deus,
prometeu mais tarde
aos israelitas que
continuaria a abençoá-los enquanto eles Lhe
obedecessem e guardassem os Seus mandamentos (Êx. 19:5-6, 20).
A sua fúria
era justificada, mas
a maneira como
eles se vingaram não
o foi. Simeão e Levi atuam de uma maneira
desonesta e hipócrita.
Fingindo concordar com
a proposta do rei
Hamor para misturar os dois povos, eles estabeleceram a condição
de que todo
o macho habitante
de Siquém teria de se sujeitar à circuncisão, um
rito obrigatório
entre os homens
hebreus. A sua
exigência mostrava até
que ponto os dois irmãos
consideravam superficialmente a religião. Confundiam o seu
autêntico significado
com o correspondente
sinal externo.
E o pior de tudo
é que usaram a religião
para dar cobertura a um assassínio premeditado.
Depois de
Hamor e Siquém haverem convencido os seus súditos de
que o pedido
dos hebreus era
razoável, a cerimônia
teve lugar. Simeão e Levi entraram então na cidade,
no terceiro dia,
armados com espadas.
Enquanto toda
a população masculina
gemia com dores,
incapaz de se mover
por causa do ferimento, Simeão e Levi mataram todos
os homens da cidade.
Com as espadas,
decapitaram ou apunhalaram homem após homem. Não
hesitaram mesmo em
sacrificar Hamor e Siquém, homens
com quem
haviam fingido discutir a aliança
alguns dias
antes, apenas.
O que começou com
a paixão da sensualidade,
acabou por se tornar
em assassínio.
O crime hediondo
perpetrado por Simeão e Levi contra pessoas
indefesas não foi suficiente
para fazer arrefecer o seu ódio. Saquearam também
a cidade, apoderando-se de todos os rebanhos
e gados e capturando as mulheres e crianças
como sua
presa.
Aquela pequena viagem, aparentemente
inocente, que
Diná empreendera, tinha levado os seus irmãos a cometer um crime que não tinha qualquer relação com o mal que o príncipe Siquém havia praticado. Simeão e Levi
tinham-se tornado assassinos,
detestados por todo
o mundo. Tinham acarretado uma mancha sobre eles próprios,
a qual jamais
desapareceria. Homens sem conta morreram por causa da sua crueldade, mulheres e crianças
ficaram viúvas e órfãs, sem terem nada mais do que tristezas.
Por meio destas circunstâncias,
não só
ficou arruinada a reputação de Diná e
dos irmãos, mas
o seu pai
sofreu também.
"Tendes-me turbado, fazendo-me cheirar
mal entre
os moradores desta terra", lamentou ele. "Sendo eu
pouco povo
em número,
ajuntar-se-ão e ficarei destruído eu e a
minha casa"
(v. 30).
De fato, foi o nome de Deus – tão intimamente ligado com
o nome de Jacó e do Seu
povo (Gên. 32:28-29) – que realmente
sofreu. Jacó esqueceu-se de mencionar esse fato.
Seria possível que
ele estivesse mais
preocupado com o seu
próprio nome,
do que diriam dele por
trás, do que
na honra de Deus?
Seria esta fraqueza temporária
do pai a causa
do mau comportamento
dos filhos?
A sua atitude
para com a família também não foi muito
impressiva. Repreendeu Simeão e Levi pela
maneira como
lhe tinham causado toda
aquela desgraça, mas
não mencionou o pecado
que haviam cometido contra
Deus e contra
os seus semelhantes.
A Bíblia nem
mesmo menciona qualquer
preocupação e autoridade
paternal por
parte de Jacó em
relação a Diná. Ela
não recebeu dele a atenção
de que necessitava nessa dolorosa situação.
Aquele amor
que se mostra
mesmo numa repreensão,
parece que não
lhe foi expressado Prov. 3:12). Jacó
pensava apenas em
si mesmo.
A Bíblia também
não diz se a mãe
de Diná a compreendeu e confortou, ou não. E todavia,
quem mais
do que Léia – que
tinha sofrido tanto
por causa do amor – poderia ter sido mais
compreensiva para com
a dor da filha
? Diná era uma jovem
simpática, e o homem
que a tinha
amado estava morto,
por causa da sua ação impulsiva. A sua
terrível aventura
não a tinha
desgraçado só a ela
fisicamente, mas podia-lhe ter deixado feridas morais. As escaras
dessas feridas poderiam nunca mais ficar completamente
saradas.
Depois destes
tristes acontecimentos,
Jacó, sob a ordem
de Deus, seguiu com
a sua família
do lugar do crime
para Betel. Aí,
mais uma vez
se tornou o homem que
devia ter sido mais
cedo, pai
que dirigia a família
no culto a Deus.
Cerca de 2000 anos mais tarde, Paulo advertiu Timóteo de que
as viúvas jovens que
facilmente se aborrecem, começam por ir de casa,
entregando-se à maledicência e a outros pecados.
Deste modo, opõem-se a Deus e facilitam o trabalho
de Satanás (1 Tim. 5:13-15). Paulo deu também
instruções específicas a Tito a respeito das mulheres
novas, com
o objetivo de impedir
que lançassem o descrédito
sobre a Palavra
de Deus (Tito 2:4-5).
A história de Diná ocorreu cerca 1900 anos
antes do nascimento de Cristo. Mas os perigos que ela encontrou não
se restringem simplesmente a esse período ou ao Livro de
Gênesis. O problema que
Diná enfrentou é universal As cidades
modernas continuam a seduzir as jovens
ansiosas por "experimentar
a vida". Todavia,
quantas vezes essa experiência
da vida por
parte de uma jovem
numa cidade estranha
acaba por se tornar
um encontro
com as amargas realidades
do pecado, de que,
tanto ela
como a família,
talvez jamais
se venham a recuperar plenamente.
Diná,
uma jovem cuja
curiosidade levou ao crime e ao luto
(Gênesis
34:1-15, 24-29)
Perguntas:
1. Compare Gênesis 34:1-3 com
Gênesis 12:14-20; 20:1-18; 26:7-11. Em que é que as situações
de Sara e Rebeca se comparam com a de Diná?
2. A que perigos
se expôs Diná, a jovem hebréia, quando se dirigiu para a cidade de Siquém?
3. Descreva em poucas palavras, mas completamente, as conseqüências
da viagem de Diná para
ela própria
e para os outros.
4. Por que
é que Deus
faz tantas exigências a respeito da virgindade?
(Deuteronômio 22:13-24).
5. Qual lhe
parece ser a lição
mais importante
desta história?
6. Como é que pode aplicar um princípio que tenha aprendido nesta história,
à sua vida
diária?
FONTE: LIVRO SEU NOME É MULHER 2
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