ESTER, UMA RAINHA QUE
ARRISCOU A VIDA PELO
SEU POVO
"Em 1959 o Xá da Pérsia, Mohammed Riza Pahlavi, casou com Farah Diba, uma estudante
moderna de 21 anos.
Em 1967 coroou-a imperatriz para expressar, de "modo invulgar'',
a sua gratidão
pela parte
que ela
tivera no avanço social
e econômico do país,
durante esse
período de oito
anos. A dedicação
duma jovem mulher
prova, mais
uma vez, ser
de grande influência
na Pérsia''. A Autora
Ester 4:1,5-16
Ester 7:1-6
Ester 8:15-17
A história da rainha Ester é notável.
Tem a atmosfera lendária
das 1001 noites à mistura
com o cheiro
penetrante das câmaras
de gás de Hitler. E embora
o nome de Deus
não apareça uma só
vez no livro
de Ester, a Sua presença
é evidente em
cada página.
Ester apareceu na cena, depois de outra
mulher, a rainha
Vasti, ter desaparecido do cenário
real. Ester era
a esposa de Assuero, o imensamente rico rei da Pérsia, que
reinava sobre 127 províncias
da Índia à Etiópia em
475 A. C.. O seu palácio
real de inverno
era em
Susã, cerca de 320 quilômetros
a leste da Babilônia. Possuía pavimentos e pilares
de mármore donde pendiam cortinas brancas, verdes
e azuis, que eram presas
com cordões
de linho fino.
A família real
e os seus hóspedes
reclinavam-se em canapés
de ouro e prata.
Durante as festas
bebiam por vasos
de ouro, dos quais
não havia dois
iguais.
Ester, uma bela jovem com uma disposição a condizer, tinha conquistado os corações
da casa real.
Não era
persa, mas
uma órfã judia que havia sido criada pelo seu primo
Mardoqueu, um exilado de Jerusalém. Ele cuidou dela como
se fosse seu pai,
e ela obedecia-lhe como
filha, mesmo
já sendo rainha.
Mardoqueu, que servia a corte real, era odiado pelo chanceler do rei,
Hamã, um amalequita. Hamã era brilhante, ambicioso e rude. Não poupava ninguém.
Contudo, o rei
resPe'tava-° muito e ordenou a todos os servos
da corte real
que se inclinassem diante
dele. Mardoqueu foi a única pessoa que recusou fazer isso. Porque era judeu, ele só se poderia curvar diante de Deus. Hamã estava tão
enraivecido com esta recusa, que decidiu matar
Mardoqueu e todos os outros judeus
no grande império
persa.
Concebeu um plano tão sutil e seguro, que nenhum judeu conseguiria escapar. Todos seriam apanhados
na rede que
ele estava a lançar.
A aniquilação total dos judeus – o povo
de Deus – foi anunciada. A assinatura do rei
tornava possível a Hamã varrê-los do globo para sempre. Os correios
reais serviram-se dos animais mais rápidos e correram por
todos os cantos
do império imenso
a anunciar a iminente calamidade. Os judeus
ficaram abalados e aterrorizados.
Ester estava casada há cinco anos. A pedido de Mardoqueu, ela
tinha permanecido silenciosa
quanto à sua
origem judaica,
mas ele
conservava-a diariamente informada a respeito
da situação. Com
o horrível extermínio
dos judeus à vista,
Mardoqueu achou que a única solução era a intervenção
de Ester.
"Vai ter com
o rei teu
marido e pede-lhe a sua
ajuda para salvar o teu povo", ordenou ele
a Ester. O teu povo!
Isso significava que
ela tinha
de revelar a sua
origem judaica.
Como é que
iria reagir o rei? Acharia ele que havia
sido enganado? Odiaria a raça dela como Hamã e tantos
outros odiavam?
Existia outro obstáculo. Ninguém
estava autorizado a apresentar-se diante
do rei sem
ser chamado, nem
mesmo a rainha.
Fazer isso
significaria arriscar a sua
vida. Ela
não tinha
qualquer garantia
de que ele
ainda a amasse como
antes. Talvez
outra mulher
tivesse tomado o seu lugar.
Ela disse a
Mardoqueu que não
era chamada
ao rei durante
trinta dias. Ele
persistiu, dizendo que ninguém mais poderia intervir. "Não imagines que
escaparás à morte. Não
interessa que sejas rainha.
Todos os judeus
morrerão, jovens e velhos.
Nenhuma mulher ou
criança será poupada'', disse ele. "Porque
se de todo te
calares agora,
de outra parte
se levantará para os judeus
socorro e livramento,
mas tu
e a casa de teu
pai perecereis; e quem
sabe se para tal
conjuntura como
esta é que foste elevada
a rainha?"
"De outra parte..." Mardoqueu estava a pensar
em Deus.
Ele não
iria permitir este
repugnante assassínio
da nação judaica.
Através dos tempos
Ele havia prometido que
o Messias viria deste povo.
Hamã não poderia
evitá-lo. Nem Satanás. Embora a necessidade
de livramento fosse imediata,
a confiança de Mardoqueu em
Deus era
sólida.
A ofensiva de Deus estava pronta.
Ele não
a executou através duma intervenção sobrenatural.
Nenhum milagre
da natureza, nenhum
anjo, salvaria o Seu
povo. Em
lugar disso, seria uma fraca mulher. O
futuro do povo
de Deus raras vezes
havia estado suspenso por um fio tão fino. Iria este
plano ser
bem sucedido? Iria a rainha
cooperar com
o plano de Deus
ou não?
"Deus procura um instrumento, Ester, um
ser humano.
Você está pronta
a dar a sua
vida? Ele
colocou você numa posição
estratégica muito
antes, porque
sabia da catástrofe que
se aproximava. A solução de Deus
és você". Ester não
recebeu a mensagem de Deus por meio das palavras
autoritárias de um profeta
estabelecido, que dissesse: "Assim diz o Senhor". Não recebeu qualquer
visão celestial.
Foi orientada pelas palavras de um parente. A direção de Deus
não podia ter
sido menos propícia.
Todavia, ela
aceitou as palavras de Mardoqueu como palavras
de Deus.
A jovem Ester, que sempre
havia revelado uns modos afáveis, provara agora
que era
feita da fibra
dos heróis. Esta situação
de crise revelou o poder
da sua vida
– Deus. Estava pronta
a submeter a sua
vida aos Seus
planos. Desejava fazer
a vontade de Deus.
"Vai, ajunta todos os judeus que se
acharem em Susã", disse ela, "e jejuai comigo
e com as minhas
moças durante três
dias e três
noites''.
Ela estava agora a identificar-se publicamente com o seu povo. O seu apelo ao jejum era uma chamada
à oração. Reconheceu que não tinha qualquer poder, que não poderia oferecer qualquer ajuda. O auxílio
só podia vir
do Senhor, o Deus
de Israel. Portanto, planejou assaltar o Seu trono celestial
com oração
durante três
dias e três
noites. Ester estava profundamente consciente
de que precisava da orientação
de Deus. Queria estar
segura de que
a missão de que
a haviam incumbido era indicada por Ele. Sabia que Deus Se
revelava na resposta à oração e precisava de sabedoria
e coragem para agir de modo
adequado. A quem é que
pediria conselho senão
Àquele que era
a Fonte de toda
a sabedoria e que
a distribuía em resposta
à oração?
"E assim irei ter com o rei, ainda que não é segundo a lei;
e, perecendo, pereço". Ela havia
queimado as pontes que
ficavam na retaguarda. Esta jovem mulher
estava pronta a arriscar
a sua posição,
a vida e futuro
pelo seu povo.
Depois dos dias de oração,
Ester enfeitou-se meticulosamente e foi
ao rei, que,
aparentemente, estava ocupado com os assuntos do reino.
Quando ele
a viu, o seu coração
foi tocado. Estendeu o seu cetro de ouro para ela, como prova de que a sua vida estava salva.
E perguntou: "Qual é o teu pedido, rainha Ester? E te
será dado''.
A primeira parte da sua oração fora
respondida. A sua vida
fora poupada. E Deus
havia deixado entreaberta a porta da salvação para o Seu povo. Ela não tinha orado em vão por sabedoria, apesar
de tudo. Sentiu que
esta não era
a ocasião nem
o lugar próprio
para o seu pedido urgente.
O seu discernimento
quanto a esta situação
revela que era
uma mulher sábia,
com perfeito
domínio das suas
emoções, e uma pessoa
que não
precisava fazer decisões
apressadas. Era também
uma mulher que
reconhecia muito naturalmente
que o caminho
para o coração
do homem passa
muitas vezes pelo
estômago. Convidou o rei para uma refeição,
juntamente com
Hamã.
Durante a refeição, o rei
perguntou-lhe outra vez:
"Qual é a tua petição?
E te será dada''.
Ester avançava cuidadosamente, passo a passo, dependendo de Deus.
Bem no seu coração, sentia que
ainda precisava ganhar
tempo. Não
tinha chegado
ainda o tempo
de Deus. "Voltem juntos amanhã'',
pediu ela. E isso
provou que era
Deus quem
estava a orientá-la.
Nessa noite, o rei não
conseguiu dormir. Um
cortesão leu-lhe de um
livro de crônicas
do seu povo.
Fatos importantes
que haviam permanecido na sombra vieram à luz.
Eles encaixavam-se no conjunto do plano
de Deus. Algum
tempo antes,
Mardoqueu havia revelado uma conspiração
contra o rei
e, desse modo, salvara a vida do rei. Mas Mardoqueu nunca
tinha sido recompensado. Esta negligência tinha
de ser corrigida. Hamã, o homem que tinha levantado uma forca
de 27 metros de altura,
perto da sua
casa com
a intenção de enforcar
Mardoqueu, foi incumbido de lhe dar a recompensa.
No dia seguinte,
durante a refeição,
Ester revelou o seu pedido.
De modo comovente,
suplicou ao rei pela
vida do seu
povo. E pela
sua própria
vida: "Se ainda
por servos
e por servas nos
vendessem, calar-me-ia", disse ela.
Não eram simplesmente as vidas
dos judeus que
pendiam na balança, estava também em jogo o bem-estar
do rei. Uma conseqüência
muito pior
do que perder
os seus servos
e muito pior
do que a reação
em cadeia
de ódio contra
ele, iria verificar-se – ele estaria a agir contra Deus. Deus tinha
chamado a este povo
a menina dos Seus
olhos (Dt. 32:10), e os protegeria e
conservaria. Ninguém poderia atingir esta raça sem se arriscar à Sua ira (Zac. 2:8,9). Nem
mesmo um
rei. Portanto,
ela queria protegê-lo. O seu discernimento
e maneira de abordar
o assunto mereceu o respeito
do rei. Conseguiu convencê-lo. "Quem é esse? e onde está esse,
cujo coração
o instigou a fazer assim?",
foi a resposta estupefata
do rei.
O dedo de Ester apontou para Hamã, um dos seus hóspedes,
e o súdito mais
importante: "Foi esse homem ímpio aí –
Hamã", respondeu ela.
Então tudo se tornou claro.
A forca que
havia sido levantada perto da casa de Hamã esperava pela
execução de Mardoqueu, mas o rei mudou
esse plano.
"Enforcai Hamã" na forca que fora
levantada para Mardoqueu", ordenou o rei. E assim se
fez.
A esposa de Hamã e os seus sensatos amigos tinham tido razão.
Haviam-lhe dito: "Se este Mardoqueu é um
judeu, não
prevalecerás contra ele.
Pelo contrário,
irás certamente cair
perante ele''.
Teria sido prudente se Hamã aprendesse com a história
dos seus ancestrais,
os amalequitas. Deus fora contra eles, por eles serem contra
o Seu povo
(Êx. 17:8-16; Dt. 25:17-19). Hamã descobriu que
o ódio é uma emoção
muito perigosa, que
geralmente se vira
contra a pessoa
que o abriga.
Ester havia salvo não só a sua vida, mas também as vidas da sua raça inteira. O Novo Testamento diz que os cristãos
brilharão como luzes
neste mundo, como
estrelas cintilantes na noite (Filip. 2:15). Ester foi uma estrela assim, que é precisamente
o significado do seu
nome "estrela".
As palavras do seu marido para a extinção dos judeus eram tão
poderosas que não
podiam ser simplesmente
retiradas. Era
necessária uma ordem
oposta. "Escreve o que te parecer bem a respeito dos judeus",
disse-lhe o rei. "Eu assinarei e selá-lo-ei com
o meu anel''.
A heroína que
havia salvo os judeus,
arriscando a sua própria
vida, recebeu o privilégio
de lhes dar
tão maravilhosas notícias!
Em vez
de ser uma mulher
atrás dos bastidores,
havia-se tornado uma pessoa
de importância. As suas
palavras pesariam muito
dali em diante.
A boa nova chegou antes da data
do assassínio em
massa. Deus
tratou disso. O dia que
Hamã tinha marcado no calendário para ser um dia de tristeza, tornou-se
num dia de alegria.
Muitos não-judeus tornaram-se judeus, porque
estavam tão profundamente
impressionados com o que tinha
acontecido. Queriam estar do lado
do Senhor.
O dia de alegria
tornou-se um dia
de comemoração. A festa do Purim foi
instituída. Nesta festa, ainda hoje os judeus em todo o mundo
lembram o que a rainha
Ester fez por eles.
Todos os anos,
quando o Purim é celebrado, os judeus lêem o Livro
de Ester. Ela é grandemente
honrada. O Talmude parece mesmo preferir este livro aos Salmos e aos Profetas.
Trinta anos mais tarde,
Neemias reedificaria os muros de
Jerusalém. Sem a rainha
Ester, isso teria sido impossível. É difícil
imaginar o curso
da história sem
ela. Humanamente
falando, se não tivesse existido Ester não haveria nação
judaica. E sem
a nação, não
teria havido o Messias. E sem
o Messias, o mundo
estaria perdido.
Ester preparou o caminho, desconhecido para ela, para a vinda de Cristo.
Através dela, Deus
mostrou também que
a Sua direção
está ao dispor dos Seus
seguidores para
fazerem decisões. Estas decisões devem ser
baseadas na Palavra de Deus (Jo. 14:21), testadas
pela oração
(Tg. 1:5) e pelo conselho
dos outros (Prov. 15:22), dependendo
duma certeza íntima
(1 Jo 3:21) e de portas abertas por Deus (Apoc. 3:7,8).
Ester, uma rainha que arriscou a vida
pelo seu povo
(Ester 4:1 ,5-16; 7:1-6; 8:15-17)
Perguntas:
1.
O que
é que mais
o impressionou a respeito do caráter e da atitude de
Ester perante a vida?
2.
Repita nas suas
próprias palavras o conteúdo
de Ester 4:14.
3.
Considere o seu apelo ao jejum à luz de
Esdras 8:23 e Daniel 9:3. Que é que pode aprender com isso?
4.
Qual é a prova de que
Ester arriscou expressamente a vida pelo seu povo?
5.
Descreva o que
aconteceu ao povo como
resultado da sua
intervenção.
6.
Estude a dedicação
de Ester à luz de Ezequiel 22:30. Quais são as suas conclusões?
7.
O que
é que esta história
lhe ensinou acerca
da direção de Deus?
FONTE: LIVRO SEU NOME É MULHER
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