Sempre Servo Seu
Textos
Bíblicos: Filipenses 2:5-7
Introdução
(Prepare
antecipadamente a secção de classificados de um jornal)
Ultimamente
tenho vindo a olhar para os anúncios de classificados, pensando que talvez
consiga encontrar um emprego. Olhem, aqui está um que parece realmente
promissor!
PRECISA-SE:
Um servo para toda a obra. Todo o tipo de trabalho servil. Salário baixo, mas
grande satisfação profissional se gosta de servir. Os candidatos devem ser
honestos, humildes, abnegados, com vontade de ajudar no que for necessário, sem
medo de trabalhos sujos. Sem tempo de folga. Deve saber como fazer tudo e todos
brilhar em casa, excepto ele próprio. Não há discriminação de sexo ou idade.
Entrada imediata.
Acham que
devo candidatar-me? Há aqui alguém que queira este emprego? Bem me pareceu que
não. Dá a sensação que neste tempo ninguém quer ser servo. Contudo, acho que
sei de Alguém que não teria problemas em se candidatar.
Filipenses
2:5-7 “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus,
que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas a si
mesmo se esvaziou, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens.”
Isto é duro
de dizer. Ter a mesma atitude de Cristo? Tornar-me nada? Fazer-me servo?
Fazer-me Seu servo? Quais são algumas das atitudes que me farão desejar ser um
servo, servo de Cristo, agindo como Ele agiria aqui na terra?
Talvez as
histórias seguintes nos dêem uma ideia de como nos tornarmos Seus servos.
Joseph
Damien
Joseph
nasceu na Bélgica, numa família com devoção católica. Quão orgulhosos ficaram
seus pais no dia em que decidiu tornar-se um padre. Não muito tempo após a sua
ordenação, Joseph ouviu falar sobre as centenas de leprosos da ilha de Molokai,
uma das ilhas Havaianas. “Estão todos esfomeados, andrajosos e abandonados”,
diziam os líderes de sua igreja. “As suas únicas amizades são aquelas que a
própria miséria inventa. Temos de enviar alguém que lhes leve a esperança de
Cristo”. Joseph voluntariou-se.
Quando
chegou a Molokai e viu a fealdade dos leprosos, com suas caras desfiguradas e
membros mutilados, afastou-se.
Decidiu
viver à parte, numa pequena cabana, cozinhava as suas próprias refeições e
lavava a sua roupa. Não era permitida a entrada aos leprosos em sua casa. Ia à
capela e pregava, mas as suas palavras não produziam efeito.
Certo dia,
Joseph chegou à conclusão que falar não era suficiente. O amor de Cristo devia
ser demonstrado. “Como?” Perguntava-se, “como poderei ajudá-los, se tento
evitá-los?”
Então,
começou a misturar-se com os leprosos. Ajudava-os a construir melhores casas.
Lavava suas úlceras e cobria suas feridas. Ajudava a cavar poços e
arranjava-lhes roupa e comida. Verdadeiramente, tornou-se um com eles, pois
Joseph Damien morreu leproso. No entanto, antes de sua morte teve a alegria de
ver toda a gente daquela ilha a aceitar Cristo.
Há pessoas
nas nossas comunidades que estão tão tristes e sós como o estavam os leprosos de
Molokai. Estão à espera que alguém lhes dê uma demonstração do amor de Cristo,
através da amizade e servindo-os como Cristo faria.
Como será
que Jesus trataria os emigrantes e refugiados da nossa comunidade? Como se
relacionaria Ele com os infectados pela SIDA? Que tipo de amor mostraria Ele
pelos aleijados, os cegos, os surdos e aqueles com Alzheimer? Como se
relacionaria Ele com as pessoas com problemas mentais?
Imitando-O
podemos ser Seus servos, ministrando para estas pessoas o toque de Seu amor.
O Lava-pés
Foi numa
sexta-feira que Tim Sharpe implorou a seu pai para conduzir o carro. “Por
favor, pai! Eu tenho cuidado!” Mas não foi suficientemente cuidadoso. Quando
manobrava no parque de estacionamento, fez uma mossa no guarda-lamas. O pai
ficou completamente furioso.
“É raro
deixar-te guiar o meu carro e quando deixo, encarregas-te logo de destruí-lo!”,
refilou o Sr. Sharpe. “ Não me peças o carro outra vez!”
Durante as
duas semanas seguintes, Tim e seu pai evitaram falar um com o outro – o pai
porque estava chateado e Tim porque pensava que o que quer que dissesse apenas
iria piorar a situação.
Chegou o
Sábado, dia de Santa Ceia e o pai, conhecido por todos como o Pastor Sharpe,
estava a ter dificuldades com seu sermão. Pregava sobre a atitude de Cristo e
seus discípulos durante a Última Ceia. Dizia, “O verdadeiro amor Cristão põe de
parte as diferenças e cada um serve o outro. Mesmo que tenha razões para estar
perturbado com alguém, tem de acabar com isso. Jesus perdoa-nos; não podemos
fazer menos que isso por aqueles que nos ofenderam. A cerimónia de lava-pés é o
momento para lavar esses sentimentos.”
O Pastor
Sharpe sentia-se miseravelmente no seu interior. Encurtou o sermão e despachou
as pessoas para o lava-pés. À porta da sala dos homens captou o olhar de Tim.
“Já tens par para te lavar os pés?” Perguntou.
Tim abanou
a cabeça.
Enquanto o
pai estava de joelhos lavando os pés do filho, orava silenciosamente, “Senhor,
por favor, ajuda-me a libertar a minha ira para com o Tim. Está a destruir o
meu relacionamento com ele e Contigo”.
Então os
dois levantaram-se, a ira tinha desaparecido e o Pastor Sharpe sentia somente
amor, brotando do seu coração pelo filho. “Desculpa, filho”, disse. “És mais
importante para mim do que qualquer carro. Eu amo-te, Tim.”
“Eu também
peço desculpa, pai, eu...” os dois abandonaram-se nos braços um do outro num
sentido abraço.
Se somos
Seus servos, temos de ter a vontade de por de parte todas as diferenças e, em
espírito de amor e humildade, servir aqueles que nos ofenderam. Isto foi o que
Jesus fez na Última Ceia. Serviu Pedro, que mais tarde O havia de negar por
três vezes. Serviu Judas, que em breve o havia de trair por trinta moedas de
prata. Serviu Tiago e João, cujos corações estavam cheios de conflitos e busca
de poder. Ele conhecia muito bem as faltas dos discípulos, mas não as expôs
perante os outros. Perdoou-os e serviu-os de qualquer forma.
Acerca das
lições que devemos aprender com o lava-pés, Ellen White escreve, “A todos
quantos recebem o espírito deste serviço, ele nunca se poderá tornar uma
simples cerimónia. Sua constante lição será: “Servi-vos uns aos outros pela
caridade”. (Gálatas 5:13) Ao lavar os pés aos discípulos, Cristo deu nova prova
de que estaria disposto a fazer qualquer serviço, por mais humilde que fosse,
que os tornasse co-herdeiros Seus da fortuna eterna do tesouro celeste. Seus
discípulos, ao realizarem o mesmo rito, penhoram-se a si mesmos para servir de
igual maneira a seus irmãos. Sempre que esta ordenança é devidamente celebrada,
os filhos de Deus são levados a uma santa relação uns para com os outros, para
se ajudar a beneficiar mutuamente. Comprometem-se a dar a vida a um
desinteressado ministério. E isto não somente uns pelos outros. Seu campo de
labor é tão vasto como era o de Seu Mestre. O mundo está cheio de pessoas
necessitadas de nosso ministério. Os pobres, os ignorantes, os desamparados,
acham-se por toda a parte. Aqueles que comungaram com Cristo no cenáculo,
sairão ara servir como Ele serviu”. (O Desejado de Todas as Nações pag. 627 e
628).
Revelar a
tua humanidade
Um famoso
psiquiatra vangloria-se de conseguir fazer a pessoa mais difícil falar em menos
de cinco minutos, após entrar no seu consultório. Qual é o segredo?
Simplesmente partilha algo sobre si próprio, algo que faça o paciente saber que
ele é humano e comete os mesmos erros que qualquer outra pessoa.
O mesmo
princípio funcionou com Brenda, a nova professora do terceiro ano. Apesar de se
encontrar numa escola nova, não era inexperiente a ensinar. Tinha ensinado
durante muitos anos noutras escolas. Os outros professores eram educados, mas
nenhum fizera qualquer esforço para ser seu amigo.
Certa vez,
após um dia particularmente difícil, Brenda atravessou todo o corredor até à
sala de Janelle, a professora de quarto ano. Todas as crianças já haviam saído,
e Janelle estava a pendurar umas figuras no quadro.
“Olá
Janelle!” Começou Brenda. “Espero que o teu dia não tenha sido tão mau como o
meu. Parece que nada corre bem. Os miúdos estavam irrequietos e aborrecidos.
Acho que fiz um trabalho péssimo hoje!” Deixou-se cair sentada na carteira de
um aluno e suspirou.
Janelle
parou o seu trabalho e contemplou a mulher que julgara como professora modelo,
aquela que fazia sempre tudo bem. “Adoro isto!” Saiu-lhe. “Que bom saber que
também tens dias maus como todos nós! Pensava que nada te corria mal.”
Sentou-se
na secretária em frente a Brenda e partilhou com ela um acontecimento engraçado
daquele dia. Riram e Brenda contou algo que acontecera no pátio. Riram ainda
mais. Conversaram sobre isto e aquilo. Foi então que Janelle contou a Brenda
acerca de um difícil problema de saúde por que estava a passar.
“Precisava
de falar com alguém sobre isto”, disse Janelle, sorrindo por entre as lágrimas.
“É agradável saber que és minha amiga. Obrigada por me ouvires.”
Janelle
nunca se teria aberto com Brenda, se esta tivesse acalentado ideias sobre a sua
importância pessoal. Por não estar desejosa de impressionar, mas ter partilhado
honestamente os seus sentimentos sobre aquele dia, revelando sua humanidade,
fez uma nova amiga.
Quão
frequentemente o orgulho nos impede de ser capazes de comunicar com os outros.
Todavia, “O amor é paciente, é benigno. O amor não inveja, não se vangloria,
não se ensoberbece”. (I Coríntios 13:4). Se somos Seus servos devemos ser como
Ele era, humilhando-nos a nós próprios, pondo-nos ao mesmo nível das outras
pessoas, mostrando-nos vulneráveis, abrindo os nossos corações honestamente
para os outros.
Apesar
disto, muito frequentemente somos como o Bruce quando apanhou vespas na sua
camisa.
Vespas na
tua camisa
Bruce
acelerava, descendo uma auto-estrada de quatro faixas na sua mota. Era um dia
quente, e a sua camisa ia aberta, com o vento a bater nos seus braços e cara
descobertos. Era hora de ponta. Vinha um carro mesmo atrás dele, outro seguia à
sua frente e um camião de caixa fechada ultrapassava-o pela esquerda.
Mesmo nessa
altura, uma vespa voou para dentro da camisa aberta e espetou o seu ferrão na
carne tenra da axila de Bruce.
A vespa
tentou sair, mas o ventou manteve-a no interior. Ferrou novamente as costas e a
barriga de Bruce. “Não me atrevo a parar”, pensou. “Estou tão enclausurado aqui
que tenho de continuar calmo e no meu lugar na fila, se não quero provocar um
acidente”.
A vespa
picou mais uma vez! “Talvez consiga conduzir a mota com uma mão e sacudir a
vespa com a outra”. Bruce tentava descobrir o que fazer com aquela maldita
vespa. “Não, isso não pode ser. Vou fazer uma figura triste a tentar apanhar a
vespa dentro da camisa. As pessoas vão rir de mim e vou ficar envergonhado.
Não, o melhor é fingir que está tudo bem”.
Foi isto
mesmo que fez. Acelerava pela infindável auto-estrada a sorrir e a disfarçar
como se estivesse tudo bem, quando na realidade se sentia desgraçadamente.
Finalmente,
Bruce pôde sair para uma estrada secundária. Tirou a camisa e a vespa fugiu.
Contou seis marcas no seu peito e costas. Continuaram a doer até tarde naquela
noite.
Quantas
vezes, tu e eu somos como o Bruce, com vespas na nossa camisa. Vimos à Igreja
todos vestidinhos com o nosso melhor, enquanto por dentro estamos severamente
magoados. Podemos estar a lutar com um mau hábito ou um problema familiar.
Podemos ter estragado tudo num exame ou no trabalho. Talvez estejamos com
dislexia ou a sofrer de uma outra desordem, mas não queremos que ninguém saiba.
O orgulho faz-nos manter isto tudo cá dentro. Temos medo de ser nós próprios
porque pensamos que devemos ser perfeitos, acima da média, talvez até, um pouco
melhor que os outros.
Se queremos
ser Seus servos para sempre temos de pôr o orgulho de parte e ter as mesmas
atitudes que Cristo, desejando tornar-nos vulneráveis para que possamos tocar
outras vidas.
Tornar-se
vulnerável, significa abrir-nos à possibilidade da dor e do ridículo.
Tornar-nos vulneráveis é livrarmo-nos do orgulho, deixarmos de representar –
fingindo ser algo que não somos.
Jesus podia
ter ficado no Céu e mantido a Sua posição e poder. Podia ter ficado afastado
dos sofrimentos da humanidade, mas não o fez. Tornou-Se vulnerável. Veio a este
mundo, nasceu como bebé num pobre lar. Cresceu para conhecer a fome, a sede, a
dor, a fadiga e a solidão. Descobriu o que era ser rejeitado pelos Seus amigos
e mal entendido por aqueles a quem queria ajudar.
Ainda
assim, renunciou à sua glória e privilégios do Céu, porque nos amou tanto que
quis estar perto para nos ajudar. Então, tomou a forma de servo e tomou sobre
Si a condição da humanidade.
“Cristo foi
tratado como nós merecíamos, ara que pudéssemos receber o tratamento a que Ele
tinha direito. Foi condenado pelos nossos pecados, nos quais não tinha
participação, para que fôssemos justificados por Sua justiça, na qual não
tínhamos parte. Sofreu a morte que nos cabia, para que recebêssemos a vida que
a Ele pertencia.” (O Desejado de Todas as Nações pag. 21).
Ao tomar a
nossa natureza, o Salvador ligou-Se à humanidade por um laço que jamais se
partirá. Ele nos estará ligado por toda a eternidade”. (O Desejado de Todas as
Nações pag. 21).
Tendo
Cristo renunciado a tanto por nós, não devemos nós renunciar também ao nosso
egoísmo e orgulho para nos tornarmos Seus servos, agindo como Ele o faria se
estivesse aqui?
Mãos à obra:
Lê
Filipenses 2:5-7
Examina
Além da
Última Ceia, que outros exemplos da vida de Jesus que demonstrem a humildade,
vulnerabilidade e humanidade de Cristo, podes sugerir?
Aprofunda
Quais os
grupos de pessoas da nossa comunidade que frequentemente evitamos devido ao
nosso orgulho e egoísmo? Se devemos ser Seus servos que podemos fazer para
servir estas pessoas?
Pensa
É bastante
fácil servir alguém que nos é superior em posição. Como podem as seguintes
pessoas servir aqueles que têm uma posição inferior à sua?
- Pai a um filho;
- Médico a uma enfermeira;
- Patrão a uma secretária;
- Político a um cidadão;
- Professora a um estudante;
- Encarregado a um trabalhador.
Discute
Como
podemos ser Seus servos ao lidar com aqueles que nos servem?
- Empregado de mesa;
- Ama;
- Empregado de bomba de gasolina;
- Cabeleireira/Barbeiro;
- Apanhador de lixo;
- Caixa de banco.
Age
Se
possível, partilha com o grupo um incidente pessoal em que o orgulho e o
pensamento do que os outros podiam dizer sobre ti, te impediram de ajudar
alguém.
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