FEBE, UMA MULHER SOLTEIRA
QUE POSSUÍA O ANTÍDOTO
DA SOLIDÃO
"De país para
país, algumas das pessoas
mais atraentes
que tenho encontrado são missionárias solteiras. São,
sem dúvida,
as pessoas de vida
mais vigorosa
que se podem encontrar.
Obviamente, canalizam a sua força criativa e as suas
energias para
ajudar outros
à sua volta,
em nome
de Jesus. Eu observo-as e me sinto inspirada". Ada Lum *
Romanos
16:1-2
Febe, a serva da igreja em
Cencréia – a parte oriental
de Corinto – tinha acabado
a sua viagem.
Tratara-se de uma longa e penosa jornada,
que até
muitos homens
hesitavam em fazer.
Febe tinha viajado por terra e por mar. Tinha os pés cheios de bolhas por causa das infindas caminhadas
por estradas
pedregosas das montanhas. Constituíra
uma prova para os nervos a sua travessia da Macedônia
para a Itália num pequeno
barco que não deixava de ranger. Mas em todas
essas circunstâncias, ela permaneceu sempre
consciente da sua
tarefa. Tinha
de entregar a carta
de Paulo aos cristãos em Roma, sem dano algum.
Finalmente,
os contornos da cidade
apareceram diante dos seus olhos.
Roma, a cidade eterna,
lá estava diante
dela sobre as suas
sete colinas.
A Via Ápia que
ia percorrendo conduzia ao coração da cidade. Para Febe, esta viagem constituía uma aventura
excitante em
vários sentidos.
Acima de tudo, através
desta viagem tinha
alargado os seus horizontes.
Estava-se por volta
de 57 A.D., quando ainda
poucas pessoas tinham o privilégio de viajar e a maior parte dos
que o faziam eram homens.
Levaria ainda séculos
antes que
o mundo – primeiro
pela palavra
escrita e mais
tarde através
dos meios de comunicação
modernos – se abrisse inteiramente. As pessoas
viviam isoladas e geralmente não conheciam muita
gente fora
das suas próprias cidades.
Esta viagem não permitiu apenas
a Febe visitar outro
pais e uma das cidades
mais fascinantes
de todos os tempos;
deu-lhe também a oportunidade
de conhecer outros
cristãos. Tirando o fato
de partilharem da mesma fé, os outros crentes diferiam dela em
muitos sentidos.
Febe era uma mulher solteira,
mas não
se sentia só. A sua
vida era
tudo menos
vazia. O senso
de realização própria
resultava da sua prontidão
em servir.
Dando-se aos outros, Febe mantinha à distância o espectro da solidão. Ela sabia que uma vida
voltada para os outros
atrai as pessoas, particularmente
as que vivem sós,
isoladas. O fato de se abrir
às necessidades dos outros
ajudava-a a encher e enriquecer
a sua vida,
tornando-a uma aventura interessante e
variada.
Febe experimentaria esse princípio em
Roma. Os cristãos não
a iriam receber como
uma estranha. O pergaminho
de Paulo, que constituía a parte mais preciosa da bagagem
que levava, continha uma recomendação calorosa
da mensageira. Por
isso, ela
seria recebida com cordialidade e tratada com honra.
"Ajudai-a em tudo que puderdes",
escrevera Paulo (Rom. 16:1-2). Febe, que
pensava sempre nos
outros, seria agora
alvo de ajuda.
Estas palavras manifestavam a amizade sincera
e o respeito do Apóstolo
por Febe.
Paulo, que teve de adiar muitas vezes a
sua visita
a Roma (Rom. 1:13), ousava fazer o seu primeiro contato com os cristãos romanos
através desta serva
de Deus. Iriam passar
mais três
anos até
que ele
tivesse possibilidade de visitar Roma. Até lá, a igreja cristã dessa cidade
iria vê-lo através dos olhos de Febe.
Embota fosse um notável líder cristão, Paulo colocou a sua
reputação nas mãos
de uma mulher. Era
arriscado para
ele tornar-se tão
dependente de uma outra
pessoa. Todavia,
com Febe, ele
ousava correr o risco.
Estava certo de que
ela tinha
uma boa reputação e ia representá-lo bem. Esta irmã tinha já provado que
possuía um coração
dedicado a Deus e ao Seu serviço. Era competente,
digna e merecia a confiança
de desempenhar esta grande
responsabilidade.
Na carta de Paulo aos Romanos estava a sua
declaração mais
completa do evangelho.
Da cidade de Roma, a mensagem de Cristo
iria espalhar-se pelo mundo.
Nessa epístola, o Apóstolo
explicava todos os princípios
básicos do evangelho.
Ele queria que
os leitores soubessem que todo o ser humano é pecador (Rom. 3:23). É nascido de pais
pecadores (Rom. 5:12) e comete ele próprio pecado, duas coisas
que merecem castigo
de morte. Sem
qualquer exceção,
o homem sem
Deus está perdido (Rom. 6:23). E uma criatura que não pode existir perante um Deus santo
(Rom.3:10-18) Este é, sem dúvida, o fato mais triste da história
humana.
Contudo, a carta de Paulo não
chamava apenas a atenção
para o maior problema da humanidade.
Continha também a grande
solução de Deus.
O homem não
precisava sofrer esse
terrível castigo.
Não estava condenado a morrer
pelo seu pecado. Podia escapar a esse trágico destino apelando para o Mediador enviado por Deus.
Jesus Cristo – o Filho de Deus –
suportou a morte embora
estivesse inocente (Rom. 5:8). Ele dá completo
perdão a todos
os que aceitam a Sua
obra de substituição
(Rom. 8:1) e reconhecem que são pecadores.
Precisam também crer
e pôr a sua confiança
em Jesus, e declarar
publicamente essa decisão por Cristo
(Rom. 10:9-10).
A pessoa que
crê e responde à mensagem de Cristo não será
condenada à morte espiritual.
Em vez
de ficar eternamente
separada de Deus, receberá uma vida nova, eterna e espiritual.
Torna-se filho de Deus
e o Espírito Santo
dá-lhe uma profunda convicção
íntima desta verdade
(Rom. 8:13-17).
Continuando a lançar os fundamentos da fé,
Paulo instruiu os crentes romanos a respeito
da segurança da salvação (Rom. 8:31-39). Referiu-se
à necessidade de andar
com Deus
e viver no poder do Espírito Santo.
Estas e outras grandes verdades definiu Paulo na carta
que Febe, uma serva
pronta do evangelho,
levou a Roma.
A Bíblia não
nos diz como
é que esta mulher
veio a ter
uma fé pessoal
em Cristo.
As 45 palavras que
descrevem a sua vida
são demasiado
escassas. Mas a fé
que nutria era
certamente o conteúdo
da sua vida
e a motivação dos seus atos. Ela era uma irmã da igreja,
onde a fé
em Cristo
unia todos os crentes
numa grande família
de várias culturas. Eles
interessavam-se pelas necessidades uns
dos outros, como
irmãos.
No caso de Febe, a palavra irmã não
indicava apenas uma relação
espiritual mútua;
falava também de um
estado. Numa sociedade
em que
a mulher era
colocada bastante abaixo
do homem, Febe tinha
o seu lugar
numa grande família
de filhos de Deus,
numa relação espiritual
de completa igualdade.
Dessa posição começou ela a servir a igreja.
Para Febe, servir
não significava entregar-se a um trabalho inferior. Não
se tratava de uma realização própria de segunda
categoria. Era
antes um
grande privilégio.
No porto de Cencréia, que
como qualquer
outro grande
porto marítimo
revelava o pecado nas suas formas mais abjetas, a personalidade
de Febe irradiava luz. Seria esse brilho mesmo de Febe? Não,
a luz de Jesus Cristo
(João 8:12) é que brilhava através dela. A luz
que irradiava era
um reflexo
do poder transformador
de Deus.
Não sabemos como é que ela ajudava as outras pessoas.
Será que abria o lar
para serviço
da igreja, como
Lídia e Priscila? Ofereceria ela hospitalidade às pessoas
que viajavam na direção
do oriente ou
ocidente, através
do porto que
ficava no Mar Egeu? Ou
teria a sua ajuda
consistido principalmente de ofertas de dinheiro e de bens? Estas questões
não encontram respostas
definitivas. Também não
são de grande
importância, pois
sabemos que os serviços
de Febe eram variados, sacrificiais e eficientes.
Febe não tinha
marido. Estava só
na vida. Todavia,
não ficava pacientemente
à espera de que
alguém viesse aliviar
a sua solidão.
Servia-se antes dessa solidão
para ajudar os outros. Quem,
talvez tenha pensado, poderá fazer isto tão livremente como ela? Quem poderá dar-se melhor
aos outros do que
a pessoa que só tem de cuidar de si própria?
Essa atitude determinou também o seu
relacionamento com Paulo. Não há dúvidas
de que, para
Febe, Paulo era o grande
apóstolo, servo
de Deus. Mas,
ao mesmo tempo
era seu
"irmão". Era
também um
homem só
na vida, que
necessitava e apreciava a colaboração de
uma mulher compreensiva.
Assim, isso resultou numa interação
ideal. Se Febe desempenhava uma função especial
– a de diaconisa, por exemplo – ou se
se limitava a trabalhos gerais, não
podemos saber exatamente.
O seu primeiro
dever podia estar
relacionado com a expressão
"que serve na igreja",
o segundo com
o fato de que
pessoalmente ajudava Paulo e outras pessoas. Mas para uma mulher como ela, isso não fazia qualquer diferença.
Preocupava-se apenas com coisas que tinham realmente
importância – a sua
utilidade para Deus
e para os outros.
Uma serva assim
não ansiava por
um título.
Queria simplesmente ser
um ser
humano com
uma influência positiva.
Tornava-se merecedora do respeito por causa da sua fé e visão, e por causa da sua total entrega
aos outros.
Todas as mulheres
necessitavam de amor e atenção. Febe não
constituía exceção. Ela
recebia o que necessitava dando primeiro o seu amor e talentos
aos outros. Empregando as palavras de Salomão, ela
era "enriquecida"» porque antes
"dava generosamente" ((Prov.
11:24-25).
De acordo com as leis do reino de Deus, quando os cristãos
dão com generosidade,
recebem de volta com
abundância. Uma pessoa que não foge ao
serviço – que
alegre e voluntariamente espalha amor e amizade
– experimentará a bênção de Deus.
"Deus", escreve Paulo, "ama ao que dá com alegria"
(2 Cor. 9:9-8). Sobre
uma pessoa assim,
Ele derramará os Seus
dons. Tal
crente sempre
terá mais do que
necessário, em
todos os aspectos;
disporá de meios abundantes para fazer toda
a sorte de boas obras.
A questão
sobre se a humanidade
teria hoje uma cópia
da epístola de Paulo aos Romanos, se Febe tivesse falhado, é mera especulação.
Deus – o Eterno,
o Soberano, o Todo-Poderoso
– não dependia de um
ser humano
para a entrega
da Sua mensagem.
Mas permanece o fato
de que Ele
usou Febe para levar esta
preciosa Palavra
de Deus ao povo
romano e ao mundo.
Febe encabeçou
uma série de mulheres que através dos tempos têm servido Cristo e a Sua igreja.
Paulo mencionou-a primeiro numa longa lista de colaboradores, entre os quais
nomeou mais oito mulheres (Rm. 16:1-16).
Febe, que servia a igreja em Cencréia,
mostrou a todos – que vivem sós ou não – o remédio eficaz contra a solidão:
Servir.
Febe,
uma mulher solteira que possuía o antídoto da solidão
(Romanos
16: 1-2)
Perguntas:
1. Apresente por palavras suas a descrição que Paulo faz de Febe. Ao
estudar as perguntas 2-6 formule alguns princípios básicos do evangelho
constantes da carta aos romanos, juntando-lhe referências bíblicas da sua
própria escolha, para as respostas.
2. Estude Romanos 3:10-18, 23; 6:23.
a. Quem é que pecou?
b. Qual é o salário do pecado?
3. Como é que uma pessoa pode receber perdão para o seu pecado ?
(Romanos 5:8; 8:1).
4. De acordo com Romanos 10:9-11, quais são as condições para que
alguém possa receber a salvação?
5. Quem convence o cristão de que é um filho de Deus? (Romanos
8:16-17).
6. Faça a si próprio algumas perguntas: À luz dos fatos acima, serei
eu um filho de Deus? Se sim, que estou a fazer para partilhar esta mensagem com
os outros? Se não, o que é que tenho de fazer para me tornar filho de Deus ?
(Leia João 1:12 ; 3:16; 14:6; 1 João 5:11-12).
FONTE: LIVRO SEU NOME É MULHER 2
* De Single & Human (Solteira e Humana), de Ada Lum, p. 40. Copyright 1976. Inter-Varsity Christian
Fellowship. Usado com permissão.
ALEGRIA EM LER O TEXTO. DIGNIDADE COM LOUVOR !
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